sexta-feira, 15 de abril de 2011

21

Ainda que decerto, moldaria
Por sobre cordilheiras tal certeza
Gerando com ternura esta nobreza
Da sorte que deveras nos traria
O canto sem igual em harmonia,
Vencendo qualquer queda sem surpresa
Uma alma pura segue sempre ilesa
E traz dentro de si rara magia.
Fendesse toda a Terra num instante,
O mundo não teria explicações
Senão as mais diversas dimensões
Deste poder que além já se garante,
Porquanto, a mão que traz a mansidão
Presume, quando quer, destruição.

22


Ainda que se veja além do cais
O quanto imaginávamos perfeito,
O rio ultrapassando o velho leito
Eclode após diversos temporais,
E quando tanto frágil tu te esvais
Vagando sem sentido em raro pleito,
O muito que se faz e já foi feito
Não cessa um só segundo, nunca mais.
Mutável direção que se apresenta
A cada novo tempo, outra tormenta
Jorrando dentro em nós, e na natura,
O tempo se derrama e traz consigo
Apenas o que possa enquanto abrigo
Ou mesmo se desenha em tal tortura.

23


O quanto se desenha em falso tom
Gerando da loucura a fantasia
E desta o que pudesse noutro dia
Traria o que se quer e anseia bom,
O vértice desenha o mesmo dom
Que a vida noutro engodo se traria
Vestígios do que possa em harmonia
Ou restos desta lua de neon,
A luta sem sentido se aproxima
Do quanto poderia em manso clima
E rima dor e tédio, simplesmente
Negar cada momento que em clichê
Diverso do que tento já se vê
E traz o que devora e tanto mente.

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Qual fosse um solitário navegante
Em mares mais diversos, movediço
Ainda que pudesse e se me viço
O tempo na verdade não garante
O canto tantas vezes triunfante
O olhar enamorado e mais mortiço
De quem se procurara onde cobiço
O mundo que se possa doravante.
O tédio não se expressa em tantas vezes
E sei do quanto tentam essas reses
Aprisionadas entre os meus cercados.
O frágil desenhar se aprofundando
E o mundo noutro lado como e quando
Traduz os dias duros, demarcados.

25


A vida agrisalhada não permite
Qualquer tom que inda traga algum clarão
Sentindo o meu caminho em direção
Ao quanto se desenha em tal limite.
Ainda quando mesmo necessite
Ousar em novo rumo, desde então
A luta se moldara em negação
Embora esse confronto a vida evite.
Meu mundo sem sentido e sem proveito,
O corte aonde possa e me deleito
A morte traz em pleito o quanto pude,
Viver a mansidão que não viria,
A sorte sem saber desta alegria
Que possa desdenhar cada atitude.

26


Louvar quem tanto amasse sem cobrança
E crer na mais perfeita dimensão,
Do tempo após o tempo na amplidão
Aonde o meu destino, a sorte lança.
O amor se traduzindo em temperança
Certeza de outros dias que verão
Apenas os sorrisos da emoção
Que aos poucos mansamente agora avança;
E penetrando rústico, esta farsa
Aonde o que pudera já se esgarça
E nisto o quanto tenho não me traz
Senão a sensação de vã tortura
Aonde o que pudesse diz loucura
E o passo se adivinha mais mordaz.

27

Cansado das promessas, desventura,
O tempo não me trouxe explicação
E sei do quanto possa em dimensão
Diversa da que tanto se procura,
O verso se anuncia e me tortura
Gerando outro caminho em direção
Ao quanto se moldara em negação
Apenas tão somente me amargura.
O prazo derradeiro, o fim de tudo
E quanto mais desejo e desiludo
O vento se explodindo noutro rumo,
Da brisa desejada, nem sinal,
O tempo se moldara irracional
E o canto se transforma em turvo sumo.

28

Jamais consentiria noutro passo
E mesmo quando vejo o tom sombrio
Gerado pela noite em desafio,
O mundo sem sentido eu tento e traço,
O sonho se mostrara sempre escasso
E quando cada ponto eu não recrio
Encontro o que pudera fio a fio
E tento desenhar um novo espaço.
Marasmo dita o fim de cada sonho
E quanto do meu mundo ora proponho
Vacante coração já se alimenta
Do caos que na verdade reina em nós
E sei do quanto possa e nada após
Expressa outra manhã tão virulenta.

29


Não meço mais palavras, perco o rumo
E bebo cada gole do que pude
Vencido caminheiro em tom mais rude,
Ainda quando em vão feroz me aprumo,
E bebo cada fase em que resumo
Meu mundo na completa plenitude
Vagando sem saber o quanto ilude
O canto aonde há tempos eu me esfumo.
O preço a se pagar já não condiz
Com todo o que pensara ser feliz
E por um triz seguindo sem descanso,
Somente o meu vazio sentimento
Enquanto mansamente busco e tento
Jamais, em minha vida, eu mesmo alcanço.

30


Tentara a sorte feita em noite clara,
E o verso mais agudo em vã promessa,
O passo na verdade já tropeça
E a voz já sem sentido se escancara,
Na fonte desejada a morte aclara
O quanto se pudera e recomeça
Ousando sem saber se existe pressa
Ou mesmo na tocaia se prepara.
O vértice traduz vórtice e guerra
Meu mundo sem destino se desterra
E gera outro vazio dentro em nós.
O preço mais audaz que se cobrasse
Gerando a solidão em rude impasse
Não deixa quase nada e cessa a voz.

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