SOU O NADA
Sou nada, vim do nada e nada espero;
Quem sabe se sobrou algum pedaço?
No quase consegui, eu me tempero
E vivo sem saber se cabe espaço.
Por pagamento tenho o que não quero
Da boca que sonhei, restou cansaço.
Oferto-me por módica quantia,
Àquela que quiser sofrer comigo.
A noite que prometo virá fria,
Apenas o meu riso como abrigo.
Distante do que sou, do que queria,
Querida vem comigo que eu não ligo...
Esparramado estou na tua cama.
O teu frio apagou a minha chama...
MARCOS LOURES
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