GOLES TANTOS
Memória traduzindo este pavor
E dele bebo gotas, goles tantos,
E quando me entranhara em tais quebrantos
A morte então seria algum favor,
Mesquinhos dias, noites já sem cor,
Resisto aos mais doridos desencantos
E nego sem temor medos e prantos,
Bebendo a me fartar tamanho horror.
Restando ao caminheiro a morte apenas,
E vendo cada quadro em torpes cenas,
Serenas noites vejo muito além,
E tanto poderia ter diverso
O mundo que hoje sei venal, perverso,
Olhando em volta e o nada me contém...
MARCOS LOURES
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