domingo, 18 de abril de 2010

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30101

E morre enquanto tudo ainda se mostrasse
Num cenário gentil embora tão falsário
O amor que tanto quis pensara necessário
Aos poucos me mostrou a verdadeira face
E sendo tão cruel gerando um duro impasse
A cada novo não, eu sinto temerário
E tanto poderia além de torpe e vário
Mudar o dia a dia enquanto o nada grasse.
Resíduo desta senda envolta por mistérios
Não sendo tão comum no amor se ver critérios
Império derrotado a morte se aproxima
E tudo o que se quer ainda é ter certeza
Do quanto em violência atroz a correnteza
E tento mesmo quando a fúria não redima
Nem mesmo me traria a luz de um túnel brusco.
Ao ver o meu final, uma esperança eu busco...



30102

Pelo menos soubesse aonde se escondeu
A estrela que pensara em noite tão escura
Trouxesse lenitivo e tudo se perdura
Gerado tão somente assim em torpe breu.
O corte que se vê; terror já conheceu
A sorte desairosa, a voz que se amargura
Ausente há tanto tempo a glória da ternura
A porta se emperrando, a chave se esqueceu.
E assim a fechadura, a maçaneta, o risco
O peso do viver e nele não arrisco
Somente a mesma queda há tanto repetida,
Degrau após degrau; degrada-se esperança
E quando ao nada além a voz torpe se lança.
Há quanto já perdi razões para esta vida...

30103


Talvez inda restasse alguma luz, quem dera...
O mundo não se vê além do próprio espelho
E quando noutro tanto às vezes me aconselho
Apenas o vazio eu sei que ainda espera.
Sonhara com castelo aonde hoje tapera
O peso do passado envergando o joelho,
O risco de viver, o olhar hoje vermelho,
Quem pode acreditar esquece-se da fera
E quando recriasse o canto noutro tom,
Não tendo para tal sequer caminho e dom,
Errôneo traço exposto ainda não traduz
Hermético delírio esgota o que se fez
E tanto poderia; espúria insensatez
E nela o que se vê recende à morte e pus.


30104


Um verso que não fosse apenas realista
Um sonho que talvez gerasse amanhecer.
Se tanto inda pudesse ausente apodrecer
De uma alma onde se vê o fim que não desista
E toma a cada corte e doma a mão do artista
Não sei se ainda cabe um resto de prazer
Embora inda resista em luta um frágil ser,
Não posso na verdade enfim ser otimista.
Esgota-se o caminho e não se vê mais nada
Sequer alguma luz, ou mesmo algum lampejo,
Assim sendo quem sabe o tétrico desejo
De ter noutro momento a vida em nova alçada.
Caçando assim o quanto um dia fora além
O sonho pelo sonho, apenas o que vem...


30105


Quem dera timoneiro enfrentando tempestas,
Quem dera ancoradouro aonde vi o nada.
História que conheço e sei tão mal contada
E nela luzes vis amargas e funestas
Enquanto ao tanto sonho ainda em vão tu gestas
Momento que se possa em nova madrugada
Pensar noutra manhã quem sabe ensolarada,
Mas nem sequer um raio adentra então as frestas.
Arisca fantasia, a realidade nega
Caminho sem destino, uma alma tola e cega
Percorre o que pensara em senda maviosa,
Porém a vida chega e nega cada passo,
O quanto do sonhar em trevas sempre traço,
Quem dera jardineiro? Este jardim sem rosa...

30106

Vestido de ilusão caminhara contra
As ondas mais cruéis envoltas em mil sombras
E quanto mais me vês deveras mais assombras
Enquanto o caminho a sorte desencontra
E tendo esta certeza imersa no meu ser
Percebo a derrocada em cada passo dado,
E tudo o que pensara expressa o duro enfado
Aonde mergulhara imenso desprazer.
O risco de sonhar traz sempre o desafio
E não mereço além do pouco que inda trago,
A morte com sorriso expondo o seu afago,
E nela entranho o medo, e mesmo se desfio
Os erros mais comuns aonde me perdi,
Vestígios do que fui encontro ainda em ti.


30107


Imagem refletida em tons diversos, grises,
A carga do viver, os feixes mais pesados,
Os dias que sonhei, agora desvendados
Não deixam que se veja além das várias crises,
Os tempos que passei bem sei tão infelizes
E deles nada trago a não ser os enfados,
Risível caminheiro em busca dos passados,
E quando mais preciso, eu sinto que desdizes.
Um trágico pendor, a morte trama o luto
E quantas vezes teimo e mesmo até reluto
Mas sei que no final, derrota se aproxima
E vendo o verso amargo aonde poderia
Dizer do quanto em mim é viva a fantasia,
Porém do quanto pude estúpida agonia...


30108


Se rindo enquanto tento ao menos disfarçar
Escapo vez em quando embora na verdade
A vida não trará sequer a realidade
E tendo mais distante ainda a luz solar,
O rito se percebe e nele ao me mostrar
Gerando o que pensei além do que me agrade
A senda se traçando aquém da liberdade
Não pude e nem consigo em paz, mais navegar,
Esgares são comuns, e neles me percebo,
Ateu por quanto pude em Cristo sempre crer
Na vida após a vida, alento e até prazer
E desta fantasia ou mito ou rito eu bebo
Retorno ao mesmo chão de onde não poderia
Fugir, pois nele a morte relata uma alegria.


30109


Virás sempre comigo, uma esperança atroz
E tanto se fizesse ainda apresentável
O solo que pensei há tempos mais arável
Enquanto ninguém ouve ao menos minha voz,
Assim ao perceber mais forte nossos nós
O quando poderia eu sei mesmo intratável
Riscar em poesia o mundo imaginável,
Mas sei o quanto espero um novo logo após.
Ao perecer um dia aguardo o nascimento,
E neste eternizar decerto o meu alento,
O vento renovado, a sorte se mostrando
No quanto posso crer e ter esta mensagem
Que possa transformar em bela esta viagem
Invés do quanto vês, apenas ar nefando...


30110


Constelações em farpa e fúria desenhadas
Estrelas do que foste e nada mais restara,
A noite sem a lua eu sei já não é clara,
Assim como sem sol, são turvas as estradas.
Entradas, risos, gozo, as horas desoladas,
A solidão se ancora e torna a senda amara,
E quanto poderia a cicatriz; a escara
Tomando cada pele e nela desenhadas
As marcas deste sonho atroz, porém sensato,
O quanto do que posso e jamais arrebato
Não diz da realidade e nega qualquer luz,
A morte se aproxima e dita o seu legado,
O mundo que ora vivo é sombra do passado,
Que tanto me fascina e mesmo me conduz...


30111

Na chaga por herança imagem do que outrora
A vida me trouxera em cenas mais doridas.
E quando se percebe ausência de saídas
Apenas o vazio ainda toma e ancora
O medo do sonhar, angústia que devora
Os cortes mais sutis, as horas, despedidas,
Não vejo mais por que ainda atroz acidas
Se tudo o quanto resta é saber ir embora.
Não posso contra a força e nem mesmo resisto
O quanto acreditei na face de Mefisto
Um Fausto se iludindo, uma alma sem valia
A morte pode ser talvez a solução
Saber que nunca mais em mim qualquer verão...
Mas toda a realidade em palidez porfia...

30112


Cada erro cometido impede a caminhada
E tendo esta certeza embora mais fugaz
O quanto deste olhar já não traduza a paz
Somente em mim resiste a dor do não ser nada,
Alçando alguma estrela espúria e desolada
Mereço o funeral em vida que se faz
No quarto de dormir, na face mais mordaz
Daquela que me beija e vejo destroçada
A história sem porvir, o vândalo sonhar,
Abarco enganos, sigo invés de mansidão
Tomando cada verso a dor da negação,
Pudesse ter nas mãos, o grão, jardim, pomar...
Esboço de um passado imerso em tais mentiras
E os restos do que fui, aos poucos vens e tiras...


30113

Vencido por fantasma envolto em sombras tantas
Não pude conceber um dia mais tranqüilo
E quando a podridão desta alma hoje desfilo
Ao mesmo tempo ris enquanto desencantas.
Nefasta vida feita em árduas lutas, quantas
Pudera imaginar e quando em dor destilo
Meu verso mais atroz não sendo mero estilo,
Verdade traduzida e assim tu me quebrantas.
Resisto vez em quando e tento até sorrir,
Mas nada me restando, a morte, um elixir
Que possa redimir quem tanto se fez mau,
O barco sem destino, o cais bem sei ausente,
Naufrágio em solidão é tudo o que pressente,
Na turbulenta rota, a frágil, torpe nau.


30114


A cada gargalhada em ironias feita
O medo se apresenta e mostra a realidade
Não tendo um só momento ainda que me agrade
Como será a vida estúpida e desfeita
Jazigo da esperança uma alma quando deita
Vencida pelo nada exposta à velha grade
Sem ter qualquer caminho encontra a tempestade
E nela sem saber o quanto se deleita.
Rejeito então um porto e mostro a minha face
Medonha e se nefanda é tudo o que inda trago,
Ainda poderia ao menos num afago,
Mas quando a vida chega e o fim aos poucos trace
A gargalhada traz somente uma ira imensa,
E nela a fera quieta em fúria amarga pensa...

30115


Por já não ter nenhum momento em paz e luz
Eu busco nesta treva a força que talvez
Pudesse serenar o quanto se desfez
Do amor que nunca tive e jamais reproduz
Cenário benfazejo, agora exposto em pus
E tudo se transforma ausente lucidez
Mesquinho fato aonde o mundo que tu vês
Transcende à fantasia e quando em vão me opus.
Na lâmina afiada, a ponta do punhal,
A morte se aproxima e vejo em triunfal
Momento este cenário arranhando o meu verso.
E quando me transformo em trevas, nada mais,
Encontro finalmente aí o porto e o cais,
No olhar de quem odeio o riso mais perverso.


30116


Sem sequer um jardim aonde cultivasse
A rosa mais bonita imersa entre as daninhas
Palavras que são tuas pudessem ser as minhas
A vida não mostrando além da mesma face
E dela se criando o quanto não se trace
Mudando vez em quando assim as toscas linhas
E tanto procurei, mas já não mais alinhas
E neste nada ou pouco o que me resta? Impasse.
Passível de mudança o rumo de quem sonha
Portanto se faria ainda que bisonha
Verdade não contesto e sigo contra a fúria
Sem mesmo imaginar lacrimejo ou lamúria
Sabendo que no fim já não me importaria
Sentir a força imensa, intensa das marés
E sendo tanto assim bem mais do que tu és
A noite talvez dite ao fim uma alegria...


30117

Rastejo sob os sóis aonde tu cevaste
Canteiros que sutis não deixam qualquer flor
Gerada pela angústia ausente beija-flor
Condena-se afinal somente ao seu desgaste.
Resisto contra a força e sei que este contraste
Produz este vazio e nele sem me opor
Vencido pela fúria imensa, o sonhador
Já não concebe mais ao menos qualquer haste
Mortalha do passado ainda cabe e bem,
O tanto que sonhei e sei que não convém
Resiste à realidade e dita em tom feroz
A morte a cada passo, espúrio caminheiro
Não tendo sob o olhar ao menos o ponteiro
A bússola sem norte o que me resta? Atroz...

30118


É fugaz nesta ausência a luz que ainda brilha,
E tendo com certeza um passo mais audaz,
O tanto que podia a vida já não traz
E sigo sem saber da estúpida armadilha,
Uma alma quando insana à toa e em vão palmilha
Buscando o que seria ao menos mansa paz,
E leda caminheira enquanto o nada traz
Esgueira-se na sombra e tonta ainda trilha
Percorro o meu caminho envolto no passado,
Morrer seria benção. Mas nada se transforma
Somente o vento frio e a imensidão da noite,
Saudade desfilando assim em frio açoite
Estúpido poeta, aos poucos se conforma...


30119


Só por não ser quem fora outrora quando vivo
Não resta mais de mim resquício que inda conte,
E não sabendo mais se resta um horizonte
O olhar que um dia tive, às vezes mais altivo
Expressa a realidade aonde sobrevivo,
Tentando sem sucesso ao menos uma ponte
E nela novo rumo, embora não se aponte
Senão as ilusões; e delas, eu me privo.
Resistiria sim pudesse acreditar
Na noite em calmaria ou lua sempre cheia,
Porém a solidão, terrível me incendeia
Negando cada sonho e trama o pesadelo,
Meu passo se perdendo em fútil caminhada
Do quanto que pensei; restando o mesmo nada
E mesmo assim feliz apenas por sabê-lo.


30120


Do vago que inda resta a quem se imaginara
Além do nada ser um pouco mais ou menos,
Os dias não serão decerto mais amenos
Nem mesmo a lua em fúria expressa noite clara,
O vândalo sonhar adentra esta seara
As horas que perdi, envoltas nos serenos
Os cortes tão venais e deles os venenos,
A morte em pleno sol, aos poucos se declara
Carcaça do passado ainda aqui comigo,
A vida não concebe o sonho que persigo,
E tendo tanta dor não posso mais, brumoso
Vencer o temporal que ainda trago em mim,
Sentindo amortalhado o quanto resta enfim
E incrível que pareça, há nisto um raro gozo...


30122


Morrendo sem qualquer caminha que permita
A sorte benfazeja ainda que fugaz
De quem se percebera e nisto se compraz
De ter após a luta a morte por desdita,

Não pude ter no olhar sequer bela pepita
E quando se pensara ausente a doce paz,
O peso do passado enquanto ainda traz
A porta semi-aberta e nela se acredita

Vencendo o que se fez em torpe fantasia
A cargo da vitória a morte não procede,
E quando a solidão ainda me concede

Um pouco de esperança imersa em agonia
O vento me tomando invade cada cena
E tudo o que se fez ainda não serena.

30123

A despedida nega a chance de outra senda
E assim ao desnudar a face mais atroz
O pendular caminho escuta qualquer voz
E dela não se crê nem mesmo no que atenda
Vontade de quem sonha e quando sob a venda
O parto não se faz e tanto algum algoz
Pudesse traduzir o que inda resta em nós
Deixando a realidade e nela gera a lenda.
O passo rumo ao quanto ou quando mostra a face
Desnuda da verdade ainda que mordaz
Resulta no vazio enquanto assim se faz
O poço em que mergulho e nele já se trace
O cândido caminho ou mesmo mais tranqüilo
E quando em temporais, teimando em vão desfilo...

30123


O corte do arvoredo aonde houvera sombra
O prado destruído, a senda inabitável
O solo degradado um dia fora arável
Verdade e estupidez, enquanto toma e assombra,
Negando algum conforto, ausência de uma alfombra
E assim se mostra o não e nele se impecável
Caminho produzido agora não amável
Nem mesmo as ilusões, o caminhar alfombra
E quando em solo agreste a morte se porfia
Ultrizes temporais matando o que se quis
Terríveis noites vejo e nada de amanhã
A sorte traduzindo o que se fez tão vã
O peso do viver, imensa cicatriz
Que a cada amanhecer expõe a cicatriz.


30124


Daquele vendaval aonde poderia
Vencer o meu engano imerso no passado
E tanto o meu caminho em novo desenhado
Gerindo após o medo, histérica alegria.
Resisto ao que pudesse ainda me trazer
Depois de tanta chuva amena claridade
E quanto mais a dor aos poucos me degrade
O peso da esperança arrasta espúrio ser.
Jogado nalgum canto, esboço reações
E quando a realidade ainda vens e expões
Transcendo ao nada enquanto ainda quis o sonho
Figura tão nefasta em ar torpe e medonho.


30125


Granizo com nevasca, inverno dentro em mim,
Incerto caminhar um passo quase ateu,
A crença que sustenta há tempos se perdeu
A morte me açodando estorvo dita o fim.
Sabedoria humana? É mera caricata
A face da verdade já nada mais retrata,
O peso acumulado, o risco sem juízo
A servidão humana, a fúria em trevas dita
Imagem que eu criara às vezes tão bonita
Deixando como herança o imenso prejuízo
Do verme que surgi ao verme num banquete
O ciclo se cumprindo e a mítica rejeite.

30126

Nada mais teria enquanto porfiasse
Lutando contra a força imensa das marés
E tendo esta corrente atada aos nossos pés
A vida se resume em tola e tosca face
Vivendo tão somente envolto neste impasse
Jamais traduziria o quanto não mais és
E o peso do passado atado quais galés
Enquanto novo dia ainda não se trace
Vazios que inda trago expressam a mortalha
O coração audaz porquanto dita a luta
A cada caminhar encontra a fúria bruta
E mesmo contra tudo inerte já batalha
E o pendular caminho entoa a liberdade
Legando ao sofrimento um ar de falsidade.


30127


O rosto tão espúrio aonde se percebe
Razão para lutar ou mesmo ainda crer
No quadro desenhado em total desprazer
E assim ao penetrar dos sonhos a alma plebe
Não vê e nem podia o vento que recebe
Singrando a tempestade aonde pude ver
Retrato do que fui e invisto no não ser
O que talvez traduza a mansidão da sebe
Embora tão voraz o medo que me assola
O corte traz o medo e nele a salvação
Ainda que eu pudesse imerso em tal verão
Perdendo o quanto fora ainda imensa cola
E tanto não conheço o fim da dura estada
Por tantas vezes em raios desolada.


30128


De uma amizade opaca estúpido caminho
Aonde muita vez pensara calmante
Por tanto que a verdade enquanto enfim se ausente
Destrua qualquer sonho e assim sigo sozinho
Do medo que se vê apenas adivinho
O fim em solilóquio e nada se apresente
Tomando este cenário aonde se pressente
A morte emoldurando avinagrando o vinho.
Lutando contra a força ainda que mais fraco
O quanto se perdera aonde não atraco
Navego em mar sombrio, ausente algum timão
E tudo não passando ao menos de ilusão
A morte me redime e traça eternidade
Quem sabe ali terei paz e tranqüilidade?

30129


Estúpido este rosto exposto aos mais doridos
Momentos em que a sorte ainda poderia
Gerar alguma luz em pleno e claro dia
Assim os meus sinais jamais são percebidos;
Mortalha do que fui, outrora em tais olvidos
Renascem pouco a pouco e gestam fantasia
Ocaso diz do ocaso, acaso se faria
Um novo amanhecer e neles vejo urgidos
As telas que pretendo em luzes mais diversas
Enquanto sobre o medo eu sinto que tu versas
Risível caminheiro envolto pelas brumas
E tanto se fez farsa o que pensei real
Ascendo ao nada ser degrau após degrau
Enquanto mais distante eu sinto que te esfumas.


29130

De uma amizade opaca as cinzas persistindo
E nada do que trago ainda poderia
Trazer a claridade em novo e belo dia
O quanto se perdeu em rito amargo infindo
Não deixa qualquer sombra e quando me deslindo
Decifro o que não sou e nem pudera ser,
A morte se transforma e deixa amanhecer
Embora te pareça um momento mais lindo
Envolta no vazio, eu sempre posso ver
Resquícios do que fui e tanto me atormenta
A voz mais dolorida expressão do vazio
E quanto mais cismando enfrento o desafio
Sem ter sequer a luz e assim segue sedenta
Na busca de uma fonte aonde eu possa enfim
Traçar o muito pouco ainda vivo em mim...

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