terça-feira, 18 de maio de 2010

33201 até 33250

33201

Vestindo as minhas tolas ilusões
E nelas nada vejo senão isto
O peso transtornando e até desisto
Das loucas e diversas sensações
Ainda que sentisse em vibrações
Momentos mais gostosos e, benquisto
Pudesse acreditar no quanto existo
Diversamente agora quando pões
Os pratos sobre a mesa e me desancas,
Palavras que talvez sejam mais francas,
Mas não representando o que ora quero,
Porquanto me alimento em fantasias
Ainda quando mesmo me dirias
Jamais desejaria ser sincero.


33202


Restando do poeta quase nada
A frase muitas vezes não traduz
O quanto do passado reproduz
A fonte nunca mais iluminada
Cenário aonde toda a tez marcada
Por fúria e por completa e vaga cruz
Gestada pela ausência de uma luz
A sorte nunca fora mais traçada
Por quem se desejara novo rumo,
E tanto quanto posso eu me consumo
No fato de poder ainda ver
Diante dos meus olhos a palavra
Na qual a fantasia ainda lavra
Gerada num instante de prazer.

33203

Faço parte do quanto quis e não
Soubera discernir neste cenário,
Guardando as esperanças num armário
Não quero e nem preciso direção,
Morrendo desde sempre, mostrarão
Meus olhos outro tempo necessário
E sendo dos meus sonhos um corsário
Vagando pelas sanhas de um verão
E nele não se vê ainda vivo
O peito deste agora teu cativo
E quase libertário, mas sereno.
Só sei que na distância prometida
Eu perco pouco a pouco a minha vida
Nesta medida enquanto me enveneno.

33204

Metamorfoses tantas neste que
Fartando-se do vago não pudera
Vencer a solidão nem mesmo a fera
Aonde poderia e nada vê
O fardo pelo qual o mundo crê
No quadro desmembrado degenera
E toda a fantasia não espera
Podendo conhecer o que não lê.
À cargo de tentar outra esperança
A morte na verdade já me lança
Entranho por imensos precipícios
E quando quis voltar nada podia
O corte propagado em noite fria
Denota esta voraz noção dos vícios.

33205

Trazendo a primavera agora em mim,
Engrenagens diversas inventando
O peso noutro tanto transbordando
Matando o que inda resta, chego ao fim,
Decepo minhas mãos, calo o clarim,
Resisto ao que pudera noutro bando
A morte se aproxima retalhando
E dela todo o início dita enfim
Capacho da ilusão somente um verme,
E o corpo apodrecido quieto e inerme
Transcende ao que pudesse ser real,
E o golpe que pensara ser fatal
Permite uma saída noutra face
Enquanto a solidão deveras grasse...

33206

Minhas mágoas traduzem a canção
Aonde me fizeste quase um rei,
E agora noutro tempo desabei
E vi que tudo fora sempre em vão,
Aonde se mostrasse em negação
Caminho pelo qual decerto errei
E bebo este passado e me entranhei
Do tempo em falso guizo, sedução.
Minhas palavras ditam a verdade
Porquanto a própria vida nos degrade
O fim já se aproxima e nada resta,
Apenas o vazio dita a festa
E nela não se vê sonata e dança
Representando assim minha esperança.


33207

Falar do meu passado e crer no quanto
O dia que virá trará certeza
Da rara e mais sublime natureza
Do amor que sem sentido agora canto,
O todo se mostrando em desencanto,
A vida noutra vida estando presa
O corte se aprofunda e a correnteza
Levando para o nunca e já me espanto.
Pudesse conceber feliz momento
E tantas vezes sinto e até invento
Um templo onde pudesse saciar
Vontade incomparável de sentir
Nos sonhos este amor raro elixir
E apenas o vazio a se mostrar...

33208

Cantando esta emoção aonde um dia
Pudesse acreditar noutra aliança
A sorte no vazio já se lança
Matando o que restara em poesia,
A vida vai perdendo a serventia
E quando se percebe outra esperança
Mentira sobre tudo a voz alcança
Repete a mesma face amarga e fria.
Medonha garatuja se desenha
Na face de quem tanto quis a luz
O amor cujo caminho em rara senha
Soubera e já perdi faz tanto tempo
Agora noutro instante reproduz
Apenas tão somente contratempo.

33209


Fizemos da esperança nossa casa
Beijando qualquer lua ou temporal
O amor se mostraria um ritual
Aonde qualquer luz dizendo em brasa
Pudesse novamente enquanto apraza
O sonhador em verso sensual,
Mas quando se percebe o desigual
Caminho toda a sorte se defasa.
E o peso do viver vergando as costas,
As chagas pouco a pouco são expostas
E o medo sobrevém aonde um dia
Gestara com ternura outro momento
Tomado pela dor e sofrimento
Somente a ingratidão nos tomaria.

33210

Serena madrugada diz do quanto
Amor pudesse ser maior
E quando me tomando de suor
Bebendo desta luz em raro encanto,
Ainda sonhador deveras canto
E sei da melodia até de cor,
Vivendo o quanto pude de melhor
Delírio pelo qual eu me agiganto.
Serena madrugada diz do todo
E agora não se vê senão tal lodo
Do pantanal imenso, solidão,
Os olhos procurando alguma paz
E tudo foi ficando para trás
Negando o que pudesse ser verão...

33211

Roubasse algum momento de alegria
Num beijo ou numa jura, ou num tormento
O quanto te desejo e me alimento
Do sonho que este verso me traria,
O fato de viver a fantasia
E nela a cada dia mais aumento
O tom da melodia e este fomento
Transgride enquanto mesmo me alivia
Segredos entre tantos doces sonhos,
E os dias serão claros e risonhos
Enquanto eu me fizer somente teu,
O amar e ser além da eternidade
Vivendo com total sinceridade
Meu rumo neste prumo se perdeu...


33212

Jamais eu roubaria algum instante
Aonde nada mais pudesse crer,
E ter esta alegria de um prazer
Deveras tão somente fascinante,
E busco a cada passo que adiante
O tempo desejoso, amanhecer
E tanto se mostrasse sem querer
O quanto amor se torna deslumbrante,
No todo aonde tudo mais redime,
Amar e ter além do quanto estime
O sonho mais audaz, tempestuoso,
Cevar com tanta luz este caminho
No qual com meu amor eu me avizinho
Da plenitude feita em festa e gozo...

33213


Marcando em minha pele, tatuagem
De um tempo mais feliz que ora não vejo
Ainda vivo em mim fatal desejo
Qual fora tão somente uma miragem
E assim ao perpetrar nova viagem
Nas ânsias mais atrozes, num lampejo,
Encontro toda sorte que eu almejo
E sinto novamente a fresca aragem
Vivendo sem perguntas, medos planos
Momentos divinais e soberanos
Repetem as histórias do passado,
Vibrando no desejo mais atroz
Ouvindo neste instante a tua voz,
O mundo que eu sonhara vislumbrado...

33214

Encontro meus pedaços por aí
Vagando bar em bar e noite a fora
O sonho de viver já se demora
E nele toda a glória que senti
Enquanto novo mundo pressenti
E nele toda a sorte me devora
Aonde a fantasia ora se ancora
Voltando e vejo amor, estas aqui.
Recordo cada frase e num momento
O tanto quanto posso em claro alento
Vibrando em sintonia com meu sonho,
A sorte semeada num instante
Tornando este caminho alucinante
Aonde no passado era medonho...

33215


Sentindo esta emoção aonde a vida
Pergunta sem respostas por que tanto.
O vento pelo qual eu já me encanto
E assim a própria história resolvida
Nas ânsias delicadas, sendo urdida
A sorte que pudesse sem quebranto
Toar a todo instante e em todo canto
Na glória sem saber de despedida,
Vestida de ilusões uma alma quer
Seara apaixonante da mulher
E nela reconforto após a luta,
Um porto aonde tudo se traduza
Na fonte que deveras nos conduza
Vencendo em calmaria a força bruta.


33216

Apaixonado encontro o teu destino
E bebo deste vinho em cada arfar
Desejo noutro tanto a se mostrar
E nele com certeza me fascino,
E quando sem defesas não domino
Vontade de chegar e te tocar
E aos poucos sem juízo desnudar
Toando dentro em mim tal desatino,
Vencido pela sorte de ser teu
O quanto deste encanto se verteu
No amor que agora trago no meu peito,
Sensatas ilusões? Já não conheço,
Apenas vou colhendo o que mereço
E sem limite algum em ti me deito.

33217


Desejo-te desnuda e sensual
No canto mais sublime em harmonia
Amor quando demais já se procria
Em rito mavioso e sem igual,
O quanto deste fato é natural
E nele se perfaz a fantasia
Gerada pelo amor em alegria
Tragando em esperança sonho e sal,
Atados pelo sonho nada além
E quando tudo deve e nos convém
Não quero outro momento em minha vida,
E nós ao encontrarmos nosso rumo
O mundo sem juízo quero e assumo
Em ti a minha sorte vai, perdida...


33218

Ao mesmo tempo encontro luz e medo
Naquela a quem bebi tanta alegria
E sei também da fúria e da agonia
No quanto tantas vezes me concedo,
E sei que de manhã, de noite ou cedo
O todo deste tempo se traria
Em nova cor diversa da agonia
E beijo a tempestade sem segredo.
Felicidade é tudo o que mais quero
E sendo assim contigo amor sincero
Não tenho mais pecados pra pagar,
Vencidas as quimeras costumeiras
As horas não seriam traiçoeiras
Apenas quero em ti poder amar.


33219

Acordo e quando ancoro o pensamento
Nas luzes que deixaste como um rastro,
Bebendo cada gota já me alastro
E tanto quanto posso ainda invento
Caminho aonde apenas bebo o vento
E tendo a sensação de força e mastro,
O amor se torna então supremo lastro
E trama com ternura outro momento,
Espere mais um pouco fique aqui
O todo no teu mundo eu descobri
Não quero mais perder a direção,
E assim ao me entregar sem mais defesas
Encontro finalmente em tais belezas
A vida com sentido em teu verão.

33220


Felicidade diz do quanto espero
Do amor sem ter promessas, só por ser
E ainda se mostrando a enaltecer
O fato mais sutil e tão sincero
E nele não seria mais austero
Vivendo a plenitude do prazer
Sentindo-me decerto renascer
Após este tormento duro e fero,
Resisto e te proponho um novo mundo
No amor onde sem medo me aprofundo
E vou neste mergulho até raiz
Sorvendo cada gota deste encanto
E assim ao me entregar com paz eu canto,
Sabendo finalmente ser feliz...


33221

Aprendo cada vez que venho aqui
Bebendo desta sorte inigualável
Amar além do quanto imaginável
Aonde com certeza mais sorvi
O tanto que pudera e descobri
Intento mais que sempre desejável
Retrata este desejo incomparável
E nele esta beleza que há em ti,
Dançando em noite terna, ser só teu
E toda a fantasia se verteu
Num ato muito além do mais querido,
Revejo a cada instante o tanto amor
E nele se mostrando encantador
Tocando com ternura esta libido.


33222

Singrando esta divina maravilha
E nela se percebe o meu intento
Palavras que desejo ou mesmo invento
Aonde a fantasia já palmilha
Restando dentro em mim esta armadilha
Na qual eu com doçura eu me alimento
E sei desta alegria em provimento
Enquanto o teu olhar decerto brilha,
Resumo em versos, sonhos, rimas, frases
Os belos devaneios que me trazes
Pulsando como fosse a primavera
E deste caminhar sem mais defesas
Entregue às mais sublimes correntezas
A vida nos teus braços se tempera.

33223

Acordos entre vários caminhares
Tocado pela sorte mais sensível
O amor quando se mostra assim incrível
Toando com ternura em tantos lares,
Girando sem destino em raros ares
Aonde se mostrasse mais audível
O mundo demonstrando um invencível
Desejo aonde sempre me tocares
Aprendo com vontades, meus anseios
E sinto-me disperso em tantos veios
E vejo-te decerto a cada sonho,
Assim ao me entregar tão simplesmente
O quanto se deseja corpo e mente
Um mundo mais suave eu te proponho.


33224

Saudades deste amor que já não volta
O tempo não pudesse ser assim,
E tanto desejando amar em mim
O vento solitário traz revolta
E toda a solidão tomando a escolta
Por quanto está vazio o meu jardim,
E toda a sensação traçando enfim
Lembrança que domina e não mais solta,
Das gotas de desejo que me rondam
Momentos do passado voltam, sondam
Tomando cada passo que inda dou,
Viver esta tormenta satisfaz
Quem tanto se cansara desta paz
E nos meus próprios antros mergulhou.


33225

Colares entre estrelas, raro brilho
Galgando tais espaços siderais
Vivendo e desejando sempre mais
Aonde em luzes fartas eu polvilho
O amor aonde tanto um andarilho
Pudesse ter em ritos magistrais
Momentos para os quais fundamentais
Chegando ao meu limite eu te palmilho,
Solidão ao demonstrar a turva face
Condena cada instante e enfim não trace
Sequer a solução que busco ainda.
Resolvo meus problemas quando quero
Sentir este momento mais austero
Aonde a fantasia se deslinda.

33226

Perdido sem espaço em cada rota
Aonde todo o tempo diz do não
E quando ainda busco algum verão
A sorte sem juízo já se embota
E tudo ultrapassando qualquer cota
Tramando a cada ausência a negação
E nela sem saber quando virão
Os dias onde a sorte se denota
Certeza a cada tempo transformando
E sei que talvez seja desde quando
O amor não seja utópico e persista
Dourando cada dia desta vida,
E assim ao perceber clara saída
Eu possa ser enfim mais otimista.


33227

Meu verso quer apenas este alento
Embora saiba sempre do vazio
Aonde com certeza sinta o frio
Fatal de qualquer medo e sofrimento,
E quando outro caminha ainda tento
Vagando sem certeza, desafio
O mundo aonde nada mais eu crio
Senão este terror no pensamento,
Amar e ter certeza, ser amado,
Vivendo em sintonia, sempre ao lado
De quem se poderia ser a mais
Do que talvez a sorte já moldasse
Assim ao se mostrar a clara face
Vencendo os mais terríveis vendavais.


33228

Eu quero e necessito ser feliz,
Não busco outra resposta nem podia,
A vida sem ninguém corre fazia
Distante do que tanto quero e quis,
E quando noutro passo me desfiz
Gerando dentro em mim tenaz sangria
O quanto do passado ainda urdia
Amar é ser eterno, um aprendiz.
Tatuo com teu nome minha pele,
E quando esta loucura nos compele
Gerando outro delírio dentro em nós,
Eu sei deste caminho sem ter volta
E mesmo quando a sorte diz revolta
Maior será do amor a imensa voz.


33229

Temperar o nosso canto com ternura
Bebendo a mais real felicidade
E nisto reviver cada saudade
Aonde toda a luz sempre perdura,
Assim o tanto encanto que nos cura
Trazendo toda a luz à saciedade
Magia deste instante que me invade
E deixa-se antever gozo e tortura.
Perdido sem saber de qualquer rumo
No quanto te desejo e me acostumo
Na dura solidão que tu me deste,
O peso de viver se torna amargo
E quando solitário enfim te largo
O mundo em trevas torpes me reveste.

33230

Queimando a minha pele este desejo
Do tempo mais feliz que ainda possa
Falar desta alegria tua e nossa
Embarcações dizendo do que almejo,
O cais mais soberano e já prevejo
O quanto de ternura ora se apossa
E deixa para trás o medo e a fossa
Amor é muito mais que algum lampejo
Ancoro meu delírio em teu caminho
E quando me percebo e me avizinho
Das tuas emoções também sou teu
Em tantos desafios vida afora
O amor quando no amor assim aflora
Na eternidade então se converteu...

33231

Vestindo a cantoria aonde eu pude
Saber das ilusões mais costumeiras
Porquanto tantas vezes tu me queiras
Negando qualquer forma de atitude
Assim ao já perder a juventude
Pensando com ternura em tais bandeiras
Agora se não vejo mais roseiras
Ainda quanto mais a vida ilude
Permito-me entranhar por novo sonho
E assim todo o poder bebo e reponho
Deixando para trás tanta tristeza
Vencer os meus antigos dissabores
Rondando meu caminho belas flores
E ter a cada passo esta certeza.

33232

Procuro uma saída aonde há tanto
Soubera ser difícil, mas eu tento
E quanto mais audaz o pensamento
Maior a queda, eu sei, e o desencanto,
Mas mesmo assim ainda teimo e canto
E quando novo tempo quero e invento
O vento me transporta e num alento
Deixando para trás o duro pranto
Desafiando a sorte a cada passo,
No quanto em poesia eu me desfaço
Resisto aos mais complexos temporais,
E vejo quantas vezes fora incauto,
E sigo sem saber de sobressalto
Até os meus momentos terminais.

33233


Não deixe para trás o que deveras
Pudesse maltratar quem tanto sonha
Portanto a cada dia mais reponha
O quanto desta vida ainda esperas
E sei que sendo assim tu regeneras
Vivendo este caminho, se proponha
A crer noutro momento em tez risonha
Apascentando enfim frias quimeras,
E sei do quanto posso junto a ti
E tendo esta certeza percebi
O mundo noutra face mais suave,
E quando me pergunto aonde vou,
Respondo na medida em que inda sou
Eu mesmo passageiro, porto e nave.


32234


Aprendo com meus erros, isso é fato,
Não pude retornar desde o começo
E sei de que cada falta em que mereço
A punição, por isso me retrato,
O tempo se mostrara sempre ingrato
E tendo da incerteza este endereço
Risonho retornar tento e me esqueço
Da imensa turbulência em tal regato,
Vestígios de outros dias encontrando
Aonde vejo o mundo mais nefando
Recebo cada instante como fosse
Um último momento de alegria,
E quanto mais embalde se faria
A vida não seria jamais doce.

33235

Ouvindo a voz do vento me chamando
E sei que tantas vezes pude crer
No encanto revivido e amanhecer
Momento mais suave e tento brando,
Aos poucos fui até me acostumando
A ter somente a dor e o desprazer
Cansado inutilmente de querer
Meu mundo noutro tanto desabando,
E agora que me resta este vazio
Aonde tantas vezes teimo e crio
Fazendo do meu verso, um desabafo,
Cacifes que pensara nunca os tenho,
Porquanto fora torpe tanto empenho
Nem mesmo da ilusão medonha eu safo.


33236

Reside ainda em mim uma vontade
De crer ser mais possível ver um dia
Aonde tanta luz emergiria
Deixando para trás o que degrade
Porquanto cada canto desagrade
Diversa deva ser a melodia
E nela outro momento refaria
Não tendo do passado nem saudade,
Mas tudo fora em vão agora eu vejo
Somente o que deveras o desejo
Fizera com meus passos, senda inútil,
E assim mesmo sonhando com a luz
O quanto do prazer jamais eu pus
Tornando o meu viver apenas fútil.


33237

Acordo com meus olhos embotados
Vivendo cada dia como quem
Cansado de saber que nada vem,
Mergulha sem destino em torpes prados,
Os dias que buscara iluminados,
Apenas solitário, sem ninguém
A dor quando demais sempre convém
Acreditar em tais enunciados,
E assim destes oráculos eu creio
A vida se perdendo sem um veio,
Redonda caminhada rumo ao nada,
Depois de me vestir com fantasias
Diversas das que tanto me trarias
A sorte noutro rumo, mal traçada.

33238


Apenas um poeta e nada mais,
Resisto contra tudo o que lutara
E desde quando a vida gera a escara
E nela tais momentos tão venais
Pudesse caminhar sem ter jamais
Que ver esta distância que separa
A vida de outra vida sendo clara
A fonte em tais tormentos, terminais,
Vestindo esta emoção quem dera eu veja
Além do que decerto se preveja
A sorte maviosa e tão sublime
Que após os temporais ainda venha
Reabra meu caminho, acenda a lenha
E assim todo o pecado se redime.


33239

No ponto de chegada nada tem
Somente a mesma ausência corriqueira
Quem tanto faz do sonho uma bandeira
Termina inutilmente sem ninguém,
O quanto da esperança segue aquém
Do tanto que deveras já se queira
O mundo não conhece a verdadeira
História aonde amor nada contém
Senão mesmo pedaços, vil escória
E toda a solução se faz inglória
Gestando um triste aborto da esperança
E quando noutro fato eu possa crer,
Amor ao se tornar a enfraquecer
Ao nada novamente já me lança.


33240


Ouvir a voz do tempo e tentar crer
Que a vida se renova a cada instante
Porquanto cada dia degradante
Em outro bem melhor irá nascer,
Eu quero e até pretendo reviver
Momento aonde a sorte se agigante,
Mas sei que na verdade o triunfante
Caminho não se deixa percorrer.
Medonha face exposta da verdade
E quando nada cala e tanto invade
Gerando em mim vazio insuperável,
Respondo com total monotonia
E quando a solução a vida adia
Meu mundo continua indecifrável...


33241

Aprendo a cada instante quando vejo
A cena repetindo o mesmo não
Na ausência de caminho e direção
O quanto buscaria neste ensejo
E sei que este vazio em azulejo
Grisalha com terror toda a amplidão
E sei das tempestades que virão,
E assim o meu final tento e prevejo,
De todos os meus dias os mais duros
Aqueles feitos turvos céus escuros
E toda a sorte morre num vazio
Aonde mergulhara uma esperança
O meu olhar somente o nada alcança
E aos poucos cada dia é um desafio.


33242

Olhando para trás e procurando
Apenas um momento em que pudesse
Vencer este temor e ter a messe
De um tempo não dorido e nem nefando
Porém minha alma segue assim nevando
E nada do que eu busco inda se tece,
Passado novamente se obedece
Aonde quis meu sonho perfilando
Momentos redentores e não tinha,
Saudade se inda existe, sendo minha,
Não deixa qualquer rastro no teu peito,
E tento disfarçar, mas não consigo,
O mundo revivendo o desabrigo
Enquanto em solidão inda me deito.


33243


Mortalhas que me deste como brinde
E assim eu mergulhei noutro vazio
E quando novo tempo ainda fio
Não tendo solução que ora deslinde,
Adentro este terror tão costumeiro
O canto se tornando amargo e duro,
E quando alguma luz inda procuro,
Nem mesmo uma esperança por luzeiro,
Rasgando o coração, nada mais sobra,
O pantanal aonde em trevas ando
O amor que fora outrora em contrabando
A sorte desta forma se desdobra
E cada dia torna-se feroz
O próprio respirar é meu algoz.


33244

Perpetuando o sonho aonde um dia
Pudesse acreditar noutro cenário,
O amor além de torpe e temerário
A sorte de quem tanto quer adia,
E resta apenas isso: a fantasia
E nela como fosse num armário
O encanto que julgara necessário
Guardado já sem uso ou serventia,
Do todo que este sonho ora previu,
O mundo não mostrara mais gentil
E o fardo se acumula em minhas costas,
Buscando inutilmente algum caminho,
Porquanto seguirei sempre sozinho,
Terríveis faces torpes ora expostas.

33245

Respostas que procuro pela vida
Em tantas horas são mediocridade
E apenas cada fato desagrade
Quem tanto porfiara e já duvida
Que exista além da mera despedida
Um mundo aonde amor seja verdade
E quanto mais o sonho se degrade
A sorte não se mostra bem urdida,
Restando a quem procura, simplesmente
O quanto deste todo se pressente
E nada representa esta porção
Qual barco em solitária noite escura,
Minha alma por farol, logo procura,
Mas como se não sabe a direção?


33246

Pecado é não tentar e desistir
O amor não se permite em omissão
Além de ser divina esta missão
No fato de moldar nosso porvir,
Assim como se fosse permitir
Que encontre novamente a direção
Após a tempestade ou furacão
E ajuda o caminheiro a redimir
Os erros do passado, mesmo assim,
Vagando sem destino dentro em mim
O amor não me permite respirar,
Pudesse ter nos olhos o que eu quero,
Mas sei deste desejo amargo e fero,
Na ausência de algum porto onde ancorar.


33247

Arcando com meus erros e segredos,
Não pude perceber se existe em mim
Um ponto de chegada, pois no fim
A sorte se esvaindo entre meus dedos,
Os dias que buscara morrem ledos
E a seca destroçando o que é jardim,
Matando pouco a pouco até que assim
A vida não perceba mais enredos,
E tanto poderia acreditar
Ainda ser possível navegar
Embora sem alívio, dia a dia,
E tudo se transforma num momento
E quando exposto ao forte e duro vento
O barco sem um cais naufragaria...


33248

Ouvindo a voz de quem tanto eu queria
E nada mais restara senão isto,
Deveras se teimoso ainda insisto
Quem sabe nova mente noutro dia,
E tudo não pudesse em harmonia,
Mas quando se pretende ser benquisto
A cada derrocada mais persisto
E beijo a tempestade que me guia.
Atropelando o tempo sou refém
Do nada quando em nada se contém,
Matando com terror o que pudera
Gestar dentro de mim a imensa festa,
Mas quando nem o sonho mais me resta
A vida se transforma em vil quimera...



33249

Nas curvas do caminho, águas de março
Ganhando o coração de quem se queira
Vencendo a mesma estrada costumeira
Enquanto noutra face me disfarço
E nunca sem saber se ainda esgarço
O verso feito em luz ou em bandeira
Descendo qualquer rua, na ladeira
O quanto vai restando é mais esparso,
E o passo que se dá buscando a meta
No todo ou no vazio se completa
E tudo poderia quando quero,
Mas nada do desejo se cumprindo
O tempo sem ter tempo sempre é findo,
E o mundo se mostrando agora fero.

33250

Restando este retalho sobre a cama,
Aonde nada mais pude viver,.
O bêbado desejo de saber
Quando a verdade chega e já reclama,
Não quero mais pisar em lodo e lama
Tampouco outro vazio perceber
Toando dentro em um novo ser
Do qual a sorte muda toda a trama
Viver esta fatal tormenta agrade
A quem buscara só felicidade?
Não posso mais seguir sem ter descanso,
E a morte se apresenta de soslaio
Fazendo do meu sonho seu lacaio,
E assim sem mais conversa a paz alcanço.

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