PAI DA DOR
Quando eu te vi desnudo em face clara,
Percebo quanto és belo pai da dor,
E tento com as ânsias do terror
A fonte mais espúria em que declara
A voz de quem se fez em tez tão rara,
Belíssima figura a se compor,
Medonho caricato, meu pendor,
Durante a minha vida, fora escara.
Escravo do vazio, em tez feroz,
Ninguém um dia ouvira a minha voz,
E assim sem ter paragem morto em vida,
Em ti querido irmão eu me entregando
O quanto desta vida em tom nefando,
Agora percebendo uma saída...
MARCOS LOURES
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