quinta-feira, 14 de abril de 2011

31

Saudade, um codinome que alimento
E luto contra as novas direções,
Embora saiba vagas dimensões
Volver ao que perdera, tanto tento.
E sei do quanto possa e me atormento
Enquanto novos rumos tu me expões
Aos poucos desdenhosas emoções
Expressam tão somente o sofrimento.
Astuciosamente tento enfim
Ousar enquanto vejo aquém de mim
O mesmo incontrolável senso quando
O mundo se transforma e nada sigo,
O quanto se traduz em rude abrigo
Aos poucos vejo logo desabando.

32


Minha alma sem saber de qualquer luz
Adentra em noites turvas e brumosas,
E quanto mais se vendo caprichosas
As sortes no vazio eu recompus.
E sorvo o quanto pude em leda cruz
Ousando acreditar jardins e rosas,
Palavras que pensara carinhosas,
Jocosa a sensação do amargo pus.
Negar algum caminho ou mesmo um ato
Aonde o que pudera já desato
E nego qualquer cais ou mesmo apoio,
E sigo sem saber do que viria,
A luta se anuncia a cada dia
Secando na nascente algum arroio.


33

Meu mundo sem sentido não traria
Sequer quanto pude desejar,
A vida se desenha e ao divagar
O corte noutro fato moldaria
Enganos são frequentes dia a dia
O verso não consigo imaginar
Aonde o meu castelo a desabar
Trazendo a mesma imagem leda e fria.
Respaldos de uma vida sem sentido
O canto noutro tom não mais ouvido
E o sonho se perdendo em ledo ocaso,
Aonde quis o vinho e quis o pão,
Apenas resta enfim a negação
E o passo sem proveito algum, o atraso.


34

Negar o que talvez me redimisse
O prazo sem sentido e sem valia
A morte traz no olhar a fantasia
E o quanto imaginara, é só tolice
A vida com certeza não mais visse
O que inda imaginei a não teria,
A rude sensação da poesia
Expressa tolamente esta crendice.
Buscando algum aporte aonde o nada
Entoa a velha sorte demarcada
Cansada desta luta sem proveito,
O quanto venha encontro nos escombros
E quando o sol renasce sobre os ombros
A morte se anuncia em ledo pleito.


35

Meu mundo não traria alguma luz
Sequer o que busquei e não veria,
A vida se perdendo em utopia
Enquanto o meu cenário em vão reluz
Ousando caminhar em leda cruz
O tempo na verdade não teria
Sequer o quanto guarda em fantasia
E a faca na tocaia reproduz.
O vento sopra manso, mas sei bem
Do quanto na verdade após já vem
Matando qualquer fonte ou mesmo o prazo
Aonde o que se fez em tempestade
Gerara o que pudesse na verdade
Trazer além do todo o mero ocaso.

36


Não tenho mais nos olhos a presença
De quem amei de mais e não retorna,
A vida segue mansa, mesmo morna,
Mas nada do que vejo me convença
Aonde imaginara a recompensa
A sorte sem sentido não se entorna
E o quanto se redunda e em dor adorna
A velha paisagem morta e tensa.
Ocasionando o canto sem sentido
O verso noutro tempo resumido,
O canto sem proveito e o fim de tudo,
Cansado de lutar inutilmente
Apenas o que trago nada tente
Senão cada momento onde me iludo.

37

Um passo em falso e a vida continua
Depois da velha queda, nada resta
Senão imaginar o quanto empesta
A vida sem sentido, amarga e nua.
Ousasse acreditar na própria lua
E ver esta esperança pela fresta,
Enquanto no passado houvera festa
Uma alma sem sentido agora amua.
E vejo o meu retrato em distorção
Procuro qualquer tom em solução
Da solidez esboço um movediço
Caminho sem sentido e sem vigor
Aonde poderia crer no amor,
Apenas o momento mais mortiço.

38

Não tento novo rumo, sigo só
E bebo cada gole do passado,
Aonde o meu caminho é desenhado
Encontro tão somente o ledo pó
A farsa se desenha e sem saber
Do quanto possa mesmo ter na mente
Ainda que meu mundo mal frequente
O tempo noutro tempo a se perder,
Ardentes noites são mera ilusão
E o verso se aproxima do final,
Aonde houvera espaço sideral
A queda preconiza o velho chão,
E o medo sem sentido e sem sustento
Levado para além em torpe vento.

39

Não pude e nem tivera qualquer chance
De crer neste momento mais suave,
A vida a cada passo mais agrave
O quanto sem sentido não alcance,
Olhando o dia a dia de nuance
A liberdade traz em Ledo entrave
O passo sem sentido aonde trave
Sem mesmo perceber o quanto avance
Resulto deste engodo, costumeiro
E sei do meu caminho, do espinheiro
E das diversas formas de tocaias
E mesmo que pudera ter nas mãos
Momentos mais suaves, outros nãos
Permitam que deveras tu te esvaias.

40

Não mais me alentaria acreditar
No canto sem sentido e sem proveito
E quando solitário enfim me deito,
Encontro a companhia no luar.
O verso quando pude desenhar
Tentando vislumbrar do ledo leito
O mundo que eu queria ou mais aceito
Jamais o poderia imaginar.
Olhando para trás já nada vejo
O mundo por talvez ser malfazejo
Expressa o fim de tudo num instante
E o caos que se apodera de minha alma
No fundo sem por que teima e me acalma
E um dia mais feliz já se garante.

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