QUISERA TER
Quisera ter, da sólida braúna,
A eternidade, força em que me apego;
Na raridade bela da graúna,
A grandeza marinha que navego...
Poder lutar, jogando nessa iúna,
Com toda força; o medo eu arrenego,
Sair ao mar, das dunas, minha escuna;
Vadio o peito, vago sendo cego...
Nas minhas mãos sedentas por batalhas,
Meus pés na dança-luta, capoeira,
Não quero nem carrego essas mortalhas,
Minha senzala, nunca a verdadeira,
É meu caminho pleno, tantas falhas
Trago, meu coração sem eira e beira...
MARCOS LOURES
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