terça-feira, 14 de outubro de 2014

FINO GOZO

FINO GOZO

A morte gargalhando na janela
Espreita rapineira uma epiderme
De um corpo amortalhado, quase inerme,
E a vida sem proveito se revela,

Passando pela frente, fria tela,
Uma alma tão sutil de um paquiderme
Demonstra o companheiro-amigo verme
Que o meu futuro em nada, aos poucos sela.

Rasgando o quanto houvera em pensamento,
Restando como fúria algum alento,
Meu hálito se expressa comatoso,

E incrível que pareça, neste espasmo,
O derradeiro encanto um doce orgasmo
Da morte desnudada em fino gozo...


MARCOS LOURES

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