sábado, 22 de maio de 2010

33601 até 33650

33601

Refém do passado
O corte profundo
Rondando no mundo
Vestindo o legado
Caminho negado
Aonde me inundo
Do tão vagabundo
Seguindo o riscado
Arrisco ou arisco,
Mas nunca petisco
Nem mesmo concedo
O quarto se escuro
Aonde perduro
Mantendo o segredo.

33602

Levando no peito
A faca o punhal
Amor ritual
Jamais satisfeito
E quando me deito
Arcando degrau
A cena fatal
Sem ter o conceito
Do fardo ou do fato
Aonde contrato
Medonha figura
O beijo ou o escarro
Se nele eu me esbarro
Ternura tortura.

33603

Vencido por tanto
Ou mesmo por nada
A corda traçada
A faca ou o encanto
E quando me espanto
Alçando esta escada
Rolando da estrada
Cevando algum pranto,
Mortalhas que teço
Enquanto obedeço
À farpa ou ao vinho,
Ainda mergulho
No resto ou entulho
Que em mim adivinho.


33604

Dos deuses diversos
Dos velhos missais
Caminhos iguais
Mercados dispersos,
Assim uno versos
Em tons desiguais
Velhos rituais
Carinhos perversos,
Assídua promessa
A porta se empresta
E quando uma fresta
Nela recomeça
Em hóstias sacrários
Velhos temerários.

33605

Pudesse bramir
Ondeias e matas
Arcando cascatas
E nelas por vir
O quanto sentir
As horas sensatas
E quando arrematas
Também a pedir
Ou mesmo no assalto
A cada ressalto
O tombo se dá,
Nevando por dentro
A força eu concentro,
Pois me alentará.

33606

Alegas perdão
Aonde vendias
E tantas vadias
Mortalhas de então,
A vida se não
Houvesse outros dias
Ao fim me trarias
Fatal solução,
A bala e o penhasco,
O olhar do carrasco
O frasco quebrado,
Venenos espalha
Assim se batalha
Cotando o pecado.

33607

Recados ouvidos
Medonhas fumaças
E quando trapaças
Ainda sentidos
Os dias perdidos
E neles tu traças
Audazes e escassas
Fagulhas, libidos.
Da negociata
O quanto se paga
Do prego e da chaga
Da mão que maltrata
Torturas à parte,
A corja reparte.

33608

Jazigo cevado
Nas ânsias do não
E assim no perdão
Ou mesmo o pecado
Imenso mercado
E nele verão
Os corpos de então
No morto o legado
Deixado pra trás
Assim Satanás
Vestido em pastor
O gado o curral,
Velho ritual
Longínquo do amor.


33609

Pereço no quanto
Vendido na esquina
Se ainda alucina
E gera o quebranto
E às vezes me espanto
Bebendo da mina
Aonde domina
A fúria do pranto,
Rendendo milhões
Senzalas prisões
E algemas diversas
Quebrando correntes
As mãos destes crentes
Nas ânsias imersas.

33610

Jorrando dinheiro
A velha figura
O quanto assegura
Real carpinteiro
Do amor verdadeiro
Que é plena ternura
Aonde procura
Vejo o interesseiro
Roubando o rebanho
Assim neste ganho
A cruz num leilão
E quanto me interno
Na porta do inferno
Gentil previsão.


33611

Seguindo o meu passo
Rumo ao que pudera
Vencer esta fera
Que ainda desgraço
No vento que traço
Ou mesmo na espera
A sorte venera
O velho palhaço
Riscando do mapa
O quanto se encapa
Na farpa e no riso,
Assim ao me ver
No fardo querer
Meu verso é preciso.

33612

Aqui me deserto
E bebo do nada
A sorte lançada
Estando desperto
O peito se aberto
A chaga tramada
No corte da enxada
E quando me alerto
Espreitas e caças
Ainda se caças
Os restos de mim,
Mercante falácia
O peso da audácia
O canto sem fim.


33613

A mão que labuta
O grão sobre a terra
A sorte descerra
Enquanto reluta
Da velha permuta
O quanto se cerra
A paz diz da guerra
Fornalha tão bruta
E assim me renego
E seguindo cego
Restando pedaços
E neles escória
Traduz a vitória
Inúteis tais passos.

33614

A sorte que é vária
A morte nas mãos
Os olhos cristãos
A paz necessária
Minha alma corsária
Adentrando vãos
Escuta dos nãos
A força contrária
Pudesse ter visto
Além do previsto
Conquistas e siso,
Mas nada se deu
E o quanto que é meu
Um passo impreciso.

33615

Legar ao futuro
Herança maldita
Enquanto acredita
No passo no escuro,
O fardo perduro
E nada se evita
A morte descrita
E assim amarguro
O dia vindouro
Ausente tesouro
Estouro em boiada,
O pântano em mim,
Cevado jardim
Traduz sempre o nada.

33616


Loquaz esperança
Vingança em seara
A porta escancara
Mas nada se alcança
Vital temperança
O vento prepara
A fonte tão rara
E nela se avança
Mortalhas em riste
No quanto não viste
Invisto meu passo,
E sei desta ausência
Sutil inclemência
Refaz o cansaço.

33617

Mesquinho caminho
Em meio aos vazios
Os dias sombrios
Olhar mais sozinho
E quando do vinho
Bebera em estios
Rompendo estes fios
Ausente carinho,
A chama se apaga
Apraz-me tal chaga
E vago sem rumo
Enquanto pudera
Viver primavera
Eu mesmo me esfumo.

33618

Janelas abertas
Palavras ao vento
E tanto me atento
Enquanto desertas
Assim das incertas
Fatal sofrimento
E sem um alento
Arrancas cobertas
E beijas o nada
Na rua e calçada
Um bêbado passa
E o vento balança
Refém da mudança
Gerando a fumaça.

33619

Coragem não tenho
Nem posso ou pudera
Assim cada espera
E nela me empenho,
Cruel desempenho
Da vida tão fera
E não degenera
Nem mesmo convenho,
Risível fardão
Ourives do não
Espúria conversa
A vida não trama
Além deste drama
E nele dispersa.

33620

A voz do não ser
O medo em pedaços
Os dias os braços
A fonte a perder
O quanto sem crer
Nos antros e laços
Os olhos mais baços
Pudessem rever
O todo se dando
No quanto ou no quando
Vestindo este roto
Desejo marcado
No rosto velado
Um riso maroto.

33621

Jazendo no vão
Do quanto se quer
O gozo qualquer
O medo o senão
Esperas virão
E nelas mulher
Sem riso sequer
Ausência em verão
O peso da vida
A sorte fingida
A morte selada,
Assim pós o fardo
Apenas o cardo
Depois, resta o nada.

33622

Vivendo esta saudade que me ronda
E tento desvendar realidades
E quando com ternura tu me invades
A vida noutra vida adentra e sonda,
O mundo se refaz e como uma onda
Voltando às velhas luas e cidades,
Trazendo antigas rotas, claridades
Nas quais a alma fugindo já se esconda
Tentando discernir diversas luzes
E nelas novamente reproduzes
Olhares e canções, doces delírios...
E quando se percebe em treva e dor,
O todo noutro tanto a decompor
Resulta no vazio e nos martírios...

33623

Cavar minha sorte
Na fonte que esgota
Embora remota
Ainda conforte
E tanto se forte
Ou quanto já trota
O sonho uma frota
Sem rumo sem norte
Verdade tecida
Nas ânsias da vida
No fundo do poço
E quando começo
Avesso endereço
Voltando a ser moço.

33624


Negando o que tento
No ponto em partida
A sorte outra vida
Bebendo do vento
Seguindo este alento
A voz pressentida
A morte sortida
Na bala ou no intento
Realço o meu verso
No passo sem nexo
Visível reflexo
E nele se imerso
Peçonha se brinda
Na dor mera e finda.

33625


Resolvo meus dias
Nas fúrias e fomes
E quando tu somes
As sortes adias
Mansões já vazias
E nelas consomes
Os ritos e os nomes
Por onde seguias
Resulto do nada
E volto do chão
Do vinho e do pão
Da morte em caçada
Do corte o punhal
Cenário ideal.

33626


Jogadas escassas
Esparsas vontades
Vitais qualidades
Aonde esfumaças
Ainda sem caças
Mortais claridades
Em velhas cidades
Caminhos e praças
Realço o que penso
E tanto se imenso
Pudesse ser vão
Assino meu rumo
E quando o consumo
Perdendo a razão.

33627

Livrando o caminho
Restando o meu tanto
E quando me encanto
Prefiro sozinho
Vencer o carinho
De quem desencanto
E morto sem canto
Alpendre avizinho
E nego o legado
E beijo o passado
Refém do que eu fora
A voz sofredora
No peito a senzala
O medo não diz
A sorte esta atriz
Também já se cala.

33628

Jogando meu mundo
No fardo medonho
No quadro que sonho
Enquanto me inundo
Do pouso um segundo
Caminho reponho
E tanto bisonho
Qual vil vagabundo.
Mereço esta sorte
Da faca do corte
E tento outra sina,
Mas sendo diversa
Da sorte a conversa
Também me fascina.

33629

Os olhos no nada
O tempo se aflora
E o quando demora
A sorte vedada
No passo de agora
A porta cerrada
A morte tramada
No peito se ancora
E o gesto desmente
O que se premente
Não fora fugaz
O vento me açoda
A vida sem poda
O nada se faz.

33630


O quanto em capacho
Revolta quem sagre
O medo o milagre
Aonde me empacho
E bebo se eu acho
E ainda avinagre
Enquanto consagre
Da vida este facho,
Acosso em palavras
As mais várias lavras
E lavo meus olhos
Na fonte, horizonte
E nisto se apronte
No chão, tais abrolhos.


33631

Ainda ao olhares
Além do horizonte
No quanto se aponte
Diversos lugares
Por onde tocares
Renasce esta fonte
A tudo se apronte
Em tantos luares
Resisto porquanto
No medo no espanto
Amor faz das suas
E mesmo distante
Real, delirante
Nos sonhos flutuas.

33632

Percebo no verso
O peso da mão
E quando sem não
Ainda disperso
O vago universo
Sem ter direção
No quanto em senão
O muito converso
E tento outra sina
A morte é ladina
E o corte profana
A força se alheia
A morte incendeia
E tanto me engana.

33633

Ser frágil ser forte
E ter no começo
Ainda o adereço
E nele o suporte
Porquanto comporte
O medo e o tropeço
Além se mereço
O tanto que aborte
Meu sonho feliz
O quanto não quis
E sendo sutil
A morte se vê
Sem tanto por que,
Suave e gentil.

33634

Ao passo do nada
Ocasos em mim
O peso se enfim
A sorte envergada
A morte tramada
Começo do fim
Tropeçando assim
Não resta alvorada
E deixo esta história
Aquém da memória
No fundo da fossa
Enquanto a saudade
Ainda degrade
A morte remoça.

33635

Ouvindo esta voz
Do todo se faz
O parto mordaz
O peso feroz
E nada se algoz
O corte tenaz
O peso me traz
Ausência de foz,
Realço este inferno
E quando em externo
Sutil, levemente
Levando ao passado
O mesmo traçado
Que agora desmente.

33636

Os olhos de fada
O enfado dos dias
Aonde podias
E não dizes nada
A saia rodada
A renda alegrias
Tantas fantasias
A noite fechada
A lua se embota
O quando sem rota
Meu passo sem nexo,
A noite vazia
A porta se abria
Mas nada de sexo.

33637

No fardo que trago
Por ser sonhador
As tramas e a dor
Ainda em afago
O beijo tão mago
O peso a compor
O tempo sem flor
Ausência de lago,
E o leite derrama
Enquanto esta trama
Jamais se completa
Quem dera liberto,
Mas quando desperto
A vida deleta.

33638

Chegar ao final
Por onde viera
Bebendo esta fera
E nela outro astral
O passo irreal
O jeito de espera
O corte tempera
A sorte com sal,
E o vento se espalha
Levando esta palha
Que ainda resido,
E tanto pudesse
Viver outra messe
Diverso sentido.

33639


Jogado na rua
Cigarro apagado
Assim meu legado
Jamais continua
Enquanto flutua
O beijo negado
O corpo tocado
Por diversa lua,
O monte outro vale
A vida se cale
E a cela se faça
Assino este ponto
E quanto desconto
Aonde de graça.

33640

Arcar com engano
Beber do vazio
E tento outro rio
Melhor ou profano
Assim cada dano
Diverso do fio
Aonde o pavio
Vital soberano
Resinas em sonho
O parto reponho
Atrás do não ser,
E quando amanheço
Medonho adereço
Ditando o querer.

33641

Cartada final
A vida me dando
E tanto sem quando
Pudesse afinal
Sabendo ou negando
Alçar tal degrau
O quanto sem nau
Assim naufragando
Perdendo o caminho
Vencido e sozinho
Resumo o meu fardo
No tempo que busco
Ainda se brusco
O passo eu retardo.


33642

Vencido sem nexo
Ainda me entrego
E sigo ou navego
Buscando o reflexo
Mas sinto perplexo
Meu rumo mais cego
E tanto carrego
Ainda o complexo
Qual fora este trauma
E nada me acalma
Tampouco podia
Viver o que eu quero
Se o mundo que é fero
Traduz agonia.


33643

Esqueço meu passo
No fundo do nada
E quando alcançada
A dita refaço
No gole ou no traço
Velha madrugada
Aonde a guinada
Ainda não grasso,
E tendo incerteza
Pudesse presteza
Ou outro desejo,
Mas quando desnudo
O tempo miúdo
É tudo o que vejo.

33644

Jogado no canto
Na sala no quarto
Por onde me aparto
E busco outro tanto
Aonde me encanto
Ou quanto reparto
A vida outro parto
O beijo outro espanto,
Medonho formato
Por onde desato
Meus nós e persigo
O tempo perdido
O gozo sentido
A falta de amigo.

33645

Levando meu mundo
No tempo que exata
A fonte arrebata
O todo em segundo
Real vagabundo
A morte em cascata
O peso reata
O quando me inundo,
E bebo a aguardente
Na qual já se sente
Viagens e espaços,
Beijando o infinito
Se ainda não grito
Os dias são lassos.

33646

O jeito sem dono
O peso do quando
O tempo remando
Viver abandono
Estando sem sono
Ou mesmo abortando
O porto negando
Meu rumo não clono
E tento outra sorte
Aonde comporte
O quanto seria
Quem sou se não fosse
A vida agridoce
Fatal fantasia.

33647

Jogado no canto
No prato e na mesa
A mesma certeza
O velho quebranto
E quando este manto
Tocado em surpresa
Realça a beleza
Ou mais inda espanto
Vestígios de mim
No fundo, no fim,
O peso da vida,
Resgate do fado
Ainda negado
O quanto duvida.

33648

Servir de alimária
Serviço completo
O tanto repleto
Na voz necessária
A senda corsária
O vaso deleto
Prato predileto
Da alma adversária
E gesto após gesto
Se ainda não presto
Empresto-me ao vago
E quando pereço
Além do adereço
Arranho-te e estrago.

33649

Jorrando na veia
Meu sangue feroz
A pútrida voz
Que tanto incendeia
A lua se é cheia
O canto do algoz
O medo da foz
E a fonte recreia
Mortalhas e medos
Aonde os segredos
Escondem seus fins,
Espero na espreita
A vida se deita
Em falsos jardins.

33650


O cheiro do mato
O pranto na face
Porquanto não trace
Aonde retrato
O mundo de fato
Ou mesmo um impasse
No quando se grasse
Eu tanto maltrato
A voz não se cala
O peso da bala
A mão preparando
Cortando navalha
A sorte se espalha
Dos lutos um bando.

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