Crisântemos/Flores
FLORBELA ESPANCA e marcos loures
Sombrios mensageiros das violetas,
De longas e revoltas cabeleiras;
Brancos, sois o casto olhar das virgens
Pálidas que ao luar, sonham nas eiras.
Vermelhos, gargalhadas triunfantes,
Lábios quentes de sonhos e desejos,
Carícias sensuais d´amor e gozo;
Crisântemos de sangue, vós sois beijos!
Os amarelos riem amarguras,
Os roxos dizem prantos e torturas,
Há-os também cor de fogo, sensuais...
Eu amo os crisântemos misteriosos
Por serem lindos, tristes e mimosos,
Por ser a flor de que tu gostas mais!
Florbela Espanca
A vida se repete em flóreas sendas
E nelas tantas vezes refletida
A sorte que se mostre sem saída
Ou mesmo o quanto resta e não desvendas,
Enquanto tais sinais tu não entendas
O próprio desejar o mundo olvida
E cerze em labirinto a corroída
Imagem feita em rudes, vagas lendas,
Hercúlea caminhada, o nada gera,
E quando se procura a primavera,
Ardis transformam sonhos em terrores,
Sorrindo vez em quando, que ironia,
A morte a cada passo mostraria
A face mais diversa destas flores.
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