O LÁZARO DA PÁTRIA AUGUSTO DOS ANJOS e marcos loures
Filho podre de antigos Goitacases,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circunferências de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e antrazes.
Todos os cinocéfalos vorazes
Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,
Sente no tórax a pressão medonha
Do bruto embate férreo das tenazes.
Mostra aos montes e aos rígidos rochedos
A hedionda elefantíase dos dedos
Há um cansaço no Cosmos... Anoitece.
Riem as meretrizes no Cassino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece!
AUGUSTO DOS ANJOS
A carne apodrecida em tão precoce
Momento da existência a vejo exposta,
Cortada e carcomida em cada posta,
Rapina do cadáver já se aposse,
Superna sensação que a morte endosse
Grassando nesta escória hoje composta
Desta opressão temível sendo imposta
Herética tortura enfim destroce.
Errática sem nexo, a multidão,
Ao ver entre as esquinas podridão,
Na face da criança ora esquelética,
Contorna o que se fez especular,
E segue rumo ao templo e vai orar,
Qual fora uma manada cataléptica...
Nenhum comentário:
Postar um comentário