domingo, 3 de março de 2013

DESLIZES



DESLIZES


O tempo que me resta urgindo traz
Em ênfase a verdade libertária,
Pousando no que fora luminária
E agora se apresenta; um tosco antraz,

O corte se presume e sei mordaz
A bela punhalada necessária,
E a carne já desfeita, escória e pária,
Desnudo do que outrora foi capaz.

E quando de mim mesmo o resto eu sugo,
Qual fora um suicida um vil verdugo,
Arrastando minhas velhas cicatrizes,

Um trôpego passante por atalhos
Deixando sempre à mostra os seus retalhos,
Heranças de mil quedas ou deslizes...

MARCOS LOURES

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