terça-feira, 18 de maio de 2010

33251 até 33300

33251

Ausência de você domina a sala
A vida não seria sempre assim,
O tempo de sonhar chegando ao fim,
Uma alma sem destino nada fala,
O quanto da saudade me avassala
Meu medo de viver tomando enfim
Cenário dolorido de onde vim,
Restando este vazio e o mundo cala.
Após a tempestade esta saudade
Dizendo do passado onde eu pudera
Viver felicidade em primavera
E agora esta tristeza que me invade
A vida vai ficando sem por que,
Ausência dolorida de você...

33252

Pudesse ainda ver o seu sorriso,
Saber deste momento mais feliz
Porém a minha vida não mais quis
Distante dos meus olhos Paraíso...
O tempo mais dorido, e mais preciso
De tudo já não resta cicatriz,
O amor domina e tudo se desdiz
Tomando totalmente o meu juízo.
Restando ao sonhador um verso em vão,
E novos dias nunca mais trarão
Sequer uma lembrança do passado,
Vibrando dentro em mim este desejo
E quando na verdade nada vejo,
O quadro se mostrando desolado...


33253

O tempo merecia melhor chance
Mas quadro após tempesta nada diz,
O mundo como fosse um chafariz
Inunda qualquer coisa que inda alcance
E tanto quanto ao nada a sorte lance,
Quebrando a minha cara e o meu nariz,
O peso de viver já não mais quis
Matando no começo este romance.
Rezando assim amor pela cartilha
Enquanto noutra face nunca brilha
Sabendo da armadilha preparada,
Depois de tanta luta ora sem luz,
Vestindo a solidão, turvo capuz
Não resta nem sequer sombra da estrada.

33254

Magias entre facas, foices, coices, mãos
E tudo o que pudesse no bagaço
E quando novamente ainda passo
O tempo procurando dias vãos,
Mergulhos nos medonhos vastos nãos
O corte se aprofunda em dor e em aço
Do amor já não restando algum pedaço,
Os corpos esmagados pelos chãos,
O caos após o caos se refletindo
No olhar que antes julgara mesmo lindo
E agora se percebe em luz sombria,
Rezando pela glória de quem ama,
A vida repetindo o mesmo drama
Enquanto a realidade se esvazia.


33255

Não tendo paciência: é fim de papo
O quanto não podia ser diverso
E quando sobre o vago ainda verso
Não resta nem sequer tapa ou sopapo
E sei que na verdade viro um trapo
Conforme a realidade e até disperso
Do todo quando muito desconverso
Buraco com mentiras sempre tapo,
Farrapo do que fora ser humano,
O beijo condenando ao desengano
Num veredicto sórdido e venal
Riscando assim do mapa nome e foto,
O amor não tem controle se é remoto
E morre qual bandido no final.


33256

Eu quero ter ao menos a alegria
De quem se fez talvez mais inocente
Porquanto novo mundo ainda invente
Diverso do que tanto quis um dia,
E quando a realidade já mordia,
No olhar de quem desejo; transparente
A fonte quantas vezes inclemente
Deveras com ternura me traria
Nas mãos já decepadas da ilusão
O forte dos meus dias, solidão
Refém da mesma mesa em bares tantos,
Pereço mal começo a disfarçar
E morro a cada dia devagar
Porém já não suporto falsos prantos.


33257

Feridas entreabertas, chagas, ritos
Diversos destas tribos, morte e gozo,
O tempo que já fora majestoso
Cabendo nos espaços infinitos
Agora repetindo velhos mitos
E trama com destino caprichoso
Desdém acumulado em pavoroso
Delírio feito em dias mais bonitos.
Voando sobre os vales e montanhas
Sabendo das partidas e das sanhas
Marcado pela faca em fino corte,
Preparo a melodia para o fim
E beijo a tempestade que há em mim,
Porquanto nem o sonho me conforte.


33258

Girando contra a força das marés
Lutando com mim mesmo já perdi
E tudo o que sonhara ou mesmo vi
Não serve nem sequer como galés
O tempo me mirando de viés
Os olhos mais sensatos sei em ti
E o corte propagando o que senti
Contigo não percebo nem meus pés.
E quando ao flutuar eu me permito
Além do que pensara mais finito,
Rasgando a poesia do meu peito,
Conforme cada verso que se emenda
A vida preparando outra contenda
Enquanto no vazio não me deito.


33259

Largando a companhia de quem tanto
Um dia fora amiga e agora ausente,
O tanto do passado se pressente
Gerando noutra face desencanto,
E quando na verdade tento e canto
Por mais que a solidão ainda atente,
Perfaço o meu caminho mais contente,
E gero novo tempo enquanto espanto
O peso do vivido dentro em mim,
Ressoa o que pudera ser jardim
E agora numa seca se destrói,
O vento consumindo cada folha
Porquanto toda a sorte se recolha
Lembrança do passado sempre dói.


33260

Vivendo sem saber sequer da paz
Aonde noutra face a vida tenta
Mostrar o que deveras apascenta
Meu mundo com terror é mais audaz,
Gerando a prestação em que se faz
A sorte noutro instante mais sedenta
Da glória aonde nada se aparenta
E bebe o que ficara para trás.
Resinas entre pedras, construções,
E novamente assim tu decompões
Esmigalhando o quanto poderia
Saber do quando pude ser feliz,
E agora a realidade contradiz,
Deixando a minha estrada mais sombria.

33261

Devassa todo o espaço, o pensamento
E traça libertário caminhar
Por onde poderia imaginar
Ao menos o poder de um forte vento
E quantas vezes sigo ou mesmo tento
Sabendo das angústias a vagar
Por toda imensidão de terra e mar,
Alheio ao que pudesse o sofrimento
E sei da liberdade por viver
A cada novo instante a dor, prazer
E quando me assomando ao mesmo nada
Por onde ainda existe algum tropeço,
As ordens mais atrozes obedeço
Seara com certeza malfadada...

33262

Andara procurando alguma paz
Aonde não pudesse haver além
Da mesma inconseqüência que contém
Ainda que pudesse ser audaz,
A morte aproximando-se já traz
O todo em maravilha onde convém
Viver outra esperança mesmo aquém
Do tempo mais feliz ou tanto faz,
Esqueço cada frase e volto ao quanto
O verso não traçara outro desenho
E quanto muitas vezes me contento,
Singrando o que pudera e diz o canto
Apago qualquer sombra de uma vida
Há tanto noutra face desmedida...

33263

Legado de um tormento que me deste
Qual fora alguma forma de ilusão
Aprendo a conservar a direção
Em meio aos meus caminhos, velha veste,
E tudo que não serve me reveste
E mostra a mesma espúria podridão,
Negando a carcomida embarcação
Nem mesmo a fantasia ainda ateste
E tento disfarçar com versos, sonhos
E sei dos patamares mais medonhos
E neles os resquícios de uma vida
Jogada sobre os caos, ou tanto urdida
Na face desenhada pelo anseio
Aonde na verdade nada veio...

33264

O mundo se acompanha do vazio
Porquanto nada existe além do não
E todo o meu resumo em perdição
No quadro em que redimo, desafio,
Estando sempre assim vou por um fio,
A queda não conhece proteção
E tento perceber libertação
No vento mais atroz e mesmo frio,
Arcar com as palavras mais doridas
E ver ao desnudarem velhas vidas
A mesma cena ingrata aonde um dia
Usara com ternura esta vontade
Que o tempo renegou e na verdade
Há tanto noutro fato se perdia...


33265



Amiga já faz tempo que não tenho
Sequer notícia alguma de quem tanto
Um dia se fizera em medo e pranto
E agora se mostrando em novo empenho
Traduz felicidade e se contenho
Ainda dentro em mim o velho espanto
De quem imaginara cada canto
Diverso do que ainda desempenho,
Extintas ilusões no meu caminho
A morte se aproxima e nem ligo,
Aonde no passado quis o abrigo
Traçando outro cenário, eu me avizinho
Da imensa e mais total hipocrisia
Gerada pela inútil poesia.

33266

A vida nos afasta sem querer
Dos vários descaminhos onde tento
Sentir ao menos paz e o sofrimento
Mostrando a cada dia o renascer
Da amarga melodia em que quis crer
E nela novos rumos eu invento
E quando desespero ou desalento
Tomando toda a fonte em desprazer
Permite esta inconstância mais atroz
Ninguém escutaria ainda a voz
De quem se fez apenas ilusão,
E assim ao me esquivar dos espinheiros
Os dias adentrados, derradeiros
Propõe somente angústia e podridão.


33267

Tu sabes como é grande o meu desejo
E mesmo assim renegas o que sentes
E quando novos dias mais presentes
Puderem discernir o que prevejo,
O fardo se tornando a cada ensejo
Razão das mais incríveis, vãs sementes
Porquanto noutro rumo mais freqüentes
As pedras entre as tantas que não vejo,
Resisto por saber ao fim da tarde
O quanto a solidão ainda aguarde
E teima em heresias, mas ajuda
Uma alma sem sentidos nem porquês
E quando noutra face tu te vês
Fotografia fútil e enfim miúda.

33268

Ao meu lado, é tão bom poder te ter
E saber os meus anseios mais comuns
Os dias sem ninguém serão alguns,
Mas nada me restando em tal prazer,
E o quanto poderia ainda em mim
Vencer os meus propósitos e ardis,
No quanto a fantasia não me quis
Nem mesmo poderia até o fim,
Gerando a primavera aonde outono
Reinando sem sequer saber da sorte
Que tanto poderia e não conforte
E quando da poesia eu já me adono,
Adorno-me nos versos mais felizes
E neles novamente me desdizes.

33269

Tivemos quase sempre bem juntinhos
Momentos em que tudo parecia
Ainda envolto em tramas de alegria
E até imaginamos casas, ninhos,
Mas quando me percebo em tais carinhos
A noite se apresenta bem mais fria
E o quanto se fizera não podia
Traçar com calmaria tais caminhos,
Assim ao me entregar sem ter certeza
No todo que talvez ainda presa
Uma alma se embrenhando em solidão
Vasculha cada parte do que resta
E vendo pelo menos qualquer fresta,
Encontra o que pensara solução.


33270


E viva a liberdade mesmo em morte,
E quanto mais se vê noutro momento
A dor inutilmente em sofrimento
Querendo cada dia como um norte,
Assisto finalmente à triste sorte
E nela se em verdade me atormento
Buscando sem sentido qualquer vento,
O canto perde enfim suave aporte.
Os olhos já cansados de quem tanto
Lutara contra as duras injustiças
E quando em terras frias, movediças
Prefaciando a dor em cada canto
Vestígios de um momento mais feliz
A própria realidade já desdiz.

33271

O tempo que se vive a cada instante
Renasce noutra face mais diversa
E quando a minha vida segue imersa
Naquilo que pensara deslumbrante
Por quanto a própria vida, esta mutante
Em nova direção agora versa
Estranhamente molda uma conversa
E nela cada passo se adiante
Gerando a inconsistência aonde busco
Viver o que talvez pareça brusco,
Metamorfoses várias ditando alma
Assim nesta total efervescência
O mundo não conhece consciência
E a volta do que fomos nos acalma...



33272

Em todos os problemas desta vida
Resumo os meus enganos e promessas
E quando noutra face recomeças
A história há muito tempo está perdida,
E sei da imensidade da avenida
Aonde em fantasia me endereças
E quando as novas noites vão avessas
Às tantas onde vira a despedida
Resido no passado ou no futuro
E beijo cada gole onde amarguro
Ou mesmo me salina a sorte e o rito,
Assim meu verso se condena às mutações
Diversas e complexas direções,
Gerando o que talvez seja infinito.


33273


Trilhamos diferentes, os caminhos,
E quando convergimos nada temos
Senão os mesmos olhos, velhos demos,
E neles as saudades e os carinhos,
Resumo cada verso nos espinhos
E nele todo o fruto que colhemos
Expressam esta dor onde vivemos
Por vezes solidários ou sozinhos.
Negando alguma sorte ou mesmo o brilho
Restando ao coração de um andarilho
Beber a liberdade em novo passo,
Resisto aos teus apelos e vontades
Ou quando ainda abrindo portas grades
O todo já refeito eu mais desfaço.


33274


Mas nunca imaginamos despedida
Assim que se percebe alguma luz
O quanto da verdade decompus
Não deixa que se veja clara a vida,
O pórtico da esperança noutra urdida
Vivenciando o tempo em contraluz
Refere-se ao passado aonde eu pus
A sorte que bem sei fora vencida,
Acasos entre tantas tempestades,
Matando as minhas fúrias e vontades
Resisto bravamente e tento o fim,
Zunindo dentro em mim sons do passado,
O peso de viver velho legado,
Tramando este caminho mais chinfrim.


33275


A sorte que te leva, agora traz
Cenários variáveis destas eras
E nelas quando tanto degeneras
Encontra finalmente o mundo em paz,
Resumo cada verso mais tenaz
Deixando para trás as minhas feras
E quando me alimento em tais esperas
Do nada represento o passo audaz
A morte não traduz uma verdade,
E o peso mais amargo da saudade
Não verga qualquer uma das histórias
Milênio após milênio, tudo igual,
Engodo se mostrara ritual
E as hordas sempre vivas nas memórias.

33276

Fazendo do meu dia, mais brilhante,
Encanto que sorvera qual remédio,
Mas tudo se passando sem assédio
Do quanto poderia num instante
Viver a realidade degradante
Deixando o coração bater em tédio
E novo caminhar, em rito médio
Após o que pensara mais gigante,
Revejo estes cenários mais fugazes
E tanto poderiam noutras frases
Falarem do que um dia quis em festa,
Aborto as esperanças e renasço
O mundo mesmo quando vago e escasso
Mantém ainda aberta qualquer fresta.


33277


Encontro finalmente a minha paz,
E nada do que tanto imaginara
A fonte noutro tanto se prepara
E mostra esta figura mais audaz,
Resisto enquanto posso, mas atrás
O mundo novamente traça a escara
E quando o peso toma esta seara
Servir ao que pudesse, tanto faz.
Recebo a voz do vento e tão distante
Do quanto poderia e se adiante
O mundo não recebe mais a voz,
De quem se fez ausente e agora tenta
Vencer com calmaria uma tormenta
E chega mansamente em fria foz.


33278

Depois de tanto amor titubeante
O ocaso se tornara mais freqüente
E quando dos meus olhos já se ausente
O mundo aonde vira o deslumbrante
Caminho aonde tudo se agigante
Porém realidade se apresente
E morto em vida vivo plenamente
A forte sensação do degradante
Cenário em ato amargo e sei final,
Mas tudo não passado deste fato
Aonde com terror se eu me retrato
Encontro noutro tanto o mesmo igual
Alento ou desalento necessário
O todo se mostrando sempre vário.


33279

Sabendo que virás. Felicidade
Não sabe do endereço, o que fazer?
Se o todo nada mais amanhecer
O peso não valia esta verdade
Apenas a real futilidade
E a morte novamente a se render
Peçonha após peçonha posso crer
No quanto a vida mesmo desagrade
E risco cada sonho do caminho,
Metade do que eu quis já não conheço
Porém outra metade inda padeço
E sei que preferindo estar sozinho
O resto não importa, jogo fora,
Somente a poesia ainda ancora.


33280

Amiga tô morrendo de saudade
Do corpo inusitado da esperança
Quebradas ilusões onde a pujança
Traçara com ternura a liberdade,
No todo percorrido, sociedade
Ao largo do vazio já se lança
E tanto quanto pode ainda alcança
O medo da tortura em tempestade.
No peso de viver caminho à toa
Enquanto a viva voz inda ressoa
Gestando qualquer luz que não a minha
Assim esta vendeta dita vida
Morrendo sem saber da despedida
No fardo que deveras sempre vinha.

33281




Andando sem apoio e me perdendo
Em meio aos costumeiros vendavais
Adentro noutro tempo e tento o cais
E nada mais pudesse nem desvendo,
Restando qualquer cor, ou manso adendo
Entranho no planeta do jamais
E bebo velhos vinhos rituais
Aos poucos noutro tanto me vertendo,
Verdades absolutas? Já cansei
De ter que obedecer diversa lei
E nada me pudesse ainda dar
O sonho nem tampouco a temperança
E quando a sorte a morte, o corte alcança
O resto vai ficando em seu lugar.


33282

As noites se transformam em suplícios
Na ausência ou na presença da esperança
E toda esta fartura não avança
Jogando os meus caminhos, precipícios
E tanto me entregara aos fartos vícios
E quando a faca toca e assim alcança
O peito de quem busca ser criança
Tristeza vai cavando seus ofícios,
O pantanal do amor já nem mais quero,
O risco de viver um quadro fero
Não vale algum sorriso etéreo e falso,
Prefiro caminhar em fina areia
Se a lua doutro lado me incendeia,
Lirismo vai criando o cadafalso.


33283

Amar o que pudesse ser suave
E ter noutra faceta a sorte quando
O mundo noutro tanto desabando
Deixando que a verdade sempre agrave
Minha alma se liberta e sendo uma ave
Etéreos entre fúrias revoando
As esperanças fogem, ledo bando
E tento na alegria última nave,
São parcos os caminhos de que tenta
Vencer com calmaria esta tormenta
E a festa continua mesmo assim,
Somando o que não sou e não seria
A sorte se mostrara mais vazia,
E chego sem ter penas ao meu fim.

33284


O tempo vai passando e, nada tendo,
O tanto que pudesse se fez vago
E quando no vazio ainda alago
Eu beijo a tempestade onde desvendo
O fardo noutro canto convertendo
E tento do passado algum afago,
Restando do que eu fora mero bago
O parto noutro aborto se contendo.
Chegando de mansinho a lua toma
E bebe deste vinho enquanto doma
A noite em luz suprema e maviosa,
Minha alma sem juízo e melindrosa
Ao ver este cenário inusitado
Encontra os sacros rumos do pecado.


33285

Os dias, verdadeiros precipícios
E neles outros tantos mergulhados
Vivendo as alegrias dos passados
E nelas os delírios dos inícios
Os passos tantos vezes são fictícios
E quando se percebem desolados
Escondem outros tantos demarcados
Em farpas mais venais, duros comícios,
Assisto ao que pudesse ser alento
E neste pensamento ainda invento
Momento de poder acreditar
Nas ânsias costumeiras de quem sonha,
Porquanto a própria vida não reponha
Deixando tudo aquém, a divagar.


33286


Não vejo nada além duma ilusão
E até que poderia ser diverso,
Mas quando a cada dia desconverso
Moldando com terror outra estação
Encontro este vazio na amplidão
E sinto neste tanto quanto imerso
Perceba a sensação do fútil verso
Traçando noutro encanto embarcação,
Restando a quem porfia acreditar
Vitória que decerto não virá
Nem mesmo quando o sol rebrilhará
Tomando toda a força do luar,
Silenciando uma alma pouco a pouco,
O grito quase inútil segue rouco.

33287

Marcada dentro d’alma a ferro e fogo
A carne se apodrece com ternura
E quando noutro tanto se amargura
Eu perco enquanto ganho o mesmo jogo,
O quadro se mostrando desde logo
Na face mais audaz que se procura,
Ainda não vislumbra nem perdura
Porquanto cada instante ainda rogo.
E teimo noutra face da verdade,
A porta não se abrira nem a quero,
O fato de poder ser mais sincero
Enquanto tantas vezes desagrade
Permite a liberdade de quem sonha
No verso em tez suave ou tão medonha.


33288


Arrebenta sem demora o coração
E deixe este segredo assim de lado,
O peso muitas vezes demarcado
Demonstra a imensidade deste não,
Acordo com terror ou tentação,
E beijo o mesmo gosto anunciado
No pendular caminho desmembrado
Restando ao menos gozo e diversão,
Espécies mais diversas, tanto humano,
E o corpo condenado ao mesmo engano
Não deixa mais filhotes nem pedaços,
E assim ao mergulhar no meu inferno
Bebendo deste vinho e pão interno
Eu tento com futuro velhos laços.


33289

E tudo se perdendo... Volta logo
E trague o que deveras não mais sei,
Bebendo cada história tento a grei
E nela com terror eu já me afogo,
O quanto não pudera nem mais rogo
Não vale cada dia que passei,
Vestindo esta quimera que agora usei
Os reinos para sempre fora eu jogo,
Não quero a serventia do vazio
Nem mesmo a imensidão do tal ocaso,
E quando doutro sonho já me aprazo
O peito sem querer eu esvazio
E o frio doma assim este cenário
Que embora doloroso é necessário.

33290


Quem dera se soubesses como estou,
Quem tanto não diz nada nem diria,
Assim ao perseguir a fantasia
O quadro há tanto tempo desenhou
Faceta mais diversa do que sou
E nesta tão dorida hipocrisia
Ainda se buscando a eucaristia
O peso na verdade me envergou.
Resisto enquanto posso e ainda tento
Vencer em calmaria o forte vento
Jogando meus navios contra o cais,
Armando dentro em mim os mais doridos
Caminhos entre tantos percorridos
Espalho pelas ruas vendavais...

33291


Vasculho teu sorriso em cada canto
E busco tão somente algum apoio
E quando a solidão invade o arroio
Do qual em cada curva cevo encanto
Gerando do vazio algum quebranto
E tento separar trigo de joio
Condeno-me ao não ser e neste aboio
Tentando um sentimento eu me adianto
E sinto a companhia de quem fora
Apenas noutro instante sedutora
E agora se desnuda em face escusa,
O amor não mais conheço e nem pudera
Gestando a tempestade amarga fera
Enquanto a realidade ainda abusa.

33292

Se fomos, quase nada me restou
Do todo que pensara ainda haver
O mundo noutro encanto ou desprazer
Pudesse traduzir o que inda sou,
Resisto enquanto o sol não mais dourou
Matando desde agora o amanhecer
E quando noutro tanto o verdecer
Marcando o meu destino, se negou
Ao fato de poder acreditar
No fardo que inda tenho e procurar
Momento mais tranqüilo mesmo quando
O tempo se desanda e de onde vim
Traduz o que restara dentro em mim,
E assim outro momento se mostrando.


33293


Procuro ter na vida, um novo encanto
E tudo poderia ser diverso
Do quanto ainda tento e desconverso
Buscando a poesia invés do pranto,
E sendo mais feliz eu me adianto
À velha solidão do etéreo verso,
Pudesse noutra face estar disperso
Na mesma solidão ausente o manto
Do peso de uma vida ensandecida
E nada poderia traduzida
No resto que me pesa em plenas costas
Assim ao se fazer realidade
No quanto a mesma insânia desagrade
A cena noutras cenas descompostas.


33294

À noite, tanto tempo, sem revê-la
A lua não se mostra mais desnuda
E o quanto do passado não acuda
Cegando cada brilho desta estrela,
E tendo a sensação de um vago espasmo
Percorro os siderais caminhos quando
O mundo se pudera constelando
Gerando qualquer sonho e ainda pasmo
Procuro algum alento onde não há
Nem mesmo a menor sombra de ilusão
Assim ao disfarçar intenso chão
O quadro se desenha desde já.
Bebendo cada sorte inusitada
Não resta do presente quase nada.


33295´

Vou como quem perdeu a sua estrela
E sabe desolado o imenso céu
O coração percorre sempre ao léu
Na busca inconseqüente por revê-la
Embaralhando os olhos neste espaço
Discirno tempestades costumeiras
Porquanto as luzes sejam traiçoeiras
Ainda sem destino tento e passo
O tempo de sonhar em luzes falsas
E quando na verdade poderia
Singrar com emoção a poesia
Usando os sentimentos, toscas balsas
Assisto ao que não fora nem pudera
Deixando para trás a primavera.


33296



Se tu soubesses que jamais amei
Talvez não me deixasses conduzir
O passo rumo ao frágil vão porvir
Usando do vazio, tola lei
E quando nos teus olhos me espelhei
Tateio na procura do sentir
Momento mais audaz e sem seguir
A estrela que deveras soneguei,
Restando tão somente esta canção
E nela novos dias mostrarão
O fardo que carrego e sei tão grande,
Por quanto noutro tanto se demande
O tempo que pensara salvador
Agora bem distante de um amor.


33297

Meus momentos felizes, ao teu lado
Não pude conceber porquanto a vida
Ao mesmo tempo dita a despedida
Enquanto noutro tanto diz enfado,
Resisto e mesmo quando provocado
Percorro desde então mera saída
E creio noutra sorte decidida
Marcando este vazio, meu legado,
Não pude acreditar sequer no sonho
E quando a solução quero ou proponho
Arrisco-me a saber do que pudesse
Tramar em libertária consciência
Deixando para trás toda a ciência
Bebendo do prazer, suprema messe.

33298

De tudo que sonhava, procurei
Sentir a voz do vento me tocando
E quando imaginara bem mais brando
Apenas o vazio eu encontrei,
Restando do passado alguma lei
E dela todo o mundo desvendando
O tempo noutro tanto mergulhando
Assisto ao caminhar e me matei,
Vasculho dos escombros desafios
E tento procurar pelos pavios
Ainda não tentara ver a sombra
Do todo que se fez apenas frágil
Aonde poderia ser mais ágil
A morte pouco a pouco já me assombra.


33299


Viver cada segundo, apaixonado
Cenário adolescente aonde uma alma
Mergulha sem saber futuro trauma
E tenta sem enganos velho prado,
Restando depois disso o mesmo enfado
Aonde não pudesse crer na calma
E tanto a solidão já não me acalma
O beijo noutro tanto disfarçado,
Esgoto-me qual fora um ledo rio
Enquanto meus caminhos desafio,
As margens inundadas do meu sonho,
Vestindo esta diversa fantasia
O tempo não pudera nem urdia
Caminho aonde a paz tento e proponho.


33300

Dançavas nas estrelas, minha amada,
E assim se demonstrara em evidência
O encanto que hoje vira penitência
Deixando com terror já demarcada
Na pele de quem sonha outra parada
Inverte com horror esta imprudência
E tanto poderia dar ciência
Do rumo se fazendo em mansa estrada,
Legando a quem já dera tanto e a culpa
O quanto deste encanto não se esculpa
Nem trame nova face em mesmo rito,
Assim ao me sentir inutilmente
O corpo do prazer agora ausente
Prepara este caminho ao infinito.

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