sexta-feira, 15 de abril de 2011

11

Pudesse tanto amor trazer à tona
O quanto mais anseio e mesmo tento
E sei do doloroso sentimento
Enquanto esta fortuna me abandona,
O rústico cenário enfim se adona
E gera tão somente o desalento
E exposto ao que pudera em rude vento
A sorte sem destino ora ressona,
Guardando minha vida em tal redoma,
Aonde imaginara leda soma,
Apenas se percebe o fim de tudo,
E neste caminhar sem mais valia,
O tempo noutro tempo em sintonia
Traduz o descaminho e assim me iludo.


12


Já não me caberia mais dizer
Dos ermos que alimento e que procuro,
O tempo aonde o templo configuro
Expressa a discordância ao bel prazer,
Vagando sem sentido passo a ver
Apenas o que tanto fora escuro
E salto sobre a sorte, em ledo muro
Morrendo pouco a pouco sem saber,
Esqueço o meu tormento mais feroz
E nada se espelhasse em rude voz
Somente o que se queira em heresia.
O verso noutro tom pôde ditar
O quanto deste encanto soube amar
Quem tantas noites claras buscaria.

13

Após a ventania, uma bonança?
Jamais se imaginara ser assim,
Início desastroso traz ao fim
A falta do que possa em confiança
Meu passo no vazio ora se lança
E marca o que tentara dentro em mim
Na sórdida presença vejo enfim
O tempo se moldando enquanto avança.
Não pude discernir qualquer anseio
Dos quantos poderia e quando veio
Meu canto sem proveito, em tom mordaz,
O quanto fui feliz? Já nem me lembro,
Distante vejo as sendas de setembro
E a primavera o tempo não mais traz.


14


Explicações diversas, mesmo engodo
O tempo se anuncia sem sentido
E quanto mais meu mundo agora olvido,
A vida se renega em vão denodo,
Adentro sem defesas este lodo
E o canto noutro tom desprevenido,
O verso sem certeza presumido
E nisto se desfaz o mundo todo.
Encontro meros rastros do que um dia
Pudesse ser talvez o que eu queria
Partícipe de um sonho sem proveito,
E amortalhadamente o tempo rege
O corpo se tomando, duro herege
Nos ermos de meu mundo eu me deleito.


15

Ateia o fogaréu, leda esperança
E quanto mais se vendo noutra face
O que deveras teime e mesmo trace
Embora sem sentido algum, já cansa.
A vida num momento quando avança
Trouxesse simplesmente o mesmo impasse
Aonde o que tivesse se mostrasse
Na ponta mais aguda desta lança;
Um tempo sem sentido a morte em vida
E o quanto desta luta se decida
Nos ermos de quem tanto quis além,
Do canto sem saber qualquer momento
O quanto na verdade busco e tento
Traduz o muito pouco que contém.

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Pudesse em mansidão novo caminho
Diverso do que tanto se apresenta
Na sorte dolorosa, em vã tormenta
Aonde o que se vê seja daninho,
O mundo não presume cada espinho
E quando nova estrada sempre tenta
A vida se moldara mais atenta,
Ousando num instante de carinho.
Escuto a voz do vento me chamando
E tento elucidar o mundo quando
O tempo se fizera mais atroz,
O rumo se desenha em tom feroz,
O corte traz esfera bem diversa
E o tempo noutro tanto desconversa.


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Não sei reconhecer o meu limite
E mesmo que soubesse não teria
Nas mãos o quanto possa a fantasia
Embora novo passo eu necessite
Ainda quando o rumo se acredite
Na farsa que; talvez, já moldaria
O verso sem saber da sintonia
Que possa traduzir o que alma grite.
Já não mais me coubera melhor sorte
E sinto que se esvai o meu cansaço
Na trama mais atroz enquanto a grasso
Sem nada que deveras me conforte,
E nisto o quanto quis e não viera
Alimentando apenas tal quimera.


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Permita-me dizer que quero tanto
Viver cada momento sem perder
O rumo e na verdade o conceber
Traduz esse cenário e me garanto,
O rumo desenhado em raro encanto
O sórdido cenário eu possa ver
Marcando com temor e desprazer
O tema que em verdade diz quebranto,
O medo se traduz em tom diverso
E bebo a fantasia enquanto verso
Galgando cordilheiras, incansável.
O tempo se perdendo tão somente
E a vida quanto mais deveras mente
Expressa este cenário insuportável.


19

Jamais evitaria tal loucura
Que ao mesmo tempo fere enquanto sana,
Imagem muitas vezes soberana
Do preço que se cobra e me tortura,
O verso se traduz nesta amargura
E quando na verdade desengana
A morte na tocaia, esta profana,
Traduz o quanto a vida em vão procura.
Ressalto dos meus erros o mais claro
E bebo a fantasia e se declaro
Apenas o que tento presumir
Já nada mais terei noutro momento
A vida se expressando em rude vento
Deixando inalcançável meu porvir.

20


Jamais eu demonstrei a santidade
Que buscas nalgum ser que tanto engane,
O velho coração já dando pane,
Ao menos reconhece a liberdade,
E quanto mais meu sonho o canto invade,
Ainda que talvez isso profane
O rústico momento não se ufane
Da falsa sensação de claridade,
Negar o que inda tenho e mesmo assim,
Sentir o quanto resta dentro em mim,
Vestindo a rude imagem de poeta,
O mundo sem sentido algum me traz
O quanto desejei e sei sem paz,
Na voz que a poesia ora deleta.

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