segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

CHOVE EM MINHA ALMA

CHOVE EM MINHA ALMA


Sinto hoje a alma cheia de tristeza!
Um sino dobra em mim Ave-Marias!
Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias,
Faz na vidraça rendas de Veneza...

O vento desgrenhado chora e reza
Por alma dos que estão nas agonias!
E flocos de neve, aves brancas, frias,
Batem as asas pela Natureza...

Chuva...tenho tristeza! Mas porquê?!
Vento...tenho saudades! Mas de quê?!
Ó neve que destino triste o nosso!

Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!
Gritem ao mundo inteiro esta amargura,
Digam isto que sinto que eu não posso !!...

Florbela Espanca

Minha alma entristecida segue vaga,
As tempestades fazem seus estragos
Quem quis a placidez dos mansos lagos,
Apenas a amargura ainda afaga...

O amor segue distante e ausente plaga,
Delírios e desejos, doces magos,
Os erros que cometo; sendo pagos,
Nas mãos de quem me abraça, a fina adaga...

O vento desgrenhando os meus cabelos,
Venenos tão doridos de sabê-los,
Adentrando os castelos da tristeza...

A chuva continua já não cessa,
O amor que um dia teve tanta pressa,
Espelha tão somente esta incerteza..

Marcos valerio mannarino loures.

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