domingo, 10 de abril de 2011

Dos sonhos, mensageiros que nos tocam
A alma adormecida e sem defesas,
Às vezes encontramos tais surpresas
Que tantas emoções várias provocam,
Assim ao informarem tanto focam
Ousando nos fazer conforme presas
Que mesmo estando em fortes correntezas
Além do que possamos nos deslocam.
Os sonhos, na verdade nos revelam
Destinos que diversas vezes selam
Em atos e palavras, pensamentos.
E quantas vezes; sinto em seus bafejos
A rara sensação de alguns desejos
Que possam ser além de alguns alentos.

2

As tuas belas, negras cabeleiras
Por sobre os seios claros num contraste,
E a vida; num momento, conturbaste,
Não sei se na verdade inda me queiras.
As horas mais felizes, corriqueiras
O tempo pouco a pouco, ora levaste
E tanto o que restara num contraste
Deixaste as minhas noites derradeiras.
E o temporal açoda o pensamento,
Felicidade, inútil, teimo e tento
Sabendo que jamais conseguiria
Num átimo mergulho no passado
E vendo o sonho agora destroçado,
Perdendo o quanto quis no dia a dia.

3


Ao ter em vós o sonho imaginário
Que tantas vezes busco em noite escusa,
A sorte sem sentido algum nos usa
E traz este caminho solitário.
O tempo noutro rumo, sendo vário
Palavra que se molde mais confusa,
Amada noite quando se entrecruza
Ousando em vossos mares, um corsário.
Servi-vos é deveras o que quero
E nisto o quanto possa ser sincero
Traduz o mais diverso e mais complexo
Caminho aonde o tempo se entregara
Nas sendas mais audazes, noite clara
Dos vossos olhos, sim, mero reflexo.

4

Não quero acreditar nesta partida
Que tanto se demonstra inevitável,
Amor por ser deveras mais instável
Prevê a cada instante outra saída.
Não podendo evitar a desprovida
Vontade de pisar em solo arável,
Aonde meu caminho fora amável
O rústico cenário, nega a vida.
E quando se aproxima o fim do jogo,
Apenas reatando o velho fogo
Enquanto nós pensávamos futuro,
O passo se perdendo noutra rota,
E sinto o quanto a vida nos derrota
Num tempo tanto só enquanto escuro.


5

Não mais acreditasse noutro fato
Apenas o que vejo sem sentido
E o tempo noutro instante resumido
Traduz o que deveras mal constato.
O manso desejar de algum regato
No arcádico caminho construído
E aos poucos se perdendo em ledo olvido
Jogado sobre as tramas, mal retrato.
E tento acreditar noutro caminho,
Embora muitas vezes, tão daninho,
Infecta realidade dita a sorte
De quem ao se encontrar em solidão
Repete a mesma queda em exaustão
Sem nada que deveras me conforte.

6


Nas tantas tentativas mais audazes
Apenas outras quedas, nada mais.
Os dias entre tantos vendavais
A vida se proclama entre mil fases
E sei do quanto possas e me trazes
Jocosas soluções? Erros banais.
E os versos entranhando em desiguais
Caminhos são diversos e mordazes.
Não pude acreditar num só momento
Enquanto na verdade um sonho teto
E aumento o que se fez em dor e tédio,
O vento mal tocando a minha face
Apenas pouco a pouco demonstrasse
A vida sem sequer um mero assédio.

7


Não pude e nem teria escapatória
Se tudo fosse sempre de tal jeito,
Enquanto na verdade mal aceito
A luta que mostre mais inglória
O tempo noutro rumo, a minha história
Meu verso se anuncia e se imperfeito
Traduz o que pudera e se rejeito
A vida se desenha merencória.
O peso de uma sorte mal cumprida,
A senda desdenhada e sem saída
Cumprindo cada etapa num instante,
O mundo se anuncia noutro engodo,
E sei do meu caminho em lama e lodo
No corte que se sinta penetrante.


8


O bonde da esperança queda atrás
E o verso se mostrara incompetente
Ainda que meu mundo se apresente
No pouco ou no vazio, nada traz.
O canto que pudera ser de paz,
O verso mais audaz e impertinente
No tempo sem proveito, descontente
Só posso te dizer que fui tenaz.
O mundo sem proveito e sem sentido
O tempo num instante resumido
E o fim se aproximando lento e rude,
O manto se puindo na verdade
Traduz o quanto fora em liberdade
O que não mais sonhei e jamais pude.

9

Apresentando a cena terminal
O verso sem sentido não mais fala
E quando a solidão penetra e cala
A fonte nega o seu manancial,
O vento noutro rumo, desigual
A sorte que pudera ser vassala,
A vida se resolve a tiro ou bala
E nada se repete em sol e sal.
Apenas o vencido se recolha,
Outonal desejar quedando a folha
E o verbo se traduz em seu pretérito
O amor bem poderia ser diverso
E quando tento algum suave verso
Meu mundo renegando qualquer mérito.

10

Ultimas meus momentos decisórios
E sei dos desenganos contumazes
A vida se desenha em tantas fases
Trancafiando a sorte em escritórios,
Os olhos noutros tons são meritórios?
Nem mesmo na verdade são capazes
Os erros tão comuns que tu me trazes
Repetem dias mortos, tão inglórios.
Reparto cada sonho em constelares
Anseios e buscando tais lugares
Lutando sem defesas no infinito
Apenas o que tente num instante
Produz o quanto teime e não garante
Vivendo o que puder; não me permito.

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