quarta-feira, 24 de agosto de 2011

24/08/2011

A vereda que adentrara
Noutro tempo se anuncia
Quando a vida fosse clara
E deveras mostraria
O que possa em tal seara
Ou redime a fantasia
E se o mundo desprepara
Outro enredo me traria,
Nada entendo do que há tanto
Procurei e sei que é vão
No final nada garanto
Nem tampouco a dimensão
Do versejo feito em pranto
Onde eu quis libertação.


2

Nada vejo após a estrada
Que perdera no final
A palavra desdenhada
O caminho desigual
A versão desenfreada
A verdade mais venal
Dia a dia sobra o nada
E se mostra algum sinal
Devedor desta esperança
Que pudera ser bem mais
O meu passo não avança
E se perde quando esvais
No gerar onde se lança
Procurando um manso cais.

3

Já não cabe a melhor sorte
Nem tampouco se adivinha
A certeza que conforte
Onde a rota fosse minha,
A loucura em que se corte
O que tanto sei mesquinha
A versão que não comporte
Solidão em mim se aninha.
Restaria deste todo
Tão somente o que carrego
E se possa sem engodo
Desenhando um ponto cego
Onde o mundo traz o lodo
E sem chance ora navego.

4

Restaria dentro em nós
O que a vida dita e trama
Na verdade cada algoz
Dita o rude e velho drama
Na incerteza mais atroz
O que tanto já se exclama
Reunindo além da voz
O que possa e não reclama.
Resumidamente sigo
Assumindo cada engano
E se possa vou contigo
Noutro tanto em desabrigo
No sentido onde me dano
Reduzindo o quanto explano.

5

Brindo a sorte de tal forma
Que navego em tom cruel
Derramando sempre ao léu
O que tanto nos deforma,
A versão que já se informa
Dita o sonho em carrossel
O teu lábio feito em fel
Insensata luz transforma
Reduzindo a simples pó
Sem saber atando o nó
E tramando a própria queda
Mergulhando no vazio
O cenário ora recrio
E meu passo em ti se enreda.

Nenhum comentário: