As folhas de papel rotas na mesa
Demonstram o que sentes; doce amada,
Do todo que te quis não sobra nada
Levado pela imensa correnteza,
E tendo na verdade em vã beleza
A sorte muitas vezes desejada
Descansa-se o luar sobre a calçada
Derramas sob a luz tanta leveza,
Disfarces de uma fera em franca guerra,
No olhar torpe e medonho se descerra
A dura realidade; pois tu és
Aquela a quem me dei sem perceber
Atando com devasso e vão prazer
Correntes e grilhões junto aos meus pés...
MARCOS LOURES
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