sábado, 19 de dezembro de 2015

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
[
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luiz Vaz De Camões.

O amor que nos corrói quando edifica,
farsante companheiro e doce abrigo,
renova-se ao brilhar, embora antigo,
é dúvida que corta enquanto explica

Amor que vos declina e santifica,
A mão expondo à queda, em tal perigo
é dádiva dorida que persigo
à u'a alma miserável expõe-a rica.

Mortalha que deveras ressuscita,
em vossos corações é branda brita
e ardência que infernal, traz Paraísos,

Das nuvens dita sóis, por ele sois,
eterno e frágil ceva o depois,
Fertilizando a vida em vis granizos...


Marcos Loures.

MIL PERDÕES

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