DEFRONTE AO ESPELHO
Magérrima figura que se mostra
Defronte ao velho espelho; quando o miro
Se fechando em si mesma, bebe o tiro
E deixa dos seus erros mera amostra.
Nas crostas que criara a infestação
Das larvas destruindo este tecido,
Condena-se deveras ao olvido,
Ao longe se percebe a podridão.
Escarnecido cão vaga sem dono,
Pudesse ter ao menos um afeto,
Mas quando nos esgotos me completo
Percebo quanto a vida eu abandono
Nesta metamorfose, decomposto,
Aos olhos dos passantes sigo exposto...
MARCOS LOURES
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