Nas vozes do além túmulo as verdades
Que não sonegaria, pois credito
Aos vermes o melhor de cada rito
Bebendo sem pudor as veleidades.
Enquanto apodrecendo me degrades
Terminas com meu tempo que é finito
E o rosto decomposto exposto aflito
Ainda vê distantes velhas grades.
E sendo sempre assim, a vida e a morte,
Não posso sufocar; negar a sorte
E o verso se aprofunda nos vazios.
Aonde se moldasse uma esperança
Mortalha enegrecida, já se lança
Das velas, acendendo os seus pavios...
MARCOS LOURES
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