sexta-feira, 3 de agosto de 2012

NOSSO ENTARDECER

NOSSO ENTARDECER



O entardecer...

Belo e radiante sobre o mar de safira.

Relembro de tanto que vivemos e perdemos no poente da vida...

Éramos crianças quando o amor se fez presente, nas pueris brincadeiras e folguedos.

Amor sem maldades, nos beijos dados escondidos entre as mangueiras que tinhas no quintal de tua casa.

Passando o tempo, crescemos juntos, amamos juntos e fomos pouco a pouco descobrindo as dores e alegrias do amor.

Primeiro beijo, primeira trama, primeira transa, primeiro filho.

Primeira dor, primeira briga, discórdia, mas superamos...

Interessante como conseguíamos construir e destruir com uma facilidade indizível os nossos castelos e sonhos...

Mas resistimos. A tudo e a todos.

Outono e fim da tarde chegando, começo a ver, no espelho, as nossas rugas e nossas marcas indeléveis de uma vida que se passou.

Não conseguia entender que aquela mulher que estava do meu lado fosse a mesma que a infância e a adolescência trouxe.

Marcada como eu pelo tempo e, pior, com o relacionamento evoluindo para a morosidade e monotonia inevitáveis.

Como não consegui entender isso, meu Deus?

Havíamos descoberto, depois de tanto tempo, a verdadeira essência do amor: a mansidão e a calmaria sem medo e tempestades que nos leva em segurança para o outro lado do oceano.

Porém a busca inevitável pelo meu eu adormecido e morto há tempos, fez com cometesse o pior de todos os erros, e fui buscar em outras bocas a juventude que havia perdido e não mais encontrara em ti...

No começo, maravilhado pelo frescor da pele dura, do sexo explosivo, do amor incontrolável, da paixão gigantesca e indomável, acreditei que poderia reiniciar o dia.

E confundi oeste com leste achando que o sol que se punha estava prestes a nascer.

Ledo e caro engano...

A dor veio e me trouxe a certeza de que a noite é inevitável.

E, depois de tantos erros, estou de novo aqui, com as malas da saudade carregadas, cheias, te pedindo perdão e esperando que tenhas a certeza de que te amo.

Aprendi a te amar e aprendi a amar contigo.

Não quero que me perdoes.

Quero apenas que me entendas.

E, se quiseres, estaremos juntos para enfrentar a noite inevitável.

Assim, já que aprendemos a repartir o brilho do sol, possamos apreciar a beleza da lua e das estrelas.

Até a inevitável partida rumo ao outro dia.

Que jamais será nosso.

Com a certeza de que fomos felizes durante toda a caminhada, exceto nesse entardecer alucinante e inebriante, onde perdi meu girassol...

MARCOS LOURES

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