sexta-feira, 15 de abril de 2011

Aonde não pudera conceber
A força inesgotável onde se vê
O quanto desenhasse sem por que
Na vida desairosa, em desprazer,
Depois do que mais tente conceber
A sorte traz conforme o quanto crê
Razões que demonstrando onde revê
A sanha do que eu possa perceber.
Amar e ter nos olhos a certeza
Da vida prosseguindo em natureza
Diversa da que tanto desejei,
Ourives da emoção, tal sentimento
Expressa; simplesmente, onde me alento.
E faz desta esperança sua lei.


2

Não quero acreditar, mas não consigo
Ousar noutro momento e mesmo assim,
A vida se transforma e chega ao fim
Na espreita mais atroz em desabrigo,
O verso que carrego ora comigo
A lua derramando em meu jardim
Tornando a minha noite ao menos clean
E o sonho se moldando onde o persigo.
Acalentando o quanto cabe e vejo
Sabendo deste encanto mais sobejo
Desejos entre raros, bons clarões,
Mas tudo não passando de ilusão
Resume este vazio e a sensação
De nebulosa senda agora expões.

3

Jamais imaginara qualquer canto
Aonde em desencanto se fez rude
Cenário enquanto tudo se transmude
E gere o que procure e não garanto.
Vencesse o dia a dia em desencanto
E nisto o quanto possa, se me ilude,
Traduz a morta luz da juventude
E o tempo desenhado em tal quebranto.
Restando muito pouco do que outrora
Vivera em tom diverso e me apavora
Logrando ser audaz, mas sem poder,
Empana-se o futuro num momento
E quando um novo rumo; ainda tento
Eu sinto minha história a se perder.


4


Já não mais caberia um sentimento
Aonde o que se mostra tanto traz
A sorte mais dorida e tão mordaz
Diversa da que eu busco e mesmo invento.
À sombra do que fora alheamento
O mundo na verdade não se faz
Jogado sobre as pedras, volto atrás
E bebo tão somente o sofrimento;
Num átimo um anseio traduzido
No quanto deste sonho agora olvido
E vejo os meus sinais pelos quintais,
Amanhecendo em belos, claros sóis
E logo cada sonho tu constróis
Quarando esta querência nos varais.


5

Altares que buscara em tom suave,
A vida não traria nenhum rumo,
O verso aonde aos poucos eu me esfumo,
O coração liberto, feito uma ave.
O medo se transforma noutro entrave
E o preço a se mostrar em ledo fumo,
O tanto que perdi agora aprumo
E bebo a sensação que não agrave,
O mundo sem sentido, o tempo atroz,
Ausência do que possa haver em nós
Senão a mesma espúria fantasia
Promessas tão diversas, sonho rude
E sei do quanto possa e se me ilude,
O mundo noutro tom eu tentaria.


6


Levasse de vencida esta partida
Aonde o que se traça na verdade
Expressa muito aquém da realidade
A luta no vazio decidida,
Apenas poderia e não duvida
Quem tenta caminhar e já se evade
Da mesma hipocrisia, a claridade
Renega o que buscara em nossa vida.
Numa avidez atroz e mesmo rude,
O manto se transforma e desilude
Matando desde sempre o sol em mim.
Negar qualquer anseio, rumo e sorte,
Vivendo tão somente o quanto aporte
Trazendo esta visão de amargo fim.

7


Esquadrinhasse a vida de tal forma
Que nada mais pudesse ser perfeito,
E quando nesta ausência eu me deleito
O tempo noutro tom já se transforma.
O medo traz no olhar cada reforma
E o que vier, decerto eu sempre aceito
Sabendo da esperança em ledo leito
E a vida feita à parte de tal norma.
Ouvisse a voz da noite ou mesmo até
O quanto se traduz e marca a fé
Sem rumo e sem vontade, meramente.
O mundo em raro gládio se porfia
E mata desde sempre a fantasia
E sei do quanto possa e sempre mente.


8


Não quero acreditar e não podia
Trazendo nos meus olhos a esperança
Que quanto mais audaz decerto avança
Percebo tão diversa esta harmonia,
O verso se moldando dia a dia,
Roubando do que possa em confiança
A vida não permite a temperança
E a luta a cada instante não se adia.
Vestindo o que inda resta do meu mundo
Aonde possa em paz eu me aprofundo
E bebo ou mesmo até redimo enganos
E sinto sem saber o que virá
Saneio meu caminho e desde já
Expresso versos duros, rudes danos.


9

Aglutinando as sortes de quem tenta
Vencer o que pudera em tom disperso
Tentando acreditar no mais diverso
Caminho feito em luz tão turbulenta,
A parte do que resta e me alimenta
Expressa o caminhar rude e perverso
E sigo nos meus erros, quando imerso
Bebendo a face escusa e violenta.
O medo não traduz realidade
E o quanto do meu passo na verdade
Vagando sem sentido diz do não,
Enfrento o que viria sem certeza
E luto contra a própria natureza
Escombro já jogado sobre o chão.

10


Não tento acreditar no que não veio,
E sei do meu momento mais venal,
Apenas aprendendo bem ou mal
A cultivar a vida em tal receio,
O quanto prosseguira enfim alheio
Ao que inda restaria no bornal,
Vagando sem saber qualquer sina,
Colhendo apenas medo e devaneio.
Um sórdido cenário, a voz audaz
De quem tanto deseja e nada faz
Senão representar o que não vem,
Durante muito tempo sem apoio,
A sorte se permite em pleno joio
E o todo que desejo, diz ninguém...

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