domingo, 10 de abril de 2011

31

O que tanto poderia
Já não cabe nos meus sonhos
Entre tempos enfadonhos
E diversa fantasia,
A verdade não viria
Nem em dias mais risonhos,
Tantos erros e bisonhos
Passos, morta a poesia
Nada mais se vendo após
O que viva dentro em nós
Ousaria em tom diverso
Ser apenas algo mais
Ou talvez em tons fatais
Destroçar meu universo.

32

A palavra que redima
Quem se fez além do canto
Na verdade o que garanto
Traz a vida em ledo clima,
No que possa e não se prima
Pelo velho desencanto
O meu dia em dor espanto
No acalanto onde se estima
Veleidades, erros tais
E diversos desiguais
Encontrando o meu anseio,
Onde possa com certeza
Enfrentar a correnteza
Em terrível devaneio.

33

Nada mais se vendo aonde
O que tanto procuraste
Na verdade o velho traste
Ao cenário corresponde,
E minha alma já se esconde
Noutro tanto onde notaste
A incerteza de um contraste
Sem saber do que responde
A alma segue em paz e tenta
Numa sorte virulenta
Encontrar felicidade,
Onde vejo tão somente
A mortalha que apresente
Quem decerto já degrade.

34

Nas entranhas de tal sorte
Sem ter nada no final,
O que possa e me conforte
Gera enganos, bem ou mal,
O momento feito em corte,
O terrível ritual
O cenário sem suporte
A mortalha, desigual.
A velada madrugada
Onde o tempo se traçasse
A ciranda desenhada
Num momento em desenlace
Do que fora resta o nada,
Nem sequer o que eu tentasse.

35

Apresento alguma voz
Onde o nada se faria
E se possa dentro em nós
Ter a sorte que queria
O momento mais atroz
Com certeza moldaria
O que nega logo após
Qualquer riso ou alegria.
Somos feitos do vazio
E seguindo o velho rio
Nada encontro, nem pudera
A expressão sonega o fato
E o que agora mal constato
Traduzisse a longa espera.

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Jogo as cartas sobre a mesa
E não possa mesmo em paz
Trabalhar quanto se faz
Sem sentido e sem surpresa
A verdade em correnteza
O meu passo mais capaz
A loucura que se traz
Noutro prazo em incerteza,
Sei do canto dissonante
Sei do quanto me garante
O final de cada jogo
E meu mundo sem sentido
Traz o olhar já deprimido
Entre a fúria, o medo e o fogo.

47

Nada pude contra a fúria
Desta noite sem sentido
E a palavra que ora olvido
Traz apenas esta incúria
Vivo então farta penúria
E meu tempo é dividido
Entre o quanto mais duvido
E o meu tempo em vã lamúria
Nada mais eu poderia
Sendo a vida tão vazia
E o cenário algum reflexo
Do que possa em tal tormenta
A verdade que sustenta
Já não tem sequer mais nexo.

48

Nada mais eu pude ver
Nem tampouco saberia
O que tanto dia a dia
Poderia amanhecer
O meu mundo a se tecer
Onde o nada resistia
A verdade não teria
Nem um porto em tal querer,
Nesta ausência de esperança
Tempo rude já se lança
Nas entranhas desta sorte,
O momento derradeiro
Traz aos olhos o canteiro
Logo após o firme corte.

50


O meu medo traduzindo
O que nunca desejei
Meu caminho que sonhei
Num cenário bem mais lindo,
O desenho se partindo
Onde fora a velha grei
Meu amor que imaginei
Na verdade me traindo,
O cenário se apresenta
Onde a sorte virulenta
Expressasse o ledo fim,
O que resta dentro da alma
Nem somente agora acalma,
Traz o inferno dentro em mim.

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