sábado, 22 de maio de 2010

33701 até 33750

33701


Nesta casa, contigo, num segundo
Pudesse desvendar os teus segredos
E quando me entranhasse em teus enredos
Enquanto me aproximo e me aprofundo
Do quanto poderia no teu mundo
Viver as sensações diversos medos
E assim mesmo que visse em olhos ledos
Do todo me percebo mais profundo
E sinto se perdendo em verso e rumo
E ainda que deveras perca o prumo
Vergando sobre o peso do não ser
Mesquinhamente tento outra saída
E visto o que pudesse ser a vida
Embora saiba apenas desprazer


33702

Estrela incandescente, Deus me deu
Em meio aos meus diversos pensamentos
E quando entranho em dores sofrimentos
O quanto se pensar ser só meu
Entranha noutro tanto e se perdeu
Deixando tão somente em desalentos
Os dias que eu pensara mais atentos
E todo o meu caminho pereceu
Nas ânsias mais diversas, morte e sonho
Mergulho no que eu possa e me componho
Dos restos, dos escombros e inda traço
O mundo com medonha face e bebo
Enquanto noutro tanto não percebo
Da sorte sequer sombra ou qualquer passo.

33703

Trazendo uma alegria sem igual
Aonde quis um mundo mais suave
O quanto cada passo mais agrave
Tornando mais complexo o ritual

E bebo do passado e volto à nau
E nela poderia ausente nave
Porquanto a vida mostre este fatal
Caminho e nele tudo seja trave

Embora concordando com o medo
Aonde com terror eu me degredo
E bebo cada gole em esperança

Dispenso a face exposta num sorriso
Vagando pelo intenso e mais preciso
Delírio pelo qual o nada avança.


33704

Acendes o luar no olhar que é meu
E teimas contra a fúria deste mar
Bebendo sem sentir a se fartar
Do quanto cada passo percebeu

Riscando o mesmo espaço ganha o breu
E tenta com terrores disfarçar
O quanto pode mesmo sonegar
E o medo noutro tanto concebeu.

Assim a vida trama este vazio
Gerando ponto a ponto fio a fio
Até tocar o nada de onde venho,

Assim a morte traz outro momento
No qual ao mesmo tempo olho e tento
O quanto poderia sem empenho.


33705


Fazendo a poesia natural
Aonde noutro acorde nada invento
Mergulho nos teus braços, meu provento
Ao mesmo tempo louco ritual
E sinto o mesmo gosto sempre igual
Gerando tão somente o sentimento
E nele cada dia eu me alimento
Até tocar o fundo do bornal,
Vagara por estrelas rios mares
E beijo cada sombra que tocares
E teimo contra a fúria até saber
Do quanto poderia e nunca estive
Até que imensidão tocando prive
E negue qualquer dia de prazer.


33706



Amando teus cabelos, tua pele
O fogo do desejo nos tocando
E quando se pensara ser mais brando
A fúria sem sentido me compele
E tanto quanto posso quero e atrele
O gozo noutro tanto transformando
O mundo que pensara em contrabando
E agora sem limites já nos sele,
Vagando por teu corpo, porto e cais
Bebendo do prazer eu quero mais
Insaciavelmente até o fim,
A noite rebentando na manhã
E assim vai prosseguindo neste afã
Amor arromba a porta, é sempre assim...

33707


Sorrisos que em minha alma já descansam
E sabem muito bem cada momento
Pudesse conseguir vencer o vento
Aonde os meus desejos não se lançam
Enquanto estes delírios cedo avançam
E tomam sem juízo o sentimento
Porquanto ser feliz traz o alimento
E os velhos pensamentos ora amansam.
Assim não poderia liberdade
Não fosse este caminho que me agrade
E trague novamente riso e sol,
Bebendo desta fonte inesgotável,
O mundo noutro instante memorável
Toando com ternura este arrebol.

33708

As ânsias de te amar em louca vida
Gerando cada passo rumo ao tanto
E nesta maravilha quero e canto
Apenas deixo além a despedida,
Vencer os descaminhos sendo urdida
A noite sem terror, temor, quebranto
E quando me percebo sem espanto
Mergulho sem defesa e sem saída.
Não posso mais negar o quanto eu quero
E sinto ser deveras mais sincero
O verso que hoje faço para ti,
E quando percebera este delírio
Vencendo qualquer medo e sem martírio
Quando em te conheci eu me perdi...


33709




O paraíso pleno desvendado
Nos ritos e nas ânsias mais gostosas
E quando num momento arquejas, gozas
Meu mundo no teu todo transbordando,
Resisto o quanto posso, porém quando
As noites prometidas majestosas
Deixando no passado as desairosas
Vontades de morrer num ar nefando,
Eu creio ser possível nova sorte
E ainda que este encanto não comporte
A eterna sensação que seja enfim
Imensidão enquanto ainda houver
Bebendo da beleza da mulher,
Traçando este infinito para mim....



33710


Pois sabem que encontraram o luar
Os olhos de quem ama impunemente
E toda esta beleza se pressente
Tocando a minha vida devagar,
O quanto poderia te tocar
Bebendo a tua boca, plenamente
E quando mais amor a gente sente
Vontade tão somente de ficar,
Assim entre loucuras e lençóis
Espalhas nesta cama raros sóis
E cevas com ternura esta emoção
Vivendo sem saber de algum destino,
No todo que me entrego e me alucino
Momentos mais sublimes se verão...

33711

Ansiosamente vivem para amar
Os olhos na procura do que um dia
A sorte muito além já predizia
Singrando sem defesas céu e mar,
E quanto mais eu possa mergulhar
Bebendo desta sorte em alegria
Grassando imensamente a fantasia
Vivendo sem ter medo de chegar,
O corte do passado se aprofunda
Minha alma com beleza já se inunda
E teimo entre as estrelas sem temor
Sabendo a plenitude que nos ronda
O mar das ilusões, em diversa onda
Trazendo para as praias farto amor.

33712




Não venha me falar do desengano
E nem sequer das frases incompletas
As luas que tu trazes prediletas
Amor reina diverso e soberano,
O peso do caminho traz o dano
E quando com ternura me repletas
As horas entre cores novas metas
E delas não se vê diverso plano.
Reinando sobre estrelas, céus e mares
Enquanto a cada passo me tomares
Bebendo em minha boca esta saliva
Minha alma se cativa de tua alma
A vida se transforma e tudo acalma
Até mesmo a saudade já me priva.


33713



Espero teu carinho há tantos anos
E sei quão dolorosa cada espera
E agora quando a sorte me tempera
Deixando no passado os desenganos
Os medos entre tantos outros riscos
As ânsias dominando plenamente
O corpo com vontade te pressente,
Porém os sonhos seguem mais ariscos.
Vestindo as ilusões justa medida,
Riscando até do mapa o sofrimento
Percebo com ternura o surgimento
Depois de tanto tempo, minha vida.
A morte que eu tivera sempre perto,
Aos poucos quando em ti eu já deserto.


33714



Vivendo pleno amor, ah! Quem me dera
Não fosse simplesmente uma ilusão
Qual chuva em tempestade de verão
Ao mesmo tempo nega a primavera,
O gosto de sonhar se destempera
Apenas do passado, provisão
E o gesto representa a negação
Reavivando em mim torpe quimera.
Do quanto me disseste e contradizes
A vida não supera quaisquer crises
E todo este cristal ora partido
Traduz o que pensara ser a sorte
E quanto mais se ausenta assim o norte,
O mundo noutro rumo está perdido...


33715


A vida não teria seus enganos
Não fosse esta vontade de ficar
Ausente dos meus olhos o luar
Mudando totalmente velhos planos,
Os rios desembocam no vazio
E o tempo se mostrando mais atroz
Quisera nos teus braços minha foz,
Mas nem esta verdade eu desafio, c
Cansado de lutar e sem descanso
Perdido em noite turva caço a luz
E quando tão somente reproduz
A treva que deveras cedo alcanço,
Negando qualquer brilho em meu olhar,
Cometa sem destinos a vagar.

33716



A boca que me beija e me alucina
Durante tanto tempo fora minha
E agora quando a sorte não se aninha
Matando desde sempre fonte e mina,
A porta do passado nega a sina
O jeito da menina desalinha
O passo rumo ao quanto me convinha
E agora a mão mordaz, quase assassina
Marcando a minha pele em tatuagem,
Aonde poderia nova aragem
A velha tempestade simplesmente
Amar e ter nos olhos este brilho
Enquanto esta ilusão não mais palmilho
O mundo dos meus sonhos segue ausente.


33717


Em versos declinados te proponho
Fazer deste momento inesquecível
E quando amor se mostre perecível
Assim eu sei deveras ser um sonho,
Mas quando mais além quero e componho
Num tempo imaginável, quase incrível
Sentindo esta emoção sigo passível
Do tempo além do quanto mais me ponho,
E risco teus espaços bebo a sorte
Deixando para trás qualquer suporte
Não temo mais os sonhos que virão,
E mesmo que isto mude no futuro
Encontro neste encanto o que procuro
Os brilhos mais sublimes de um verão.


33718

A lua que por certo te ilumina
Trazendo com seu brilho esta verdade
Enquanto tanta luz agora invade
O amor se demonstrando rumo e sina
Ainda mais distante me fascina
Porquanto traga sempre a liberdade
Sobeja e mais suprema claridade
Dos olhos delicados da menina
E assim sem ter limites sigo em ti
Vivendo todo o amor que concebi
Nos sonhos de uma etérea juventude
Não deixe que se acabe esta certeza
Tratemos nosso caso com leveza
Que nada neste mundo mais o mude.


33719


Nascida na delícia deste sonho
A noite em corpos juntos, sem fronteiras
E quando mais audaz ainda queiras
Maiores os delírios que eu proponho,
O mundo se mostrando ora risonho
Mantendo dentro em mim vivas roseiras
E nestas ilusões, nossas bandeiras
O tanto quanto eu quero e te proponho
Virá trazer somente esta alegria
Na qual já se estampara nossa vida,
Porquanto ao encontrar rara saída
A sorte noutro rumo vejo ungida
E tanto poderia ser assim
O mundo inteiro agora dentro em mim.

33720


Amada como é bom estar contigo
E crer na luz que emana-se de ti
Depois de tanto tempo conheci
O que deveras busco e mais persigo,
E quando me percebo aqui consigo
Viver o que decerto concebi
Num tempo aonde ausente enfim daqui
Apenas vira dor e desabrigo
E agora tendo em mim esta certeza
A vida se prepara em tal beleza
E tudo neste instante se transforma,
Amar e ser feliz, mero momento?
Se ainda dos meus sonhos me alimento
Jamais respeitaria a velha norma...

33721

É mansidão em meio a tempestade
O lago em placidez que necessito
E quando o meu olhar segue o infinito
Que o peito em harmonia sempre brade
Vivendo este calor em liberdade
Rondando cada espaço agora eu grito
E tento novamente o mais bonito
Caminho aonde tudo sempre agrade,
A vida poderia ser diversa
E quando sobre o todo já se versa
Gerando o que pudesse ser maior
O tempo sonegando algum espaço
No quanto resta o sonho e assim eu traço
Um mundo que pudesse ser melhor.

33722



Não temo mais a dor, assim prossigo,
Vagando sem saber de paz ou guerra
Apenas o vazio que me encerra
Trazendo volta e meia o desabrigo,
E tantas vezes teimo e se consigo
Riscar o que pudesse e já descerra
A porta do passado sobre a terra
Tentando agora crer somente em trigo
A velha fortaleza destruída
A vida sem saber de uma saída
O risco de sonhar e ter na queda
O olhar tão complacente de quem tenta
E segue contra a fúria da tormenta
Enquanto este caminho já se veda.


33723

Deixando ali num canto, uma saudade
Dispenso qualquer passo rumo ao todo
E beijo tão somente o limo e o lodo
Porquanto a própria vida dita a grade,
E quanto mais audaz, mais desagrade
Meu mundo feito em dor, terror e engodo,
O quanto poderia de outro modo,
Porém somente o frio agora invade
E toma com horror o passo enquanto
Ainda sem saber destino eu canto
Invariavelmente a solidão,
Jorrando dentro em mim o meu passado
O medo como fosse um bem herdado
Invade e já não vejo solução.

33724

Amor que sempre trago no meu peito
Desfaz qualquer mentira ou mesmo omite
E quando a vida trama seu palpite
Tomando com ternura quando deito
Fazendo da esperança um mero pleito
E tudo o que pudesse ou mal se evite
Resume o meu viver e sem limite
O todo que vier, eu sempre aceito.
Não pude caminhar sabendo quando
O mundo na verdade desabando
Roubando cada cena em tom feroz,
Assim ao me sentir apenas isto,
Do todo que buscara enfim desisto
Desato pouco a pouco, velhos nós...


33725

Certeza de morrer mais satisfeito
Quem dera se eu tivesse, mas nem isso,
O solo se mostrando movediço
O risco de viver adentra o leito
E quando solitário enfim me deito
Apenas companhia inda cobiço,
A vida sem saber de brilho e viço
O corte propagando invade o peito,
Os olhos no futuro? Morte é certa,
Ao mesmo tempo a vida me deserta
Minha alma se repleta do vazio,
Teimando contra a fúria do não ser
Restando tão distante o amanhecer
O meu olhar ausente em desafio...

33726


Mergulhando nos sonhos onde pude
Viver cada momento no passado
Meu prazo se findando ou terminado
Não tendo qualquer luz ou atitude
Matara o que restara em juventude
E beijo o corpo podre e amortalhado
Do ventre pelo medo destroçado
Já não permito engodo que isto mude.
Apenas esperar dobrar dos sinos,
As sobras dos meus cantos, desatinos,
Os riscos mais audazes, medo e sombra,
Assim o que pudesse em claridade
Refaz a tão dorida tempestade
Que ainda toma a cena e agora assombra.


33727

Abraçando minha deusa tão amada,
A morte, nada resta de algum sonho
A fresta a quem me dera ou me proponho
Trazendo tão somente o mesmo nada,
A ponta do punhal tão afiada
O riso de quem vejo ora medonho
O corte de um caminho mais risonho
Semente de ilusão abandonada.
Pereço enquanto busco algum momento
E tanto poderia em desalento
Saber de quem me queira ou mesmo finge,
Mas nada do que eu sinto me permite
E a vida atinge assim topo e limite,
Deixando meramente a vaga esfinge.


33728

Voando por espaços infinitos
Rondando cada estrela que viesse
O mundo noutra face recomece
E deixe para trás antigos mitos,
Os olhos entre nuvens, roucos gritos,
A sorte não traria qualquer messe
A dita se transforma e a morte tece
Cenários entre tantos, torpes ritos.
Hercúlea força doma cada passo
E quando pouco a pouco me desfaço
Não tendo soluções eu me apodreço,
E sei que finalmente nada possa
Conter no coração imensa fossa
É tudo o quanto sei que mais mereço.

33729


Em busca da manhã iluminada
Depois de tanta imensa sordidez
A cota se tomando de uma vez
A morte se aproxima e trama o nada,
A dita pelo tempo eviscerada
O medo na verdade se refez
E o corte aprofundado que ora vês
Transforma a minha senda, marca a estrada,
Reservo-me ao direito de morrer
E tento novamente poder ver
Declínio dos meus sonhos, pesadelos,
E sinto a cada noite mais ausente
O quanto do futuro nada sente,
Nem mesmo os olhos teus quero revê-los...

33730

Os raios deste sol brilhando tanto
Deixando um raro rastro sobre o chão
O amor vivera farta ingratidão
E neste nada ser já não me espanto
E tento enquanto visto o turvo manto
Marcado pelas garras da ilusão
Sabendo das angústias que virão
E nelas beijo a morte, bebo o pranto.
Não pude acreditar em falso sol,
Ainda que pudesse girassol,
As nuvens se aproximam e sonegam,
Enquanto as maravilhas que eu buscara
Deixando uma manhã tranquila e clara
Agora noutros tons grises se entregam...


32731

Trazendo uma esperança, vivo amor
No olhar de quem pudera no horizonte
Sentir cada beleza que desponte
E trace no seu céu ternura e cor,
Mas quando outro momento a se compor
E nele ressecada toda a fonte
Pudesse imaginar ainda a ponte
E nela novo tempo a se propor,
Não vejo mais a luz que inda tentara
E a vida sem calor agora amara
Somente desampara cada passo,
E quando me pensara mais feliz
O mundo sem desculpas contradiz
E assim em turbulência apenas passo...

33732

Envolto na alegria, enfim te canto
E tento conservar o que não resta
A morte noutro tempo em fria fresta
E nela mergulhando sem encanto,
Resido no passado e nada além,
A manta que recobre o meu futuro
Agora noutro tanto não procuro
Sabendo que em verdade nada tem
Senão a mesma face dolorosa
De espinhos pelas sendas e caminhos,
Os dias prosseguindo vãos sozinhos,
A sorte é com certeza caprichosa,
Mas tudo não se vê senão a ponta
De um velho amanhecer em faz de conta...

33733


E roubo deste sol todo o calor
Deixando para trás a claridade
Morrendo sem querer a eternidade
Nem mesmo novo mundo em tal torpor,
Carcaça desumana sigo só
E vejo derrocado cada dia
Aonde tanta sorte poderia
Ao menos se restasse ainda o pó
Dos sonhos entre tantos pesadelos,
Nas mãos os desatinos e as mentiras
E quando ainda tentas cedo atiras
O mundo se entranhando em tais novelos
Um torpe emaranhado simplesmente
E assim o fim de tudo se pressente...


33734

Amada como é bom viver contigo
Os riscos de uma vida mais audaz
O amor quando se mostra e tanto faz
Deixando para trás medo e castigo,
O quanto poderia e já consigo
Viver o que pudesse em plena paz
O corte se negando agora traz
A imensa cicatriz, porém nem ligo,
Permito que inda veja amanhecer
Em luzes tão sublimes do querer
Tornando o meu momento mais feliz,
Ocaso abandonado bebo o sol,
E toda a maravilha em arrebol
Traçando o que deveras bem mais quis...

33735

Sem medo do tormento e da saudade
Aonde quis o sonho e nada vinha,
A porta se trancara e tão daninha
Apenas deixa rastro e o medo invade,
O corpo anunciando o fim de tudo,
O sonho desairoso não seduz
E o quanto me faltara outrora em luz
Deveras com horror não mais me iludo,
Ausência de esperança e dor suprema,
Cabendo tão somente este final,
Assim ao perceber este degrau
Minha alma com certeza não mais tema
A morte nem o fim da minha história
Porquanto seja atroz e merencória...


33736

Aqui, eu já pressinto, sem perigo,
A curva derradeira e não mais quero
Viver o pensamento quando austero
Deixando qualquer gozo que persigo,
O fardo sobre mim, o medo e o vento
O frio refazendo em cada passo
O tempo sem saber sequer do espaço
E quando me percebo nem lamento,
Assisto o meu final de camarote,
Por tanta fantasia que eu tivera,
Ainda quando a vida diz quimera
E apenas o vazio se denote
Eu teimo contra o medo e até sorrio
Seguindo a correnteza, podre rio...


33737

Eu posso conhecer felicidade?
Não tento desvendar mais tais mistérios
A vida sem saber siso ou critérios
No quanto ainda teima e mesmo brade
E resolutamente nada diz
O vento se mostrara mais diverso
E quando tento ainda um raro verso
Que possa me deixar bem mais feliz
Ausência retomando toda a cena
No fundo deste poço, este mergulho,
E quantas vezes vendo o pedregulho
Minha alma em amargura se envenena
E bebe cada gota do que outrora
Ainda vivo em mim teima e devora.

33738


Amada, vem comigo, eu te proponho,
Singrar mil oceanos ver o cais
E ter nos olhos dias sem iguais
Vivendo claramente cada sonho,
No quanto imaginara ser assim
O mundo se mostrando em nova face
E quanto mais o tempo nada trace
O tempo me levando para o fim,
Mortalha se tecendo invés do riso
O corpo apodrecido da esperança
Enquanto a morbidez tocando alcança
Negando um passo audaz e mais preciso,
Eu vejo tão somente a negação
E nela meus demônios volverão...


33739


Na noite viajar, planeta sonho
E crer noutro segundo após o fim,
Gerando qualquer luz dentro de mim,
Um tempo mais feliz, até risonho...
Não posso mais sentir outra verdade
Porquanto a solidão, meu endereço
E nela cada passo eu obedeço
Vivendo o que deveras desagrade
O cômodo caminho não percebo
E sei do quanto pude acreditar
Não fosse tão volúvel o luar
Nem mesmo a fantasia este placebo
E sinto que chegando ao fim do jogo
Não adianta mais temor nem rogo...

33740

Quando te conheci mal percebia
A fenda que deveras já se abrira
E quantas vezes erro tema e mira,
Negando qualquer luz ao próprio dia,
O vento do passado não sabia
Do quanto a minha história em tal mentira
Pudera amanhecer, mas sei que gira
O mundo noutra forma em sintonia.
Somando os meus enganos, foram tantos,
Resumo minha vida nestes prantos
E calo cada verso que inda venha
Vencer as minhas velhas cicatrizes
E quando noutro instante tu me dizes,
Apenas reacende a torpe lenha...


33741

Que tudo que sonhara estava ali,
Jogada sobre o chão em morte exposta
A face desdenhosa da resposta
Dizendo quanto tempo em ti perdi
O verso se mostrando como eu vi
E tento novamente uma proposta
Diversa desta a qual ainda aposta
A vida sem saber nada senti,
Resumo com palavras versos frases
O quanto a cada dia nada trazes
E deixas abandono tão somente,
Vivenciar a sombra da emoção
Enquanto novos tempos não virão
Sonega desde sempre uma semente.

33742

Decerto, minha vida tão vazia,
Ao menos poderia ser diversa
Ouvindo bem ao longe uma alma imersa
Em luzes, fantasia e poesia,
A música se espalha e poderia
Mudar assim o rumo da conversa
E quando a solidão sonho dispersa
Adentro nas entranhas da alegria,
Somando o meu caminho em dissabores
Ao quanto poderia se assim fores
Traçando novamente a luz aonde
O peito sem saber de som e brilho,
Vagando pelo espaço aonde eu trilho
Ouvindo esta canção logo responde...

33743

Em tantos pesadelos, me perdi
Depois de procurar alguma forma
E nela ver o quanto se transforma
O amor quando se sente e tenho aqui,
Resulto do vazio aonde outrora
No tanto que pudesse acreditar
Matando desde cedo este luar
Jamais noutro momento a vida aflora
E toma este cenário em suavidade
Porquanto cada passo rumo ao vago
Traria noutro encanto um manso afago,
Mas resta dentro em mim medo e saudade.
Negar o desvario e ter à frente
O amor com luz intensa, tão somente...


33744

Agora que conheço a fantasia
E sei já desvendar qualquer destino
Aonde com ternura me fascino
Ou mesmo quando a sorte não traria
A intensa claridade que buscara
Quem tanto crê na vida em luz maior,
O medo se desenha e sei de cor
A porta do passado nega a clara
Manhã desconhecida para quem
Viera de outras trevas costumeiras
E quando ainda teimas ou não queiras
Apenas um caminho me convém
Amortecendo a dor do nada ser,
Vontade simplesmente de morrer...


33745


De ser feliz somente ao lado teu
Porquanto a vida seja sempre assim
Iniciando agora o ledo fim,
O todo desejado se esqueceu
Rumando para a morte e nada tendo
Apenas o vazio resta aonde
O mundo noutro mundo não se esconde
Ainda que deveras sei, desvendo
O tanto feito em dor e farpas, vejo
Resíduos de outros dias? Nem sinais
E quando mergulhando em vendavais
Amortalhando assim cada desejo,
O peso de viver vergando as costas
Não tendo da esperança mais respostas...


33746

Vivemos num momento de alegria
As meras ilusões de quem pudesse
Ao menos ter a vida onde obedece
A glória simplesmente e se faria
Um mundo bem melhor, e tanto pude
Viver este segundo e nada mais,
O quanto imaginara ser demais
Apenas sombra alheia, juventude,
As farpas adentrando a minha pele
O tempo devorando cada sonho
E quando novamente me proponho
A própria realidade me repele
E o vento desairoso do passado
Vivendo o tempo inteiro do meu lado...


33747

A luz que me ilumina e cessa o breu
Desfere uma promessa mentirosa,
A sorte desmembrando desta rosa
Agora em pleno espinho apareceu,
E o fardo de viver pesando tanto,
O manto se reveste em luto apenas
E quanto mais audaz tu me envenenas
Gerando infelizmente o desencanto
O riso dando vez ao choro expondo
O todo desconexo que hoje sou,
E assim o meu destino desenhou
A face do vazio decompondo,
Mereço alguma chance? Não mais creio,
O tempo se mostrara sem tal veio...


33748

Teus olhos, com certeza, luminária
Aonde quis um dia navegar
E sei que me perdi em tal luar
A sorte sendo sempre imaginária
A fonte já secara e nada sei
Senão a negação desta alegria
E o tempo expondo em torpe ventania
Transcende ao que desejo e mais sonhei,
Ocasionando assim naufrágio e queda
O corpo se apodrece em vida plena,
Nem mesmo uma esperança me serena
Enquanto este caminho a porta veda,
E atento ao que pudesse uma mudança
Apenas o vazio o peito alcança.

33749

Dos sonhos que sonhei na minha vida
Encontro alguns resquícios, nada mais,
E o todo se transforma além do cais
Sentindo a velha senda dividida
Resumo com terror o passo enquanto
Mergulho noutra cena, sempre igual,
Pudesse desvendar o virtual
Delírio pelo qual ainda canto
Buscando alguma paz que nunca veio
E sei do mesmo medo quando alguém
Dizendo do futuro com desdém
Espalha tão somente este receio,
Percebo o fim da história e se aproxima
A morte com terror em fina esgrima.

33750

Alegria que fora imaginária
Apenas não consigo ver mais nada
Senão a forma torpe e desgraçada
Da morte noutra cena temerária
Restara disto tudo mero olhar
Na ausência do que possa haver em nós
E tanto se pudesse, mas sem voz
Já não consigo nada imaginar
Nem mesmo algum momento em luz e glória
O tempo não produz nova esperança
E quanto mais audaz nunca afiança
O desejo feroz de uma vitória
Escória do que fui, apenas isto,
E contra tudo e todos, já desisto...

Nenhum comentário: