segunda-feira, 17 de maio de 2010

33051 até 33100

33051

Ser tudo o que queria o coração
E prosseguir sem ter sequer desculpas
Aonde se pensaram tantas culpas
Cultuas com ternura algum perdão
O cais em que procuro a solução
Enquanto um novo mundo ainda esculpas
Dos passos em enganos tu me culpas
E vês que também perco a direção
Pudesse o meu saveiro em ancoragem
Diversa do pensa e com coragem
Couraças bem mais fortes criarias,
Mas sei o quanto fora sempre fútil
E tento caminhar, embora inútil
O rumo onde deveras desafias.

33052

Liberta esta coragem de lutar
E ver o quanto podes se quiseres,
E quando te lembrastes de um alferes
Das alterosas vejo o meu lugar,
Girando contra a fonte a se mostrar
E nela entre temores e vieres
Singrando mares tantos interferes
E feres quem cansara de enlutar.
Resido no passado e busco o dia
Enquanto a noite ainda aqui desfilas
E quando noutros olhos, mesmas filas
O tempo proclamando esta heresia
Criando inevitável tal jazigo
Aonde em noite escusa já me abrigo.


33053

Não tendo e nem teria cais e pé
Vestindo os diamantes das gerais
E nestes caminhares em cristais
O quanto se perdera em som e fé,
Riscando cada espaço sei qual é
O rumo pelo qual não verás mais
Os dias entre tantos desiguais
Poeira ganha espaço e segue até.
Lamentos entre riscos e verdades,
Semente de madrugada quando invades
Bebendo cada cálice do vinho
Aonde sem medida ou medo eu vivo
E danço esta esperança qual cativo,
Vivendo cada verso mais sozinho...

33054

Girando contra o tempo volta e meia
Arrasto meus demônios pela sala
E quando a tempestade avassala
A lua voltará decerto cheia,
Morena que tanto toca quanto é teia
E vence na medida em que me fala
Do tempo que se foi e nada cala
Aonde esta cigana me norteia.
Cravo e canela, morenice
Daquela que se tanto diz ou disse
Felicidade trama no horizonte,
A lua dançando nua em noite plena
O quanto do meu sonho já serena
Permite esta emoção aonde apronte.

33055

Viam-se nos olhares de quem tanto
Quisera a liberdade, fartas cruzes
E aonde se pensaram claras luzes,
A noite se tornando em tal quebranto
A dita me envolvendo em turvo manto
Aonde nada pensas ou conduzes
O todo que deveras reproduzes
Tomando com terror delírio e canto.
Cravadas nos meus peitos tais estacas
E quando me amortalhas logo emplacas
Com fúria cada passo onde eu pudera
Vencer o esquecimento e procurar
Ainda que distante algum lugar,
Porém a vida nega a vaga espera.

33056

Revejo os meus demônios cada instante
Aonde poderia crer num cais
E tantas as promessas que jamais
Encontrarei qualquer uma constante
E ainda que meu passo se adiante
Não vendo nem querendo nunca mais
Os olhos entre farsas e cristais
Os cortes aprofundas delirante.
E ainda que pudesse ser diverso
No tanto em vão por onde teimo e verso
Reverso da medalha, sinto o frio,
Gerado pelo engano contumaz
E quando me percebo já sem paz
O tanto do que sonho é desafio.


33057

Se eu puder cantar e ter ainda
A noite enluarada ou mesmo o sol
Tomando com ternura este arrebol
A cena então seria clara e linda,
Mas quando a realidade tudo finda
E vejo-me deveras um atol,
Morrendo sem destino, caracol,
O peso do passado se deslinda
Girando sem sentidos, girassóis
Ainda sem saber quaisquer faróis
Um faroleiro perde a direção,
E sabe do planeta que não veio
E quando novo tempo dita o anseio
Somente esta semente em podridão.

33058

Riscando do meu mapa qualquer norte
Tentando perceber a luz aonde
A lua a cada dia mais se esconde
Fugindo do carinho que a suporte,
Morrendo sem sentir a própria morte
O quanto do passado não responde
E o bêbado caminho dita a fronde
Deste arvoredo exposto ao frio corte.
Ao menos na cidade poderia
Nas rondas e nos bares, poesia
Mas nada do que tive se repete,
E quando novo tempo se aproxima
Faltando serenata lua e rima
Ausência em turbulência se reflete.


33059

Das filas e senzalas costumeiras
Negando qualquer fonte ou existência
Pudesse ser apenas coincidência
O que se percebe agora quais bandeiras,
E tanto quanto podes ou te esgueiras
Cumprindo assim terrível penitência
O sino se dobrando em inclemência
As moscas sempre as mesmas, carpideiras,
Retarde o velho passo e tu verás
Ausência do que tanto disse em paz
E a morte se aproxima do balcão,
Salões em danças festas e boleros
Os dias poderiam ser sinceros,
Mas nada do que ronde o coração...


33060

Janelas entreabertas do meu peito
Aonde penetrando versos vários
E tantos olhos morrem adversários
Tentando vislumbrar onde me delito
Delito cometido e me deleito
Nos templos destruídos, relicários
Sonhando com visões, imaginários
Caminhos onde o passo fosse aceito,
Resumo com palavras ou com sonhos
Os quadros quase sempre mais bisonhos
Deitando sobre as velhas emoções
E busco noutro canto ou mesmo em mim,
Seara aonde possa ver enfim
Lotados meus bornais de provisões.

33061

Memória, escória d’alma ou mera escora?
Assisto aos meus enganos do passado
E vejo o quanto tanto andara errado
E a fonte que alimenta me devora,
Um podre cais aonde o barco ancora
Caminho pelo tempo destroçado
Arcanjos entre sonhos de pecado
A imagem tosca e pútrida demora
E toma com furor o dia a dia
Matando qualquer luz na poesia
Ou gera mais demônios dentro em mim,
Memória do que fora e não mais quero,
Num ato vil cruel e sei que fero,
Revive cada instante de onde eu vim.

33062


Procuro cada cena da janela
Aonde se espreitara a vida inteira
E vejo quanto falsa ou verdadeira
A história muitas vezes se revela,
E tanto quanto pude abrir a vela
Ainda sem saber sequer fronteira
Mistérios de outro tempo, tudo esgueira
E apenas a janela doura a cela,
Velórios que carrego dentro da alma
Momento onde a mortalha em fúria acalma
E o peso do sonhar que não me larga,
A vida se mostrando em tons diversos
Gerando assim em mim dispersos versos
Por vezes dolorida, outras amarga.


33063

Não queres meu caminho? Tudo bem.
A vida não repete estas histórias
E aonde se pensara nas vitórias
Apenas o vazio ainda vem
E quando me percebo sem ninguém
Juntando os meus pedaços as memórias
Entranham noutros ritos, merencórias
E a velha tempestade me contém
Evitar sofrimentos? Nada disso,
Se ainda esta sangria em mim cobiço,
Vagando pelo pouco que restara
Do todo demonstrado no passado
Agora o meu caminho desolado
Bebendo com prazer a sorte amara.

33064

Enganos são comuns a quem procura
Viver felicidade sendo atroz
O mundo aonde rompem-se tais nós
E o todo perfilado em noite escura,
Ausência de carinho se perdura
Não muda nem sequer domina a foz
E o bêbado sentir que vem após
Aldeias mais distantes, terra dura.
À beira do que fosse qualquer vida
Vibrando em sintonia com o nada,
Tão resoluta mente destroçada
No pouco que inda resta já duvida
Do amor cenário torpe e inusitado
Mistura de perdão e de pecado...


33065

Quando à noite dormias entre estrelas
E luas tão diversas quanto belas
Os barcos entre mares, soltas velas
Certezas de esperanças posso vê-las
E quando em minhas mãos puder contê-las
Distantes emoções já me revelas
E tantas vezes sonhos nobres selas
Envoltos em ternuras, quero crê-las
E ter além do cais uma esperança
Aonde o coração em luzes lança
Vivendo tão somente a fantasia
De quem se permitindo ser feliz,
No amor quando demais deveras diz
O todo que este sonho ora desfia...


33066

Em tantas melodias, cada sonho
Tocando estes espaços siderais
Vivendo com ternura muito mais
Do que num verso simples eu componho,
O mundo outrora frio ou enfadonho
Agora se mostrando em rituais
Diversos adentrando por astrais
Caminhos onde a sorte recomponho.
Vestindo desta rara luminária
A vida noutra cena temerária
Deslinda-se em suprema maravilha,
E quem se fez há tempos solidão
Percebe em tão suave direção
A imensa claridade que ora trilha.

33067

Sentindo a viração de um tempo rude
E dele renascendo em maciez
O quanto deste encanto se refez
Permite ao coração que se transmude,
E sei quanto este amor por tanto ilude
E nesta mesma vida sem porquês
Os dias são diversos do que vês
Ausente de meus olhos juventude,
Mas quando dessedento esta vontade
No amor intenso em gozo que me invade
Permito renascer esta esperança
Sentindo a viração em brisa feita
Minha alma com ternura se deleita
E o paraíso em vida agora alcança.


33068

Embalado sonho em lua imensa
Aonde se percebe este acalanto
E quando em fantasia tento e canto
Buscando tão somente a recompensa
Do beijo incomparável que convença
E deixe para trás a dor e o pranto
No todo feito em luzes me agiganto
Não tendo quem talvez inda me vença,
Resisto aos meus anseios? Não consigo,
E tento nos teus braços meu abrigo
Vivendo cada instante em luz sublime,
No amor quando em delírios se permite
A vida muito além de algum limite
De todas minhas dores já redime.


33069

A lua derramando em seus clarões
O brilho em que desnuda tu te banhas
Prateia-se por sobre estas montanhas
E quando em tal beleza tu te expões
O mundo se perdendo em seduções
Percebe da ilusão diversas manhas
E tantas noites ditam novas sanhas
E nelas com ternura as emoções
Das quais já se alimenta a poesia
E quando nos teus braços bem se via
A bela maravilha em raios tantos,
Meu verso embevecido se alimenta
E a sorte de um amor, antes sedenta
Cedendo sem defesa aos teus encantos.


33070

O coração expressa esta vontade
Depois de tantos ais, a solidão
Agora volve noutra direção
Enquanto esta beleza em paz invade,
O amor ao transmitir felicidade
Traçando novos dias que virão
Mudando novamente esta estação
Porquanto a própria vida desagrade,
Encontro em tua face esta resposta
E tendo deste amor rara proposta
Eu posso enfim dizer que estou em paz,
Momento sem limites, nada além,
E quando a fantasia nos contém
Eu vejo finalmente o que isto traz.

33071

O véu que te cobria em alvos tons
Tocando a tua pele alabastrina
Imagem delicada me fascina,
Momentos que adivinho raros, bons,
E assim amor expressa belos dons
E neles a vontade que domina
Enquanto te percebo, uma menina
Escuto o paraíso em claros sons,
Mergulho na paixão que se emanando
Tornando o nosso dia agora brando
Vibrando com ternura em harmonia,
E assim ao te encontrar imersa em lua
Minha alma te procura e já cultua
Amor que em tanto amor, luzes recria.

33072

A lânguida beleza desta tez
Aonde se percebe maravilhas
E quando no passado as armadilhas
O próprio encanto em glória hoje desfez
Traduz esta suprema insensatez
Na qual amor derrama belas trilhas
E quando como um sol imenso brilhas,
Irradiando em mim tu já me vês
Imerso ao endeusar rara beleza,
E assim a minha sorte se afigura
Tocado por tão nobre criatura
Satisfação de ser apenas presa
De quem se fez rainha enquanto salva
Estrela em que me guio, tomando alva.

33073

Envoltos por momentos de fartura
Encontro-me nos braços de quem amo,
E quando na verdade ainda tramo
A sorte em que este canto se procura
Voltando ao meu passado em tez escura,
No quanto discernindo cada ramo
Da história que se muda já programo
A vida como fosse uma moldura
E teço o dia a dia em tanta luz,
Ao magistral caminho já conduz
O amor que encanta e doma o coração,
Saber-te e acreditar neste momento,
Traçado com ternura onde me alento
Vivendo estes delírios que virão.

33074

Palpitas ao sonhares, coração
E sabes muito bem quanto eu desejo
Daquela a quem se fez a cada ensejo
Caminho que meus passos guiarão,
E tento novamente desde então
Saber do quanto possa, e me verdejo
Nas ânsias deste encanto mais sobejo,
Podendo desvendar a tentação
Da qual e pela qual eu me alimento,
O amor quando demais vira provendo
Do sonho envolto em raras maravilhas,
E sei que também queres cada passo
Do mundo aonde em sonhos, vida eu traço,
E além de qualquer astro, sempre brilhas.


33075

Cismando em noite clara eu te procuro
E sinto em cada arfar tua presença
Ao ver bem perto, aqui, a recompensa
De um tempo mais atroz, temível, duro,
A sorte que deveras amarguro
Depois de tanto tempo em dor imensa,
Agora noutro rumo, se convença
Do quanto tanto amor; em ti, perduro.
Vestindo esta ilusão nada me impede
Nem mesmo a tentação já se concede
O vento aproximando da janela,
Clamando por teu nome, com ciúmes,
Temendo que deveras tu te esfumes,
Meu sonho dos umbrais fecha a tramela.

33076

Os teus cabelos soltos, raro vento,
Tocando a tua pele em arrepios
E assim ao se sentir prazer em frios
Um mundo sem igual, desejo e invento
E quando nos teus rumos me alimento
Os dias do passado, tão vazios
Agora enfrentam raros desafios
E tentam nos teus sonhos provimento.
E pavimento os dias com teus laços
Usando como apoio os firmes braços
Do amor que nada mais inda segura,
E a vida renovada em cada verso
Deixando para trás rumo diverso,
Mostrando-se deveras clara e pura.

33077

Enquanto tu sonhavas, eu tentava
Dormir e não consigo nem descanso
E quanto nestes sonhos me esperanço
A vida outrora fria atroz e brava
Em nova e bela face se mostrava
E quando se percebe este remanso,
Aonde o coração agora manso
Em toda a maravilha se encontrava,
Risonho caminhar por entre flores
Seguindo com certeza aonde fores,
Tentando subverter a correnteza,
Bebendo cada gole da alegria
E nisto nosso amor se refaria
Moldado com ternura e com pureza.


33078

Minha alma embriagada pelo sonho
De um dia mais suave e mais tranqüilo
Enquanto nos teus dias eu desfilo,
Um novo amanhecer eu já proponho,
E quando mergulhando em ar risonho,
O amor se propagando em calmo estilo,
Sem perguntar mais isto nem aquilo,
Caminho mais feliz, quero e componho
Nos braços da mulher que tanto quero
Viver este delírio mais sincero
Sem ter defesa alguma e ser feliz,
É tudo o que imagino, e nada cala
A sorte desta luz ora vassala,
Traçando com brandura o que bem quis.


33079

Tua alma tantas vezes já me priva
Das duras emoções onde eu tivera
Ausente de meus olhos primavera,
No quanto se mostrando pensativa
Vivendo cada instante ora me criva
Do gozo cujo brilho me tempera
E tanto apascentando em mim a fera
Adormecida e agora já cativa,
Andando sobre estrelas, raro espaço,
Singrando este oceano aonde eu traço
O mundo desejado e deslumbrante,
Ao menos sou feliz e nada disto
Transcende ao próprio encanto, pois insisto
Viver esta loucura a cada instante...

33080

Tremias de prazeres inauditos
E entre meus braços via ressurgir
Aquela que se fez em meu porvir
Com sonhos poderosos e bonitos,
Seguindo da esperança velhos ritos
O quanto deste mar sinto bramir
Vagando em noite clara quis sentir
Além do que me dizem velhos mitos,
Os tantos caminhares por lugares
Aonde tu também, sinto trilhares
Riscando qual cometa um belo céu,
O amor ao nos tornar entorpecidos
Tomando com firmeza os meus sentidos
Cobrindo co’esperança, um raro véu...

33081

Imagem semelhante em mar imenso
Aonde encontro em ti o ancoradouro
E quando tanto amor se faz tesouro
É nele que deveras sempre penso,
E tanto poderia e me convenço
Do sonho nosso imenso sorvedouro
Restando a quem se quis onde me douro
O navegar em tempo mais intenso,
Vencer as armadilhas e tempestas
Enquanto aos tais delírios tu te empestas
Estendo os braços como fossem cais,
E sinto-te decerto junto a mim,
Bebendo a poesia vejo enfim,
Os fins dos velhos duros vendavais...

33082

Qual fora sensitiva que ao tocar
Defende-se das tramas mais diversas
Assim também no amor quando tu versas
Deixando-te depressa arrepiar,
Tocando a tua pele devagar
Porquanto noites claras vão imersas
Nos sonhos onde entranhas em dispersas
E redentoras luzes; demonstrar
Caminho aonde eu possa perceber
O quanto deste encanto diz prazer
E assim nesta beleza emaranhado
Vivendo sem defesas cada instante
Percebo um dia nobre e deslumbrante
Um tempo divergente do passado.

33083

À noite num luar maravilhoso
Adentramos espaços sem limites
E quanto mais aceites e acredites
Maior será decerto cada gozo,
Vibrando neste espaço majestoso,
Entranham-me mais sonhos se permites
E tendo nos meus olhos os palpites
Dos quais encontrarei mais prazeroso
O mundo procurado desde quando
Esta amizade em luz se transformando
Gerando novo amor, incontestável,
Assim somamos tanto quanto posso,
Vibrando em sintonias este nosso
Carinho que desejo interminável.

33084

As ardentias tomam o cenário
E deitam sobre o mar clarões diversos
E assim ao se mostrarem os meus versos
Distantes do passado num calvário,
Eu sinto quanto o amor é necessário
E singro sem defesas universos
E neles me despeço dos perversos
Momentos do passado, temerário.
Restando dentro em mim a poesia
E nela toda a sorte já se urdia
Vencendo com ternura os temporais,
O amor irradiando em luz suprema
Enquanto rompe assim feroz algema
Atando-nos em sonhos de cristais.

33085

Perfumes espalhados pelo vento
Tomando todo o espaço dizem tanto
Do amor aonde aos poucos mais me encanto
Enquanto mansamente ora me alento,
E tantas vezes vejo este momento
Deixando no passado algum quebranto
Ousando da esperança em verde manto,
Tocando com ternura o pensamento.
Vestígios dos meus dias mais doridos,
Jamais adentrarão novos sentidos
E tudo se transforma plenamente,
Assim ao me encontrar em tez suave,
Sem nada que decerto ainda agrave
O imenso sentimento que apascente.

33086

Bebendo desta doce maravilha,
Um néctar sem igual adentra em mim,
Qual fosse a florescer deste jardim
Aonde toda a sorte já palmilha
E quanto mais beleza o amor polvilha
Descrendo do terror por onde eu vim,
A sorte se demonstra e sendo assim
A lua mais constante agora brilha,
E sei dos meus antigos dissabores,
Percebo a sutileza destas flores
Aonde todo o gozo eu concebi,
Quem fora no passado mais distante
Agora se percebe radiante
Qual fora num canteiro um colibri.


33087

A noite parecendo em constelar
Beleza dominando o céu imenso
E quando neste amor eu quero e penso
Tocando a nossa pele devagar
A sorte desejada e mergulhar
Na glória deste encanto raro e extenso
A cada novo verso me convenço
Do quanto é mavioso sempre amar,
Não deixe que este sonho um dia acabe,
Nem mesmo este palácio em vão desabe
Deixando-se mostrar em frágil base,
A vida se refaz a cada dia,
E quando nos teus braços percebia
Suave frágua em paz que nos abrase.


33088

Suspiro ao me lembrar de cada dia
Aonde nós pudemos ser felizes,
E tantas vezes vendo velhas crises
A sorte noutra face mostraria
O quanto deste amor que tanto guia
Permite superar duros deslizes,
E assim ao se mostrar o quanto dizes
Viver felicidade em alegria,
Não posso mais negar o quanto eu quero
O amor sendo deveras mais sincero
Gerando novos tempos dentro em mim,
Eterno movimento desta vida
Agora permitindo esta saída
Depois de tanta luta, vejo enfim...

33089

Das flores que cevara em meu canteiro
Durante a vida inteira, primaveras,
Aonde com ternura tais esperas
Trouxeram tanta dor ao jardineiro,
Agora no momento derradeiro
Imerso entre terrores, medos, feras
Percebo este perfume em que temperas
Meu mundo muitas vezes traiçoeiro
E sei que finalmente posso ter
Nas mãos a maravilha do prazer
Incomparável luz em que ora creio,
Valendo com certeza toda a vida
E tendo finalmente resolvida
A história feita em trevas e receio...


33090

A pérola querida dita amor
Durante tanto tempo em mar profundo,
Agora se percebe num segundo
E mostra sem limites seu valor,
Abençoado dia a se compor
E nele quando em glórias eu me inundo
Nas tramas deste encanto eu me aprofundo
E bebo este momento sedutor,
Vencendo os meus antigos medos venho
Depois de tanto tempo em duro empenho
Trazer novo futuro em olhos mansos,
Dos pélagos diversos que encontrara
A sorte se mostrando bem mais clara
Permite-me encontrar raros remansos.

33091

Palavra lavra a sorte de quem tenta
Vencer com calmaria ou mesmo fúria
Detendo ou mais expondo uma lamúria
Na forma mais sutil ou violenta
O corte quando em versos se apresenta
Seara aonde expondo medo e incúria
O peso do viver dita a penúria
E nela toda a glória dessedenta
Restando a quem tentara ver além
O quanto da verdade não contém
Ou mais do que pudesse imaginar,
Assim a poesia se transforma
E bebe sem limites, regra ou norma,
Consegue nossos egos libertar.

33092

Saudoso dos teus olhos, o horizonte
No qual eu mergulhei sem ter defesas
Meus dias em teus rumos, meras presas,
Aonde a fantasia sempre aponte
E quando novo tempo dita a fonte
E dela se percebem correntezas
Geradas pelos medos e belezas
Sem ter sequer o quanto desaponte,
A ponte que nos une, raro amor,
Ainda molda sempre o tom e a cor
Do passo que se dá buscando o eterno,
Só sei quanto se vê já sem limites
O mundo pelo qual tanto acredites
E nele sem pensar também me interno.

33093

Sorrias mansamente no meu colo,
Deitando-te deveras com prazer
E pude neste instante mesmo ver
O quanto neste amor eu já me assolo,
A vida sem tortura medo ou dolo,
Sabendo quanto é belo renascer
E tendo neste olhar o amanhecer
Dourando com delírio todo o solo,
Farejo com ternura novos dias
E neles beijos as sombras onde guias
Os passos entre tantos que tu trazes,
Compassos mais diversos, ilusões
E quando tantos brilhos tu me expões
Tocando com ternura as minhas bases.


33094

Deitada já desnuda no meu peito
Depois do amor imenso que fizemos,
Os dias mais diversos conhecemos
No amor a cada tempo satisfeito,
E assim enquanto em glórias eu me deito
Usando da esperança como remos
Os mares delicados conhecemos
Enquanto te deleitas me deleito
E tudo se traçando em harmonia,
O amor quando em amor agora erguia
Um brinde ao mais completo sentimento,
Tramando com ternura novo templo,
Aonde em perfeição glórias contemplo,
Deixando ao desalento o sofrimento...


33095

A brisa nos tocando em noite clara,
Adentrando janelas entreabertas
E quando a solidão também desertas
O amor em plenitude se declara,
A sorte muitas vezes mais amara
Aquém das alegrias descobertas
Rolando sobre a cama, nas cobertas
Ao mesmo tempo doura e sempre ampara,
Resistir ao desejo? Não consigo,
E vivo a minha vida ora contigo
Sagrando com ternura a eternidade
Minha alma se entrelaça com a tua
E assim ao mesmo tom da clara lua
A vida sem perguntas nos invade.

33096

Desmaia ao longe a lua enamorada
E sente este perfume que se emana
Das flores em noturna luz profana
Adentram toda a imensa madrugada,
A noite em raro brilho perolada
Expondo-se desnuda e soberana
Ao mesmo tempo dita enquanto engana
Talvez seja brumosa outra alvorada,
Mas sei que na lembrança levarei
Instante incomparável rara grei
E deste novo dia que virá
Um homem diferente, mais suave
Por mais que a vida mesmo ainda agrave
A redenção existe e a encontro já.

33097


Respiro este perfume que me trazes
E nele bebo a sorte mais feliz,
O quanto tanto amor a vida quis
E nele novos dias mais audazes,
Permitem-se delírios tão tenazes
Aonde houvera medo e cicatriz
A sorte neste instante já desdiz
E beijo a maravilha em raras pazes,
Sentindo esta promessa em doce aroma
Beleza incomparável já nos toma
E torna a nossa vida sem igual,
Quem tem o privilégio de sentir
O quanto amor transforma o meu porvir
Momento tão sobejo e triunfal...


33098

Das mansas maravilhas de um canteiro
Encontro estas respostas que procuro,
O mundo muitas vezes sei escuro,
Porém no teu olhar raro luzeiro
E quando me entregando verdadeiro
No quanto deste encanto quero e juro,
Diverso do temor não me torturo
E sei do farto amor e nele inteiro
A vida após saber dos temporais
E sinto-me seguro neste cais
Um doce ancoradouro em que talvez
O instante derradeiro de minha alma
Encontre a poesia em que se acalma
No amor que em tanto amor meu canto vês.

33099

Suspiro enamorado quando sinto
Tua presença aqui, a redenção
Dos dias mais doridos desde então
Aonde imaginara o amor extinto,
E quando nestas cores eu me tinto,
Vestindo dos problemas solução
Sabendo que estes cantos mostrarão
Um tempo mais suave e tão distinto
Dos velhos andrajosos do passado,
E tendo o teu amor sempre ao meu lado
Caminho sem temores para a morte,
Eternidade agora eu acredito
E sei que neste encanto estou bendito
E encontro finalmente o meu suporte.


33100

Deliro-me ao sentir tua presença
E sei do quanto é belo poder ter
No olhar esta certeza de poder
Viver o quanto amor sempre convença
A sorte se mostrando em recompensa
E dela cada tempo a me envolver
Nas teias do desejo eu quero crer
Que a vida não será jamais tão tensa,
Acreditar na força da paixão
E ter a cada passo a direção
Que possa me mostrar a liberdade
Aonde dessedento os meus terrores,
E sigo-te decerto aonde fores
Porquanto tanto encanto em mim já brade.

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