JÁ QUE SE RECLAMA DE TANTOS PEDÁGIOS
Betinho, nosso famoso ponta esquerda ibitiramense, era um rapaz
muito simples. Embora fosse muito forte, era de uma comovente
ingenuidade.
Me recordo que, nos idos da década passada, numa inesquecível viagem fomos ao Rio de Janeiro.
Entre
nós, havia um amigo extremamente gozador e, sabendo tanto da
ingenuidade quanto do “pavio curto” do nosso gigantesco herói, resolveu
aprontar algumas com ele.
Capixaba da divisa com Minas no Rio, tem como obsessão ir até o mar, tão longínquo quanto apaixonante.
Ainda mais nas praias cariocas, famosas por suas belezas e pelas belezas suadas que passeiam próximo ao mar.
Betinho
ficou encantado com tanta beleza e, assustado com tamanha quantidade de
pessoas, e com o marzão grande, repetiu aquela famosa frase dos
caipiras que vêm o mar na primeira vez; soltando um gostoso: “Eta marzão
besta, meu Deus”.
Renato, o nosso amigo brincalhão, não perdeu a chance:
“Você tá achando que isso aqui tudo é de graça?”
Ao que Beto respondeu: “E não é não?”
“Claro que não, tem que pagar para entrar na água.”
“Uai, onde a gente paga?”
“Você quer entrar na água?”
“Claro, quero saber se ela é salgada mesmo sô!”
Apontando
para o Posto de Salvamento, senão me engano o Posto 5, lá na
Copacabana, princesinha do mar, Renato foi incisivo: “É lá que se vende o
Ingresso”.
Não deu outra; Betinho, sem pestanejar se dirigiu ao
Posto e, perguntando ao Salva Vida onde compraria o ingresso para
entrar, e quanto custava, diante da gargalhada deste, saiu indignado:
“Depois
esse pessoal reclama, a gente quer ser honesto e o pessoal nem aí, vou
ser obrigado a dar um “tombo” (calote na gíria da nossa região) e entrar
sem pagar...”
E, bebendo muita água, tomou seu primeiro caldo em águas salgadas...
MARCOS LOURES
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