quarta-feira, 21 de abril de 2010

HISTÓRIAS DE UM REPENTISTA VOLUME 3

HISTÓRIAS DE UM
REPENTISTA
VOLUME
3
701
No beijo que trocamos, pensamentos..
Molhado, sedutor, tão furioso,
Desejos descobrindo violentos
Explodem no carinho mais fogoso...
Desperta calmamente a emoção
Contida, que se esconde em nossa mente,
Depois de tanto tempo em solidão,
O beijo que sonhamos a dor, desmente.
Queimando nossa brasa verte chama
Que invade todo o mundo de prazer,
Os corpos se procuram nessa cama,
Vontade de gritar e de morrer...
Morrer nestes teus braços já diviso
Entrada do sonhado paraíso!
X
702
Nosso corpo doído em nossa cama
Nossa chama que queima, nessa brasa,
A vida que se passa não reclama
Amada te desejo amor que abrasa
E rola de prazer sem ter segredos,
A mão que acaricia, tu desejas.
Os olhos te vasculham, mansos, ledos,
Por todas tuas bocas, tu me beijas...
E mansa, se declina pro meu lado,
Sorrindo do cansaço do depois.
Vivendo nesse sonho mais amado,
A noite que sonhamos prá nós dois...
Sentidos desmaiados, eu descanso
Depois que este Nirvana nosso, alcanço...
X
703
Sentindo estes teus lábios me roçando
No toque de carinho e de desejo,
Aos poucos mil viagens sussurrando
A língua delicada em doce beijo...
Estar mais atrevido e te sonhar,
Aos poucos desnudar –te calmamente,
Tantas palavras loucas, murmurar,
Numa explosão de cores, de repente...
Pedindo que não mais a noite acabe,
Sonhando o que acordado já é sonho.
De tanto amor fizemos que não cabe
Mas mesmo assim, em sonho te proponho,
E a vida se renova em cada dia,
Vivendo deste amor, em fantasia..
X
704
Nesse amor que sonhamos para nós,
Nocivo e delicado, salvador.
Atamos, desatamos tantos nós
Que tecem nossas teias, nosso amor...
Pois quando te procuro não duvide
Que a noite se anuncia toda nossa.
Amor quando em amor tudo decide
Entranha se deseja e já se empoça.
Vasculho cada canto e cada encanto,
Desejo teu amor sem penitência
Na pura entrega mansa sem espanto.
Mistura de carinho, impaciência...
A noite vai passando sem saber,
Nestas mágicas rédeas do prazer...
X
705
Lambendo tuas pétalas, ó rosa,
Aos poucos descobrindo teus anseios.
Espinhos escondidos, tudo aflora,
Na mansidão suave sem receios...
Nas hastes, no botão, no teu perfume,
Sabendo transformar tudo em prazer;
Fazendo deste sonho um bom costume,
Renova teu frescor, amanhecer...
O sol queimando lento te enlanguesce
E deitas tuas pétalas serena.
Um anjo disfarçado aos poucos desce
E entranha teu aroma em vida plena...
A rosa desejosa, vai se abrindo,
E o orvalho delicado, vem surgindo...
X
Viajo por teu corpo lentamente
Buscando em cada poro, meu desejo...
Na tarde que promete ser mais quente
Em cada reentrância dar um beijo...
Teu colo, teu pescoço, nos teus seios,
As mãos tão calejadas desta vida,
Esquecem dos antigos, vãos receios,
E criam fantasia mais querida...
Um artesão divino quem te fez
Pantera, rosa, lua, jóia rara...
Mergulho tantos sonhos de uma vez,
Meu coração enfim já se dispara...
Deparo com meu porto e já me atiro,
No cais pleno em prazer, louco, deliro!!!!
X
Ah! Como eu te queria agora, amor...
Poder estar contigo junto a mim,
Sentir o teu prazer, o teu calor...
E tudo o que mereço, creio, enfim...
Poder cariciar teu corpo todo,
Beijar tão mansamente a tua boca...
Depois de tanta dor, de tanto engodo,
A vida se promete livre e louca...
Delírios e desejos se completam
Em cada movimento novo brilho...
Amores em prazeres se repletam
E formam nossos sonhos, nosso trilho...
Ah! Como eu te queria aqui, amada...
Entregue, se sabendo desejada...
X
706
Te quero e não duvides minha amada,
Se sonho com teus braços todo dia...
Queimando –me na brasa que emanada
De teu corpo, promete essa magia...
Amor que me tortura e que me acalma,
Vivemos nossos sonhos mais bonitos.
Amor que penetrando por minha alma
Transforma teu prazer em nossos ritos...
Amor que não pergunta nem pergunto
Invade simplesmente qual posseiro...
Amar que traz saudade, mesmo junto.
Rebrilha em nossos olhos, qual luzeiro...
Te quero, não duvides meu amor...
Carrego-te em meu peito aonde eu for...
X
707
Quando te pressenti, no mesmo instante,
A vida em multicores renasceu...
Vivendo, dos amores, tão distante,
Percebo a claridade em pleno breu...
No primeiro momento, te garanto,
Já percebera a força da promessa
De terminar enfim, todo o meu pranto,
Amor que me avassala se confessa...
Inebriado, tonto, em desatino,
Passei a te buscar sem ter sossego...
Sentia que talvez o meu destino
Pudesse te encontrar, com todo apego...
Vejo que estava certo minha amada...
Minha alma de tua alma geminada...
X
708
A rosa que trouxeste em pensamento
Vibrando como a flor mais desejada.
Sabendo que viver cada momento
É ser por toda a vida mais amada...
Aromas que procuro em cada flor,
Recendem nesta rosa em meu jardim.
Mostrando que a beleza deste amor
Ressurge de repente sempre, enfim...
Eu quero este perfume que exalavas
Nas horas mais divinas minha rosa...
Vulcânicas delícias, tantas lavas,
Abriam tuas pétalas, vaidosa...
Mas sinto que perdi os meus caminhos,
Nas garras tão cruéis dos teus espinhos...
X
709
Não há nada no mundo meu amor,
Maior que o sentimento que me traz.
A vida se renova no sabor
Que só um grande amor é bem capaz...
Vivendo simplesmente só por ti...
Sem ter um pensamento que não seja
De ter eternamente o que vivi
É tudo que minha alma já deseja...
Assim nem sinto o frio, nem o medo...
A noite se transcorre em pleno gozo.
Entrego meu amor, não tem segredo,
De tudo que vivemos, orgulhoso.
Eu tenho tanto amor, tanto querer...
E digo, eu nunca mais vou te esquecer...
X
710
Como farei sem ter os olhos teus?
As trilhas que percorro, tão nubladas,
Envoltas nestas trevas, negros breus,
Por medos e torturas assombradas,
Começam, de repente, a renascer...
Sem teus braços, as pernas que vacilam,
Nos passos que esqueci como aprender.
As dores que em minha alma se perfilam...
Os medos que ressurgem bem mais fortes...
A fria solidão já mostra as caras.
Das cicatrizes brotam novos cortes,
Formando dentro da alma mil escaras...
Amada me responda, por favor,
O que farei da vida, sem amor!
X
711
De toda essa vontade de te ter
Tão pouco me restou, só a saudade.
Que cisma a cada instante renascer
E destruir qualquer felicidade...
Fomos tão eternos, mas morremos,
Da triste solidão, que vivo agora.
Talvez, noutros braços, buscaremos
O brilho e o prazer que a vida implora...
Vazio, um sentimento me domina,
O canto que cantava se perdeu...
A lágrima caindo, cristalina,
Em rubra solidão se converteu...
Porém num grito amargo te reclamo.
E saibas meu amor, eu inda te amo!
X
712
Neste silêncio audaz tão envolvente
Rebrilhas sob os raios desta lua,
A camisola branca transparente,
Nesta seminudez alma flutua...
E te desejo mais e mais querida...
Os teus cabelos soltos, sonho insano,
Depois de ter sonhado toda a vida,
Agora no teu corpo sem engano...
A boca que me molha e me tortura
Deixando um belo rastro de prazer...
Cavalgo nosso amor, tanta fartura
Dos gozos e delírios vou colher...
E mostras quando dormes, num sorriso,
A glória de viver no paraíso!
X
713
meus versos que serão meus companheiros
quando, ao fim desta jornada não restar
nem sombra dos amores verdadeiros
e nem mesmo um amigo eu encontrar...
meus versos são parceiros mais fiéis
fiando nestas letras que misturam
meu barco se perdendo sem convés
as cores com que tramo não me curam
amores simplesmente são falsários
demonstram um sorriso tão jocoso,
depois se transformam noutros vários,
não deixam nem sequer sombra do gozo.
amada, deixo o canto que não fiz,
dizendo que em teus braços fui feliz...
X
714
Falando dos amores mais ardentes
Que sempre me trouxeram perdição
Agora que não tenho nem mais dentes
Amores que vieram? Solidão!
Mas tenho tanta sorte em minha vida,
Que mesmo assim depois de tanta dor
A noite que temia adormecida
Sem juras ou promessas de um amor;
Vazia como tudo o que vivera
Sem jamais ter sequer uma esperança
Que faça vir, enfim, a primavera,
Resquícios que ficaram na lembrança...
Depois de tantas noites tão tristonho,
Te encontro, meu amor, a vida em sonho...
X
715
Nas asas deste pobre passarinho
As dores que carrego na minha alma.
Vivendo sem poder ter o meu ninho
Nem mesmo essa saudade já me acalma...
Eu quero seu carinho mas cadê?
Preciso de seu colo, minha amada,
Vivendo tanto tempo sem você
Esqueço, em minha vida, quase nada...
Amada eu sempre quis o seu amor,
Mas sei por isso nunca mais vou ter...
Não quero mais sofrer de tanta dor.
Amada nos seus braços sem viver.
O que me resta enfim, amor apenas...
Se passarinho eu sou, troco de penas...
X
716
Quem dera primavera retornasse.
Talvez assim seria mais feliz...
Olhando meu espelho sem disfarce
A pele vai mudando de matiz...
Os olhos antes vivos, tão sem vida,
A boca vai perdendo seu turgor,
De todas as entregas desta vida
O preço vou pagando com rancor.
Não tenho mais os braços que sonhara
Na cama que queria fosse minha...
Amar, amar, amar, palavra amara,
Deixando uma esperança mais sozinha...
Mas tenho dentro d’alma tanto desejo...
Morena vem depressa e dá um beijo!
717
Amor que desde tempos mais antigos
Caminha com amor que sempre quis
Vivendo dos amores dois abrigos
Nas camas e nas tramas fui feliz...
Efêmeros segredos que disponho
Não ponho mais meu barco no teu mar.
Amar quem tanto amei durante o sonho,
Durante muito tempo quis amar...
Mas foste tempestade de verão,
Achavas meu amor de brincadeira
Verdades que vive com emoção
Os sonhos dessa vida assim inteira...
Não deixe mais o sol que tanto ardia
Morrer completamente em fantasia...
X
718
Ferido por Cupido, num vacilo,
A flecha bem de perto ele atirou,
Contágio sempre feito por bacilo
Amor de tanto amor já me pegou...
Vacina que deixei lá na gaveta
Achando minha idade protegia.
Agora esse menino com a seta
Mirando no meu peito a fantasia...
Doente dessa praga quero cura
Mas vejo que não tenho mais remédio
Achando triste cada noite escura
Vivendo em teu prazer sem ter mais tédio...
Porém logo percebo, estou neurótico.
Solução? Vou tomar antibiótico!
X
719
Olhos formosos belos luz e lume.
São cores dos amores mais profanos.
Das flores dos desejos teu perfume
Dos sonhos e dos cantos, desenganos...
Por vezes te desejo toda nua
Deitada em minha cama, tão bonita,
Porém o que fazer se continua
A boca em tua boca sempre agita...
Mas temo que isso seja só um tema
Não seja amor tão verdadeiro assim...
Trazendo a cor do amor no teu emblema
A fome de te amar morre no fim...
Olhos formosos roubam sanidade
Mergulho nesses olhos a saudade...
X
720
Coração quis isenta uma saudade
Nos versos que compunha em ousadia
Viver sem conhecer a liberdade
Que mata e que morde todo dia...
Coração se despede do meu peito
E voa sem saber para onde vai
Agora coração ‘stá satisfeito
Mas se fizer besteira logo cai,
Depois não reclama coração,
Moleque tão traquinas bem levado...
Agüenta com firmeza essa emoção
E nada de ficar meio de lado...
Agora que procura sempre amor
Não venha reclamar se espinha a flor!
X
721
Amar quando foi doce, já faz tempo
Agora me amargando tanto engana
Forjando uma esperança, contratempo,
Que sempre se demonstra soberana.
Soberba desse amor que tramo tanto.
Deságua na tristeza deste mar.
Que morre sem saber de amor que espanto
Nas ondas e na areia sem parar...
Quem pensa que esse amor já traz mudança
Se cansa, na verdade, magoado...
Amar quando não some da lembrança
Melhor deixar ficar lá no passado.
Passados tantos anos sem te ter,
Amor me acostumei, que vou fazer?
X
722
Guardada no meu peito tal fortuna
Que sempre se posou de soberana.
A noite que te trouxe tão soturna
Espera nosso amor numa cabana...
Despisto mas não posso me calar...
O canto que promete não me alcança
Memória bem podia se matar
Assim não cairia noutra dança...
Meu sentimento espera nova vida
Na vida que se mostra mais sensata
Agora que esperança não duvida
Amor quer embrenhar por outra mata...
Vivendo o sofrimento de saber
Que amor demais já faz amor morrer...
X
723
Há tempos que ventura me domina
A mesma que te trouxe junto a mim.
A vida quando boa me alucina
E brota novamente em meu jardim
As flores doloridas das saudades
Murchando não permitem mais um canto.
Porém depois dos sonhos, liberdades,
Trazendo nossas vidas novo encanto...
Viver sem ter amor não é u’a farsa
Espelha teu retrato na parede...
Amor quando em amor sempre se esparsa
De tanto amor na vida tenho sede.
A sede do que trama essa emoção
Infarta qualquer dia: coração!
X
724
A roupa que trazias vai jogada
Num canto deste quarto onde estivemos.
Varando sem ter tréguas, madrugada,
Do amor que tantas vezes nós fizemos...
Eu me lembro de teu corpo sobre o meu
Nesse jogo que excita e dá prazer
Do tanto que sonhamos, flor morreu,
Regada em outras mãos, quis esquecer...
Mas tenho uma lembrança bem feliz
Do tempo em que tivemos nossa lua.
Agora que embrenhaste outro matiz,
A noite sem ter lua continua...
Mas sei que amanhecendo um outro dia,
De novo vou amar a poesia...
X
725
Destoucando os cabelos tão dourados
Em raios tão divinos vem aurora,
Transformando esses sonhos esperados
Em prisão mais dorida e tentadora...
Acorda minha amada com seus raios
Lembrando que é chegada essa partida.
Cavalos esperando, mansos baios,
De novo recomeça a nossa vida...
O tempo que tivemos já passou,
Meu canto continua tanto quanto
Aquele que em espanto já cantou,
Não resta nem a sombra do quebranto.
Assim amor, renasce nossa vida,
Na aurora que marcou a despedida...
X
726
Os desenganos todos que já tive
Em terrível coleta pela vida.
São marcas que ficaram donde estive
Cada qual tramando uma ferida
Envolto nestas trevas sem ter fim,
Vencido por tamanha insanidade
Vivendo simplesmente vou assim
Vou buscando encontrar a liberdade...
Meus passos tropeçando nos teus passos
Espaços que não cabem mais nós dois.
No fundo desta estrada sem abraços
Morrendo pouco a pouco sem depois...
Mas sonho com um tempo mais feliz
Quem sabe terei sorte por um triz?
X
727
Não penses que estarei sempre sozinho...
Meus passos são gigantes como a lua.
Em Marte construí meu novo ninho,
Minha alma tão serena já flutua...
Não quero que revolvas céu e mar
Apenas não desejo o sofrimento.
Sorria novo canto para amar
Que eu sigo esse meu mar em movimento...
Esculpi meu sorriso de Carrara
No mármore mais duro que conheço,
No meu tombo, minha asa me antepara,
Por isso nunca temo meu tropeço.
As asas que roubei da poesia,
Permitem no meu vôo, autonomia...
X
728
Quem manda passarinho criar asas?
Voando sem gaiola que detenha
Pisando calmamente sobre brasas
No vento que ventava fogo e lenha...
Sou parte do conjunto de mim mesmo
Não faço do meu canto liberdade
Liberto já nasci vivendo a esmo
Levando minha própria claridade.
Desculpe-me se mostro tantos dentes
No sorriso que engana minha boca
Nascendo meus amores no poente
A vida se mostrando muito louca...
Não paro um só momento de sonhar,
As asas continuam no lugar...
X
729
Batuca o coração tamanho trem
Que sobra tanto espaço não se cansa.
Às vezes a saudade vai e vem,
Mas chega num momento não me alcança.
Nascido de Mercúrio com Iansã
Sou rápido e trovejo meu caminho.
Renasço em minha luz toda manhã,
Pior, nunca temi andar sozinho...
Bebendo a tempestade abrindo o peito
Vou sempre sem sequer olhar prá trás.
Na dor e na saudade já dei jeito,
Agora vou caçando a santa paz...
Por isso minha amada me perdoa,
O tempo que voei, tomado à toa...
X
730
Preciso faxinar meu coração!
Os restos que ficaram dão trabalho...
Depois de tanto tempo em solidão
Agora que vivi já me amortalho...
Também não tem juízo, paga caro.
Pior de tudo é sempre ser teimoso.
Não tenho para amor o menor faro,
Vivendo minha vida sem ter gozo...
Gozando cada dia que se passa
Das sombras que deixei na caminhada...
O resto que vier, faz uva passa,
E joga nessa mistura frita, assada...
Mas deixe um bocadinho prá gelar,
Quem sabe voltarei de novo amar?
X
731
Fiei-me no traçado que legaste
Aos olhos que seguiram os teus passos.
Amor que não se erguia nem guindaste
Consegue te elevar aos meus espaços...
Mas quero teu amor do mesmo jeito
Sem asas e sem sonhos terra a terra...
Amor eu sempre soube insatisfeito
Mas sempre tá ligado ao fio terra...
As asas que proponho são reais
Nos sonhos que tu tramas, liberdade,
Mas sei que liberdade em ti, jamais.
És crua e tão sensata na verdade...
Teu canto tem beleza como o quê,
No fundo te procuro mas cadê?
X
732
De tanto que tramei em solidão
O verso vai saindo qual espirro,
Falar de poesia e de perdão
Só serve quando, amor, eu já me embirro...
Teimoso como um asno que se empaca
Não deixo mais chegar a ventania...
Nos gumes que conheço dessa faca
Sentidos que se perdem, poesia...
Vagando nas vacantes cercanias,
Cerrando tais fileiras com a sorte,
Encaro assim, portanto as alegrias,
Como um belo prenúncio para a morte...
No fundo faço versos por fazer,
Buscando um bom motivo pra viver!
X
733
Procuro por meu bem em meio a flores
As cores se misturam, nada vejo...
O tempo que me engana sem amores,
Apenas uma flor inda desejo...
Mas nada dessa flor no meu jardim...
Procuro por perfumes, reconheço,
Naquela densa moita, estás enfim.
Sentindo teu aroma te obedeço...
Mas quando chego perto... Que surpresa!
Estava diferente a mansa flor...
Agora se vestia em tal nobreza
Que espantava meu triste e velho amor...
Descubro; minha sina é ser sozinho,
Aroma que senti? Somente espinho..
X
734
A chuva disparando nesta tarde
Inunda tantas ruas, tantos sonhos...
A cor do meu amor, decerto encarde,
Meus olhos nessa chuva estão medonhos!
São olhos tão perdidos, de quimera...
Olhando sempre a esmo, sem sentido.
A morte deste amor em primavera
Deixando uma saudade, triste olvido...
Mas sei que a tempestade passará
Trazendo uma bonança em alegria.
O sol do novo dia me trará
Uma explosão de cores, fantasia...
A chuva, quando forte, faz limpeza
Minha alma renovada quer clareza!
X
735
Subindo por montanhas mais distantes
Amor e solidão, meus companheiros,
Buscando por meus sonhos mais constantes
Se amaram, com carinhos verdadeiros...
Deixado pelo amor e solidão
Por onde sigo agora sem sonhar?
Vivendo sem qualquer uma emoção
Procuro por sereias, pleno mar...
Parecem com teu peito sempre aflito
Metade vai querendo me levar
Mas quando sonho, enfim, vem o conflito,
Outra metade, nada vai deixar...
Depois de caminhar tamanha trilha,
De amor e solidão, sereia é filha!
X
736
Na briga da parede com o mar
Não quero ser uma ostra na parede...
Só tenho mais pancadas pra tomar,
Morrendo no final, de frio e sede...
Maré quando subia me avisava
Cai fora qu’uma noite não é nada,
Teimoso, bicho burro, que ficava,
Se não morrer agora, madrugada.
Não quero mais ficar exposto tanto
E tomo meu partido, tô partindo...
Mas, pena que te amei, prá teu espanto...
Uma onda arrebentando vem surgindo...
Depois de tanto tempo sem amor,
Destino inda me faz esse favor!
X
737
Ditoso caminheiro, tanto engano!
As pernas andam bambas, disso eu sei...
Renovo a cada dia um velho plano...
Fantasias de amor? APOSENTEI!
Quem faz de sua vida uma promessa
De sonhos que não pode mais cumprir
Depois de tanta vida se confessa
O resto do que fui, e não quis ir...
Mas amiga, te peço uma atenção,
A vida noutra vida se revela.
Meu velho estropiado coração,
Sem dentes vai ficando mais banguela...
Mas trago uma esperança sem malícia,
Viver amor intenso? Que delícia!
X
738
Eu quero amar liberto das amarras
Sem farras sem ter tramas sem entranhas...
Amar tão livremente sem ter garras,
Apenas nossas noites pouco estranhas...
Amar com gosto leve da maçã
Com cheiro dessa terra já molhada,
Sem medo se terá um amanhã.
Apenas ser amado, minha amada...
Eu quero amor que traga a fantasia
Suave desse canto sem promessa.
No riso se estampando uma alegria
De ser assim somente sem ter pressa...
Eu quero um grande amor que me acompanhe
Que sempre esteja aqui, nem perca ou ganhe...
X
739
És tão bonita amor de minha vida...
Teus olhos irradiam tanta paz
Tão bom sonhar contigo, enfim, querida...
O canto que prometo noite traz.
E beija minha boca, manso vento,
Deitada do meu lado, assim desnuda,
Procuro por teu colo em pensamento,
A noite sem resposta, fica muda...
Amada como é bom falar teu nome,
Embora tantas vezes sem resposta.
Depois vem alvorada e tudo some,
Apenas no meu peito a mesa posta
Procuro te encontrar em cada verso
Nas ondas deste mar, neste universo...
X
740
Eu amo você, sabes bem disso,
Porém são tantas coisas que magoam...
Palavras escolhidas, compromisso...
As aves sem gaiola sempre voam...
Mas tenho tanto amor que não se acaba...
Meu sonho tem as asas que preciso...
Embora tanta coisa, assim, desaba,
Não canso de buscar o paraíso...
Entendo tanto medo assim da vida,
Entendo a solidão, é camarada...
Mas saiba que busquei em si querida,
O cheiro da manhã toda orvalhada...
Senti tantas promessas em você,
Diga-me, por favor, amor cadê?
X
741
Ventura que busquei, não achei nada...
Somente o mesmo vento sem demora,
Que vai que vem que volta, em revoada...
Vontade de ficar e de ir embora...
Mas tenho uma esperança, nem te conto...
Numa leveza breve até flutuo
Amor? Conheço a fera ponto a ponto.
Embora muitas vezes inda me suo.
Mas amo-te querida, esteja certa...
Embora muitas vezes não decidas
Às vezes vou mandando meu alerta
No fundo, está em jogo nossas vidas.
Preciso do teu braço, mas bem forte.
Não quero ter amor sem rumo e norte...
X
742
Amor voava livre, passarinho...
Em busca de quem fosse mais ligeiro,
O canto que esperava ser sozinho,
Depois de tanto tempo em cativeiro...
Chegaste num momento mais azado,
O vôo desse pássaro, tão lento,
Depois de se sentir de novo asado
Liberto das anilhas do tormento...
Não foi um passatempo que tiveste?
Procura suas asas onde estão?
Da plena fantasia se reveste,
As penas espalhadas pelo chão...
Sem penas não consegue mais voar,
Apenas tantas penas para amar!
X
743
Cupido que é moleque bem sacana
Apronta suas artes e não pára.
De vez em quando chega e logo espana
E nada de livrar nem minha cara...
Cansado de tamanhas traquinagens
Eu falo com menino prá parar.
Useiro contumaz em sacanagens,
Disparando outra seta sem mirar.
Atinge o atingido coração
Que fica paranóico de verdade.
É tanta e tanta flecha meu irmão,
Como posso ter tranqüilidade?
Tá bom que sempre eu viva para amar.
Aliás, manda flecha sem parar!
X
744
De tanto que sem canto nada encanto
No pranto que rolamos nada tenho...
Amor que sem amor nunca sou santo,
Mas trago tanto amor d’aonde venho...
Amor vai num crescendo que me assusta
Não cabem mais angústias nem tristezas,
Amor quando se tem medida justa
Invade vários rios, correntezas...
Não deixo mais ficar no pensamento
As farsas que este amor me preparou.
Amar é sempre ter merecimento,
Amado vou amando quem amou.
Buscando tanto amor com liberdade
Vivendo deste amor tranqüilidade...
X
]
745
Não deixo o pensamento mais liberto
Pois trama sutilezas que não caio.
Esfinge que se finge mais esperto
Depois de tantos planos eu me espraio.
E peço tanto mel por solução
Em vastas amplitudes mais sensatas,
Se quero receber o teu perdão,
Aceno com centenas vãs erratas.
Agora não me deixe mais dolente
Que busco natural uma armadura.
Indo como qualquer um ser vivente,
Respiro meu segredo em mata escura...
No canto mais gentil que me reservas
Amores que guardaste nas conservas...
X
746
Os peixes escondidos neste mar
Depois das tempestades, maremotos,
São restos de esperança de voltar.
Amores que se foram tão remotos...
Depois de tanto tempo sem sonhar,
Vivendo meus amores sempre rotos
Buscando nos teus olhos encontrar
O quando que vivemos boquirrotos.
Não deixe que se torne mais incrível
Repasto que deixei tão simplesmente.
Amando o que parece mais possível,
Derramo meus desejos totalmente,
Vivendo tanto sonho mais cabível,
Meu canto que suprimo, de repente...
X
747
Eu quero tanto amor com tal carinho
Que seja sempre assim, tão bem amada,.
Sabendo que vivi assim sozinho,
Te busco na manhã, cada jornada...
Desejo tua pele em meu calor,
Vasculhar teu corpo por inteiro
Depois de tantas ondas deste amor,
Fazer do teu prazer meu derradeiro,
Bebendo teu licor em plena fonte,
Cobrindo-te de beijos tão vorazes,
Abrindo as belas portas do horizonte
Salivas e desejos mais audazes...
E dormir sobre teu corpo, minha amada,
A noite em pleno gozo, tão cansada...
X
748
Celebrando divino pensamento
Que me embaça qualquer nova empreitada
Levando meu canto sem tormento
Passeando sem rumo pela estrada
Que me guia sem planos de partida
Nas celestes visões angelicais,
Caminhando porquanto longa vida
Embalando meus sonhos no teu cais.
Neste caos absoluto, sem amor,
Num momento fiando minha história
Na procura de ter novo sabor,
Encontrando amor em plena glória.
Descrendo te encontrar após distância,
Mas amor que se preza, traz constância!
X
749
Caminho cabisbaixo, vou cismando
Buscando teu retrato, bem guardado
A vida pouco a pouco vai passando,
Meu peito em sofrimento, torturado...
Meus males são reféns do nosso amor
De tantas amarguras que carrego.
Dizendo que te encontro em cada dor
Que tento e não consigo, nunca nego.
Desdéns colecionados pela vida,
Nos temporais ferozes que enfrentei,
Minha alma sem sonhar segue sofrida
Por campos e montanhas que nevei
Com lágrimas e frio, vento forte,
Sentindo esse bafio, minha morte!
X
750
Procuro pelo amor em tantos trilhos
Sem ter sequer notícia desespero...
Durante meu caminho, os empecilhos
Tornaram tal procura um gesto fero...
Amor nunca encontrei nessas viagens
Em busca dos meus sonhos, só quimeras,
São secas essas sendas e paragens,
Que sempre me negaram primaveras...
Os olhos enlutados, sem destino,
A voz tão embargada nega o canto.
O mundo se desaba em desatino,
Cessando de uma vez qualquer encanto...
Amor que procurei, alegre ou triste,
Restando perguntar: será que existe?
X
751
Amando quem vivera em agonia
Na busca tão amarga pela vida.
A noite se promete tão vazia
Vivendo em cada canto a despedida...
Um passageiro triste não suporta
A dor de se saber bem mais sozinho,
Amor quando demais arromba a porta
Revolve totalmente um velho ninho...
Nas sombras e nos troncos do carvalho
Na proteção dos galhos da figueira,
Por tanto tempo trago um fundo talho
Que brota da paixão, a derradeira...
Não sei se me diviso com a sorte
Que leva, finalmente, à minha morte!
X
752
Amando quem vivera em agonia
Na busca tão amarga pela vida.
A noite se promete tão vazia
Vivendo em cada canto a despedida...
Um passageiro triste não suporta
A dor de se saber bem mais sozinho,
Amor quando demais arromba a porta
Revolve totalmente um velho ninho...
Nas sombras e nos troncos do carvalho
Na proteção dos galhos da figueira,
Por tanto tempo trago um fundo talho
Que brota da paixão, a derradeira...
Não sei se me diviso com a sorte
Que leva, finalmente, à minha morte!
X
753
Cheguei de tua vida neste passo
Que passo no compasso mais ligeiro
Procuro pelo espaço sem cansaço
E pego num abraço, o corpo inteiro...
Nem tento nem disfarço mas te quero
No verso que diverso tanto fiz...
Vencido pelo canto que venero
Espero que viver seja feliz
Me diz por ondas foste ver o mar
Amar é se saber tão manso e forte.
Armando minha rede no luar
Na pesca deste amor terei mais sorte..
Brincando nessas rédeas sou corcel
Procuro nossa estrela em nosso céu...
X
754
O cheiro que me traz o teu perfume...
O vento calmamente sopra manso.
Acendo no teu fogo todo o lume
Buscando este teu colo, calmo avanço...
Sussurro meu desejo em teus ouvidos,
As bocas iniciam seus festins,
Os dedos explorando, decididos.
Encontram seus destinos e seus fins...
A língua que passeia nesta rosa,
Nas pétalas macias e dolentes...
Meu rumo, nos teus seios , vaidosa,
Encontram belas fontes duras, quentes...
Jorrando esse prazer que é tão divino,
Nas bocas, tantas bocas, me alucino...
X
755
Num jardim tão repleto de outras flores
E cores que não posso traduzir
No canto desses pássaros, amores,
Procuro meu amor, venho pedir.
As horas mais doridas que hoje passo
São passos que perdi na longa estrada
Deitando meu cansaço em teu cansaço,
Depois de certo tempo, quase nada...
Bem sei que tanto insistes em dizer
Das dores que penamos na distância,
Agora, meu amor, eu não vou crer
Nos medos que tramaram discrepância...
As flores tão formosas no jardim,
Amores machucando tanto em mim...
X
756
Distâncias alongadas que me tramas
Em versos e desejos mais ciganos
Que sonham dividir milhões de camas,
Com planos e armadilhas soberanos.
Amor sem ter remédio me vicia
E torna nossa vida num inferno...
De todo grande amor se propicia
Os lumes que incendeiam meu inverno...
Amor que sempre trama uma esperança
Nas horas mais difíceis, nunca falha...
Amor que persevera sempre alcança
Mesmo depois de tempos em batalha.
Portanto minha amada não mais tema,
Amar sem ter limites, o meu lema!
Eu te amo, minha amada sonhadora;
757
De uma doce ternura em tanto amor.
Imagem tão gentil e sedutora
Na santidade insana a nos compor...
Eu te amo com meus lábios e teu cheiro,
Nos livros e nas cartas, nos poemas...
Vontade de me dar, de ser inteiro
Fazendo deste amor, os meus dilemas...
Amar quem tanto adoro, bela e nua,
Deitada no meu colo se esqueceu
Das horas, meses, dias... E flutua
Com leveza de quem sempre se deu...
Eu te amo com ventura e com paixão,
Nas loucas tempestades de verão...
X
758
Eu quero teu perfume, doce rosa,
Florinda num jardim que é todo teu.
De tantos descaminhos verso e prosa,
Amar assim demais, a quem se deu...
Eu quero uma esperança em desventura
Trazendo uma tristeza delicada.
Mostrando uma alegria sempre pura
Na rosa que se mostra apaixonada...
Eu quero ir morrendo nos teus braços
Depois de tantas horas de prazer,
Colhendo nosso amor nos teus abraços,
Vivendo em plenitude, amanhecer.
Eu quero teu amor, fragilidade,
Roubando em teu perfume, eternidade!
X
759
Meus olhos te procuram... Minha amada.
Em meio a tantos olhos, quero o teu.
Nas ruas, nas esquinas, bares, nada...
Onde foi que esse olhar o meu perdeu?
Muitas vezes pensava ser sozinho,
Nos meus dias total obscuridade.
Cansado de viver sem um carinho,
Trazendo a solidão sem ter saudade...
Meus olhos em teus olhos, de repente...
Os brilhos refletidos, espelhados.
O mundo, num segundo, diferente;
Trazendo tantos sonhos... Rios, prados...
Porém tu foste embora... O quê que eu faço
Sem ter os olhos teus, por onde passo?
X
760
Ouvindo na janela, a sua voz,
Longínqua e tão distante, como um eco.
Surgindo do passado, manso, atroz.
Tal qual se fora um baque, meio seco.
O som se repetia claramente
Chamava por meu nome, me assustei.
De tanto que sonhara, num repente,
Um sinal de quem tanto, tanto amei...
Só meu nome dizia nada mais,
Numa doce armadilha da saudade...
Como a dizer do amor que foi demais,
Como a falar em toda eternidade...
A voz do meu amor, meus desenganos,
A voz de quem morreu, há tantos anos...
X
761
Teus carinhos... Ah! Tantos teus carinhos...
Nossas bocas sedentas se tocando,
Nos carinhos que tocam nossos ninhos
Dos desejos que temos, se trocando...
Carinhos do teu beijo tão suave,
Na vontade gostosa de se dar.
De tirar dos caminhos um entrave
E seguir simplesmente, tanto amar...
Teus carinhos, na noite que persigo,
E já faz tanto tempo, meu amor...
Deste amor que é profano e tão amigo,
Deixa-se seduzir e é sedutor...
Meu amor, como é bom ter-te a meu lado,
Teus carinhos, meus sonhos acordado...
X
762
Minha amada eu desejo boa sorte
A quem sempre comigo esteve aqui.
O destino desata e bate forte,
Mesmo assim agradeço o que vivi...
Não desejo que sofras mais querida,
A saudade por certo sempre chega.
É preciso que sigas sua vida,
Noutros mares, amores, tanta entrega...
Eu só quero que guarde na lembrança
Esse amor que num dia já foi nosso.
Vivendo sem saber de uma esperança,
Querer-lhe bem feliz, o que mais posso...
Tanto tempo vivi amor consigo,
De tudo o que restou, sou seu amigo!
X
763
Dos amores que tive, foram tantos...
Eu me lembro que fomos bem felizes.
Embora eu te causasse tantos prantos
Tantas noites passadas nas marquises
Esperando dizer, em serenatas,
Dum amor que trazia tantos versos,
Falando desses rios e cascatas
Em dezenas de sonhos, tão diversos...
Mas, se te fiz feliz, disso eu não sei...
Errei tanto, mas tanto que te amava
Mesmo assim muitas vezes machuquei
Quem, em mim, alegria só buscava...
Minha amada desculpe tanto dia
Que deitei noutros braços... Poesia!
X
764
Ah! Como é bom poder falar teu nome...
Solto por sobre as pedras, vales, rios...
Ao longe quando falo, no eco some
Percorrendo distantes, os vazios...
Teu nome, minha amada companheira,
Traduzindo as belezas mais gentis.
Dando essa sensação tão verdadeira,
A de que poderei ser mais feliz.
Amada, como adoro ter chamar,
Nas horas mais doídas desta vida.
Distante dos meus portos, do meu mar.
Nessa ausência de mim mesmo, querida...
Teu nome não me sai do pensamento,
Percorre todo o mundo, solto ao vento.
X
765
Quanto tempo levei p’ra te tocar,
Nossos lábios secando sem saliva,
Saliva abençoada por amar...
Amor... Nessa tal força radioativa...
As chuvas e as pedras, tantas dores,
Distantes dos teus lábios, tão sedento.
Vivendo muito tempo sem as cores
Que trazem nosso amor, solto no vento...
Depois de ter fugido de mim mesmo,
Depois de ter bebido a tempestade
Da vida assim vivida, tão a esmo,
Lutando pelo lume, claridade...
Agora, finalmente, meus desejos,
Trazendo meu estio, nos teus beijos.
X
766
Nos áridos caminhos desse amor
Que trama tantas urzes quanto espinhos
Trazendo tanto frio no calor,
O medo de morrermos tão sozinhos...
O fogo que queimando nos impede
De termos nossos rumos sempre abertos,
Amor que tanto cobra e tanto pede
Deixando nossos olhos descobertos.
Amor que dilacera, seta, espadas,
Nos campos mais terríveis de batalha;
Nas buscas das manhãs, das alvoradas,
A dor que recolheu também espalha...
Amor de flamejante tentação,
Abrindo em seu caminho, o coração!
X
767
Nas sendas delicadas, meu jardim,
As flores me encantando em seus perfumes
Trazendo uma alegria para mim,
Envolta nas tormentas dos ciúmes...
As águas que regaram tantas flores
Nascendo do meu peito, meu amor...
No céu as borboletas multicores,
Namoram, sobrevoam, cada flor...
Milhares de desejos polinizam
Em êxtase completo, nossos sonhos...
As flores mansamente se agilizam
E formam primavera dos meus sonhos...
Amor como é gostoso estar contigo,
Deitado em teu jardim, meu santo abrigo!
X
768
As águas destes rios, transparentes,
São gotas de cristal ao sol feroz..
Nas mansas corredeiras, nas correntes
Que levam calmamente para a foz.
Amada, nos teus olhos, mesmo brilho
Do rio que se entrega ao quente sol.
Amor que tanto tenho segue o trilho
Dos teus olhos, sou qual um girassol...
Nas águas, nas salivas, nos teus beijos
Mergulho tantos sonhos, tanta luz...
Envolto nas delícias dos desejos,
Amor de tanto amor que reproduz
O brilho das estrelas, lua e rio...
De noite se explodindo em louco cio...
X
769
Sussurro desse vento na folhagem
Murmúrio tão sereno deste amor
Que me traz tantas cores na bagagem
Deixando maravilhas onde for...
Amor que acaricia minha vida,
Com frases e carinhos tão sortidos,
Sabendo que te quero, amor, querida,
Os ventos caminhando, distraídos...
Imerso nos meus dias deste outono
As folhas despencando para o chão,
Promessas de tristeza e de abandono,
Às portas da terrível solidão.
Eu penso no teu rosto... Quem me dera!
Um último estertor de primavera!
X
770
Eu nunca irei contigo em teu caminho,
Arrasto essas correntes do passado.
Fantasma que nasceu, viveu sozinho,
Por certo irá morrer mais isolado...
Amiga teu amor eu não mereço,
Meus passos são doridos pra quem sonha...
Preparo tanta dor, tanto tropeço,
A lua, em vinho tinto, tão medonha...
Quem sabe, encontrarás felicidade,
Nos braços que dominas, não os meus...
Talvez envolta em laivos de saudade,
Descubra que meus olhos são ateus...
Farei a caminhada em dor mais forte;
Rumando sem ter pressa, para a morte...
X
771
Se não bastasse o brilho dos teus olhos
Se não bastasse o gosto desta boca.
Alegrias e tristeza, sei de molhos,
Na triste fantasia, mansa e louca...
Não bastasse o perfume que exalavas
Não bastassem as flores que plantamos
Nos jardins delicados onde achavas
Os espinhos que lembram: nos amamos...
Não bastasse esse mar onde naufrago
Não bastasse esse sol que tanto queima
Viveria sem saber do teu afago,
Morreria sem te ver, estima e teima...
Como podes pensar: te esquecerei...
Não bastava te amar como te amei?
X
772
Não quero a sensação sombria da saudade,
Desejo simplesmente tanto amor...
Que traga, ao fim da noite, a claridade;
E toda a fantasia que dispor...
Eu quero a mansidão deste regato
Fluindo calmamente dentre as rochas.
O cheiro tão gostoso deste mato
As horas mais dolentes, calmas, frouxas...
Selando nosso pacto minha amada,
Marcado a sangue e fogo, guerra e paz...
Depois de tantas lutas, madrugada,
Arfando nos desejos, quero mais...
Quero este prazer que me alucina
Nos olhos da mulher, minha menina!
X
773
Suave poesia nos tocava
Na noite em que vivemos nossos sonhos...
A lua nos seus raios me avisava
Dos braços e carinhos, mais risonhos...
Ao lado dessa fonte, nossos beijos,
A lua testemunha mais silente.
Aflora tanto fogo nos desejos
Nos braços deste amor tão envolvente...
Ao longe nos reflexos desta lua,
A solidão calada qual viúva
Ao ver tua beleza, toda nua,
Enciumada nos manda a triste chuva...
Não há de quê, amando sobre as águas...
Restando à solidão, somente mágoas...
X
774
A luz que irradiaste sobre mim,
Na turgência dos seios tão famintos..
O brilho desta lua sobre mim,
Em plena embriaguez dos absintos...
Dançávamos na noite, tontos passos,
Nas valsas e nos beijos, danças, sonhos...
Nas pernas e nos braços, loucos, baços...
Nas camas e nas chamas, vis, medonhos...
Nas mãos sertões, promessas, minas...
As bocas procurando turbilhões,
Em danças alucinas, e dominas,
Valsando desatinas excursões
De mãos e doces línguas que se caçam
Nas dança nossas chamas, esvoaçam...
X
775
Poder acarinhar os teus cabelos,
Deitado no teu colo, bocas, seios...
Envolto na beleza dos novelos
Que tecem nossas teias sem rodeios...
Na lua que rebenta, lume e céu,
O brilho se reflete nas melenas,
Prateando de beleza, como um véu.
Meu coração registra tantas cenas...
Nas sombras desta lua e desse manto,
A cama onde dormimos tão cansados
Depois de tantas noites neste encanto
Depois de tontos sonhos bem amados...
Prá que dormir, pergunto... Nada dizes,
Verei outra aquarela em tais matizes?
X
776
De tanto que queria teu carinho
De tantas ilusões que me vendi,
Num vôo sem ter rumo, passarinho,
Do bando que migrava me perdi...
Aos olhos sem promessas que deixara
Nos ninhos que jamais retornarei.
Amar vai se tornando jóia rara
Aos braços de quem fui e não voltei...
Amor nas tuas asas sem destino,
Quebradas, machucadas vão as minhas...
Meus sonhos escondidos, de menino,
Se perdem, noutras asas não me aninhas.
Amor quem dera um dia retornasse,
E jamais desde meu ninho revoasse...
X
777
Bem conheço teus passos cara amiga,
Vivendo destes restos que morri.
A noite te transforma e me periga
Nas garras destes sonhos que sofri.
Lembro-me quando vinhas pelas ruas
Demonstrando-me garras e rugidos.
Nossas almas estavam quase nuas,
Os corações, sozinhos, distraídos...
Alimentados sempre pela dor,
Jogados quase a esmo pela vida.
Fizemos nosso trato em puro amor,
Tu eras minha fera tão querida...
Porém veio esse vento que em frangalhos,
Deixou o nosso amor, sem agasalhos...
X
778
Eu amo tuas luzes que sei raras,
Nos astros que caminhas, sem destino...
As noites em teus olhos, sempre claras,
No brilho libertário e cristalino...
A pele que palpita cicatrizes
Marcada pelos ventos que vieram,
Os tempos que pensamos mais felizes,
Guardados, escondidos, desesperam...
Amada como é bom te ver aqui,
Desnuda com teu fel, plena fervura...
Depois dessa ventura que perdi,
As luzes se escondendo em noite escura.
Recorro a triste chama da saudade,
Buscando em nossos restos, claridade...
X
779
Amo-te obscuramente nas caladas,
Nas sombras e nos restos que sobraram...
As flores por demais são perfumadas
Encantos que produzem as anteparam.
Os brilhos das estrelas e da lua,
A riqueza de rainhas e princesas,
A beleza tão cruel tão densa e nua,
Chamas em tantas camas, bem acesas...
Não, meu amor jamais fomos assim,
Velamos nosso amor tal qual um filho,
Na mansidão completa de um jardim,
Sem mata, sem cascata, mar e trilho...
Apenas um amor manso e tão leve
Nos dando a sensação que a vida é breve...
X
780
Vieste em tempestade sem ter calma...
Trazendo tanta luz e tanta neve...
O frio da partida dentro da alma
No fundo, vou voando bem mais leve...
No movimento brusco que sumiste
Assustadiça sempre, de tocaia...
De tanto que te amei, sincero e triste,
Te peço que não voltes, que vá, saia...
Amor não se maltrata, nem desdém,
A brisa que te trouxe também leva...
Ter sempre sobressaltos... Ah Meu bem,
Prefiro ao lusco e fusco a plena treva...
Não digo-te, entretanto: sou feliz,
A vida sem amor, perde o matiz...
X
781
As espumas do mar lambendo os pés
Nas ondas nas estrelas branca areia...
A vida que me deu barco e convés
Agora vem me dar bela sereia...
Amor sou tão feliz por que te quero,
Nas águas mais salgadas deste mar.
No ronco destas ondas, tanto espero
O canto da sereia... Quero amar!!!
Porém, nesta ternura algo assusta,
Amor, amar o mar maré e a praia,
Alegria demais, quanto me custa?
Talvez a solidão faça tocaia
E leve meu amor como me trouxe,
Matando essa ilusão em água doce...
X
782
Não falo da beleza que não tenho,
Nem canto uma esperança, já morreu.
Saudade nunca soube de onde venho,
Tristeza há muito tempo, me escolheu...
Não falo da manhã que nunca veio,
Não falo dessa boca, não beijei...
Não falo em maciez nem no teu seio,
Não falo dessa luz que eu jamais sei...
Não falo desse canto, desafino...
Não falo desta música, não danço...
Não falo de juízo em desatino.
Não falo em paraíso, nunca alcanço...
Não falo desse amor que foi tão pouco,
Não falo em lucidez, de amor vou louco...
X
783
Não quero mais a dor em desamor...
Não posso mais viver sem primavera
Brindando cada dia à bela flor
Que nasce em poesia... Ah! Quem me dera!
Porém os ventos frios deste inverno
Insistem em chegar, não mais retornam...
A vida se transforma neste inferno
Que os olhos da saudade já me entornam...
As sombras me acompanham, não me largam,
Amada que sonhara, não mais volta...
As lágrimas, enchentes, tudo alagam,
Deixando simplesmente dor, revolta...
Eu vejo teu sorriso, na pantera,
Que nunca mais voltou... Sou quimera?
X
784
Amando-te à distância, sem te ver,
Não podendo tocar nem o teu rosto.
Sentindo tão distante o teu prazer,
Vivendo eternamente, pleno agosto...
Sem ter nem perspectiva em primavera,
À sombra do que fui e já morreu...
Meus versos escondidos; dor, quimera,
O resto do que somos se escondeu...
Neste meu desabafo em agonia
Escolho meus cascalhos e meu rio...
A noite se promete dura e fria...
O peito que te dei segue vazio...
Amor! Tua distância, eu tão sozinho...
Um pássaro em procura, perde o ninho...
X
785
Meu amor, onde estavas que não vinhas...
De tanto te buscar em meio aos sonhos,
Por campos, tantas sendas, mares, vinhas,
Nos bosques e nos prados mais risonhos...
Amor que traz cereja nos teus lábios
No beijo prometido e nunca dado,
Os dedos que se julgam bem mais sábios
Vivendo tão somente um triste fado...
De ter, depois de tanto procurar,
A tua ausência sempre anunciada
Em busca de teus braços, perco o mar
E nada me consola, nada, nada...
Apenas a certeza, mesmo triste,
Amor que tanto quis, eu sei que existe!
X
786
Andava pelas ruas sem destino,
Bem sei que nada tinha nesse mundo...
Perdido vou seguindo e nem me atino
Em tanto sofrimento, mar profundo...
Chegaste prometendo a salvação
Nos braços e nos beijos me entreguei...
Depois de tanto tempo de ilusão,
Em vão eu percebi o quanto errei...
Querias simplesmente uma vingança
De um bem que já se foi e não voltou.
O que fora semente de esperança
Por ter faltado amor, logo gorou...
Amada mesmo assim eu te agradeço!
Me fizeste mais feliz do que mereço!
X
787
Nada mais que tristeza, meu amor...
Nada além do vazio em desespero
Dessa vontade louca em desamor,
Da falta de alegria e de tempero...
Nada além de sombras do que fomos
Espalhadas pela alma em abandono.
Jogada nossa história em tantos tomos
Deixadas simplesmente... Perco o sono
E nada mais virá, sequer saudade....
No fundo desejávamos por isso.
Eu nunca pude ter felicidade
A folha que não brilha, perde viço?
Ah! Mas tenha uma certeza minha amada...
Depois de toda noite; uma alvorada!
X
788
Tua nudez tão simples, delicada...
Nas transparências todas, lisa, mansa.
Deposta sobre a cama extasiada
Exposta a plenitude, amor e dança...
Teus seios sob a blusa, belos montes,
Em meio a tais colinas, minha boca...
Beijando sutilmente, belas fontes,
Arfante, desejosa, a voz mais rouca...
Revigoras meus olhos já cansados,
Depois de tanta vida sem ter porto...
Amores que se foram... Outros fados,
Deixando uma impressão que estava morto...
Mas trazes novo sonho em transparência...
A vida vai mudando de aparência...
X
789
Vagando nosso amor, tantos planetas,
Em busca da perfeita conjunção...
Depois de tantos rastros e cometas
Encontro-te deitada, mesmo chão...
Querida que busquei, tanto deserto,
Tantos mares, sem nada mais pensar...
Agora que te vejo aqui, bem perto...
Não posso minha amada, mais sonhar.
Meus olhos já não fecho e nem preciso,
Eu sei que te encontrei e estás comigo.
Não busco mais sequer o paraíso,
Pois ele, com certeza é meu abrigo.
Vivendo do teu lado, minha amada...
Que mais quero da vida? Nada, nada...
X
790
Viemos deste chão tão dolorido,
Da fome, da miséria e do temor...
De tudo que nós somos, eu duvido,
Que exista, neste mundo, tanto amor!
Sangrados pela dor que não tem cura
Da cama que nascemos, mesma luz.
Dois filhos da aflição da noite escura
Que medo desde medo, reproduz.
Da bala tão perdida quanto achada,
Das lutas e guerrilhas do sertão...
Dessa dura certeza de ter nada,
Da vida sem futuro, escuridão...
Nós somos unha e carne, mesmo barro.
Criando nosso amor, escárnio, escarro...
X
791
A minha companheira tem o brilho
Das manhãs orvalhadas no quintal,
Se no seu canto tanto maravilho
Trazendo tanta luz, puro cristal...
A minha companheira tão viçosa
Robusta com a força lavradora,
Perfume que, emanando, lembra rosa
Certeza de quem sabe, vencedora!
Me dando o mel agreste da vontade
Que sabe bem pedir quanto ordenar...
Fazendo assim total felicidade
Sem medos e segredos, basta estar...
De minha companheira, o sal, sorriso,
O gosto de quem sabe o que preciso...
X
792
Trouxeste uma esperança adormecida
Nascida desta vida em solidão
Na boca que me morde, distraída.
Resquícios doloridos da paixão...
Que toma, que transborda e não me deixa,
Falando desse amor como se pensa,
Depois de tantas horas, tanta queixa,
A vida necessita recompensa...
Nos nós que desatamos, nós que somos,
Espelhos de nós mesmos refletidos...
Vivemos desta fruta vários gomos
Em tudo somos nada, repartidos...
Mas quero nosso amor que é manso e fera...
Deitados sobre a relva; urgência... espera...
X
793
Depois de tantas idas pelas ruas
Buscando por tabaco e por cachaça,
Decerto tu pensaste que flutuas...
Amor, a vida sempre descompassa.
E não é farsa este baile que prometo
Pode ser até sonho, mas, quem sabe?
De todos esses erros que cometo
Mais um ou outro sempre sei que cabe.
Agora vou colher a primavera,
Plantada nas esquinas, nos faróis...
Da vida quase nada mais se espera,
A não ser nossas tramas nos lençóis...
Abelhas, doce mel, e ferroadas,
Amor, a nossa cama, as madrugadas...
X
794
Se trazes nestas mãos a primavera
Que tanto desejei mas nunca veio...
Do canto e do bafio desta fera
A mansidão suave, o belo seio...
O gosto do veneno tão sublime
O ranço da esperança não cumprida
Vontade de que sempre enfim ultime
Tramando tanta dor em despedida...
A morte como mote predileto
Amor que talha sempre na mortalha
De rumos e desejo o mais dileto,
Viver eternamente na batalha...
Mas, doce como o fel, amarga e tonta...
No amor que procurei, a vida apronta..
X
795
Teus olhos escapando pelas ruas
Vagando de boteco pra boteco
Até nas madrugadas, bocas cruas,
Que pedem d’outras bocas sempre o eco.
Teus olhos vasculhando sob as mesas
Procuram os meus pés. Vão escondidos...
Na cama nos servimos sobremesas
Rasgando e devorando, mal vestidos.
Nessa nudez completa se completa
A festa deste amor conciliado.
A faca que me corta é a que espeta
Depois da cicatriz, viro pro lado...
E sonho com mulheres impossíveis,
E ronco tantos sonhos mais incríveis...
X
796
Amor eu te escrevi, não lembro quando,
A carta em que dizia meu amor...
O tempo sem demora foi passando,
Em tudo que escrevi tentei compor...
Fiz versos e manejos mais românticos
Rimando amor e dor como se manda.
Eu peguei até trechos dos tais cânticos
Misturei com baladas e ciranda,
Pra poder te falar disso que sinto...
Falei deste teu sol, da minha lua,
Tanta verdade falo e nunca minto,
Falei até que eu te queria nua...
Meu coração bateu numa alegria...
Mas precisa aprender caligrafia...
797
Se ninguém poderá fazer de mim
Isso que de mim mesmo nunca espero
Tais flores esquecidas no jardim
São versos de universos que não quero
Eu quero é ter amor em plenitude
Causando convulsão em profusão
Fusão que se explodindo dá saúde
E salva dum enfarte, o coração.
Eu quero é te encontrar na gafieira
Quem sabe, pode ser Maracanã.
Fazer tanta besteira a noite inteira
Depois dormir contigo até manhã...
Agora não prometo quase nada.
Se não vier agora? Madrugada...
X
798
Meu verso é carinhoso como o cardo
Encardo e sou birrento pra valer...
Depois de tanto peso e tanto fardo
Agora em liberdade, quero ver!
Sou caça que me caço e não me canso
Avanço e se quiser te mostro o ranço.
No fundo do quintal eu sempre danço
E se passo, passo a passo, não avanço...
No ritmo que embalava nossa dança
A moça se cansava e não dançava...
Agora que essa noite já me alcança
A moça que eu queria nunca amava...
Palavra que te quero mais feliz,
Dançando nessa dança, que te fiz...
X
799
Recebo e não percebo nem concebo
Se tenho ou se não tenho, pouco importa,
Reporto ao meu passado e já te bebo
Nos goles e nos tragos, tranca a porta.
Aberta pouco importa essa porteira
Depois de certo tempo, eu estou frito...
Amor pode ir chamando essa parteira,
Eu sei que esse rebento é bem bonito.
Amada não há nada que não pense
Se penso nada falo ou nada digo.
Amor que te pertence e me pertence
Se não for pra dar samba vira amigo...
Mas quero minha amada tua sorte
Janela quando aberta, o santo é forte...
X
800
Amada, nossas roupas pelo chão,
Jogadas, testemunhas deste sonho,
Te beijo com total sofreguidão,
E tantas aventuras te proponho...
Deitados, nossa cama, como é bom,
Poder te carinhar a noite inteira,
Por debaixo ou por cima do edredom
O dom de te queimar, minha lareira...
Fazendo-te em meus braços, minha musa,
Aos poucos desnudar-te, e perceber
Os seios por debaixo desta blusa...
Vontade de poder, toda, te ter...
Dançarmos nossa dança predileta
Amor em tentação já se completa...

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