segunda-feira, 20 de agosto de 2012

MESMO VENENO

MESMO VENENO

Nas bocas que beijei; mesmo veneno.
Na luz de cada dia, um novo amor.
Nas cordas que se partem, tombo pleno
Amor cortando em faca, sonho e dor.

Sem brilhos, mas tenaz, eu já te aceno.
Prometo tão somente o meu torpor.
Talvez por ser tão manso e tão sereno
Não brotam as sementes, sem calor.

Mesmo assim ao sentir um ato falho
Parece que das bocas que beijei
Alguma poderá ficar comigo.

Sem temperos, faltando sal, sem alho;
Amor que te proponho pede abrigo
Em sonhos tão vazios, temperei...

MARCOS LOURES

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