sábado, 10 de abril de 2010
HOMENAGEM A BERTOLD BRECHT
1
“quando tu lutas um dia”
Com certeza és muito bom
E a verdade dita o tom
Que deveras não se adia
Pois quem com amor porfia
Deste tanto faz seu dom,
Ecoando ao longe o som
Deste brado que se erguia
E mudando a direção
Do caminho tanta vez
Percebendo em que tu crês
Novos tempos poderão
Renascer no quanto agora
Sofrimento em vão decora.
2
“quando tu lutas um ano”
Sem descanso na batalha
Tanta sorte já se espalha
Superando imenso dano
No teu canto sem engano
Vejo firme a cordoalha
E deveras sorte atalha
Procurando um belo plano,
Dos melhores, pois tu és
Sem correntes nos teus pés
Libertário sonhador
Ao viver a plenitude
Aplaudindo esta atitude
O meu canto de louvor.
3
“anos tantos nesta luta”
Percebendo em ti tal glória
Cada passo uma vitória
Quem deveras não reluta
Vence qualquer força bruta
E não tendo uma vanglória
Ficarás, viva memória
Tua voz longe se escuta,
Não descansa e sempre traz
Nos teus olhos, guerra e paz
A certeza de um futuro
Bem melhor por onde andaste
Do viver a sublime haste
Neste solo amargo e duro.
4
“mas na luta de uma vida”
Imprescindível caminho
E nos sonhos se me aninho
Não encontro despedida
Esperança sendo urdida
Nos teus braços, raro ninho
Mesmo que sigas sozinho
Encontrando uma saída
Que permita às multidões
O desejo que ora expões
No teu belo dia a dia,
Sendo eterno comandante
O teu passo deslumbrante
Para o sempre, pois nos guia.
Postado por VALMAR LOUMANN às 13:53 0 comentários
29344/45/46/47
29344
“quando tu lutas um dia”
Com certeza és muito bom
E a verdade dita o tom
Que deveras não se adia
Pois quem com amor porfia
Deste tanto faz seu dom,
Ecoando ao longe o som
Deste brado que se erguia
E mudando a direção
Do caminho tanta vez
Percebendo em que tu crês
Novos tempos poderão
Renascer no quanto agora
Sofrimento em vão decora.
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“quando tu lutas um ano”
Sem descanso na batalha
Tanta sorte já se espalha
Superando imenso dano
No teu canto sem engano
Vejo firme a cordoalha
E deveras sorte atalha
Procurando um belo plano,
Dos melhores, pois tu és
Sem correntes nos teus pés
Libertário sonhador
Ao viver a plenitude
Aplaudindo esta atitude
O meu canto de louvor.
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“anos tantos nesta luta”
Percebendo em ti tal glória
Cada passo uma vitória
Quem deveras não reluta
Vence qualquer força bruta
E não tendo uma vanglória
Ficarás, viva memória
Tua voz longe se escuta,
Não descansa e sempre traz
Nos teus olhos, guerra e paz
A certeza de um futuro
Bem melhor por onde andaste
Do viver a sublime haste
Neste solo amargo e duro.
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“mas na luta de uma vida”
Imprescindível caminho
E nos sonhos se me aninho
Não encontro despedida
Esperança sendo urdida
Nos teus braços, raro ninho
Mesmo que sigas sozinho
Encontrando uma saída
Que permita às multidões
O desejo que ora expões
No teu belo dia a dia,
Sendo eterno comandante
O teu passo deslumbrante
Para o sempre, pois nos guia.
Postado por VALMAR LOUMANN às 13:52 0 comentários
HOMENAGEM A SÁ DE MIRANDA
QUEM AOS OLHOS DAR-ME-Á UMA VERTENTE
Quem aos olhos dar-me-á uma vertente
de lágrimas, que manem noite e dia?
Ao menos a alma, enfim, respiraria,
chorando, ora o passado, ora o presente.
Quem me dará, longe de toda gente,
suspiros, que me valham na agonia
já longa, que o afã tanto encobria?
Sucedeu-me depois tanto acidente!
Quem me dará palavras com que iguale
tanto agravo que amor já me tem feito,
pois que tão pouco o sofrimento vale?
Ah! quem ao meio me abra este meu peito,
onde jaz tanto mal, por que se exale
tamanha coita minha e meu despeito?
1
“tamanha coita minha e meu despeito?”
Gerando o dissabor que agora enfrento
E quando se percebe o sentimento
Diverso do que trago insatisfeito
Assisto tão somente a derrocada
De quem não poderia ter a sorte
Que tantas vezes dita o rumo, o norte
Deixando para trás a longa estrada
Perfilam-se deveras os meus sonhos
Em frágeis caminhadas pela vida
O quanto poderia e a despedida
Transforma em ritos trágicos, medonhos
Quimera se esboçando a cada verso
O encanto que eu sonhara, hoje é disperso.
2
“onde jaz tanto mal, por que se exale”
Apenas o vazio em tom feroz
E nada que se trame em firmes nós
Ainda quando a vida nada fale
E tento vislumbrar outro momento
Senzalas do passado redivivas
As mortes entre estranhas sempre-vivas
As dores que em meus versos acalento
Negando a florescência em duro inverno
Rescende tão somente à podridão
Quisera ter a glória de um verão
Mas quando nos meus erros eu me interno
Pereço um pouco mais a cada engodo
E adentro tão terrível, podre lodo...
3
“Ah! quem ao meio me abra este meu peito,”
Expondo o que se fez em dor e pranto
Aonde se pudesse sem quebranto
O mundo noutra senda satisfeito,
Degrada-se a verdade em falso guizo
Medonha realidade dita cena
E quando a morte em vida me envenena
Distante do que penso um paraíso
Agonizando em trevas nada mais
Existo por talvez inda sentir
A fúria do passado a se bramir
Gerando tempestades, vendavais.
E sendo assim nefasto este abandono
Somente da mortalha hoje me adono...
4
“pois que tão pouco o sofrimento vale”
A quem procura apenas redenção
Aonde novos dias mostrarão
A sorte da montanha ao fundo vale
E tendo esta certeza dentro da alma
Mesquinharias deixo no passado
Mergulho sem temor sequer enfado
E o canto em harmonia já me acalma
Pudesse em vós sentir o mesmo encanto
Talvez já não sentisse o dissabor
Que tanto se mostrara ao indispor
O rumo noutro tanto em vil quebranto
Não quero mais calar esta esperança
Aonde o coração adentra a avança...
5
“tanto agravo que amor já me tem feito,”
Moldando em sofrimento o dia a dia
Enquanto a solidão cruel me guia
O encanto se mostrando noutro leito
Ventura que jamais eu poderei
Reconhecer imerso na tempesta
Vivendo tão somente o que me resta
Sabendo invariável dura lei
Na qual em vós talvez tivesse enfim
A redenção sobeja e desejada
Ao menos poderia noutra estrada
Saber que inda é possível num jardim
Distante de meus olhos novo enredo
E a tanta glória em sonhos me concedo...
6
“Quem me dará palavras com que iguale”
O encanto com a luta dia a dia
E nada que inda vê quem fantasia
O mundo num diverso tom exale
Perfume de um canteiro em que minha alma
Traduz esta esperança do poder
Viver a sorte imerso em tal prazer
E dele esta certeza aonde acalma
Diverso temporal que ainda acolho
Resisto bravamente e não me engano
O amor sem ter amor morre profano,
Vagando na incerteza em vil restolho
Aposso-me dos sonhos do passado
E creio ter na vida um novo fado.
7
“Sucedeu-me depois tanto acidente”
Na tosca caminhada vida afora
Quem sabe novo dia inda se aflora
Deixando no passado o imprevidente
Caminho feito em treva tão medonha
Risível declinar assim a voz
E nela se tecendo o nada ser
Deveras demonstrando o desprazer
Aonde se mostrara em tom feroz
O desencanto feito em tempestade
Gerando a mesquinhez que me acompanha
A sorte se mostrando noutra sanha
O medo tão somente ora me invade
Gestando dentro em mim a solidão
Matando o que restara de um verão...
8
“já longa, que o afã tanto encobria”
A sorte desairosa de quem tanto
Vivera a insanidade de um quebranto
Na noite em dores feita amarga e fria
Vagando pela insânia do passado
Apenas decifrando o desprazer
Ainda se mergulha no meu ser
E dele nada tenho vislumbrado
Somente este vazio em que se vê
A morte a cada tempo noutro tempo
Coleto a cada passo o contratempo
E tendo a realidade sem por que
O medo acondiciona o meu caminho
E nele me percebo mais sozinho.
9
“suspiros, que me valham na agonia”
O medo tresloucando cada passo
Aonde o nada absoluto ainda traço
Enquanto a dor profana me porfia
Vencido pela angústia e nela sinto
O quanto poderia, mas não trago
Ainda se tentando algum afago,
Mas quando vejo o sonho agora extinto
Quimera dominando a minha vida
E dela não percebo solução
Medonho cada passo e nele o não
A cada novo tempo mais se acida
Mesquinho caminhar em tanto escuro
Deveras do que ainda em vão procuro...
10
“Quem me dará, longe de toda gente,”
Caminho mais atroz em dores fartas
Jogando sobre a mesa velhas cartas
Do amor que tanto quis e não se sente
Sequer qualquer alento nem encanto
E assim ao derramar sincero pranto
O medo transformando em indigente
Quem noutro tempo fora mais feliz
E agora se mostrando em tom sombrio
Se vez em quando ainda desafio
O mundo que deveras nunca quis
Assisto ao meu final e da platéia
A sorte não presume outro caminho
Na ausência de calor sigo sozinho
E quando me percebo, tola idéia
A vida noutra vida, quem me dera
Teria sob os olhos, primavera...
11
“chorando, ora o passado, ora o presente”
O mundo não permite que se creia
Na vida em festa e quanto mais alheia
Mundana realidade se apresente
Roubando toda a cena num momento
Atores entre palcos mais diversos
Assim ao se tentar com poucos versos
Falar do quanto em fúria me atormento
Negando algum caminho sigo em dores
E dela poderia ressurgir
Moldando desde agora outro porvir
Sabendo dos canteiros, beija-flores
E todo o meu tormento poderia
Viver quem sabe, as sortes da alegria...
12
“Ao menos a alma, enfim, respiraria,”
Depois de tanta luta (inútil luta)
E quando a fantasia inda reluta
A sorte noutro tanto em agonia
Nefasta face eu vejo do passado
Vestindo a fantasia do futuro
E quanto mais o solo se faz duro
O corte a cada dia aprofundado.
Medonha caricata, a desventura
Jogando o meu caminho em espinheiros
Momentos de alegria? Traiçoeiros.
A morta pouco a pouco se afigura
Deixando o sentimento em polvorosa
Destroça este canteiro e nega a rosa...
13
“de lágrimas, que manem noite e dia”
Incontrolavelmente me perdendo
Aonde se pensara em estupendo
Caminho a realidade e a fantasia
Misturam com terrores e deveras
Sabendo desde sempre o que já traz
A mão terrivelmente mais mordaz
Expondo a cada passo novas feras
E delas não consigo me livrar
Tampouco poderia ter a sorte
De ter quem realmente me conforte
Gerando finalmente algum luar
Aonde tanta treva rege e doma,
A vida se desmancha em vil redoma...
14
“Quem aos olhos dar-me-á uma vertente”
Se tanto ao preparar novo cenário
O amor que se mostrara incendiário
Ao mesmo tempo morre, este indigente
Vagasse por estrelas poderia
Singra tais constelares noites belas
E quando em desencanto não revelas
As ânsias de uma torpe fantasia
Acende-se no peito em um momento
A inútil ardentia da esperança
E quanto mais a vida toma e avança
Maior, tenho comigo, o sofrimento.
O dia poderia ser diverso
Negando do poeta cada verso...
Postado por VALMAR LOUMANN às 13:25 0 comentários
29337/38/39/40/41/42/43
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“já longa, que o afã tanto encobria”
A sorte desairosa de quem tanto
Vivera a insanidade de um quebranto
Na noite em dores feita amarga e fria
Vagando pela insânia do passado
Apenas decifrando o desprazer
Ainda se mergulha no meu ser
E dele nada tenho vislumbrado
Somente este vazio em que se vê
A morte a cada tempo noutro tempo
Coleto a cada passo o contratempo
E tendo a realidade sem por que
O medo acondiciona o meu caminho
E nele me percebo mais sozinho.
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“suspiros, que me valham na agonia”
O medo tresloucando cada passo
Aonde o nada absoluto ainda traço
Enquanto a dor profana me porfia
Vencido pela angústia e nela sinto
O quanto poderia, mas não trago
Ainda se tentando algum afago,
Mas quando vejo o sonho agora extinto
Quimera dominando a minha vida
E dela não percebo solução
Medonho cada passo e nele o não
A cada novo tempo mais se acida
Mesquinho caminhar em tanto escuro
Deveras do que ainda em vão procuro...
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“Quem me dará, longe de toda gente,”
Caminho mais atroz em dores fartas
Jogando sobre a mesa velhas cartas
Do amor que tanto quis e não se sente
Sequer qualquer alento nem encanto
E assim ao derramar sincero pranto
O medo transformando em indigente
Quem noutro tempo fora mais feliz
E agora se mostrando em tom sombrio
Se vez em quando ainda desafio
O mundo que deveras nunca quis
Assisto ao meu final e da platéia
A sorte não presume outro caminho
Na ausência de calor sigo sozinho
E quando me percebo, tola idéia
A vida noutra vida, quem me dera
Teria sob os olhos, primavera...
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“chorando, ora o passado, ora o presente”
O mundo não permite que se creia
Na vida em festa e quanto mais alheia
Mundana realidade se apresente
Roubando toda a cena num momento
Atores entre palcos mais diversos
Assim ao se tentar com poucos versos
Falar do quanto em fúria me atormento
Negando algum caminho sigo em dores
E dela poderia ressurgir
Moldando desde agora outro porvir
Sabendo dos canteiros, beija-flores
E todo o meu tormento poderia
Viver quem sabe, as sortes da alegria...
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“Ao menos a alma, enfim, respiraria,”
Depois de tanta luta (inútil luta)
E quando a fantasia inda reluta
A sorte noutro tanto em agonia
Nefasta face eu vejo do passado
Vestindo a fantasia do futuro
E quanto mais o solo se faz duro
O corte a cada dia aprofundado.
Medonha caricata, a desventura
Jogando o meu caminho em espinheiros
Momentos de alegria? Traiçoeiros.
A morta pouco a pouco se afigura
Deixando o sentimento em polvorosa
Destroça este canteiro e nega a rosa...
29342
“de lágrimas, que manem noite e dia”
Incontrolavelmente me perdendo
Aonde se pensara em estupendo
Caminho a realidade e a fantasia
Misturam com terrores e deveras
Sabendo desde sempre o que já traz
A mão terrivelmente mais mordaz
Expondo a cada passo novas feras
E delas não consigo me livrar
Tampouco poderia ter a sorte
De ter quem realmente me conforte
Gerando finalmente algum luar
Aonde tanta treva rege e doma,
A vida se desmancha em vil redoma...
29343
“Quem aos olhos dar-me-á uma vertente”
Se tanto ao preparar novo cenário
O amor que se mostrara incendiário
Ao mesmo tempo morre, este indigente
Vagasse por estrelas poderia
Singra tais constelares noites belas
E quando em desencanto não revelas
As ânsias de uma torpe fantasia
Acende-se no peito em um momento
A inútil ardentia da esperança
E quanto mais a vida toma e avança
Maior, tenho comigo, o sofrimento.
O dia poderia ser diverso
Negando do poeta cada verso...
Postado por VALMAR LOUMANN às 13:23 0 comentários
29330/31/32/33/34/35/36
29330
“tamanha coita minha e meu despeito?”
Gerando o dissabor que agora enfrento
E quando se percebe o sentimento
Diverso do que trago insatisfeito
Assisto tão somente a derrocada
De quem não poderia ter a sorte
Que tantas vezes dita o rumo, o norte
Deixando para trás a longa estrada
Perfilam-se deveras os meus sonhos
Em frágeis caminhadas pela vida
O quanto poderia e a despedida
Transforma em ritos trágicos, medonhos
Quimera se esboçando a cada verso
O encanto que eu sonhara, hoje é disperso.
29331
“onde jaz tanto mal, por que se exale”
Apenas o vazio em tom feroz
E nada que se trame em firmes nós
Ainda quando a vida nada fale
E tento vislumbrar outro momento
Senzalas do passado redivivas
As mortes entre estranhas sempre-vivas
As dores que em meus versos acalento
Negando a florescência em duro inverno
Rescende tão somente à podridão
Quisera ter a glória de um verão
Mas quando nos meus erros eu me interno
Pereço um pouco mais a cada engodo
E adentro tão terrível, podre lodo...
29332
“Ah! quem ao meio me abra este meu peito,”
Expondo o que se fez em dor e pranto
Aonde se pudesse sem quebranto
O mundo noutra senda satisfeito,
Degrada-se a verdade em falso guizo
Medonha realidade dita cena
E quando a morte em vida me envenena
Distante do que penso um paraíso
Agonizando em trevas nada mais
Existo por talvez inda sentir
A fúria do passado a se bramir
Gerando tempestades, vendavais.
E sendo assim nefasto este abandono
Somente da mortalha hoje me adono...
29333
“pois que tão pouco o sofrimento vale”
A quem procura apenas redenção
Aonde novos dias mostrarão
A sorte da montanha ao fundo vale
E tendo esta certeza dentro da alma
Mesquinharias deixo no passado
Mergulho sem temor sequer enfado
E o canto em harmonia já me acalma
Pudesse em vós sentir o mesmo encanto
Talvez já não sentisse o dissabor
Que tanto se mostrara ao indispor
O rumo noutro tanto em vil quebranto
Não quero mais calar esta esperança
Aonde o coração adentra a avança...
29334
“tanto agravo que amor já me tem feito,”
Moldando em sofrimento o dia a dia
Enquanto a solidão cruel me guia
O encanto se mostrando noutro leito
Ventura que jamais eu poderei
Reconhecer imerso na tempesta
Vivendo tão somente o que me resta
Sabendo invariável dura lei
Na qual em vós talvez tivesse enfim
A redenção sobeja e desejada
Ao menos poderia noutra estrada
Saber que inda é possível num jardim
Distante de meus olhos novo enredo
E a tanta glória em sonhos me concedo...
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“Quem me dará palavras com que iguale”
O encanto com a luta dia a dia
E nada que inda vê quem fantasia
O mundo num diverso tom exale
Perfume de um canteiro em que minha alma
Traduz esta esperança do poder
Viver a sorte imerso em tal prazer
E dele esta certeza aonde acalma
Diverso temporal que ainda acolho
Resisto bravamente e não me engano
O amor sem ter amor morre profano,
Vagando na incerteza em vil restolho
Aposso-me dos sonhos do passado
E creio ter na vida um novo fado.
29336
“Sucedeu-me depois tanto acidente”
Na tosca caminhada vida afora
Quem sabe novo dia inda se aflora
Deixando no passado o imprevidente
Caminho feito em treva tão medonha
Risível declinar assim a voz
E nela se tecendo o nada ser
Deveras demonstrando o desprazer
Aonde se mostrara em tom feroz
O desencanto feito em tempestade
Gerando a mesquinhez que me acompanha
A sorte se mostrando noutra sanha
O medo tão somente ora me invade
Gestando dentro em mim a solidão
Matando o que restara de um verão...
Postado por VALMAR LOUMANN às 12:30 0 comentários
HOMENAGEM A JOSÉ BATRES Y MONTÚFAR
Tradução de Solon Borges dos Reis
EU PENSO EM TI
Eu penso em ti, vives em minha mente
Só tu, fixa, sem trégua, a toda hora;
apesar de que o rosto indiferente
não deixa refletir em minha frente
a chama que em silêncio me devora.
Em minha triste e escura fantasia
brilha tua imagem agradável, pura,
como o raio de luz que o sol envia
através de uma abóboda sombria
ao roto mármore de uma sepultura.
Calado, inerte, em estupor profundo,
meu coração se embarga e se enevoa,
e lá em seu centro vibra, moribundo,
quando entre o vão estrépito do mundo
a melodia do teu nome soa.
Sem luta, sem afã e sem lamento,
sem agitar-me em cego frenesi,
sem proferir um só, um leve acento,
horas da noite lentas sem alento...
E penso em ti!
JOSÉ BATRES E MONTÚFAR.
1
“horas da noite lentas sem alento”
Negando qualquer sonho a quem pudesse
Tecer outro momento além da prece
Na qual por tantas vezes me apascento,
Não vejo solução e quem me dera
Saber do dia a dia em luzes feito
Vivendo a cada passo este direito
De poder renascer em primavera
Quem tanto neste inverno se internara
Jogado contra a fúria da maré
O amor por ser assim o que sempre é
Ao mesmo tempo cura e dita a escara
Restando do que fora este retrato
No quadro abandonado em que inda me ato.
2
“sem proferir um só, um leve acento,”
A voz se mostra em brado enorme, imenso
Deveras traduzindo o que ora penso
No sentimento em paz sobejo alento
E tanto poderia crer no fato
Do amor sendo decerto muito além
Do quanto a fantasia ora contém
E nele com certeza eu me retrato
Vencido caminhante dos medonhos
Caminhos entre pedras, farto espinho
Não vejo mais meu mundo em vão, sozinho,
Vivendo desde agora em ti meus sonhos
Não posso me calar nem poderia
Deixar adormecer a fantasia...
3
“sem agitar-me em cego frenesi,”
A vida não teria esta beleza
E quando quero ser e sou a presa
Diversa maravilha percebi
Aonde se pudesse ter a sorte
De ter cada momento em alegria
O encanto que decerto se porfia
No quanto tanto amor sempre comporte
Gestando a cada passo outra certeza
E dela não se vê sequer a sombra
Do todo em fúria, a fera que me assombra
Levando para além qualquer defesa
Assim ao me saber somente teu
Meu mundo te encontrando se perdeu...
4
“Sem luta, sem afã e sem lamento,”
A vida não diria de um amor
E quando vejo assim a se propor
Enquanto tenho a messe me atormento
Nefanda maravilha dita o rumo
E dele não permito qualquer fuga
Tomando a minha face cada ruga
Aos poucos quando em vida já me esfumo
Recebo esta alvorada em voz tardia
E tanto me porfio na esperança
Na qual o derradeiro som se lança
Gerando após a chuva, a fantasia
E dela não me perco nunca mais,
Singrando estes divinos temporais.
5
“a melodia do teu nome soa”
Qual fora a mais superna maravilha
Uma alma se mostrando em rara trilha
Sabendo quanto a vida agora é boa
Não deixa que se torne virulenta
A sorte desdenhada há muito tempo
E quando imaginara um passatempo
A redenção final já se apresenta
Vencido pela força deste encanto
Enfim desconhecendo a tempestade
Nesta beleza tanta que me invade
Deveras com prazer agora eu canto
Amor em flóreo campo desvendado
Quem sabe seja enfim, o meu legado...
6
“quando entre o vão estrépito do mundo”
E o medo contumaz do sonhador
Encontro as fantasias de um amor
Do sonho mais audaz, ora me inundo
E vivo tão somente este segredo
Por ter esta certeza a cada passo,
E quando com ternura agora eu traço
O mundo em que decerto me concedo
Sabendo da alegria feita em luz
De tantas trevas, farto desde quando
A seca meu caminho destroçando
Apenas onde outrora o sonho eu pus
Negando cada fato de outros dias
Agora bebo tantas alegrias...
7
“e lá em seu centro vibra, moribundo,”
O desencanto enquanto não houvera
O renascer em mim da primavera
Transforma novamente todo o mundo
Que antanho se mostrara mais terrível
Agigantando assim o passo enquanto
Vivesse a realidade deste canto
Fazendo cada sonho mais plausível,
Não deixo para trás qualquer pedaço
Do todo em que me dou sem mais temores
Sabendo recolher enfim as flores
O rumo com ternura agora eu traço
Vivendo o que me resta em tal fartura
Na sorte que este amor já me assegura.
8
“meu coração se embarga e se enevoa”
Transido pelo quanto inda pudesse
Talvez ao perceber o que se tece
Na sorte desairosa ou mesmo à toa
Navego como fosse inda possível
Saber de outro momento mais suave
Sem ter qualquer desnível que inda agrave
O quanto se mostrasse mais terrível
Não vendo outro cenário senão este
Não vendo solução, ainda tento
Lutando contra o amargo sentimento
Vivendo cada sonho que me deste,
Quem sabe poderei ser mais feliz,
Tecendo finalmente o amor que eu quis.
9
9
“Calado, inerte, em estupor profundo,”
Não pude desvendar qualquer desejo
E quanto mais audaz o passo, eu vejo
O quanto deste nada é tão imundo
Vergastas sobre mim, dorido açoite
Jamais se poderia crer no todo
Amor se transformando em mofo e lodo
A vida não suporta este pernoite
Vingando cada passo rumo ao nada
Vestindo a caricata solidão
Transforma o sonhador neste bufão
A sorte há tanto tempo desolada
Mortalha que me veste, luto em vida
Estrada em esperança enfim perdida...
10
“ao roto mármore de uma sepultura”
O amor que não se deu em luz serena
Enquanto com terrores me envenena
A sorte a cada passo se amargura
Nefasta sombra apenas, nada mais
E dela não vislumbro mais saída
A morte dominando a minha vida
Exposta aos mais terríveis rituais
Gestando tão somente o duro inverno
Neste infernal caminho que me resta
Deixando para trás o sonho e a festa
O sofrimento agora eu sei eterno,
Jazigo em vida, mundo desolado
O quanto poderia noutro fado...
11
“através de uma abóboda sombria”
A sorte se negara a quem buscou
Durante muito tempo navegou
Sabendo tão constante esta sangria
Negando cada passo rumo ao quanto
Ferrenha noite em tom mais furioso
Do pó ao simples pó, meu majestoso
Caminho demonstrado em desencanto,
Mas nada do que posso inda traduz
A senda que sonhara noutro tempo
Somando cada passo em contratempo
Deixando para trás alguma luz
E sendo assim a sorte destroçada
Transcendo à realidade e dita o nada...
12
“como o raio de luz que o sol envia”
O amor quando em fartura predispõe
Ao quanto me raro brilho se compõe
O que pensara fosse alegoria
Alago-me deveras deste sonho
E quando num mergulha se decifra
A sorte não importa nem a cifra
O mundo se prepara mais risonho...
Não posso acreditar em tais palavras
Sangrenta realidade contra ataca
No olhar de quem amara, fina faca
Adaga com a qual a morte lavras
E desta estupidez o nada vejo,
Nem mesmo da alegria algum lampejo.
13
“brilha tua imagem agradável, pura,”
Memória dita as sendas do futuro?
Não posso acreditar nem asseguro
A vida se transforma e me amargura
Aonde poderia ter a sorte
Deveras nada vejo no final,
A senda tão sonhada magistral
No quanto se pudesse ser suporte
Da vida sem guarida na incerteza
Do dia que jamais amanhecera
O quadro amarelado envelhecera
E quando me percebo, de surpresa
O pantanal gerando o pesadelo,
Como é difícil, Pai, ora vivê-lo!
14
“Em minha triste e escura fantasia”
Ainda se previa qualquer luz,
A sombra do passado em contraluz
Deveras tão somente o nada cria
Audaciosamente imaginara
A senda maviosa em florescência
O tempo se mostrando em evidência
Invés de uma alegria, nova escara
Estranho cada passo rumo ao quanto
Um dia se tentara mais tranqüilo
E quando os pesadelos eu desfilo
Do todo se gerando este quebranto
Adeus eu digo à toda sorte vã
Sabendo que jamais verei manhã...
15
“a chama que em silêncio me devora”
Não deixa qualquer sombra do que ainda
A sorte caprichosa não deslinda
E a senda determina desde agora
A morte em vida traz o medo e a fúria
Perpetuando em mim a despedida
Enquanto a realidade tanto acida
Vivendo com terror imensa incúria
Nefando verso doma este soneto
Descreve a realidade mais atroz
Assim ao dar à pena viva voz
Ao fim do meu caminho eu me arremeto
Sentindo que talvez ainda possa
Singrar esta ilusão que não é nossa.
16
“não deixa refletir em minha frente”
O quanto do passado ainda existe
A senda que se vê amarga e triste
Deveras não traduz o que se sente
Vergasta lanha a pele de quem sonha
E traça a cada dia outra quimera
Aonde se podia a primavera
A face que se vê torpe e medonha
Vagando contra a força da maré
Vagando sem destino vida afora
Apenas o terror eu sinto, aflora
E nele a sorte muda em tosca fé
Vestindo as ilusões de quem um dia
Ainda imaginara a poesia...
17
“apesar de que o rosto indiferente”
Não deixa mais sequer um mero rastro
E quando em fantasia inda me alastro
O tempo se mostrara um penitente
Aonde tanto pude imaginar
A sorte desvendada em novo brilho
O peso do viver, tanto empecilho
Impede que se veja algum luar
E sendo assim somente e nada mais
O quarto destruído em terremotos
Os sonhos mais alheios ou remotos
E neles os instantes terminais
Pressentem o vazio do futuro
E tendo a solidão nela perduro...
18
“Só tu, fixa, sem trégua, a toda hora;”
Ainda poderia me trazer
Ao fim da minha vida algum prazer
Realidade atroz tudo devora
Não deixa qualquer sombra do que um dia
Tomara em minhas mãos e redimisse
E quantas vezes tudo se desdisse
Deixando muito além a fantasia
Não vejo mais a luz que tanto eu quis
O mundo sonegando qualquer messe
O tempo a cada corte em vã sangria
Negando qualquer rastro do que fora
Uma alma tantas vezes sonhadora...
19
“Eu penso em ti, vives em minha mente”
E sei do quanto assim eu poderia
Viver além de mera fantasia
O quanto desejara plenamente
Ascendo ao infinito deste tanto
E nele não permito outro caminho,
Mas quando me percebo mais sozinho
Envolto em tanto luto, turvo manto
O quadro se afigura terminal,
A morte se aproxima e me redime
Do quanto desejara, um tolo crime
Amor se mostra então irracional,
Quem vê este fantasma em plena vida
Não percebe no olhar o suicida...
Postado por VALMAR LOUMANN às 11:38 0 comentários
29325/26/27/28/29
29325
“a chama que em silêncio me devora”
Não deixa qualquer sombra do que ainda
A sorte caprichosa não deslinda
E a senda determina desde agora
A morte em vida traz o medo e a fúria
Perpetuando em mim a despedida
Enquanto a realidade tanto acida
Vivendo com terror imensa incúria
Nefando verso doma este soneto
Descreve a realidade mais atroz
Assim ao dar à pena viva voz
Ao fim do meu caminho eu me arremeto
Sentindo que talvez ainda possa
Singrar esta ilusão que não é nossa.
29326
“não deixa refletir em minha frente”
O quanto do passado ainda existe
A senda que se vê amarga e triste
Deveras não traduz o que se sente
Vergasta lanha a pele de quem sonha
E traça a cada dia outra quimera
Aonde se podia a primavera
A face que se vê torpe e medonha
Vagando contra a força da maré
Vagando sem destino vida afora
Apenas o terror eu sinto, aflora
E nele a sorte muda em tosca fé
Vestindo as ilusões de quem um dia
Ainda imaginara a poesia...
29327
“apesar de que o rosto indiferente”
Não deixa mais sequer um mero rastro
E quando em fantasia inda me alastro
O tempo se mostrara um penitente
Aonde tanto pude imaginar
A sorte desvendada em novo brilho
O peso do viver, tanto empecilho
Impede que se veja algum luar
E sendo assim somente e nada mais
O quarto destruído em terremotos
Os sonhos mais alheios ou remotos
E neles os instantes terminais
Pressentem o vazio do futuro
E tendo a solidão nela perduro...
29328
“Só tu, fixa, sem trégua, a toda hora;”
Ainda poderia me trazer
Ao fim da minha vida algum prazer
Realidade atroz tudo devora
Não deixa qualquer sombra do que um dia
Tomara em minhas mãos e redimisse
E quantas vezes tudo se desdisse
Deixando muito além a fantasia
Não vejo mais a luz que tanto eu quis
O mundo sonegando qualquer messe
O tempo a cada corte em vã sangria
Negando qualquer rastro do que fora
Uma alma tantas vezes sonhadora...
29329
“Eu penso em ti, vives em minha mente”
E sei do quanto assim eu poderia
Viver além de mera fantasia
O quanto desejara plenamente
Ascendo ao infinito deste tanto
E nele não permito outro caminho,
Mas quando me percebo mais sozinho
Envolto em tanto luto, turvo manto
O quadro se afigura terminal,
A morte se aproxima e me redime
Do quanto desejara, um tolo crime
Amor se mostra então irracional,
Quem vê este fantasma em plena vida
Não percebe no olhar o suicida...
Postado por VALMAR LOUMANN às 11:36 0 comentários
29318/19/20/21/22/23/24
29318
“meu coração se embarga e se enevoa”
Transido pelo quanto inda pudesse
Talvez ao perceber o que se tece
Na sorte desairosa ou mesmo à toa
Navego como fosse inda possível
Saber de outro momento mais suave
Sem ter qualquer desnível que inda agrave
O quanto se mostrasse mais terrível
Não vendo outro cenário senão este
Não vendo solução, ainda tento
Lutando contra o amargo sentimento
Vivendo cada sonho que me deste,
Quem sabe poderei ser mais feliz,
Tecendo finalmente o amor que eu quis.
29319
“Calado, inerte, em estupor profundo,”
Não pude desvendar qualquer desejo
E quanto mais audaz o passo, eu vejo
O quanto deste nada é tão imundo
Vergastas sobre mim, dorido açoite
Jamais se poderia crer no todo
Amor se transformando em mofo e lodo
A vida não suporta este pernoite
Vingando cada passo rumo ao nada
Vestindo a caricata solidão
Transforma o sonhador neste bufão
A sorte há tanto tempo desolada
Mortalha que me veste, luto em vida
Estrada em esperança enfim perdida...
29320
“ao roto mármore de uma sepultura”
O amor que não se deu em luz serena
Enquanto com terrores me envenena
A sorte a cada passo se amargura
Nefasta sombra apenas, nada mais
E dela não vislumbro mais saída
A morte dominando a minha vida
Exposta aos mais terríveis rituais
Gestando tão somente o duro inverno
Neste infernal caminho que me resta
Deixando para trás o sonho e a festa
O sofrimento agora eu sei eterno,
Jazigo em vida, mundo desolado
O quanto poderia noutro fado...
29321
“através de uma abóboda sombria”
A sorte se negara a quem buscou
Durante muito tempo navegou
Sabendo tão constante esta sangria
Negando cada passo rumo ao quanto
Ferrenha noite em tom mais furioso
Do pó ao simples pó, meu majestoso
Caminho demonstrado em desencanto,
Mas nada do que posso inda traduz
A senda que sonhara noutro tempo
Somando cada passo em contratempo
Deixando para trás alguma luz
E sendo assim a sorte destroçada
Transcendo à realidade e dita o nada...
29322
“como o raio de luz que o sol envia”
O amor quando em fartura predispõe
Ao quanto me raro brilho se compõe
O que pensara fosse alegoria
Alago-me deveras deste sonho
E quando num mergulha se decifra
A sorte não importa nem a cifra
O mundo se prepara mais risonho...
Não posso acreditar em tais palavras
Sangrenta realidade contra ataca
No olhar de quem amara, fina faca
Adaga com a qual a morte lavras
E desta estupidez o nada vejo,
Nem mesmo da alegria algum lampejo.
29323
“brilha tua imagem agradável, pura,”
Memória dita as sendas do futuro?
Não posso acreditar nem asseguro
A vida se transforma e me amargura
Aonde poderia ter a sorte
Deveras nada vejo no final,
A senda tão sonhada magistral
No quanto se pudesse ser suporte
Da vida sem guarida na incerteza
Do dia que jamais amanhecera
O quadro amarelado envelhecera
E quando me percebo, de surpresa
O pantanal gerando o pesadelo,
Como é difícil, Pai, ora vivê-lo!
29324
“Em minha triste e escura fantasia”
Ainda se previa qualquer luz,
A sombra do passado em contraluz
Deveras tão somente o nada cria
Audaciosamente imaginara
A senda maviosa em florescência
O tempo se mostrando em evidência
Invés de uma alegria, nova escara
Estranho cada passo rumo ao quanto
Um dia se tentara mais tranqüilo
E quando os pesadelos eu desfilo
Do todo se gerando este quebranto
Adeus eu digo à toda sorte vã
Sabendo que jamais verei manhã...
Postado por VALMAR LOUMANN às 11:10 0 comentários
29311/12/13/14/15/16/17
29311
“horas da noite lentas sem alento”
Negando qualquer sonho a quem pudesse
Tecer outro momento além da prece
Na qual por tantas vezes me apascento,
Não vejo solução e quem me dera
Saber do dia a dia em luzes feito
Vivendo a cada passo este direito
De poder renascer em primavera
Quem tanto neste inverno se internara
Jogado contra a fúria da maré
O amor por ser assim o que sempre é
Ao mesmo tempo cura e dita a escara
Restando do que fora este retrato
No quadro abandonado em que inda me ato.
29312
“sem proferir um só, um leve acento,”
A voz se mostra em brado enorme, imenso
Deveras traduzindo o que ora penso
No sentimento em paz sobejo alento
E tanto poderia crer no fato
Do amor sendo decerto muito além
Do quanto a fantasia ora contém
E nele com certeza eu me retrato
Vencido caminhante dos medonhos
Caminhos entre pedras, farto espinho
Não vejo mais meu mundo em vão, sozinho,
Vivendo desde agora em ti meus sonhos
Não posso me calar nem poderia
Deixar adormecer a fantasia...
29313
“sem agitar-me em cego frenesi,”
A vida não teria esta beleza
E quando quero ser e sou a presa
Diversa maravilha percebi
Aonde se pudesse ter a sorte
De ter cada momento em alegria
O encanto que decerto se porfia
No quanto tanto amor sempre comporte
Gestando a cada passo outra certeza
E dela não se vê sequer a sombra
Do todo em fúria, a fera que me assombra
Levando para além qualquer defesa
Assim ao me saber somente teu
Meu mundo te encontrando se perdeu...
29314
“Sem luta, sem afã e sem lamento,”
A vida não diria de um amor
E quando vejo assim a se propor
Enquanto tenho a messe me atormento
Nefanda maravilha dita o rumo
E dele não permito qualquer fuga
Tomando a minha face cada ruga
Aos poucos quando em vida já me esfumo
Recebo esta alvorada em voz tardia
E tanto me porfio na esperança
Na qual o derradeiro som se lança
Gerando após a chuva, a fantasia
E dela não me perco nunca mais,
Singrando estes divinos temporais.
29315
“a melodia do teu nome soa”
Qual fora a mais superna maravilha
Uma alma se mostrando em rara trilha
Sabendo quanto a vida agora é boa
Não deixa que se torne virulenta
A sorte desdenhada há muito tempo
E quando imaginara um passatempo
A redenção final já se apresenta
Vencido pela força deste encanto
Enfim desconhecendo a tempestade
Nesta beleza tanta que me invade
Deveras com prazer agora eu canto
Amor em flóreo campo desvendado
Quem sabe seja enfim, o meu legado...
29316
“quando entre o vão estrépito do mundo”
E o medo contumaz do sonhador
Encontro as fantasias de um amor
Do sonho mais audaz, ora me inundo
E vivo tão somente este segredo
Por ter esta certeza a cada passo,
E quando com ternura agora eu traço
O mundo em que decerto me concedo
Sabendo da alegria feita em luz
De tantas trevas, farto desde quando
A seca meu caminho destroçando
Apenas onde outrora o sonho eu pus
Negando cada fato de outros dias
Agora bebo tantas alegrias...
29317
“e lá em seu centro vibra, moribundo,”
O desencanto enquanto não houvera
O renascer em mim da primavera
Transforma novamente todo o mundo
Que antanho se mostrara mais terrível
Agigantando assim o passo enquanto
Vivesse a realidade deste canto
Fazendo cada sonho mais plausível,
Não deixo para trás qualquer pedaço
Do todo em que me dou sem mais temores
Sabendo recolher enfim as flores
O rumo com ternura agora eu traço
Vivendo o que me resta em tal fartura
Na sorte que este amor já me assegura.
Postado por VALMAR LOUMANN às 10:30 0 comentários
HOMENAGEM A GUIMARAENS PASSOS
XXXIV
Na terra estava quando te queria
De todas as mulheres diferente,
E olhando a altura com o fervor dum crente
Em nuvem de ouro a tua imagem via.
Na asa encantada que a paixão me abria
Subi, para buscar-te unicamente,
E em cima estando vi-te, de repente,
Na terra, no lugar donde eu saía.
Olhos de amante, que de tal maneira
Andam cheios de lúcida loucura,
Que assim se perdem na maior cegueira.
E vendo aquilo que não há, decerto,
Sonham longe a ilusão de uma ventura
E não vêem a ventura que têm perto.
GUIMARAENS PASSOS
1
“E não vêem a ventura que têm perto”
Aqueles que se fazem mais distantes
Dos sonhos mais sublimes radiantes
Deixando assim se ver claro deserto
Deveras caminheiro em rumo incerto
Enquanto tem a sorte por instantes
Depois ao perceber quão degradantes
Os dias que deveras não desperto
O sonho fabuloso em que se guia
Seara muito além da alegoria
Criada pelas ânsias da emoção
E quando se percebe a insensatez
Gerada pelo encanto que desfez
Desta esperança a imensa dimensão.
2
“Sonham longe a ilusão de uma ventura”
Os dias não seriam majestosos
E tanto quanto foram caprichosos
Momentos nesta amarga senda, escura.
Recebo em desalento esta notícia
Da sorte desdenhada em voz altiva
E quando da esperança ora se priva
A vida se permite a tal sevícia
Negando com terror uma alegria
Matando desde agora o que pudesse
E tendo esta incerteza aonde a messe
Que tanto desejei já não nos guia
Medonha realidade se apresenta
E a sorte se mostrando tão sangrenta...
3
“E vendo aquilo que não há, decerto,”
Não pude perceber qualquer rebrilho
Diverso deste tanto que ora trilho
Levando para etéreo e vão deserto,
Ainda não me vejo noutro rumo
E esgarço com palavras mais venais
Os dias que pensara em rituais
Longínquo caminhar onde me esfumo
Morrendo pouco a pouco, nada vejo
Somente o meu terrível fim embora
A sorte do passado não demora
E traça nova dita ao meu desejo.
Anseio por talvez esta ilusão
Mesmo que nela encontre a negação.
4
“Que assim se perdem na maior cegueira”
Os quanto poderiam ter nas mãos
Além dos mesmos dias sempre vãos
A sorte mesmo sendo a derradeira
Não creio no futuro se não tenho
Da sorte mais audaz qualquer encanto
Ainda em teimosia quero e canto
Gestando qualquer luz em tolo empenho,
Não posso mais saber de algum momento
Aonde não se vê a liberdade
E quanto mais o passo se degrade
Maior o meu caminho em tal tormento,
Assisto assim a minha derrocada,
E dela não se vê mais quase nada...
5
“Andam cheios de lúcida loucura,”
Amantes do futuro quando vêm
No olhar que se percebe muito além
Do quanto a realidade em vão procura
Não pude caminhar se tanto fora
A sorte vingativa em trevas tantas
E quando a cada dia desencantas
Matando esta esperança redentora
Assisto ao meu final da arquibancada
Aplaudo cada cena de terror
E tendo dentro em mim o dissabor
A vida se prepara ao mesmo nada
Por onde caminhara inutilmente
Enquanto a fantasia se desmente...
6
“Olhos de amante, que de tal maneira”
Pudesse traduzir felicidade,
Mas quando não restando nem saudade
Aonde pode a sorte lisonjeira
Negando cada passo rumo ao tanto
Que pude discernir noutro momento
E sendo tão feroz eu me atormento
Enquanto a cada dia me quebranto.
Nefasto mundo dita a minha sorte
E tanto poderia acreditar
Houvesse pelo menos o luar
E nele cada dia se comporte
Gerando novo dia bem maior
Num ato sem temor que sei de cor.
7
“Na terra, no lugar donde eu saía.”
O mundo não podia se diverso
Daquele que se mostra em cada verso
Gerado pelas mãos da fantasia
Negando a minha sorte, nada pude
Tampouco até decerto imaginara
Se a vida destruindo esta seara
Não deixa nem sequer qualquer açude
A fonte agora seca traduzindo
O tanto que eu queria e não existe
O caminheiro amargo, agora triste
Bebendo do vazio tão infindo
Estacionando o sonho noutra estrela
Não pode e nem consegue mais contê-la.
8
“E em cima estando vi-te, de repente,”
Além do que pudera imaginar
Tomando com ternura este lugar
No olhar um toque audaz, mas envolvente
Mudando a minha vida neste instante
Negando o meu passado vejo agora
A sorte que deveras já se aflora
No encanto deste sonho ora mutante
Gerando novo dia a quem se fez
Toando com brandura esta cantiga
Enquanto o amor por vezes desabriga
Por outro lado dita a sensatez
E tanto agora tenho esta certeza
Seguindo sem lutar, a correnteza.
9
“Subi, para buscar-te unicamente,”
Vagando pelo espaço sideral
Bebendo da esperança triunfal
Caminho que deveras não desmente
A sorte de quem tanto procurava
Vencer os desencontros desta que
Ainda se percebe ou mesmo vê
Quem tem uma alma torpe quase escrava
Negando a realidade, desconexa
Cedendo sem saber o quanto dói
Amor que a cada passo mais corrói
E deixa a fantasia assim perplexa
Estacionando o sonho no teu braço
Um belo amanhecer, querida, eu traço.
10
“Na asa encantada que a paixão me abria”
Galgando paraísos percebi
O quanto da esperança havia em ti
Tocando dentro em mim tanta alegria
Apenas o caminho procurado
A sorte desvendando esta amplidão
E nela se percebe a direção
Diversa do que gera algum enfado
Medonha muitas vezes esta história
Se é feita tão somente do vazio
E quando em novo encanto me recrio
A certeza absoluta da vitória
Tomando já de assalto a poesia
E nela todo o sonho se recria....
11
“Em nuvem de ouro a tua imagem via”
Gestada pelo brilho da ilusão
E nela se decifra a decisão
Que tanto poderia em alegria
Gerir o caminhar em libertário
Momento feito em luz e dela sendo
Apenas o carinho um dividendo
O mundo não encontra um adversário
E segue sem temor, o peito aberto
Navega pelo imenso e belo mar,
Procelas? Num suave navegar
Os medos do passado enfim deserto
E sei que a cada dia eu terei
A intensa claridade nesta grei.
12
“E olhando a altura co’ o fervor dum crente”
Não temo o caminhar por entre pedras
E mesmo quando ainda teimas, medras
A sorte noutra sorte é mais potente
Gerando o nosso encanto e dele vejo
O quanto não se mede este carinho
Vencido pelo amor eu me avizinho
Do quanto em paraíso sempre almejo
Não deixe que se perca esta emoção
Tampouco poderei seguir se tenho
No olhar a decisão do raro empenho
E nela se mostrando a direção
Do sonho em delírio transformado
Deixando a dor somente no passado...
13
“De todas as mulheres diferente,”
Aquela a quem desejo sem pensar
Se ainda poderia noutro mar
Saber do quanto amor já se apresente
No sonho mais feliz de quem sabia
Vencer qualquer quimera que viesse
E tendo esta certeza, rara messe
A vida se transcorre em alegria
Amar e ter certeza deste amor
Amar e ter a glória de saber
O quanto é necessário tal prazer
Gerando a cada dia este louvor
É como caminhar em bela senda
E dela cada sonho que se atenda...
14
“Na terra estava quando te queria”
Sabendo decifrar cada vontade
Singrando sem temor a liberdade
Vivendo com certeza a fantasia
Na qual e pela qual amor já trama
Beleza sem igual em glória feita
E quando a maravilha se deleita
Nas sortes desta frágua, intensa chama
Vivendo destemido se prevê
Um tempo de colheita no futuro
Por mais que o meu caminho seja duro
Ao ter um raro amor vejo por que
Assim ao me entregar sem mais defesa
Do que parece frágil; fortaleza!
Postado por VALMAR LOUMANN às 09:34 0 comentários
29304/05/06/07/08/09/10
29304
“E em cima estando vi-te, de repente,”
Além do que pudera imaginar
Tomando com ternura este lugar
No olhar um toque audaz, mas envolvente
Mudando a minha vida neste instante
Negando o meu passado vejo agora
A sorte que deveras já se aflora
No encanto deste sonho ora mutante
Gerando novo dia a quem se fez
Toando com brandura esta cantiga
Enquanto o amor por vezes desabriga
Por outro lado dita a sensatez
E tanto agora tenho esta certeza
Seguindo sem lutar, a correnteza.
29305
“Subi, para buscar-te unicamente,”
Vagando pelo espaço sideral
Bebendo da esperança triunfal
Caminho que deveras não desmente
A sorte de quem tanto procurava
Vencer os desencontros desta que
Ainda se percebe ou mesmo vê
Quem tem uma alma torpe quase escrava
Negando a realidade, desconexa
Cedendo sem saber o quanto dói
Amor que a cada passo mais corrói
E deixa a fantasia assim perplexa
Estacionando o sonho no teu braço
Um belo amanhecer, querida, eu traço.
29306
“Na asa encantada que a paixão me abria”
Galgando paraísos percebi
O quanto da esperança havia em ti
Tocando dentro em mim tanta alegria
Apenas o caminho procurado
A sorte desvendando esta amplidão
E nela se percebe a direção
Diversa do que gera algum enfado
Medonha muitas vezes esta história
Se é feita tão somente do vazio
E quando em novo encanto me recrio
A certeza absoluta da vitória
Tomando já de assalto a poesia
E nela todo o sonho se recria....
29307
“Em nuvem de ouro a tua imagem via”
Gestada pelo brilho da ilusão
E nela se decifra a decisão
Que tanto poderia em alegria
Gerir o caminhar em libertário
Momento feito em luz e dela sendo
Apenas o carinho um dividendo
O mundo não encontra um adversário
E segue sem temor, o peito aberto
Navega pelo imenso e belo mar,
Procelas? Num suave navegar
Os medos do passado enfim deserto
E sei que a cada dia eu terei
A intensa claridade nesta grei.
29308
“E olhando a altura co’ o fervor dum crente”
Não temo o caminhar por entre pedras
E mesmo quando ainda teimas, medras
A sorte noutra sorte é mais potente
Gerando o nosso encanto e dele vejo
O quanto não se mede este carinho
Vencido pelo amor eu me avizinho
Do quanto em paraíso sempre almejo
Não deixe que se perca esta emoção
Tampouco poderei seguir se tenho
No olhar a decisão do raro empenho
E nela se mostrando a direção
Do sonho em delírio transformado
Deixando a dor somente no passado...
29309
“De todas as mulheres diferente,”
Aquela a quem desejo sem pensar
Se ainda poderia noutro mar
Saber do quanto amor já se apresente
No sonho mais feliz de quem sabia
Vencer qualquer quimera que viesse
E tendo esta certeza, rara messe
A vida se transcorre em alegria
Amar e ter certeza deste amor
Amar e ter a glória de saber
O quanto é necessário tal prazer
Gerando a cada dia este louvor
É como caminhar em bela senda
E dela cada sonho que se atenda...
29310
“Na terra estava quando te queria”
Sabendo decifrar cada vontade
Singrando sem temor a liberdade
Vivendo com certeza a fantasia
Na qual e pela qual amor já trama
Beleza sem igual em glória feita
E quando a maravilha se deleita
Nas sortes desta frágua, intensa chama
Vivendo destemido se prevê
Um tempo de colheita no futuro
Por mais que o meu caminho seja duro
Ao ter um raro amor vejo por que
Assim ao me entregar sem mais defesa
Do que parece frágil; fortaleza!
Postado por VALMAR LOUMANN às 09:33 0 comentários
29297/98/99/300/01/02/03
29297
“E não vêem a ventura que têm perto”
Aqueles que se fazem mais distantes
Dos sonhos mais sublimes radiantes
Deixando assim se ver claro deserto
Deveras caminheiro em rumo incerto
Enquanto tem a sorte por instantes
Depois ao perceber quão degradantes
Os dias que deveras não desperto
O sonho fabuloso em que se guia
Seara muito além da alegoria
Criada pelas ânsias da emoção
E quando se percebe a insensatez
Gerada pelo encanto que desfez
Desta esperança a imensa dimensão.
29298
“Sonham longe a ilusão de uma ventura”
Os dias não seriam majestosos
E tanto quanto foram caprichosos
Momentos nesta amarga senda, escura.
Recebo em desalento esta notícia
Da sorte desdenhada em voz altiva
E quando da esperança ora se priva
A vida se permite a tal sevícia
Negando com terror uma alegria
Matando desde agora o que pudesse
E tendo esta incerteza aonde a messe
Que tanto desejei já não nos guia
Medonha realidade se apresenta
E a sorte se mostrando tão sangrenta...
29299
“E vendo aquilo que não há, decerto,”
Não pude perceber qualquer rebrilho
Diverso deste tanto que ora trilho
Levando para etéreo e vão deserto,
Ainda não me vejo noutro rumo
E esgarço com palavras mais venais
Os dias que pensara em rituais
Longínquo caminhar onde me esfumo
Morrendo pouco a pouco, nada vejo
Somente o meu terrível fim embora
A sorte do passado não demora
E traça nova dita ao meu desejo.
Anseio por talvez esta ilusão
Mesmo que nela encontre a negação.
29300
“Que assim se perdem na maior cegueira”
Os quanto poderiam ter nas mãos
Além dos mesmos dias sempre vãos
A sorte mesmo sendo a derradeira
Não creio no futuro se não tenho
Da sorte mais audaz qualquer encanto
Ainda em teimosia quero e canto
Gestando qualquer luz em tolo empenho,
Não posso mais saber de algum momento
Aonde não se vê a liberdade
E quanto mais o passo se degrade
Maior o meu caminho em tal tormento,
Assisto assim a minha derrocada,
E dela não se vê mais quase nada...
29301
“Andam cheios de lúcida loucura,”
Amantes do futuro quando vêm
No olhar que se percebe muito além
Do quanto a realidade em vão procura
Não pude caminhar se tanto fora
A sorte vingativa em trevas tantas
E quando a cada dia desencantas
Matando esta esperança redentora
Assisto ao meu final da arquibancada
Aplaudo cada cena de terror
E tendo dentro em mim o dissabor
A vida se prepara ao mesmo nada
Por onde caminhara inutilmente
Enquanto a fantasia se desmente...
29302
“Olhos de amante, que de tal maneira”
Pudesse traduzir felicidade,
Mas quando não restando nem saudade
Aonde pode a sorte lisonjeira
Negando cada passo rumo ao tanto
Que pude discernir noutro momento
E sendo tão feroz eu me atormento
Enquanto a cada dia me quebranto.
Nefasto mundo dita a minha sorte
E tanto poderia acreditar
Houvesse pelo menos o luar
E nele cada dia se comporte
Gerando novo dia bem maior
Num ato sem temor que sei de cor.
29303
“Na terra, no lugar donde eu saía.”
O mundo não podia se diverso
Daquele que se mostra em cada verso
Gerado pelas mãos da fantasia
Negando a minha sorte, nada pude
Tampouco até decerto imaginara
Se a vida destruindo esta seara
Não deixa nem sequer qualquer açude
A fonte agora seca traduzindo
O tanto que eu queria e não existe
O caminheiro amargo, agora triste
Bebendo do vazio tão infindo
Estacionando o sonho noutra estrela
Não pode e nem consegue mais contê-la.
Postado por VALMAR LOUMANN às 09:07 0 comentários
HOMENAGEM A MARIO BENEDETTI
1
“Vamos juntos companheiro”
Caminhando contra a sorte
Sem saber se ainda há norte
Neste canto derradeiro
A senzala eu não suporto
Nem tampouco alguma algema
Quem deveras nada tema
Da esperança faz seu porto
E por certo meu amigo
Nada teme quem porfia
Tendo agora a fantasia
Poesia dita abrigo,
Nada resta finalmente
Que quem ama nunca sente...
2
“Com teu posso e com meu quero”
Nada temo nem inverno
O calor do abraço terno
O momento mais sincero
Produzindo esta certeza
Rumo ao tanto que se busca
A verdade sendo brusca
Sendo forte a correnteza
Nada teme quem percebe
Dos caminhos desta vida
Quem reluta ou mais duvida
Noutro tanto ou noutra sebe
Não recebe a ventania
Morre em tola alegoria...
3
“Vamos escrevendo história”
Sem temor ou nada além
Do carinho que contém
Novo rumo diz vitória
Nada trago e nem preciso
Nem mergulho insensatez
O que agora, amigo, vês
Não conota prejuízo
Na verdade dita a sorte
Vencedora de quem sonha
Mesmo em face tão tristonha
A batalha nos conforte,
Senda clara em belo dia,
Viva em nós a fantasia.
4
“mas estas mortes queridas”
Entre tantas que carrego
Neste tanto em que navego
Perfilando nossas vidas
Já se vê novo momento
Em que possa crer na sorte
Desvendando novo norte
E decerto tendo alento
Tento o dia mais feliz
Mesmo quando itinerante
A beleza de um instante
Muito além do que se quis
Vale cada morte, amigo,
E na luta assim prossigo.
5
“Por que o povo paga vidas”
Para ter a liberdade
E deveras se me invade
O terror destas feridas
Nada temo, pois decerto
Não sabia de outro rumo
E se aqui eu sei, me aprumo
Meu caminho estando aberto
Vai traçando este futuro
Sem algemas nem poder,
E decerto o meu prazer
Toda a sorte que procuro
Nestes tantos rituais,
Dias calmos, magistrais...
6
“Quando alguns cantam vitória”
Nada além de riso ou pranto
Na verdade me adianto
Não suporto uma vanglória
Liberdade dita o rumo
Meu amigo e camarada
Nossa vida não é nada
Se deveras não me esfumo
Nesta senda radiosa
Feita em tramas mais sutis
Tanto vale a cicatriz
De um espinho vejo a rosa
Renitente vida expõe
O futuro que compõe.
7
“Por que nisto sem suplente”
Caminhando peito aberto
O desejo não deserto
Por mais forte que arrebente
Noutro tanto esta tortura
Faca, face exposta e bala
Quem decerto não se abala
Não vê noite tão escura
Gera sempre a fantasia
E nas mãos com tanta luz
Seu caminho reproduz
Na esperança que me guia
Liberdade procurada
Vislumbrando esta alvorada..
8
“Cada qual na sua luta”
Cada sonho em seu sonhar
Não me canso de lutar
Quem não teme não reluta
E avançando a cada tempo
Não permite a desistência
Sem temor nem inclemência
Não conhece contratempo,
Vence o dia, vence a noite
Da vergasta mais atroz
Liberdade erguendo a voz
Vale o corte deste açoite
E deveras sonhador
Da esperança agricultor.
9
“nem na má e nem na boa”
Sorte temo a caminhada
A verdade demonstrada
Quando a voz mais forte entoa
Libertário companheiro
Meu amigo não descanse
Nem que a faca em ti se avance
O teu pé sendo ligeiro
Da sangria percebida
Nem a gota sobre a terra
A batalha não se encerra
Nela nossa própria vida
Se demonstra sem temor,
Mesmo quando em plena dor.
10
Já não somos inocentes
Nem tampouco mais tememos
Tendo os sonhos, nossos remos
Os futuros são presentes
Sem saber do medo, vamos
Prosseguindo nesta luta
Contra a força sempre bruta
Do arvoredo somos ramos
E na senda mais sobeja
Nada vejo além da luz
Que decerto nos conduz
Quando a sorte se azuleja
Meu amigo com certeza
Em nossas mãos, a fortaleza...
11
“há que se lutar no agora”
Sem temores, pois futuro
Se for claro ameno, escuro
Desta luta ora se aflora
Caminhando em luzes fartas
Caminhando contra o breu
Nosso rumo percebeu
Em nossas mãos estas cartas
Onde a sorte se adivinha
Onde o medo não se vê
Na batalha este por que
Tua glória, a nossa, a minha
Permitindo esta vitória
E mudando assim a história.
12
“Para gozar o amanhã”
É preciso desde já
Perceber o que fará
Glorioso nosso afã
Na batalha dia a dia
Na tormenta mais cruel
A certeza deste céu
Perfilado em poesia
Dita o rumo de quem sonha
Navegante do futuro
Mesmo em solo árido e duro
A colheita se proponha
Com furor e sem temores
Com canhões, balas e flores.
13
“A lição como campana”
O horizonte em cada olhar
Nada impede de lutar
A batalha soberana
Demonstrando em força tal
O que tanto se porfia
Desnudando a fantasia
Tendo a sorte no final
A certeza dominando
Cada braço neste instante
Quanto mais já se agigante
O momento outrora brando
Navegando contra o vento
A certeza é nosso alento.
14
“Esta história tão sonora”
Feita em tiros, balas tantas
E deveras quando cantas
A verdade nos decora
Caminheiros do futuro
Desde agora nada vejo
Tão somente este desejo
Onde o mundo em paz procuro
Sanguinários, violentos?
Nada disso, libertários
Quantos cortes necessários
Para termos pensamentos
Que permitam perceber
Novo e claro amanhecer.
15
“a que nos une na luta”
A certeza mais feroz
Ao se ouvir a nossa voz
Quem caminha não reluta
Sendo assim o tempo inteiro
Nem mortalha nos detém
Da esperança muito além
Desta história caminheiro
Companheiro, camarada
Liberdade nos chamando
Cada bala penetrando
Desvendando esta alvorada
Permitindo uma vitória
Muda agora a podre história.
16
“Unidade que nos serve”
Permitindo um novo dia
E decerto já se guia
Pela paz que se conserve
Depois desta tempestade
Calmaria, uma bonança
Contra a fúria, a fúria avança
Procurando a liberdade
Caminheiros de uma vida
Sem temor e sem derrotas
Esperanças ditam rotas
A verdade não duvida
E sabendo do caminho
Do futuro eu me avizinho…
17
“ a vida não interessa”
A quem tanto assim deseja
Uma sorte benfazeja
Quando a luta recomeça
Navegando em mar sombrio
Tendo a voz da liberdade
Nada possa ditar grade
É por isso que porfio
Batalhando contra tantos
E deveras libertado,
Não calando o meu passado
No futuro sem quebrantos
Nada além desta certeza
No meu peito a fortaleza!
18
“a morte mata e se escuta”
O cantar de uma esperança
Quando o passo assim avança
Sem temor a força bruta
Caminhando contra o vento
Nada teme quem batalha
Nem o corte da navalha
Nem a dor, pressentimento
Das desditas costumeiras
Das vitórias do presente
O futuro se pressente
Tendo a luz destas bandeiras
Campesino coração
Solto imenso na amplidão.
19
“acendendo esta candeia”
Nada deixo para trás
Quem lutando sempre traz
Esta frágua que incendeia
Dominando todo o espaço
Solto a voz imenso grito
Permitindo este infinito
Que decerto agora eu traço
Sem temor, o peito aberto
Sem terror, algema ou grade
Tudo trama a liberdade
Nesta luta não deserto
Comandante camarada
A certeza é nossa estrada.
20
“Prometeste e eu prometi”
A batalha pela sorte
E traçando em pulso forte
Mansidão que existe em ti
Navegando contra todos
Os terrores do presente
Que o futuro se apresente
Muito além destes engodos
Caminhando e tendo a lida
De quem sabe esta beleza
E deveras a certeza
Dominando a nossa vida
Abro o peito e se percebe
Claridade toma a sebe,
21
“a mesma sorte que a minha”
Se percebe em cada passo
Quando o sonho assim traço
E deveras já caminha
Quem comigo ora porfia
Não se cansa desta senda
E o futuro se desvenda
Bem além da fantasia
Socialista coração
Na bandeira rubro sangue
Mesmo quando quase exangue
Não mudando a direção
Camarada não desista
Desta luta socialista!
22
“Companheiro te desvela”
Já não posso mais calar
Minha voz neste lugar
Quem pudesse ter a vela
Que levasse este saveiro
Para um cais porto seguro
Decifrando no futuro
O momento derradeiro
Feito em luz e liberdade
Em justiça tão somente
Tendo no olhar a semente
Já não posso ver a grade,
Nem tampouco poderia
Tendo em mim a poesia!
Postado por VALMAR LOUMANN às 08:29 0 comentários
29284/85/86/87/88/89/90/91/92/93/94/95/96
29284
Já não somos inocentes
Nem tampouco mais tememos
Tendo os sonhos, nossos remos
Os futuros são presentes
Sem saber do medo, vamos
Prosseguindo nesta luta
Contra a força sempre bruta
Do arvoredo somos ramos
E na senda mais sobeja
Nada vejo além da luz
Que decerto nos conduz
Quando a sorte se azuleja
Meu amigo com certeza
Em nossas mãos, a fortaleza...
29285
“há que se lutar no agora”
Sem temores, pois futuro
Se for claro ameno, escuro
Desta luta ora se aflora
Caminhando em luzes fartas
Caminhando contra o breu
Nosso rumo percebeu
Em nossas mãos estas cartas
Onde a sorte se adivinha
Onde o medo não se vê
Na batalha este por que
Tua glória, a nossa, a minha
Permitindo esta vitória
E mudando assim a história.
29286
“Para gozar o amanhã”
É preciso desde já
Perceber o que fará
Glorioso nosso afã
Na batalha dia a dia
Na tormenta mais cruel
A certeza deste céu
Perfilado em poesia
Dita o rumo de quem sonha
Navegante do futuro
Mesmo em solo árido e duro
A colheita se proponha
Com furor e sem temores
Com canhões, balas e flores.
29287
“A lição como campana”
O horizonte em cada olhar
Nada impede de lutar
A batalha soberana
Demonstrando em força tal
O que tanto se porfia
Desnudando a fantasia
Tendo a sorte no final
A certeza dominando
Cada braço neste instante
Quanto mais já se agigante
O momento outrora brando
Navegando contra o vento
A certeza é nosso alento.
29288
“Esta história tão sonora”
Feita em tiros, balas tantas
E deveras quando cantas
A verdade nos decora
Caminheiros do futuro
Desde agora nada vejo
Tão somente este desejo
Onde o mundo em paz procuro
Sanguinários, violentos?
Nada disso, libertários
Quantos cortes necessários
Para termos pensamentos
Que permitam perceber
Novo e claro amanhecer.
29289
“a que nos une na luta”
A certeza mais feroz
Ao se ouvir a nossa voz
Quem caminha não reluta
Sendo assim o tempo inteiro
Nem mortalha nos detém
Da esperança muito além
Desta história caminheiro
Companheiro, camarada
Liberdade nos chamando
Cada bala penetrando
Desvendando esta alvorada
Permitindo uma vitória
Muda agora a podre história.
29290
“Unidade que nos serve”
Permitindo um novo dia
E decerto já se guia
Pela paz que se conserve
Depois desta tempestade
Calmaria, uma bonança
Contra a fúria, a fúria avança
Procurando a liberdade
Caminheiros de uma vida
Sem temor e sem derrotas
Esperanças ditam rotas
A verdade não duvida
E sabendo do caminho
Do futuro eu me avizinho…
29291
“ a vida não interessa”
A quem tanto assim deseja
Uma sorte benfazeja
Quando a luta recomeça
Navegando em mar sombrio
Tendo a voz da liberdade
Nada possa ditar grade
É por isso que porfio
Batalhando contra tantos
E deveras libertado,
Não calando o meu passado
No futuro sem quebrantos
Nada além desta certeza
No meu peito a fortaleza!
29292
“a morte mata e se escuta”
O cantar de uma esperança
Quando o passo assim avança
Sem temor a força bruta
Caminhando contra o vento
Nada teme quem batalha
Nem o corte da navalha
Nem a dor, pressentimento
Das desditas costumeiras
Das vitórias do presente
O futuro se pressente
Tendo a luz destas bandeiras
Campesino coração
Solto imenso na amplidão.
29293
“acendendo esta candeia”
Nada deixo para trás
Quem lutando sempre traz
Esta frágua que incendeia
Dominando todo o espaço
Solto a voz imenso grito
Permitindo este infinito
Que decerto agora eu traço
Sem temor, o peito aberto
Sem terror, algema ou grade
Tudo trama a liberdade
Nesta luta não deserto
Comandante camarada
A certeza é nossa estrada.
29294
“Prometeste e eu prometi”
A batalha pela sorte
E traçando em pulso forte
Mansidão que existe em ti
Navegando contra todos
Os terrores do presente
Que o futuro se apresente
Muito além destes engodos
Caminhando e tendo a lida
De quem sabe esta beleza
E deveras a certeza
Dominando a nossa vida
Abro o peito e se percebe
Claridade toma a sebe,
29295
“a mesma sorte que a minha”
Se percebe em cada passo
Quando o sonho assim traço
E deveras já caminha
Quem comigo ora porfia
Não se cansa desta senda
E o futuro se desvenda
Bem além da fantasia
Socialista coração
Na bandeira rubro sangue
Mesmo quando quase exangue
Não mudando a direção
Camarada não desista
Desta luta socialista!
29296
“Companheiro te desvela”
Já não posso mais calar
Minha voz neste lugar
Quem pudesse ter a vela
Que levasse este saveiro
Para um cais porto seguro
Decifrando no futuro
O momento derradeiro
Feito em luz e liberdade
Em justiça tão somente
Tendo no olhar a semente
Já não posso ver a grade,
Nem tampouco poderia
Tendo em mim a poesia!
Postado por VALMAR LOUMANN às 08:27 0 comentários
29275/76/77/78/79/80/81/82/83
29275
“Vamos juntos companheiro”
Caminhando contra a sorte
Sem saber se ainda há norte
Neste canto derradeiro
A senzala eu não suporto
Nem tampouco alguma algema
Quem deveras nada tema
Da esperança faz seu porto
E por certo meu amigo
Nada teme quem porfia
Tendo agora a fantasia
Poesia dita abrigo,
Nada resta finalmente
Que quem ama nunca sente...
29276
“Com teu posso e com meu quero”
Nada temo nem inverno
O calor do abraço terno
O momento mais sincero
Produzindo esta certeza
Rumo ao tanto que se busca
A verdade sendo brusca
Sendo forte a correnteza
Nada teme quem percebe
Dos caminhos desta vida
Quem reluta ou mais duvida
Noutro tanto ou noutra sebe
Não recebe a ventania
Morre em tola alegoria...
29277
“Vamos escrevendo história”
Sem temor ou nada além
Do carinho que contém
Novo rumo diz vitória
Nada trago e nem preciso
Nem mergulho insensatez
O que agora, amigo, vês
Não conota prejuízo
Na verdade dita a sorte
Vencedora de quem sonha
Mesmo em face tão tristonha
A batalha nos conforte,
Senda clara em belo dia,
Viva em nós a fantasia.
29278
“mas estas mortes queridas”
Entre tantas que carrego
Neste tanto em que navego
Perfilando nossas vidas
Já se vê novo momento
Em que possa crer na sorte
Desvendando novo norte
E decerto tendo alento
Tento o dia mais feliz
Mesmo quando itinerante
A beleza de um instante
Muito além do que se quis
Vale cada morte, amigo,
E na luta assim prossigo.
29279
“Por que o povo paga vidas”
Para ter a liberdade
E deveras se me invade
O terror destas feridas
Nada temo, pois decerto
Não sabia de outro rumo
E se aqui eu sei, me aprumo
Meu caminho estando aberto
Vai traçando este futuro
Sem algemas nem poder,
E decerto o meu prazer
Toda a sorte que procuro
Nestes tantos rituais,
Dias calmos, magistrais...
29280
“Quando alguns cantam vitória”
Nada além de riso ou pranto
Na verdade me adianto
Não suporto uma vanglória
Liberdade dita o rumo
Meu amigo e camarada
Nossa vida não é nada
Se deveras não me esfumo
Nesta senda radiosa
Feita em tramas mais sutis
Tanto vale a cicatriz
De um espinho vejo a rosa
Renitente vida expõe
O futuro que compõe.
29281
“Por que nisto sem suplente”
Caminhando peito aberto
O desejo não deserto
Por mais forte que arrebente
Noutro tanto esta tortura
Faca, face exposta e bala
Quem decerto não se abala
Não vê noite tão escura
Gera sempre a fantasia
E nas mãos com tanta luz
Seu caminho reproduz
Na esperança que me guia
Liberdade procurada
Vislumbrando esta alvorada..
29282
“Cada qual na sua luta”
Cada sonho em seu sonhar
Não me canso de lutar
Quem não teme não reluta
E avançando a cada tempo
Não permite a desistência
Sem temor nem inclemência
Não conhece contratempo,
Vence o dia, vence a noite
Da vergasta mais atroz
Liberdade erguendo a voz
Vale o corte deste açoite
E deveras sonhador
Da esperança agricultor.
29283
“nem na má e nem na boa”
Sorte temo a caminhada
A verdade demonstrada
Quando a voz mais forte entoa
Libertário companheiro
Meu amigo não descanse
Nem que a faca em ti se avance
O teu pé sendo ligeiro
Da sangria percebida
Nem a gota sobre a terra
A batalha não se encerra
Nela nossa própria vida
Se demonstra sem temor,
Mesmo quando em plena dor.
Postado por VALMAR LOUMANN às 07:56 0 comentários
HOMENAGEM A RUBÉN DARIO
LA BAILARINA DE LOS PIES DESNUDOS
Iba en un paso rítmico y felino
a avances dulces, ágiles o rudos,
con algo de animal y de divino,
la bailarina de los pies desnudos.
Su falda era la falda de las rosas,
en sus pechos había dos escudos...
Constelada de casos y de cosas....
La bailarina de los pies desnudos.
Bajaban mil deleites de los senos
hacia la perla hundida del ombligo,
e iniciaban propósitos obscenos
azúcares de fresa y miel de higo.
A un lado de la silla gestatoria
estabas mis bufones y mis mudos...
¡Y era toda Selene y Anactoria
la bailarina de los pies desnudos!
RUBÉN DARIO
1
“La bailarina de los pies densudos”
Enquanto se mostrasse mais audaz
E tanto maravilha já nos traz
Em dias tão fantásticos, escudos
De tempos que virão em dores feitos
E quando se percebe ato final
Beleza da menina sensual
Exposta noutras rumos, vários leitos
E tudo então seria diferente
Se o tempo não passasse, mas cruel
Ao mesmo tempo dita em carrossel
Girando noutro rumo e se apresente
O fim imaginário, mas medonho
Diverso da beleza deste sonho...
2
“¡Y era toda Selene y Anactória”
A sorte desvendada noutra sorte
Ainda que ilusão já nos conforte
A vida não seria em total glória
Vencido caminheiro busca ainda
Vestir a fantasia que não cabe
Bem antes que este sonho em vão se acabe
A dura realidade se deslinda
Vencida pela angústia a senda viva
Mergulha no vazio e dele tece
O quanto poderia ser em messe
E a vida não perdoa, sempre priva
Expondo esta nudez em face crua
Bailando sobre os sonhos, vã, flutua...
3
“estabas mis bufones y mis mudos”
Enquanto eu poderia acreditar
Em tempos tão diversos e sonhar
Com olhos mais felizes e desnudos
Cansado de lutar contra a procela
Que a cada sinto bem mais forte,
Tentando pelo menos algum norte
Enquanto a vida apenas me revela
A morte ensandecida em tons sombrios
Regada com terrores mais sobejos
E tendo no final raros lampejos
Os dias se tornando desafios
Poeta se mostrando em tola voz
Sangrando a cada passo, mais atroz...
4
“A un lado de la silla gestatória”
Deitando com ternura olhar distante
Sabendo desta alfombra deslumbrante
E nela qualquer traço de vitória,
Mas quando a merencória realidade
Tomando já de assalto o seu caminho
Do quanto poderia eu me avizinho,
Sabendo deste nada que ora invade
Medonho mundo enfrento enquanto tento
Vencer os meus terríveis dissabores
E tendo mais ausentes estas flores
Apenas vislumbrando o sofrimento,
Mergulho neste anseio feito em cruz
E ao nada cada passo me conduz...
5
“azúcares de fresa y miel de higo.”
Aonde imaginara no passado
O sonho mais feliz, e tendo ao lado
Doçura de quem tanto diz abrigo,
Mas vejo a realidade em amargor
Do mel que tanto eu quis sequer sinal,
O mundo em tom terrível, pois venal
Não deixa que se creia mais no amor,
E tanto poderia ser assim
Um dia mais suave; nada vindo
O quadro que deveras fosse lindo
Tocado pela angústia diz no fim
Apenas do terror e segue ao léu
Aonde quis meiguice, bebo o fel.
6
“e iniciaban propósitos obscenos”
Aqueles que vieram te tocar
Gestando sem saber e desvendar
Momentos em terríveis vãos venenos,
Mesquinharia dita o seu caminho
E quando ela se fez mais radiosa
Apenas do que fora bela rosa
Adentra a sua pele o podre espinho,
Gerindo cada passo rumo ao nada
Em suicídio lento e progressivo,
Mortalha em temores não mais privo
E a morte há tanto tempo anunciada
Regida pela angústia do prazer
Matando pouco a pouco sem se ver...
7
“hacia la perla hundida del ombligo,”
Os lábios desvendando os seus segredos
Gerando o que pudessem vis enredos
Tocados pelo sonho em que prossigo
Vagando sem destino em tez sombria
Nadando contra a força destas ondas
E quando qual falena luzes rondas
Não vês a tempestade que se cria
No encanto feito hedônico caminho
Matando a bailarina em voz terrível
O amor num doce encanto ora implausível
E dele sem sentir, não me avizinho,
O corte desvendando esta nudez
Medonha garatuja agora vês.
8
“Bajaban mil deleites de los senos”
Pequenos desta bela bailarina
A sorte noutro rumo determina
O que já foram dias mais serenos
E agora se permite apenas isso
O fim de um sonho, esboço renegado
E quando se pressente o duro fado
A bela vai perdendo aos pouco viço
E tudo não passando de quimera
Inverno tão precoce se desvenda
Granizo dominando toda a senda
Ausente para o sempre a primavera
Dos seios da menina em turgidez
O fim em trevas tantas, ora vês...
9
“Constelada de casos y de cosas”
A sorte traiçoeira se porfia
Depois do falso guizo da alegria
Envolto em noites raras majestosas
A morte da esperança se traduz
No encanto derradeiro desta que
Agora sem saber o nada vê
E dele tão ausente qualquer luz,
Medonha face expondo a realidade
E quanto mais audaz é mais terrível
O mundo se mostrando em dor temível
Aos poucos cada sonho em vão degrade,
Matando em tez sombria a moça bela
A vida em podre face se revela...
10
“en sus pechos había dos escudos...”
Que nada poderia traduzir
Do quanto em turva face este porvir
Deixando os dias quietos, mortos, mudos
Assim ao perceber este cenário
Aonde a podridão reina absoluta
O sonho muitas vezes já reluta
E tenta novo rumo, necessário.
Pudesse acreditar um só momento
No quanto nada faz quem tenta ver
Apenas tão somente algum prazer
Aonde não pudesse um novo alento,
Seara desvendada em desconforto
Beleza agora simples, tosco aborto...
11
“Su falda era la falda de las rosas,”
A mocidade expõe a face bela
E quando o tempo atroz tudo revela
Aonde poderiam fabulosas
Estradas noutros rumos desenhando
O peso do viver em torpe senda
O quanto da verdade não se vê
E tanto se mergulha sem por que
Na tola ingratidão dura contenda,
Mergulho neste imenso precipício
Ditado pela dor de uma ilusão
E vejo tão distante este verão
O mundo não retorna ao mesmo início
E quando inverno toma toda a cena
Apenas a mortalha em dor se acena...
12
“con algo de animal y de divino,”
Expressa-se a loucura em farta luz
Deveras a beleza que seduz
Traçando cada verso em que alucino
O peso do viver já não comporta
A sorte que buscara noutro tanto
E quando com ternura ainda canto
Percebo ora trancada a velha porta,
E o medo do não ser enfim domina
O quanto mergulhasse nesta treva
E tudo o que decerto a morte leva
Não deixa se perder de vista a mina,
Refeita noutra senda a vida esgota
Terreno sofrimento em dura rota...
13
“a avances dulces, ágiles o rudos,”
A vida não permite retornar
E quando tão distante vejo o mar
Os dias do futuro são miúdos
A morte se apresenta, ato final
E nada me apascenta nem saber
Que a vida noutra vida a renascer
Permita um paraíso que eternal
Repõe cada momento em alegria,
Conforta-me deveras a certeza
De um novo dia feito em claridade,
Mas quando a insegurança ora me invade
Deixando a descoberto a fortaleza
Enfrento meus terrores e medonho
Caminho para o nada, assim, proponho..
14
“Iba en un paso rítmico y felino”
A vida na completa insanidade
E o vento que deveras me degrade
Causando a tempestade e não domino
O tempo e quem me dera se eu pudesse
Não mais teria a sorte em tal desdita
Nem mesmo a bailarina tão bonita
Nem mesmo esta ilusão em falsa prece
Medonha e caricata a vida trama
E nada do que um dia poderia
Viver em luzes fartas, pois sombria
A sorte tão distante de uma chama,
Desnudos pés da doce bailarina,
A morte nos degrada e nos domina...
Postado por VALMAR LOUMANN às 07:54 0 comentários
29261/62/63/64/65/66/67/68/69/70/71/72/73/74
29261
“La bailarina de los pies densudos”
Enquanto se mostrasse mais audaz
E tanto maravilha já nos traz
Em dias tão fantásticos, escudos
De tempos que virão em dores feitos
E quando se percebe ato final
Beleza da menina sensual
Exposta noutras rumos, vários leitos
E tudo então seria diferente
Se o tempo não passasse, mas cruel
Ao mesmo tempo dita em carrossel
Girando noutro rumo e se apresente
O fim imaginário, mas medonho
Diverso da beleza deste sonho...
29262
“¡Y era toda Selene y Anactória”
A sorte desvendada noutra sorte
Ainda que ilusão já nos conforte
A vida não seria em total glória
Vencido caminheiro busca ainda
Vestir a fantasia que não cabe
Bem antes que este sonho em vão se acabe
A dura realidade se deslinda
Vencida pela angústia a senda viva
Mergulha no vazio e dele tece
O quanto poderia ser em messe
E a vida não perdoa, sempre priva
Expondo esta nudez em face crua
Bailando sobre os sonhos, vã, flutua...
29263
“estabas mis bufones y mis mudos”
Enquanto eu poderia acreditar
Em tempos tão diversos e sonhar
Com olhos mais felizes e desnudos
Cansado de lutar contra a procela
Que a cada sinto bem mais forte,
Tentando pelo menos algum norte
Enquanto a vida apenas me revela
A morte ensandecida em tons sombrios
Regada com terrores mais sobejos
E tendo no final raros lampejos
Os dias se tornando desafios
Poeta se mostrando em tola voz
Sangrando a cada passo, mais atroz...
29264
“A un lado de la silla gestatória”
Deitando com ternura olhar distante
Sabendo desta alfombra deslumbrante
E nela qualquer traço de vitória,
Mas quando a merencória realidade
Tomando já de assalto o seu caminho
Do quanto poderia eu me avizinho,
Sabendo deste nada que ora invade
Medonho mundo enfrento enquanto tento
Vencer os meus terríveis dissabores
E tendo mais ausentes estas flores
Apenas vislumbrando o sofrimento,
Mergulho neste anseio feito em cruz
E ao nada cada passo me conduz...
29265
“azúcares de fresa y miel de higo.”
Aonde imaginara no passado
O sonho mais feliz, e tendo ao lado
Doçura de quem tanto diz abrigo,
Mas vejo a realidade em amargor
Do mel que tanto eu quis sequer sinal,
O mundo em tom terrível, pois venal
Não deixa que se creia mais no amor,
E tanto poderia ser assim
Um dia mais suave; nada vindo
O quadro que deveras fosse lindo
Tocado pela angústia diz no fim
Apenas do terror e segue ao léu
Aonde quis meiguice, bebo o fel.
29266
“e iniciaban propósitos obscenos”
Aqueles que vieram te tocar
Gestando sem saber e desvendar
Momentos em terríveis vãos venenos,
Mesquinharia dita o seu caminho
E quando ela se fez mais radiosa
Apenas do que fora bela rosa
Adentra a sua pele o podre espinho,
Gerindo cada passo rumo ao nada
Em suicídio lento e progressivo,
Mortalha em temores não mais privo
E a morte há tanto tempo anunciada
Regida pela angústia do prazer
Matando pouco a pouco sem se ver...
29267
“hacia la perla hundida del ombligo,”
Os lábios desvendando os seus segredos
Gerando o que pudessem vis enredos
Tocados pelo sonho em que prossigo
Vagando sem destino em tez sombria
Nadando contra a força destas ondas
E quando qual falena luzes rondas
Não vês a tempestade que se cria
No encanto feito hedônico caminho
Matando a bailarina em voz terrível
O amor num doce encanto ora implausível
E dele sem sentir, não me avizinho,
O corte desvendando esta nudez
Medonha garatuja agora vês.
29268
“Bajaban mil deleites de los senos”
Pequenos desta bela bailarina
A sorte noutro rumo determina
O que já foram dias mais serenos
E agora se permite apenas isso
O fim de um sonho, esboço renegado
E quando se pressente o duro fado
A bela vai perdendo aos pouco viço
E tudo não passando de quimera
Inverno tão precoce se desvenda
Granizo dominando toda a senda
Ausente para o sempre a primavera
Dos seios da menina em turgidez
O fim em trevas tantas, ora vês...
29269
“Constelada de casos y de cosas”
A sorte traiçoeira se porfia
Depois do falso guizo da alegria
Envolto em noites raras majestosas
A morte da esperança se traduz
No encanto derradeiro desta que
Agora sem saber o nada vê
E dele tão ausente qualquer luz,
Medonha face expondo a realidade
E quanto mais audaz é mais terrível
O mundo se mostrando em dor temível
Aos poucos cada sonho em vão degrade,
Matando em tez sombria a moça bela
A vida em podre face se revela...
29270
“en sus pechos había dos escudos...”
Que nada poderia traduzir
Do quanto em turva face este porvir
Deixando os dias quietos, mortos, mudos
Assim ao perceber este cenário
Aonde a podridão reina absoluta
O sonho muitas vezes já reluta
E tenta novo rumo, necessário.
Pudesse acreditar um só momento
No quanto nada faz quem tenta ver
Apenas tão somente algum prazer
Aonde não pudesse um novo alento,
Seara desvendada em desconforto
Beleza agora simples, tosco aborto...
29271
“Su falda era la falda de las rosas,”
A mocidade expõe a face bela
E quando o tempo atroz tudo revela
Aonde poderiam fabulosas
Estradas noutros rumos desenhando
O peso do viver em torpe senda
O quanto da verdade não se vê
E tanto se mergulha sem por que
Na tola ingratidão dura contenda,
Mergulho neste imenso precipício
Ditado pela dor de uma ilusão
E vejo tão distante este verão
O mundo não retorna ao mesmo início
E quando inverno toma toda a cena
Apenas a mortalha em dor se acena...
29272
“con algo de animal y de divino,”
Expressa-se a loucura em farta luz
Deveras a beleza que seduz
Traçando cada verso em que alucino
O peso do viver já não comporta
A sorte que buscara noutro tanto
E quando com ternura ainda canto
Percebo ora trancada a velha porta,
E o medo do não ser enfim domina
O quanto mergulhasse nesta treva
E tudo o que decerto a morte leva
Não deixa se perder de vista a mina,
Refeita noutra senda a vida esgota
Terreno sofrimento em dura rota...
29273
“a avances dulces, ágiles o rudos,”
A vida não permite retornar
E quando tão distante vejo o mar
Os dias do futuro são miúdos
A morte se apresenta, ato final
E nada me apascenta nem saber
Que a vida noutra vida a renascer
Permita um paraíso que eternal
Repõe cada momento em alegria,
Conforta-me deveras a certeza
De um novo dia feito em claridade,
Mas quando a insegurança ora me invade
Deixando a descoberto a fortaleza
Enfrento meus terrores e medonho
Caminho para o nada, assim, proponho..
29274
“Iba en un paso rítmico y felino”
A vida na completa insanidade
E o vento que deveras me degrade
Causando a tempestade e não domino
O tempo e quem me dera se eu pudesse
Não mais teria a sorte em tal desdita
Nem mesmo a bailarina tão bonita
Nem mesmo esta ilusão em falsa prece
Medonha e caricata a vida trama
E nada do que um dia poderia
Viver em luzes fartas, pois sombria
A sorte tão distante de uma chama,
Desnudos pés da doce bailarina,
A morte nos degrada e nos domina...
Postado por VALMAR LOUMANN às 07:52 0 comentários
HOMENAGEM A GUSTAVO ADOLFO BÉCQUER
1a
“Pudesse o esquecimento tê-las sós”
As sombras do que fomos e perdi
Ganhando cada engodo chego a ti
E tento refazer antigos nós.
Não posso acreditar em medos, dós
Aonde nada colho e nem colhi,
O mundo se mostrando assim aqui,
Do todo que pensara nem os pós
Agraciando a vida com terror
Assim ao se mostrar o desamor
Não tendo qualquer sombra do passado
O mundo se desfaz e nada vejo
Somente a dura face do desejo
Há tanto sem juízo, desolado...
2
“Capaz de fechá-lo, apenas ó formosa
Não vejo outra saída e tento enfim,
O rumo que fechado de onde vim
Matando o quanto pode última rosa
Deixando para trás a sombra exposta
Do todo que deveras procurei
Alheio caminheiro em morta grei
A vida noutro tempo, ausente crosta
Do quanto poderia ser feliz
Do quanto imaginara e não sabia
Que tudo não passasse de alegria
Fugaz que a própria vida contradiz,
Gerando tão somente a solidão
E nela os dias mortos desde então...
3
“Mas em vão é lutar se não há cifra”
Aonde se pudesse acreditar
Na herdade tão distante e procurar
A sorte que deveras não decifra
Quem tenta caminhar em tom errante
Gestando apenas frio e nada mais,
E quanto mais terríveis temporais
Enquanto este vazio se agigante
Ao menos um momento poderia
Gerar outro momento mais além
E quando tão somente me contém
A noite amarga e sempre dura e fria
A poesia morta não permite
Que se veja sequer algum limite...
4
“De suspiros e risos, cores, notas”
Vencer os turbilhões da torpe vida
Escassa realidade desmedida
E quanto não se vê, deveras notas
Os rumos em total dicotomia
Medonhas trevas tomam o cenário
Amar por mais que seja necessário
É tudo o que decerto se porfia
No vago ainda vivo dentro em mim
No ocaso deste sonho em dores feito
E quando em noite escusa enfim me deito
A sorte se mostrando em outro fim
Não deixa qualquer sombra do que quis
Apenas dentro da alma a cicatriz...
5
“Com palavras que fossem num só tempo”
Motivos de alegria e de tristeza
Gerando do vazio a fortaleza
Vencendo com ternura um contratempo
E quando se aproxima enfim a sorte
Que tanto procurara e não sabia
Escondo dentro em mim a fantasia
Transcorre sem sentido qualquer norte
E o peso do passado me envergando
O quanto nada traz e mesmo toma
Aonde poderia crer na soma,
O mundo se mostrara mais nefando,
A morte se aproxima de quem tanto
Pudesse ter nas mãos qualquer encanto.
6
“domando o rebelde e duro idioma”
Poeta poderia perfilar
Ainda o tão ausente e vão luar
Enquanto a fantasia, tenta ou toma,
Não posso acreditar noutro caminho
Diverso do que o verso reproduz
E se decerto tento alguma luz
É nela que me encontro e já me aninho
Vagando sem destino, sou cometa
Arcando com engodos ou promessas
E quando noutros dias tu confessas
Desejos onde a sorte se arremeta,
O peso da palavra muda o senso
Às vezes frágil sonho ou mar imenso...
7
“eu quisera escrevê-lo, pois de um homem”
A sorte desdenhosa ou mesmo vã
Traçando sem porvir outro amanhã
Enquanto as vagas noites não se domem,
Erguendo a velha taça em tolo brinde
Não pude mais tentar o renascer
E quando se mostrara o amanhecer
Diverso do que o sonho já deslinde
Não quero outro momento e nem podia
Exposto ao vendaval mais virulento
Se envolto no vazio eu me apascento
O tempo não transforma em alegria
Palavra que pensara redimir
Negando qualquer forma de porvir.
8
“cadências que ar dilata nas sombrias”
E vagas noites feitas em terror
Deixando no passado algum amor
E quanto mais dorido o rumo guias
Por medos e temores costumeiros
Gestando a morte em vida e nada mais
O todo proferido em tais banais
Momentos dos encantos derradeiros
Açoita-me a vontade de saber
Ainda vivo em mim qualquer alento
E quando mais audaz, mais me atormento
Morrendo sem saber algum prazer
Vencido pelas dores do passado,
Apenas o vazio é meu legado...
9
“Estas páginas são quem sabe um hino”
Falando das promessas que não sei
E tanto quanto pode em turva lei
Gerar o descaminho e me alucino
Vagando por entranhas mais diversas
Tentando pelo menos ver aonde
A sorte temerária não se esconde
E quanto noutro tanto ainda versas
Gestando tão somente a solidão
Semente do que fora e não pensara
No quanto a solução noutra seara
Mostrara com certeza outra versão
Escassas noites trazem um alento
A quem se fez em dor e sofrimento...
10
“Anuncia na noite da alma a aurora”
Diversa da que tanto imaginara
E sendo assim jamais suave e clara
A morte a cada dia não demora,
E tanto poderia ser feliz
Gerindo cada passo rumo ao nada,
A sorte noutro tanto emaranhada
Mostrando bem disperso o que se quis
Sonhando com palavras mais suaves
Azeda-se o caminho de quem busca
Além do que a verdade dita em brusca
Realidade estranha, mais agraves
Os medos e os tormentos costumeiros
Gerando desencantos derradeiros...
11
“Um hino tão enorme e já disperso”
Deveras poderia ter além
Do quanto na verdade não contém
Se tudo o que pudesse no universo
Galgando com total insensatez
O quanto em luzes tétricas se vê
O mundo sem saber de algum por que
Não sabe na verdade o que não crês
E tanto se pudesse ser ao menos
O que deseja uma alma em sonhos feita
E quanto a realidade se deleita
Bebendo em goles fartos tais venenos
Sombrias noites ditam a alvorada
Em brumas e terrores; demonstrada...
HOMENAGEM A GUSTAVO ADOLFO BÉCQUER
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