Ironia de Lágrimas
Junto da morte é que floresce a vida!
Andamos rindo junto a sepultura.
A boca aberta, escancarada, escura
Da cova é como flor apodrecida.
A Morte lembra a estranha Margarida
Do nosso corpo, Fausto sem ventura…
Ela anda em torno a toda criatura
Numa dança macabra indefinida.
Vem revestida em suas negras sedas
E a marteladas lúgubres e tredas
Das Ilusões o eterno esquife prega.
E adeus caminhos vãos mundos risonhos!
Lá vem a loba que devora os sonhos,
Faminta, absconsa, imponderada cega!
( Cruz e Sousa )
A morte, em primavera molda o quanto
pudesse além da cova que nos trama
a própria persistência de uma chama
grassada pela angústia em desencanto,.
Regada tantas vezes pelo pranto,
ousando procriar em novo drama
a interminável solidão que ora me chama,
sem mesmo me causar qualquer espanto,
o manto a recobrir o corpo inerte,
expressa a o fértil solo,e assim reverte
num êxtase supremo, a eternidade.
os dias mais felizes, meros traços
desta ópera que é feita em passos lassos
nos laços sem resquícios de verdade...
Marcos Loures.
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