sábado, 5 de maio de 2018

NÃO QUERO ACREDITAR



Não quero acreditar no que viria
Se nada fosse além do mero sonho
E quando neste espaço penetrasse
Meu verso sem sentido e sem razão
O canto se anuncia mais atroz
Calando uma esperança já sem voz,

E tento na distância ouvir a voz
Que sei quando decerto inda viria
Trazendo este caminho mais atroz
E nele todo o encanto que ora sonho,
E sigo sem saber sequer razão
Na qual o meu anseio penetrasse,

O verso dita o quanto penetrasse
Dos tantos descaminhos, leda voz,
E o passo se mostrara sem razão
Num tempo que decerto não viria
E nisto o que em verdade tanto sonho
Gerasse este momento mais atroz,

O rústico cenário aonde atroz
O manto se recobre e penetrasse
O verso mais feliz e neste sonho
E nisto se escutasse ao longe a voz
O medo com certeza enfim viria
Tornando sem sentido esta razão,

E o tempo se moldando na razão
Enfrentaria o quanto fosse atroz
E o passo que deveras já viria,
Marcando com o quanto penetrasse
Negando da esperança a mansa voz
E o todo mostraria um raro sonho,

O quanto poderia e mesmo sonho,
Nas tramas mais diversas da razão,
Meu tempo sem caminho em rude voz
E o tanto que se mostre agora atroz
Aos poucos no vazio penetrasse
E nada após o nada, enfim viria,

Somente então viria o velho sonho,
Que tanto penetrasse esta razão,
Grassando e sendo atroz, calando a voz.


MARCOS LOURES

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