Rude canalha
Tua presença em si, rude canalha,
Espelha o quanto na alma inda carrego,
E mesmo sendo o tempo tosco e cego,
A luta pouco a pouco em vão se espalha,
Rechaço cada abraço, uma batalha.
E o fim em precipício ora não nego,
Diverso do que pude quando entrego
A morte sem desculpas já se atalha,
Retalhos do que um dia imaginamos
Prenunciando o fim que desenhamos
Na rota sensação do ser espúrio,
O tétrico caminho percorrido,
O mundo noutro manto destruído,
Meu sonho, com certeza, enfim, torture-o.
Loures
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