quinta-feira, 14 de abril de 2011

21

O amor em tantas vezes nos domina
E traz entre meandros vários cortes
Podendo conduzir sem os aportes
Do quanto se queria cristalina,
A fonte na verdade determina
A ausência dos caminhos e dos nortes
Desenha o quanto traça em rudes mortes
A faca, a foice e a fonte mais ladina.
Mergulho nos meus erros e percebes
Ainda quando muito velhas sebes
E segues dentro em pouco o que restara,
Do tempo sem preceitos ou razões
E nisto o quanto tem tu decompões
Tornando uma emoção muito mais rara.


2


Não pude acreditar no que talvez
Redima quem perdera a dimensão
Da vida sem saber da direção
Por onde o dia a dia se desfez
E quando em redenção ainda crês
No tempo aonde vivo em solidão,
A turva noite traz em turbilhão
O mundo na completa insensatez.
Eu quero acreditar, mas não consigo
E vejo o que restara em desabrigo
Estendo as minhas mãos e nada vem,
Apenas a vontade sem proveito
E mesmo assim, decerto o fim aceito
Embora com temor e com desdém.

3


Desdenho os velhos erros do passado
E sigo sem saber o quanto venha,
A luta se transforma e se desenha
Trazendo o que pudera lado a lado,
O quanto do meu mundo teimo e brado
A vida reacende a velha lenha
E sei do caminhar hoje sem senha
E neste sonho eu sigo; um velho gado.
Presente dentro da alma esta incerteza
De quem ousando crer na sorte ilesa
Mergulha no vazio que se estende,
O passo que pudera ser mais firme
Sem ter quem na verdade ora o confirme
Ocasionando a queda não se entende,.


4


Esqueço o meu caminho e vejo após
O quanto deste todo não trouxera
Sequer a mesma imagem, primavera
Sequer o que deseja logo em nova voz,
O rio se perdendo em sua foz,
A vida noutra face destempera
E a morte sem sentido nos espera
Embora nem se mostre tão feroz.
Restando muito pouco, a bala e a fogo,
Perdendo desde sempre o velho jogo,
Não tento acreditar em salvação.
Ocasionando em mim este vazio,
Apenas o que possa e desafio
Traduz os dias turvos que virão.

5


Jogado sobre as pedras, meu saveiro
Não mais suportaria qualquer sonho
Aonde o que pudera decomponho
Matando cada flor deste canteiro,
O verso de outro verso, companheiro,
O rústico cenário tão medonho
O tempo aonde o tempo tento e ponho,
Impõe-se no final e nada levo,
Meu mundo que o queria mais longevo,
O preço a se pagar em altos juros,
Os dias que pensara serem puros
Os erros se acumulam; nada resta
Senão a mesma história em rude aresta.

6


Arestas que cortara vida afora
Apontam para a perda irreparável
Do sonho quando muito imponderável
Na fúria que deveras desarvora
Marcando o quanto possa e me devora
E nisto qualquer sonho fora arável,
Mas sei do céu em brilho interminável,
Que tanto quanto mente nos decora.
Avesso ao que pudera e não tentara
Alheio ao caminhar em noite espúria
A vida se transforma em tal penúria
E o medo que ora assola nos domina,
Ainda quando visse o sol nascendo
O tempo noutro tanto me envolvendo
Negasse a fonte calma e cristalina.


7


Não pude e não tivera melhor sorte,
A vida é mesmo assim, perdas e ganhos,
Apenas ao rever os fortes lanhos
Encontro o quanto quis se fora forte,
O medo não traduz o dia a dia,
A luta sem sentido, o caos que na alma
Jamais se moldaria e não me acalma,
Marcando o que pudera e não viria,
Ascendo ao meu momento mais gentil
E tento acreditar no que não veio,
O tempo se moldando em tal receio
O verso traz o quanto se pediu.
E sei do meu caminho em discordância
Dos sonhos; gigantesca e vã distância.

8

Meu mundo nada traz e não traria
Somente a mesma face em inclemência
O quanto se perdendo em paciência
Talvez recuperasse em harmonia,
Mas vejo o que pudesse e não teria
Ainda vendo a luz em consciência
Marcando o que pudera em tal ciência
A sorte se moldara dia a dia,
Adio cada passo e sei do fim,
No tempo sem proveito e bebo o fim,
Reinando sobre o caos que me entranhasse,
Depois de certo tempo o fim de tudo
Expressa o caminhar onde me iludo
Mostrando da incerteza a rude face.

9

Não pude e não tentara ser diverso
Do quanto no passado ainda existe,
O verso se produz e sigo triste
Vagando num sentido mais disperso.
O passo se reverte e do perverso
Momento apenas morte inda persiste
O canto sem sentido algum insiste
E neste caos prossigo e vou imerso,
Ainda que eu pudesse acreditar
O tempo não traz nada e a divagar
Eu busco pelo menos mansidão,
Os rudes e temíveis devaneios
Os olhos sem sentido vão alheios
Trazendo o quanto resta em solidão.

10


Não pude desvendar qualquer segredo
E vejo o que inda possa ser além
Do quanto na verdade não contém
E mesmo se transcende em ledo enredo,
O pouco quando tento e não concedo,
A morte se tratando com desdém,
O rumo se desenha e sem ninguém,
O prazo aonde o tempo dita o medo,
Fascínios entre enganos são comuns,
Dos sonhos inda trago na alma alguns
E bebo com ternura o que findara.
A luta se desenha sem proveito,
E quando a cada passo eu me deleito
Invento dentro da alma esta seara.

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