quinta-feira, 20 de maio de 2010

33441 até 33500

33441

A mente me remete a manso credo
E nele procurando algum alento
Enquanto noutra face me atormento
No mundo mais atroz já não enredo
E o passo aonde tudo teimo e vedo
Bebendo cada gole num momento
Diverso do que possa o pensamento
Eu mesmo sem saber já me degredo,
E sinto ser possível noutro tanto
Vivenciar o brilho deste olhar
Pudesse novamente te encontrar
Quem sabe, noutra senda, novo canto.
Mas tudo fora apenas ilusão
E os dias com certeza matarão...


33442

Vencido pelas tramas do querer
Depois desta batalha sem descanso
Enquanto cada passo eu não alcanço
Procuro enfim tocar e até saber
Sanando o meu caminho em desprazer
Buscando qualquer forma de remanso
Tocado pela angústia me esperanço
E morro todo dia a te perder.
Negar esta magia e ter apenas
Dos todos revividos meras cenas
Não passa de total estupidez
O mundo gira e torna sem sentido
O quanto noutro fato repetido
Agora veramente se desfez.

33443


Nas sendas do querer já me enveredo
E tento desvendar a curva aonde
O mundo sem sentido ora se esconde
E toda a poesia ainda vedo,
Resido no passado e nada trago
Senão as mesmas marcas, cicatrizes
E ainda se vencesse meus deslizes
Pudesse da alegria algum afago,
Mas quando se redime cada passo
No falso caminhar em noite escusa
A boca sem palavra espaço cruza
E tento na medida em que desfaço,
Ourives da ilusão mero poeta,
A sorte não seria mais completa.


33444

Embora tantas lutas, vou vencer
Depois das madrugadas em botecos
Os dias entre tantos repetecos
Não deixam mais o sol aparecer,
Restaram dentro em mim diversos ecos
Dos dias entre tanto bem querer
E agora começando apodrecer
Apenas bofetões e petelecos.
Não posso crer na face desdenhosa
Daquela que se rindo quer e glosa
Futuro de um paspalho que nem eu.
O quanto quis deveras creditar
À toda maravilha do luar
E nada do futuro apareceu.


33445

Não pense que compensa essa batalha
Nem mesmo tome a faca destas mãos,
E quando se refazem novos nãos
A própria dor deveras me atrapalha
Quem dera se pudesse na navalha
Cravando pelas ânsias velhos chãos,
E tendo nos meus dias os irmãos
Que a própria vida traça enquanto espalha.
Resumo dentro em mim diversa face
E quando no passado ainda grasse
O passo dado em falso, uma promessa
Do todo ainda vivo ou inaudito
No amor querendo ou não, nunca acredito
História mal termina e recomeça...


33446


Em campos delicados sem peçonha
O parto propicia uma esperança,
Mas quando a tempestade já me alcança
A mão que eu desejara nunca sonha,
E bebo do passado e nele ponha
O quadro em tênue luz, nova aliança
Assisto sem sentir velha lembrança
Embora a face escusa e mais bisonha
Da vida se reflete em meu espelho,
E tanto quanto velho me aconselho
Metendo o meu bedelho nesta história
Vistoriando os erros e os engodos
Adentro sem sentir diversos lodos
Guardados nalgum canto da memória.

33447



Querer quando nos quer a dor espalha
E toma o que pudesse ainda em pé,
Vivendo sem certezas sigo até
Lembrar desta emoção, fogo de palha,
Resido plenamente na fornalha
A sorte se transforma em plena fé,
E quando se pensara sem galé
A ponta se aproxima, é da navalha.
Nos fios e nos cortes mais audazes
Os olhos em terror ainda trazes
E bebes do meu sangue até o fim,
Exausto desta luta nada vejo
E tento conviver com o desejo
Da morte que inda habita dentro em mim.


33448


E traz o nosso amor, quando se sonha.
Depois de cada passo rumo ao nada,
O pendular desvio desta estrada
Por vezes mesmo assim dura e medonha,
No todo quanto muito se proponha
Resolvo novamente a alvoroçada
Noturna voz em plena madrugada
Sem ter a testemunha que se oponha.
Rescaldos do que foram meus momentos
E neles entre tantos fogos, ventos
Mentiras são apenas mais formais,
E quando se pensara noutra face
O quanto do passado ainda grasse
Responde a cada ausência: nunca mais.


33449


Mas desarmado vou para o teu lado
E tento discernir razões bastantes
E nelas cada passo que adiantes
Traduzem sem sentido velho enfado,
Embarco neste sonho desolado
E tanto poderia diamantes
E neles outras cenas deslumbrantes
Mas tudo se resume no passado,
Chacotas? Gargalhadas de bufões
E nelas outros dias me propões
Vestindo a fantasia de palhaço
E quando em tal medonha solidão
O corte me tragando para o chão,
Os pés noutros vazios embaraço.


33450

Somente de querer-te bem, armado
Este cenário aonde eu possa
Vencer com tal carinho qualquer troça
E tendo com certeza sempre ao lado
Quem tanto poderia ter amado,
A vida então seria agora nossa,
Mas logo que me jogas nesta fossa
Meu passo não se fez cadenciado,
Reinando sobre o fim do meu caminho
O corte se aprofunda e de mansinho
Eu bebo cada gole que me deste,
Assim ao se encontrar a indiferença
Não tendo mais sequer quem me convença
Prefiro o velho solo, mesmo agreste.


33451

Longe de ti vivendo em solidão
Tentando pelo menos um descanso
Vagando pelas ruas não alcanço
Sequer o quanto eu quis em direção,
Semeio a tempestade e a negação
De um dia mais suave, ledo e manso
Enquanto no passado inda me lanço
Os dias não seriam como são
Meus olhos procurando no horizonte
A estrela que decerto já desponte
E mude toda a face denegrida
Do todo que pensara ser melhor
E deixa tão somente dor suor
Matando o que restara em minha vida.

33452


Verdades e mentiras são reflexos
Da mesma imagem feita em vário prisma
E quando noutros ermos a alma cisma
Momentos mais diversos e perplexos
Ainda não vencendo os meus complexos
As costas se lanhando, a vida abisma
Tentando confirmar enquanto crisma
Traçando criptas várias e profundas,
As cenas entre as asas liberdade
E o medo com ternura se inda invade
As almas entre tantas vagabundas.
E o corte se vendendo a cada esquina
No quanto me tortura já domina.

33453

O sangue que se espalha em cada chão
Rezando pelo credo da esperança
Morrendo quando ao largo já se lança
Deixando a própria vida em negação,
De todos os despeitos, leito em vão
Retorno e busco ainda uma aliança
E o fogo se espalhando em corpo e dança
Gerando novo tempo em floração,
Bizarros caminhantes noite afora
E o peso do cansaço ainda aflora
E toma sem defesas caminheiros
Dos ícones comuns nada mais trago,
O fardo se mostrando em dano e estrago
E nele falsos olhos são luzeiros.

33454

Amores se viverem sem perdão
Nem mesmo poderiam ter a sorte
Da qual mesmo diverso o velho aporte
Produz reflexo inútil, diversão.
Jorrada pelas ruas negação
Do perdulário mundo em vil suporte
Porquanto a fantasia sempre corte
O pântano persiste mesmo assim,
Jogasse os meus demônios nas esquinas
E tendo noutros sonhos mais ladinas
Manhãs que me trouxessem poesia,
Eu caço cada rastro do que ainda
Ao longe sem juízo se deslinda
Enquanto a realidade desafia.

33455

Nas dores sempre encontram adversárias
As velhas sonhadoras carcomidas
E quando se pensassem despedidas
As sombras não seriam necessárias,
Mas tanto quando podem procelárias
Histórias entre tantas construídas
Rasgando a poesia não duvidas
Palavras são somente imaginarias,
Os mares entre as ondas e tempestas
Os ritos costumeiros dizem festas
E mortes numa ponta de punhal,
Apodrecido sonho neste esgoto
E quando me apresento semi-roto
Expresso esta vontade terminal.

33456


Se não te importas sinto tal tormento
Por onde adentro espécies mais diversas
E nelas entre fogos e conversas
Encontro finalmente algum alento,
Vencido pela força deste vento
Singrando por caminho onde dispersas
E tentas preservar enquanto versas
Vestindo com ternura o sofrimento,
Antigos navegantes do passado,
Sorriso muitas vezes relegado
Ao quadro entre as espumas discernido,
Esboço alguma luz onde demora
A vida noutro tempo e sem ter hora,
O quadro há tanto vejo apodrecido.

33457


Canções que inda pudessem traduzir
Manhãs entre diversas tempestades
E quantas vezes teimas ou degrades
Deixando muito além qualquer porvir,
O todo se sentindo ao esvair
O verso aonde busca as liberdades
E sabe discernir em claridades
O medo que pudesse pressentir,
Jangadas pelo mar, vivo oceano
E quanto me percebo e já me dano
Desafiando os sonhos mais felizes
Encontro os mesmos erros do passado
E tendo apenas nada sempre ao lado
Recolho dos escombros os deslizes.


33458


Andando pelas ruas dos meus sonhos
Adentro cada esquina, beco e vale
Aquieto o coração e teimo em vale
Os ritos mais audazes e tristonhos,
Assim os meus caminhos enfadonhos
Aonde nada pense ou mesmo fale
Num éter mais distante ora resvale
E beije tempestades, são medonhos
Os ritos entre tantas heresias
E ainda quando nada ao longe vias
Seria muito bom ao andarilho
Em tantos empecilhos e mentiras
Os olhos prenunciam velhas miras
Enquanto no passado teimo e trilho.


33459


Andando pelas ruas da cidade
Vagando por imensas solidões
E quando novos tempos em versões
Diversas da que tenta a claridade
Expressa novos tempos, a verdade
Negando com temor as diversões
Matara há tantos anos os verões
Restando tão somente a frialdade.
Ascendo ao que pudesse ser além
E sei o quanto nada mais contém
Senão a fantasia em tom maior
Mas quando me percebo em luzes frias
Restando tão somente as melodias
O rumo já conheço até de cor.

33460


Negando o meu caminho enquanto tentas
Sentir as tuas luzes mais intensas
E nada do que ainda queres pensas
Produz com mais furor estas tormentas,
E quando noutros dias alimentas
As ânsias onde os medos já compensas
Esqueces das sofríveis recompensas
Resido no caminho em luzes lentas
O coração americano exalta
A sorte que deveras faça falta
E o beijo sonegado de quem segue
A rota desairosa da ilusão
E vejo com terror ou emoção
O gozo terminal que me sossegue.

33461

Que quase me enlouqueço sem prazer
Depois de tantos anos entre os nadas
As sortes noutras sendas já lançadas
Vontade de tentar ou me esquecer
O resto do que eu fora passo a ver
E dele refazendo as tais estadas
Em noites quase sempre desoladas
Ausente de um instante em bem querer
Sem saber se ainda tenho qualquer luz
Adentro em tantas brumas e me esqueço
Da sorte no passado um adereço
Aonde cada cena reproduz
A mesma fantasia inútil e vaga,
Aonde a solidão amiga afaga;


33462

Agridoce caminho em tez temível
Gananciosamente expresse este Satã
Tornando a minha história sempre vã
E veste o quanto pude em tez sofrível.
Aonde amor pudera combustível
Galgando esta ilusão dorido afã,
Escuto a voz ingrata e até malsã
De quem pensara a vida noutro nível,
Carcomidas senzalas dentro em mim
E o pântano gerado desde o fim
Atravessando a vida sem defesas,
E sei deste vazio onde me crio
E quando noite afora desafio
Encontro na mortalha tais belezs.

33463

Durante as minhas noites invernais
Restando do passado mero gozo
E tendo o meu caminho caprichoso
Desejo desta vida sempre mais,
E vendo novamente estes banais
Caminhos rumo ao quanto majestoso
Pudesse ser apenas andrajoso
Mergulho nestes rios mais venais,
Aventureiro sonho da criança
Que quando a morte chega e toma e alcança
Principiando a noite eterna e fria
Nos ermos de minha alma adentra e glosa
Restando apenas pedra invés de rosa
E o peso que vergara a fantasia.


33464

Esfuma-se a verdade entre meus dedos
E sei não mais caber qualquer resposta,
A face da ilusão se decomposta
Traduz apenas erros e degredos,
Os olhos entre frios e rochedos
A morte noutra tanta se proposta
Cortando a minha pele e em cada posta
Revelam-se decerto meus segredos,
As ânsias contumazes, outros rumos
E neles os meus dias meros fumos
Encontram soluções ou mesmo tentam,
Dos rios que pudesse transformar
Em luas, alvas mansas, ritos mar,
Distantes dos olhares se apresentam.


33465

Elevam-se diversas sensações
E nelas pensamentos e paisagens
Vagando por caminhos em visagens
Enquanto novos dias inda expões
Resisto às mais doridas comoções
E beijo com terror tuas vantagens
No vandalismo exposto em tais viagens
Voltando ao que pudesse exposições
Repleto do vazio que me deste
E o corpo se mostrara até celeste
E entranha por espaços siderais
O fardo se apresenta insustentável
O dia não seria mais tragável
Não fossem estas luas imortais.

33466

Diversos carrilhões em noites escura
Das brumas e dos sonhos os novelos
E quando me percebo até contê-los
Sabendo do tormento e da loucura,
O peso não se mede e nem se cura,
E teimo entrando em vários pesadelos,
Dos dias que vivemos sequer selos
O corte se propõe sem a ternura,
O fim se aproximando em cada gole
E quando a vida atroz tomando engole
Restando o que pensara ser apenas
Carcaça carcomida de um fantoche
E agora exposto em meio ao vão deboche
Prenunciando noites mais amenas.

33467

Malgrado este caminho em pedra e fúria
O sangue derramado nas estradas,
As horas muitas vezes mal fadadas
E nelas beijo apenas a lamúria
Acordo e quando bate o coração
Latinoamericana fantasia
De quem se acostumara em heresia
E bebe com total sofreguidão
Os ventos benfazejos mais distantes
As campas e os delírios mortes cenas
Enquanto com ternura me envenenas
Roubando os meus suaves diamantes
O tango, o dengo, o risco o riso e a sorte
Já não mais conhecendo quem conforte.


33468


Minha garganta espalha em riso e pranto
Estrelas entre medos e chacais
O canto se espantando em teus cristais
Deixando tão somente este quebranto
Angústias e acercando do meu passo
E o peso de viver já mais conforta
A ausência trama dor e sem a porta
Não tendo nada que inda faço
Senão sementes mortas pelo chão,
Reclamo alguma sorte que não vem,
E o corte se aproxima e sem ninguém
Inúteis solos entre farto grão
Os medos perfilados na janela
Apenas morte e dor já se revela.

33469

Ausência de esperança a cada passo
E um pária desfilando pela rua
Bebendo cada gole desta lua
Aonde sem saber caminho eu traço
O fardo carregado ainda caço
E nisto a minha ausência continua
Riscando com terror a imensa e nua
Vontade de seguir e ter no laço
Realces mais diversos das estrelas
E quando numa ausência me desfiz
Tentara pelo menos ser feliz
E as horas sem sequer crer e contê-las
Esvaem-se no vazio de uma noite
Imersa em tempestades vago açoite.


33470


Arrisco-me a sentir o quanto pude
Vencer além do medo contumaz
Sentir a tempestade feita em paz
Matando desde sempre a juventude
E quando procurara algum açude
O mundo num instante já desfaz
E sei o quanto pude ser capaz
E nada que decerto ora se mude,
Resolvo com meus erros as promessas
E tanto quanto posso recomeças
Fingindo ser feliz ou mesmo quando
Realizasse um sonho noutra vez
Do todo que alegria outrora fez
A sorte sem temor se revelando.

33471

Viajo por espaços entre luas
E vejo etéreas luzes, astros tantos
E quando mergulhando em tais encantos
As almas entre brilhos belas nuas
E sei que tu também vagas flutuas
E bebo da alegria dor e prantos
Momentos mais diversos claros mantos
E neles entre sonhos continuas
Riscando estes planetas, maviosa
tu Sondas com palavras; majestosa
Certezas entre brilhos mais audazes
Poeiras estrelas vivas trazes
E moldas com canções etéreos ritos
Espaços sem limites, infinitos...

33472


Voasse em liberdade noites claras
E nelas as escadas para o céu
Riscando cada noite claro véu
E nele novos sonhos tu declaras
E quando com teus brilhos tu me amparas
Girando cada estrela em carrossel
Bebendo gota a gota risco e mel
Ao mesmo tempo em luas escancaras
Das réstias siderais momentos tais
Enfrento tempestades sóis e ritos
Alçando sem defesa os infinitos
Vencido por momentos sem iguais
Espalho minha voz em vento e gozo
Sentindo o teu vagar mais majestoso

33473


Esculpo ventanias aos teus pés
E risco novos tantos benquereres
E quanto mais diversos tu puderes
Os riscos entre luas de viés
Os gestos amarrados em galés
E nelas os caminhos que quiseres
Bebendo com ternura tais mulheres
Diversas das que tanto teimas e és
Rosários constelares desço enquanto
Ainda sem destino em velho manto
Incensos entre luas mares riscos
Os tempos mais audazes não virão
Certeza redundando em negação
Gerando passos mortos ou ariscos.

33474

A sombra do passado em risco e gozo
O pantanal persiste dentro em mim,
Chegando neste instante riso e fim
Ainda mesmo assim sigo andrajoso
O amor quando se faz contagioso
Resiste a qualquer vento e traz enfim
Mortalha aonde faço o meu jardim
E bebo cada gole prazeroso
As hordas se espalharam pelas ruas,
Sinais obedecera em almas nuas
Jorrando em tempestades céu e mal
Esgarço melodias do futuro
E sei que no final nada procuro
Nem mesmo o que pudesse ser degrau.


33475

Os corpos dos mendigos e das cegas
As portas entre as várias tempestades
Enquanto na verdade não agrades
Por meio de tormentas me navegas,
Ao menos almas turvas que carregas
Gestadas por temor ou veleidades
No todo quanto muito ainda brades
E teimas todas ânsias quando empregas
A morte por cenário ou por encanto
E cismo sem saber do quase canto
Jogado pelas ruas simplesmente
Um pária a prostituta o gozo e o riso
Ensinam novamente o paraíso
Enquanto o credo inútil volta e mente.


33476


Ouvindo o que pudesse em vida e dia
Andando pelos becos, botequim
Restando pouco ou nada do que vim
Enquanto este portal nada traria
Senão esta mortalha onde vestia
Medonha caricata face em mim,
Pessoas remarcadas pelo fim
E o pórtico deveras não se abria,
Crisântemos e lírios no canteiro
O parto prenuncia o derradeiro
Momento após a velha tempestade
Assim amortecido riso e pranto
Ainda sem sentido ou medo canto
E nada mais traria a mocidade.


33477

Resisto ao fato quando não conheço
E sei desta figura em cruz e fato
O pouco do que bebo não retrato
Apenas revivendo este endereço
A moça sem saber do meu tropeço
O gozo anunciado toma o prato
E deixo para trás medo e regato
Regalos entre tantos, endereço,
Fartura de prazer em tons diversos
E assim na estupidez de velhos versos
O medo não transcende ao que seria
O fardo inusitado de quem busca
Vencer com calmaria a noite fusca
E deixa para trás a fantasia.

33478


Nada pode ou já pode enquanto venta
Vestígios de uma lauta refeição
Jogadas pelas ruas bebo o chão
E sinto alma feroz e até sedenta
Enquanto do passado uma tormenta
Ditando com temor a direção
Do vento noutro fardo beijo o não
E toda a fome invade ou violenta
Ontem eu poderia ser diverso
Mas quanto no futuro sigo imerso
Atravesso temporais e saio às ruas
Desnuda madrugada em luzes fartas
E quando da verdade ainda partas
Estrelas entram belas donas nuas

33479

Regulas os meus dias com a forca
E teima noutro fato mais audaz
O jeito é caminhar em plena paz
A porta gera a morte e tenta uma orca
Ainda quando a sorte não emborca
E o corpo sem sentido satisfaz
A faca com dois gumes é tenaz
Adentra cais e porto e tudo enforca
Gravata após gravata e sem gravetos
Os medos entre sonhos pedem vetos
Impedem que eu caminhe contra o vento
Assisto às derrocadas cada instante
E beijo a tua boca provocante
Enquanto noutro tanto me alimento.

33480

Os sons destas guitarras dissonantes
Os versos entre néscias companhias
E ainda novo tempo perecias
Deixando para trás os vãos instantes
Porquanto quanto muito te adiantes
E nestas horas sinto as mãos vazias
De quem ao imperar não saberias
Vencer os meus caminhos diamantes
Escrevo com palavra, sangue e fogo
Até que se percebe o novo jogo
Em rogo transformado ou nada mais,
E assiduamente tento outra saída
Vencida há tanto tempo a minha vida
Partidos entre as mãos velhos cristais.
33481

A voz da prostituta num motel
A bala atravessando esta garganta
E quando noutro tanto se levanta
Acende com terror tal carrossel
Vagando pelo espaço sempre ao léu
O forte se mostrara em luta tanta
Enquanto ao mesmo encanto desencanta
Fazendo da ilusão torpe papel,
A voz anunciando morte e gozo
Assim caminho sempre pedregoso
Prepara qualquer queda e nele espelho
O pântano que resta dentro em mim
Cheirando ao vil perfume, riso e gim,
O amor em torpe voz mete o bedelho.

33482

Resisto quanto posso ou não pudera
Vencer o que jamais reconhecera
E assim a morte toma noutra esfera
Gerando o que pudesse risco e fera,
A porta se abriria quando espera
O bote nunca dado e merecera
Saber do quanto a vida se tempera
Do corte que aprofunda e perecera
A face desmedida do prazer
Gestada pela insânia do saber
O quanto é dolorosa a primavera,
Olhando de soslaio posso ver
A face desmembrada do querer
E nela toda a vaga desespera.

33483

Ainda que te fosse confortável
O pulo deste gato não ensino
E tanto quanto podre ou cristalino
O mundo não seria mais arável
Nem mesmo estrela vaga ou incontável
E nela garimpando o meu destino
Medida exata aonde me domino
E risco cada passo noutro amável
Vencido pela força da inconstância
Ao menos poderia ter a infância
Já tanto despedida dos meus dias,
E assim ao me saber em nova face
Do quanto ainda quero e nada grasse
Não posso mais ouvir tais melodias...

33484

Os dedos ao tocarem tua pele
Não tentam soluções nem poderia
Sentir a mesma dor quando arrepia
Nem tanto quanto ainda ao longe apele
A voz que se aproxima e me repele
O corte noutra imensa confraria
O gelo com terror se desfaria
E o pantanal em mim já te repele,
Selando o meu futuro no vazio
A parte que me cabe desafio
Arisco companheiro deste nada,
Ainda no passado convivendo
E tento discernir o que vivendo
Gerasse o que restasse, quase nada.

33485

Ganhando tempestades entre luas
E singro velhos cantos, mesmo hotel,
Riscando com horror velho papel
Estrelas espalhadas todas nuas
E assim ao mergulhar onde flutuas
O risco se mostrando quase em fel
Vagando sem destino risco e léu
Reticências entre torpes luzes vagas,
E assim aos mais recônditos nas plagas
Anseios entre festas, riscos mortes
Apenas ao sentir o que pudesse
Traçar ouro diverso do que desse
Adentro com ternura velhos cortes.


33486

Inusitadamente tento o grito
E sei que não mais vale a quem caminha
Vontade que julgara tua ou minha
Repete sem saber o mesmo rito
E nele se percorre este infinito
Aonde a poesia não se aninha,
Resinas de uma vida, morte vinha
Riscando com temor céu mais bonito,
Verdejo com ternura aonde morro
E quando noutro tanto me socorro
Redundas no que posso ou não pudera
Gerando o meu temor em noite vã
Matando o que restara da manhã
Risonha e delicada bela fera.


33487

Das cordas das guitarras berros rimas
E quantas vezes navego sem destino
Encontro cada faca e me fascino
Enquanto pelo nada também primas.
E assassinando a morte não redimas
Do peso do viver onde domino
Com todo o meu temor velho destino
Envolto pelas mãos em tais vindimas
Jorrando sanguinário coração
Mortalha se aproxima em solução
E o fardo se divide a cada passo,
Na inútil tentativa de voar
A morte se aproxima devagar
E assim a cada ausência me desfaço.


33488


Risonhas madrugadas, dias vãos
E o mesmo amanhecer em bruma e treva
O quanto de minha alma ainda neva
Espalha meus terrores pelos chãos,
Adentro o que não fora além do cais
E tento novamente discernir
O quanto poderia no porvir
E sei que não verei aqui jamais,
Os olhos procurando um horizonte
A voz se retumbando dentro da alma
A morte tão somente o que me acalma
Na faca e no revólver já se aponte
E morto sem palavra verso e gozo
Enfim serei deveras majestoso.

33489

Néscios caminhares entre luas
E delas cada gole em claros sons
Esqueço do passado velhos dons
E beijo carnes podres, mortas nuas,
Ainda pelas ânsias destas ruas
E nelas outros dias foram bons
Refaço com horror supremos tons
E beijo enquanto ainda além atuas
Imaginando luzes onde não
Soubesse de outro prumo ou direção
Resolvo meus problemas, vou sozinho,
E dane-se esta estrela em noite clara,
A porta do passado não ampara
E entorno outra garrafa, podre vinho.

33490

Não quero mais saber da posse e gozo
Do riso sem constâncias noites vis
E quando me pensara um aprendiz
O corpo noutro fardo, se andrajoso
Promete mergulhar no pedregoso
Caminho feito em turvos vãos gentis
Momentos onde a vida meretriz
Percebe o que pensara majestoso
Resisto aos meus anseios quando tento
Riscar o nome teu do pensamento
E ter noutro momento uma alegria,
E cravo minhas unhas neste porto
Aonde se pensara outrora morto
E agora noutro canto revivia.


33491

Jogado pelas ruas ritos riscos
E beijo a podridão que me legaste
A sorte noutro tanto sem contraste
Expondo com terror velhos petiscos
E os dias se mostrassem mais ariscos
E neles o que tanto diz desgaste
Reparte com a morte o que negaste
Gerando com amor velhos confiscos,
Alego ser feliz quando não fora
Uma alma com ternura sofredora
Acorda envolta em tons maravilhosos
E os ditos entre tantas heresias
Servindo na medida em que dizias
Dos cortes muitas vezes caprichosos.


33492

Sentindo o teu perfume em noite clara
A volta dos meus sonhos me traria
Ainda o que pudesse em poesia
Enquanto a realidade se declara
Ausente desta lua e já me ampara
Mudando com certeza a ventania
E amor quando em delírio fantasia
A sorte molda imensa, doce e rara.
Num brinde cristalinas formas, risos
E assim ao adentrar em paraísos
Jogadas roupas caem pelo chão,
No todo deste instante incomparável
O mundo novamente navegável
Roçando pele em pelo no colchão.

33493

Beijar a tua boca, pele e o todo
Riscando com ternura cada parte
O amor quando demais não se reparte
E deixa-se viver sem ter engodo,
Adentro fantasias rodo o lodo
E morro sem sequer saber de aparte
A dor se condenando ao vil descarte
Girando o tempo inteiro deste modo,
Vagando por estrelas luas céus
E sinto descobertos belos véus
Tua nudez exposta sobre a cama,
Convite sensual e sem limites
No quanto deste encanto tu permites
A vida noutra face vem e chama.

33494

Esqueço do meu nome, minha vida
E bebo cada gota que espalhaste
Num mundo aonde amor se vez uma haste
A história a toda noite repetida,
No quanto cada luz é refletida
No olhar em negritude, tal contraste
Permite quanto mais iluminaste
Vencer a minha dor, velha ferida,
E assim relembro em ti a eternidade
Da qual procuro sombras na cidade
E encontro tão somente quando aqui
Desnuda maravilha se propondo
O mundo noutro tanto se compondo
E nele me encontrando me perdi.

33495

Amando com beleza e com ternura
Sabendo vicejar esta esperança
Aonde cada tempo já se lança
E toda a minha sorte se emoldura,
Vencer com tal beleza uma amargura
A vida novamente em tal mudança
Gerando a cada instante a temperança
Deixando para trás dor e loucura,
Resisto o quanto posso e até desdenho
O mundo noutro instante, velho cenho
Resíduos de uma vida sem sucesso,
E quando nos teus braços sou feliz,
Vivendo o que decerto eu sempre quis
O sonho mais ausente, eu recomeço.

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Eu te agradeço o fato da partida
E nela reviver cada pedaço
Aonde com horror se me desfaço
Apenas recupero a minha vida,
O corte se aprofunda e quando acida
A vida noutro tanto sem espaço
Gerando esta ventura que ora traço
Nas ânsias de uma velha despedida.
Legado que me deste de presente
No todo aonde a morte se apresente
Pressinto a solução de antigos temas,
Porquanto nada fazes nem tu és
A vida se propõe noutro viés
Enquanto ainda teimas e me algemas.

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Arrisco-me a sonhar embora tente
Viver sem tal romântico pendor
Saber das minhas ânsias medo e dor
No quanto cada dia é mais dolente
O peso do sonhar quando se sente
Traduz imagem dura em sedutor
Caminho desairoso feito em flor
Matando do futuro uma semente
Mais que simplesmente mil palavras
Os sonhos entre luzes também lavras
E colhes mansamente esta ternura
Aonde esta colheita se fizera
Gerando novamente a primavera
E assim tanta beleza já perdura.

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Negando o que pudesse calmaria
O mundo gera a paz que eu procurava
Enquanto a tempestade dita a lava
Amor em novo tempo se recria
E gera com ternura a fantasia
Na qual porquanto seja imensa e brava
Minha alma noutro instante já se lava
E toda a sorte traz a alegoria
De um tempo aonde nada mais se faz
Senão esta brandura e imensa paz,
Capaz de vencer fortes temporais
E tudo se renova com o verso
E nele se me encontro agora imerso
As dores não voltando nunca mais.

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Vencendo os temporais, coriscos, raios
E nestas madrugadas pude ver
O quanto amor se mostra em tal prazer
Deixando para trás medos lacaios
E os cortes mais profundos não mais vejo
Apenas os momentos mais felizes,
Embora sejam tantas nossas crises
Encontro nos teus braços meu desejo
E sei desta alegria mais audaz
Na qual realidade traça o brilho
Por onde noutro tanto inda palmilho
Buscando finalmente a vida em paz.
Resisto aos vendavais mais costumeiros
E bebo nos teus lábios meus luzeiros.

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Mistérios de uma noite imensa e fria
Aonde nada mais vejo e portanto
O mundo que talvez trouxesse encanto
Atrás de cada bruma se escondia,
Mas quando ouvindo em ti a poesia,
As sortes se desnudam, e nego o pranto
Sabendo que eu te quero, o muito e o tanto
Marcada em minha pele esta alegria
Caminhos para o amor são bem diversos
E quando se percebem mais perversos
Em versos ou nas dores, tanto faz
Adentro sem perguntas nem respostas,
Vergastas açoitando minhas costas
Quem sabe no final encontre a paz?

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