sexta-feira, 21 de maio de 2010

33551 até 33600

33551


Na cama que nos trouxe essa alvorada
Relembro em solidão nossos momentos
E vejo dos anseios seus proventos
E a sorte novamente uma guinada
Aonde poderia ser estrada
Apenas se vislumbram os tormentos
E quando deles mesmos desalentos
Ansiosamente a vida dita o nada,
Aprendo a discernir na escuridão
O quando deste tanto fora em vão
E o parto se transforma em mero aborto,
Das perdas costumeiras, já nem ligo,
O peso contrapõe ao desabrigo
Uma esperança feita em frágil porto.


33552


Do amor, vasculharei parte por parte
Até chegar ao frágil desenlace
A sorte não permite algum impasse
Nem mesmo que este rumo se reparte
O fato de sonhar gera outro aparte
Da vida quanto mais em nova face
E ainda que deveras teime e grasse
A morte não passando de um encarte
Do qual se noticia nova festa
E além do quanto possa ou não se empresta
Poeta se faz tolo pra viver
O conteúdo expressa a realidade
E o vento quanto muito ainda invade
Deixando para trás qualquer querer.

33553


Eu amo teu amor com tal fartura
Que até parece mesmo ser verdade
E o fato de tentar enquanto brade
Deixar para depois esta amargura
Não deixa que se veja tal moldura
Aonde se retrate o desagrade
De um tempo feito em luto ou tempestade
E ainda vez em quando se procura,
Restituindo assim alguma luz
Resisto enquanto posso e até me opus
Ao peso de uma vida sem proveito
Emaranhados tantos desvendados
Assim guardando em mim velhos recados
Não quero nem deveras mais te aceito.

33554


Preenchendo minha vida de ternura
Pesando a imensa mão sobre o costado,
O verso noutro tanto enlameado
Mesquinharia agora em fonte pura,
Acordo e na verdade se procura
No telefone algum mote ou recado
E o gesto noutro tanto provocado
Provando desta imensa envergadura
Aonde coube toda esta incerteza
E sendo mais sutil a sobremesa
O perdulário mundo não cogita
Da boca desdenhosa e nem fugaz
Bebendo o que a verdade não me traz
A sorte noutra face molda a dita.

33555


Recebo teu carinho em contraluz
E sei das mentirosas noites vãs
E nelas com as vagas e malsãs
Palavras onde tanto não me opus,
Resido no vazio aonde eu pus
As plagas mais diversas nas manhãs
E risco dos meus trastes velhas cãs
E delas o meu corpo enfado e cruz.
Parábolas diversas dizem tudo
O quanto poderia, mas me iludo
E verso sobre o tanto quanto pude
Não tendo mais ousada esta promessa
O quadro se esvazia e recomeça
Renova-se deveras amiúde.

33556


Seduzido afinal não tenho escolha
E sei do quanto pude resistir,
Mas quando a morte toma este elixir
Porquanto cada passo já recolha
Esbarro no vazio e sei que a rolha
Não deixa esta garrafa se eclodir
E o luto se espalhando sem porvir
Deixando-se antever diversa bolha,
Covardemente adentro em caracol
Deixando para trás a luz do sol
E beijo a treva imensa de onde veio
O mundo mais atroz e até sincero
Assim vivendo além do que mais quero
Não tendo outro caminho nem recreio.

33557

Amor como uma flor que me seduz
Apresentando pragas entre espinhos
E vejo tão comuns os descaminhos
Aos quais por tantas vezes me propus
Sabendo da verdade em contraluz
Restando os dias vagos e sozinhos
Buscara com certeza novos ninhos
E neles o que tanto inda produz
O medo na discórdia e no fascínio
Perdendo qualquer forma de domínio
Ocasos entre cardo e temporal
O jogo se aproxima do não dito
E o peso de viver sendo finito
Agora se aproxima do final.

33558


Deixa-me essa tristeza de ser folha
No outono de uma vida quase vã
E toda a minha dita noutro afã
Mergulha quando mesmo sem escolha

Resume dentro em mim, a fonte e o fim
Nascentes entre fozes, afluência
Queria pelo menos coerência
Mas nada se transforma sem enfim

Mudar a minha face em tez medonha
Porquanto noutro tanto pude crer
O velho desdenhoso parecer
Aonde a minha sina já se enfronha

Capacho desta insânia costumeira
Aonde a minha vida quis bandeira

33559


Esgoto meu caminho em temporais
Resumo no final desde o começo
A farpa se tornando um adereço
E vejo que talvez não possa mais
Vencer a sorte amarga e os vendavais
Jogados pelas ruas, num tropeço
O corte se aprofunda e já mereço
A morte com seus fardos rituais,
Esgarçam-se palavras e mesquinho
Vagando sem saber de outro momento
O beijo se pudesse em vão tormento
O quanto peregrino sou de mim,
No todo se aproxima mesmo o fim
Deixando sem defesas casa e ninho.

33560

Orbito tão calado sobre a flor
Qual fosse um colibri sem direção
E vejo a cada nova exposição
Meu mundo num eterno decompor,
Restando muito pouco a te propor
Entrego sem defesa o coração
E morro num instante em podridão
E nela a cada verso sem me opor
Bisonhamente piso esta carcaça
E quando a vida assim decerto passa
Jogada pelos ermos do não ser
O quanto quis do todo e não existe
O peso me transforma em morte e triste
Esqueço até quem sabe de morrer.

33561

Pudesse cantar
O quanto se quis
Vivendo feliz
Outrora luar
Vibrando a toar
O mesmo aprendiz
Vencendo e se fiz
Não posso negar
A morte se vê
Num velho clichê
Em balas e risos
Assim num mergulho
Agulhas e entulho
Reais pré-juízos.

33562

O verso canoro
O tiro no escuro
O beijo procuro
E nele este foro
Aonde quis soro
E agora perduro
No tempo torturo
Ou tanto me escoro
Resisto ao que possa
Ser mundo e ser fossa
Roçando o segredo
E sendo venal
O tempo fatal
Não mais te concedo.

33563

Lacaio da sorte
No tanto pudesse
Ainda em benesse
Ousando o suporte
Buscando este aporte
Aonde obedece
A sorte confesse
E mude meu norte,
Lavar com teu sangue
O beijo no mangue
O corte profano,
Assim sendo exato
O quanto retrato
Venal desengano.

33564

Acordo sem rima
E tanto pudera
Viver primavera
Aonde se estima
A faca redima
Dos erros da fera
E quanto se espera
No todo se prima
Percebo este engodo
E quando no lodo
Metade tu vês
O conto sem mágoa
A vida deságua
Sem ter nem porquês.

33565

Jogado no canto
Da casa ou da sala
A fonte se cala
Gera desencanto
E beijo este manto
Da sorte vassala
E nada mais fala
Quem bebe este pranto
Risonho ou feroz
Sem ter sequer voz
Algoz do que fomos,
Domando o pecado
Ouvindo o recado
Destroçando gomos.

33566

Apenas lacaio
Do quanto pudesse
A sorte obedece
E tanto me espraio
No quanto este raio
Bebendo da prece
E nela esta messe
Porquanto não traio
O passo se dando
Aonde no brando
Caminho tentara
A porta fechada
A morte sondada
A noite mais clara.

33567

Jogado no canto
Da sala ou do quarto
Caminho reparto
E bebera tanto
O medo eu espanto
Enquanto não parto
E beijo este farto
Momento em encanto
Cadência diversa
A sorte dispersa
Conversas sutis
E geram palavras
Aonde tu lavras
Bem mais do que eu quis.

33568

Pecado e tropeço
O charco num viço
Atroz movediço
Mudando o endereço
Assim reconheço
O corpo mestiço
E nele cobiço
Além do começo,
Vestindo a senzala
Minha alma não fala
Apenas se empolga
E o quanto pudera
Vencer esta fera
Sem medo e sem folga.

33569

Jogada no vento
A frase bendita
O quanto em desdita
Não traz mais alento
E quando não tento
Vencer esta dita
Promessa transita
Ganhando outro alento
Amor merecia
Não mercadoria
Apenas retalho
E quando navego
Se tanto me emprego
Também busco atalho.

33570

Das lapas do sonho
Das pedras do cais
Andara em venais
Caminhos me oponho
E tanto proponho
Viver muito mais
Dos tantos iguais
E sei do medonho
Restando do verso
Algum universo
Imerso no chão,
Aonde a semente
Sem nada apresente
Reaviva o grão.

33571

Antroposofia
Gesta o pensamento
Aonde o sentimento
Além do que se via
Erguendo em sintonia
História tempo e atento
Vital conhecimento
Em completa harmonia
Gerando além do tanto
O quanto quero e posso
O mundo sendo nosso
E nele me adianto
Enquanto me repleto
Assim já tanto posso
Estando em mim completo.


33572

O amor além do amor
O tempo após o todo,
Não resta mais engodo
Nem mesmo a se compor
Além do justapor
Caminho em vento e lodo,
O peso deste modo
Diverso recompor
E tanto posso além
Do quanto me contém
Na etérea realidade,
À parte do que sou
O todo se mostrou
Aonde o tanto invade.

33573

Minha alma completa
No tanto pudera
Além desta espera
Vencendo repleta
Se hoje poeta
Amanhã besta fera
Diversa quimera
Perfeição é meta
O corte aprofunda
A morte me inunda
Da vida em diversa
Embora se tenha
Acesa esta lenha
Já nunca dispersa.

33574

Recebo o que sou
E sinto se nada
O tempo de estada
Jamais se moldou
No quanto restou
Ou mesmo mudada
A forma traçada
Já não se mostrou
Na face real
Ou mesmo fatal
Do corpo somente,
Assim sou refeito
No quando desfeito
Renasço em semente.

33575

Jogado na terra
Acendo o pavio
E beijo este estio
Enquanto se encerra
O ciclo desterra,
Mas logo recrio
E nunca este frio
Bebendo se cerra
Travando comigo
O tempo em abrigo
Anseios dispersos
Assim navegando
O quanto sem quando
Em mundos diversos

33576

Palácio e tapera
Temperos da vida
O quanto perdida
E assim regenera
A boca se espera
E nela a sortida
Imagem dorida
Refaz primavera,
No fardo do tempo
Após contratempo
O medo não trilha
Vencendo o que sou
Já tanto sobrou
Vital maravilha.

33577

Não tendo este aquém
Somente o futuro
E nele perduro
Vivendo este além
E o beijo que tem
Porquanto amarguro
Depois não torturo
Nem mesmo convém
Assim já persisto
E tanto eu insisto
E me purifico,
Cenário sombrio
Depois propicio
Momento mais rico.

33578

Jogado nas tramas
Das lamas e ritos
Aonde finitos
Não podes, reclamas
Revives em chamas
Aonde os aflitos
Momentos e mitos
Ainda não clamas
Mas vês o futuro
E quando no escuro
O brilho refaz,
Assim ao se ver
No eterno fazer
A vida é tenaz.

33579

Além do mortal
Caminho que vês
E tanto em porquês
Não sabes real,
Gerando afinal
O quanto não crês,
Mas há lucidez
Na fonte em cristal
Da qual tu vieste
E quando regresse
Sobeja esta messe
Num solo que agreste
Floresce o jardim
Do eterno que vim.

33580


Risonhos os prados
Aonde não sabes
O quanto não cabes
E nem velhos fados,
Assim os recados
Bem antes que acabes
No tanto desabes
Ou mesmo enfadados
Restara do todo
Sequer sem engodo
Completa visão,
A morte não vivo
E sei sobrevivo
À própria missão.

33581

O Deus que tu me deste agora morto
Não serve para nada nem pudera
Vencer o que talvez desse a quimera
E nela sem saber se existe porto
Tocado pela angústia vou absorto
Aonde esta mortalha me tempera
E deixa que se veja nele a fera
O peso do sonhar; já nem comporto
Riscado deste mapa há quantos anos
Vencido pelos mesmos desenganos
Nos quais gerara apenas ilusões,
Não quero a falsa imagem de um profeta
Ainda mesmo morta ou incompleta
Vendida nas esquinas ou leilões.

33582

Eu quero Satã
Na noite completa
E tanto repleta
A morte amanhã
Visão que malsã
Gerara o poeta
A boca me espeta
Na fome terçã
Cruel passeata
Da fome insensata
Gestando o vazio
E quando desfio
O medo repete
O que me reflete.

33583

Nem santo nem pranto
Apenas a fera
A boca se espera
E bebe este manto
Aonde pus tanto
Momento tempera
O corte se gera
No verso em quebranto,
O banco de sangue
A morte no mangue
O peso da mão
E nada se tenta
Ainda sedenta
Sem ter direção

33584

Bendito demônio
Aonde me esgoto
E quando remoto
Vital pandemônio
Acende este hormônio
E tento e me boto
No fogo em que troto
Risonho campônio
Vestindo a fornalha
Na qual se batalha
E morre com sorte,
A ponte partida
Gerada após vida
Não mais me comporte.


33585

Ainda se existo
Deveras percebo
O quanto concebo
De mim em Mefisto
Ausência Do Cristo
Quem sabe um placebo
E nada que bebo
Pudera eu insisto
Vencer temporais
Gerar anormais
Caminhos diversos,
Satã me abençoe
No quanto revoe
Além os meus versos.

33586

Perdidas promessas
Entregas brumosas
E quando tu gozas
Não vês recomeças
As festas avessas
Os dentes em prosas
Horas prazerosas
Matando sem pressas
As horas medonhas
Aonde reponhas
Os ritos banais
E beba este vinho
No podre caminho
Velhos rituais.

33587

Entorno o café
Por sobre esta mesa
Sigo correnteza
Vomito na fé,
E sinto esta Sé
Cercada e surpresa
E quando se preza
Vivendo a galé
Do fardo capaz
De ter muito audaz
O peso da morte,
Confrades e freis
Fazendo das leis
O que mais conforte.

33588

Pastores e ovelhas
Carneiros sangrados
Em ritos sagrados
Apenas centelhas
Aonde te espelhas
E deixas legados
Comprando pecados
Vendendo tais telhas,
E nada renova
A boca comprova
Faminta quimera
Igrejas Satãs
E tantas manhãs
A morte venera.

33589

Rodízios e tramas
Assisto ao fatal
Caminho venal
Por onde tu clamas
E dízimos chamas
Enchendo o bornal
Satã triunfal
Bebendo das chamas
E nelas pastores
Em tantos clamores
Vendendo esta cruz
Aonde perdura
Sem pena e sem cura
O velho Jesus.

33590

Não sou apoplético
Tampouco seria
Se houver serventia
No verso que herético
Falasse em profético
Sem hipocrisia
Toda eucaristia
Caminho patético
E neste fardão
Medonho senão
Vivendo mordaz
Beijando esta capa
Vestido de papa
Vejo Satanás...

33591

Pecado alimenta
A corja a canalha
E quando a batalha
Se faz violenta
Aonde se alenta
A própria fornalha
O quanto se atalha
Na boca fomenta
Assim nesta missa
A fonte que é omissa
Vestindo algum anjo
Também no pecado
Ao dar meu recado
Poderes esbanjo.

33592

Vendendo o milagre
A porta do inferno
E nela este inverno
Aonde avinagre
A sorte consagre
O poder eterno
Dum fardo que terno
Ainda se sagre
No sangue do Cristo
E se assim persisto
Perfaço um puteiro
E nele me esgoto
Até num remoto
Caminho em luzeiro.

33593

No corpo da puta
No beijo da morte
Ao ver o meu norte
Na imensa labuta
A fome se astuta
Também se comporte
Enquanto conforte
Adentra outra gruta
Resenhas diversas
E nelas conversas
Com deus e diabo,
No porto sem nexo
A morte em complexo
Gerando o nababo.

33594

Lavando com fome
A boca de quem
Viver se convém
E ainda se some
Poder que se dome
No pouco que tem
O peso contém
O quanto se come
Da fúria deste homem
E nele consomem
Igrejas e padres
Assim podre fato
No qual me retrato
Ainda que ladres.

33595

Diversos ladrões
Entoam sinais
E bebem venais
Aonde me expões
E quando em senões
Percebem totais
Ou tão desiguais
Vendendo perdões
Igreja farsante
Aonde o gigante
Derruba Davi,
Assisto à promessa
E quando começa
Também me perdi.

33596

Macabro cenário
E nele me exponho
Assim vejo o sonho
Um mal necessário
O quanto o corsário
Vergonha componho
E tanto reponho
Enchendo este armário
No bêbado passo
Se tanto refaço
O ganho mensal,
Demônios à solta
Uma alma se escolta
Em tal bacanal.

33597

Aonde em altares
Pudessem Jesus
Agora só pus
Vitais lupanares,
E quando tentares
Conforme me opus
Jogados na cruz
Diversos bazares,
Satã se procria
Aonde heresia
Se faz mais freqüente
Usando a palavra
Dinheiro se lavra
E Deus vejo ausente.

33598

No peso complexo
Da morte sem rumo
O quanto consumo
Do medo em reflexo
Risonho sem sexo
Ou mesmo sem prumo,
Bebendo este Sumo,
Vestido sem nexo,
Espelho em Satã
A vida se é vã
Vanglórias diversas
Distinto demônio
Com seu patrimônio
Aonde tu versas.

33599

Jargões conhecidos
E tantos em glória
Rendendo a vitória
Aos apodrecidos
Esqueça as libidos
E mude esta história
Fazendo da escória
Templos discernidos
Em fúria medonha
Além do que sonha
O pobre judeu,
O mundo da graça
Agora esfumaça
E já se perdeu.

33600

Perdoe os safados
Entregues aos ritos
E dizem benditos
Aonde são fados
Os medos marcados
Os olhos aflitos
E neles finitos
Assim dos mercados
Pecados perdões
Totais podridões
Nas mãos dos pastores,
Vendilhões do templo
Ainda contemplo
Incríveis atores.

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