sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Nosso Tão Grande Amor

Nosso Tão Grande Amor

Respiro tua boca, minha amada...
Encontro meus desejos em teus olhos...
A poça que passamos, já tampada.
Os meus delírios trago nesses molhos...

Resta somente Minas e Maria...
Não quero cavalgar por outra banda.
A vida transbordando poesia,
Se não me amares, tudo se desanda!!!

Dançando tua festa velho tango.
De tantas sutilezas fiz meu fado.
Das dores, de tristezas, sempre mango,
Me trouxeste, verdades, fero cardo....

Riste de meus carinhos, fonte crua...
A porta que me abriste fechas tonta...
Não desejo que esta festa seja a tua,
Mas a sorte que lanças, está pronta!

Respiro cicatrizes que me deste.
Uma farpa que machuca, também cura.
Desdenhas meus remédios, lepra, peste.
A noite que entranhaste vai escura...

Respiro meu destino sem certezas,
Preciosa partilha nunca fui...
Em desastres desabam as belezas
Meu castelo de sonhos, sempre rui...

Vieste tão sutil, meu horizonte!
Marcaste com batom o meu destino...
Secaste, bem depressa, vida e fonte.
Lograste fatalmente, perco o tino...

Embriagado desses olhos trágicos.
No desamparo sigo sem conforto...
Quem vivia morreu momentos mágicos.
Quem sonhei sobrevida, quedou morto!

Inútil ar, inútil vento, nada...
Minha barca desperta novos mares.
A boca que beijei escancarada,
Mastiga todos sonhos, meu altares!

Ensinaste insensata tanta dor,
Vergastadas cortando minha pele.
Dessa mesma maneira, vil condor,
A boca que me morde me repele...

Sangraste minhas noites tão selvagem...
A morte que prometes sempre negas.
As dores não respeitam a triagem,
Hidras se multiplicam, velhas pegas...

Nosso caso abandona todo senso.
Nas ondas que profanas somos parto.
Amor que já morreu de tão imenso
De tanta poesia ficou farto!

MARCOS LOURES

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