quarta-feira, 21 de abril de 2010

HISTÓRIAS DE UM REPENTISTA VOLUME 07

1101
TANTO AMAR!
Teus olhos de pupilas tão ardentes,
Colocam no caminho meus anseios...
São fontes tão constantes das nascentes
Que levam tanta luz aos meus receios.
Os dias, pés descalços, as montanhas,
Nostálgicas lembranças do passado...
O vento em teus cabelos, nossas sanhas,
Um canto que deixara abandonado...
O fundo pedregoso de minha alma,
Teus olhos vão cobrindo de esperanças.
Refazem meus desejos deste trauma,
Na amplitude do amor, refazem danças...
Brotando, no deserto secular,
As flores escondidas. Tanto Amar!
1102
AMOR, AMOR...
Vivendo tanto tempo sem abrigo,
Dispersos sentimentos, sem ter sol...
Achando não correr qualquer perigo,
Andando nestas trevas, sem farol...
As ondas não molhavam nem lambiam
As pernas tão distantes das areias...
Tampouco, sem amor, elas sabiam,
Das luas e das vidas, amplas, cheias...
Durante tanto tempo foi assim.
O medo devorando a fantasia.
Escondido de mim, dentro de mim,
Morria, sem saber, a cada dia...
Agora que o frescor do teu sorriso
Chegou; mergulho, então, no paraíso...
1103
Nos Teus Braços, Minha Amada
No teu sorriso, fino e mavioso,
Na tua boca doce tentação.
Voluptuosamente tão vaidoso,
Em plena maravilha, o coração.
O rosto iluminado pela lua,
Nas ondas tuas pernas torneadas.
Na prata tão dourada, toda nua,
As noites, nosso mar, tão encantadas...
Crispando tanta luz sobre belezas,
Rajando tão distante, no luar;
Galopo meus desejos, incertezas,
Deitado nos teus braços, tanto amar...
E sinto nessa areia prateada,
A vida transcorrer, iluminada...
1104
COMO EU AMO VOCÊ!
Não venho como o vento que se vai,
Deixando tão somente tempestade.
A noite que me trouxe não te trai,
O sonho que vivemos; é verdade...
Não posso ser quimera; sofri tanto!
Nem posso ser o fim, tampouco dor.
Desculpe se te causo tanto espanto,
Talvez por ser tão brusco meu ardor.
Toda suavidade que perdi,
Espinhos calejaram coração.
Aos trancos e barrancos, eis me aqui.
Depois de tanta dor, tanta ilusão...
Trazendo o que me resta de jardim,
Flores silvestres; trago. Sou assim...
1105
MORRENDO DE AMOR...
Encontro em meu amor, a deidade,
Buscada em minha vida, por inteiro.
Sabendo distinguir felicidade
Um sentimento puro e verdadeiro.
Almíscar misturado com um ópio,
Inebriado, tento um novo mar.
Distantes dos meus olhos, telescópio,
Procuro nestes céus, sem encontrar.
Vertendo sobre mim, chamas e fogo,
Queimando em tempestades, sem perdão.
Não ouves nem desculpas, sequer rogo,
Dominas com teus olhos, a paixão.
Megera libertina; teu cativo,
Morrendo deste amor, eu sobrevivo!
1106
NOSSO AMOR - LAÇOS...
Fazendo nossa cama de jornais,
Deitando mansamente sobre a relva,
Tramando nossos sonhos, quero mais,
Amor vai embrenhando nossa selva...
Amor vai emprenhando nosso sonho,
Amor vai empenhando essa palavra.
Amor se emaranhando mais risonho,
Amor elaborando cada lavra...
Amor se esparramando pelo mundo,
Amor se entrelaçando em nossos braços,
Amor se enveredando num segundo
Buscando em entrelinhas nossos laços...
Eu faço nosso amor sem embaraço,
Nas rendas e nos sonhos, nosso espaço!
1107
MEU GRANDE AMOR...
Nesta manhã formosa, nosso estio.
Lembrando das noturnas seduções.
Deitado no teu colo, penso um rio,
Prazeres alagando aos borbotões...
Teu corpo tão sereno e perfumado,
Nas ânsias dos desejos incontidos.
Agora que me encontro apaixonado,
Não tenho mais meus cantos esquecidos...
Eu quero uma ternura que me inunde,
Eu quero uma certeza de prazer.
Minha alma destes sonhos, sempre infunde,
Vontade de jamais, ledo, morrer...
Ao longo dos meus anos de degredo,
Nos braços deste amor, o meu enredo!
1108
EU TE AMO... NOSSOS BEIJOS...
As manchas de batom já denunciam
A noite que tivemos, meu amor...
Mais do que palavras anunciam,
Prenúncios repetidos, tanto ardor...
A boca que me deste, carmesim,
Os beijos que te dei, nosso prazer.
O mundo está guardado todo em mim.
Sorvendo tanto amor, quero viver...
A noite que virá, por certo, louca;
Trará de novo, tanta fantasia...
Beijando mansamente tua boca,
Vivendo nosso amor, uma alegria...
Amar é mais que tudo, um belo dom;
Guardado nestas marcas de batom...
1109
Amar demais
Arrisco uma braçada neste mar
Amar demais se torna uma obsessão
Cruzando um oceano quero estar
Ao lado dessa imensa sensação.
Casar amor com tanta rebeldia
Que a cada dia mostra sua face
Não deixo de viver esta alegria
Não cabe novo medo que te embace...
Se manás me ofereces, nunca nego,
Se trago nas semanas, meses, anos.
Saudades deste amor; tanto carrego,
Que não conheço mais os abandonos...
Sou carta tão marcada neste jogo,
Amores que incendeiam, brasa e fogo!
1110
AH! MINHA QUERIDA...
Com sua vestimenta prateada,
Seguindo todo passo que perfaço.
Deitando sobre a relva luz sagrada,
Regando meu amor em fino traço.
Desertos envolvidos nos seus lumes,
Renascem em belezas transbordantes.
As flores se embriagam; bons perfumes,
Invadem nossos sonhos, deslumbrantes.
Ao ver essa beleza sem ter par,
Ao ver a claridade feita em sonho;
Desejos tão profundos de te amar,
Um mundo tão em paz, eu te proponho...
Teu rosto refletido em pura prata,
Na lua, transformada em serenata...
1111
Eu te adoro
Eu te adoro nas noites mais tranqüilas,
Nas horas insensatas. Nas ternuras,
Até nos tais venenos quando instilas...
Nas fantasias loucas, nas torturas...
Eu te adoro até quando tu me foges
E teima em disfarçar teu sentimento.
Carrego nossas dores, meus alforjes,
Sem medo de enfrentar o duro vento.
Ao redor de teus passos, circundando,
Temendo tua ausência, estou contigo
Em preces cada vez glorificando
As bênçãos de poder ser teu amigo.
Eu quero teu amor, tão displicente,
Que invade, o coração, tomando a gente...
1112
TRANSBORDANDO DE AMOR
Sentindo meu amor se transbordando
A bordo do saveiro, dos teus braços.
Aos poucos, meu amor, vou navegando
Os mares onde busco meus espaços.
Se nada mais tiver senão saudades
Escondo meu amor nos teus desejos.
Vivendo sem temer as falsidades
Mergulho de cabeça nos teus beijos...
Amada como é bom te ter comigo.
A mando deste enorme coração.
É tudo que eu pretendo e que persigo
Por ti tenho tamanha devoção.
E nada me trará senão viver,
Deitado no teu colo, meu prazer...
X
1113
Tu és o meu prazer e minha glória.
Tu és o meu caminho mais perfeito.
O brilho que ilumina minha história
O canto predileto e satisfeito.
O rumo que liberta e me incendeia,
O vendo que me traz felicidade.
Mergulho de cabeça em tua teia,
Me inundo de esperança e claridade...
Transportas nos teus olhos, os meus lumes.
Ferventes, meus desejos; já conténs.
Desculpe se me encharco de ciúmes,
Com medo das estradas de onde vens.
As fontes luminosas da amplidão,
Nasceram de teu belo coração!
1114
Te quero Minha Amada
Te quero nesses diques, neste cais,
Onde meu barco aporta em fantasia.
Vivendo sem saber quando é demais,
Aumenta o meu desejo a cada dia...
Nas bocas destas tocas, nos perdemos,
Nas locas e nos barcos, navegamos.
Amor de tanto amor; reconhecemos,
As noites quando nós nos encontramos...
Nas pernas qu
e trocamos, nossos passos
Pelas ruas que nunca mais vieram.
Nas pernas que tocamos, nos cansaços
Das tramas, nossas chamas que se deram...
Eu faço mansamente em teu ouvido,
Promessas que até mesmo eu já duvido...
1115
Teus olhos cintilantes e fatais
Invadem minha sala, entram no quarto.
Penetram meu amor cada vez mais,
No brilho destes olhos, vivo farto...
Busquei felicidade noutras sendas,
Vivendo, tantas vezes, mais vazio...
Parece, nada via, usar as vendas
Que tampam meus olhares, trazem frio...
Depois de imaginar amor desfeito,
Depois de tantos dias, tão sozinho;
Percebo; ser feliz, é meu direito,
Recebo; dos teus olhos, um carinho...
A luz vem penetrando, num rompante;
A vida se ilumina, neste instante...
1116
MINHA QUERIDA...
Venha; meus amorosos sentimentos,
Retidos por teus olhos tão queridos.
Mesclados pela lua e pelos ventos,
Deixando essa tristeza em meus olvidos...
Meus dedos te acarinham em placidez,
Tua cabeça; deito no meu colo.
Amor que em tanto amor, cedo se fez,
Trazendo tal prazer onde consolo...
Espírito de fera em calmas garras,
Espírito de fêmea em pleno cio.
Aos poucos, mansamente tu me agarras,
Livrando o coração deste vazio.
Desenho minha luz, tão forte e amena.
Flutuo ao teu redor, minha morena...
X
1117
Uma mulher formosa e delicada,
Na doce sensação da pura entrega.
Nas tramas deste amor, glorificada;
Loucuras do prazer, mansa, carrega...
Nas mãos que sempre arranhas e me agarras,
Os dentes entranhando em minha pele.
Nas unhas afiadas, doces garras;
Aos maiores anseios, me compele...
Caminha como deusa; vai desnuda,
No quarto, na penumbra, me enlouquece.
A noite se transcorre tão fecunda,
Vestindo nosso amor de louca prece...
Do seu corpo firme, ereto, majestade;
Sabendo nosso amor, em liberdade...
X
1118
Meus dentes te mordendo levemente,
Aos poucos te entornando, devagar...
Sabendo que em meu mundo, de repente,
Meus barcos tu desejas navegar.
Eu quero a sensação do teu prazer,
Da sede que eu mais quero saciar.
Nos braços e nas pernas me envolver,
Delírios de perder e se encontrar...
Eu quero a maciez de teus cabelos,
Roçando minha nuca num enlace.
Carícias de sentir todos os pelos,
Nas horas em que mansa, tu me abraces...
Eu quero viajar contigo espaços;
Depois ir descansar nos teus cansaços...
1119
MEU AMOR... DOÇURA
Eu trago o gosto doce do melado
Roubado desta boca, meu amor...
Em meio a tantas tramas do pecado,
Na cama, nossa chama, sem pudor...
Eu trago o gosto doce da aguardente
Roubada desta cana, fermentada...
Girando, inebriando, fogo ardente
Deitando meu sabor em minha amada....
Eu trago gosto doce deste mel,
Que escorre em tua boca lambuzando.
Cavalgas meu amor, sou teu corcel,
Sentada sobre mim, me dominando...
Eu trago o gosto doce do prazer,
Que tanto me machuca e faz viver...
X
1120
Voltando seu olhar para horizonte,
Em busca de si mesma, nada encontra.
Sabendo da distância desta fonte,
Às vezes, tão sozinha, se amedronta.
Versando com teus sonhos como mísseis
Percorrem tantas noites doloridas.
A vida trama ardis sempre difíceis
Deixando tantas almas doloridas...
Eu sei que quem partiu não quer voltar,
Assim como percebo teu lamento.
Amiga, tira os olhos deste mar.
O tempo não permite sofrimento.
As mãos que te deixaram não retornam,
Os mares mais distantes já contornam...
X
1121
Enlanguescente deitas sobre a cama...
Volúpias e desejos no cetim.
Estás sensualíssima: Me chama...
Nas erupções vulcânicas, festim...
No jogo sedutor, acesa a chama,
A fogueira queimando dentro em mim...
Delícias produzindo louca trama,
Quem dera, toda vida fosse assim...
As bocas desbravando cada trilha,
Audazes dedos tecem linda renda...
O mundo transbordando em maravilha.
Buscamos mais ferozes, novo afã
A lua salpicando nossa tenda,
Prepara aurora grávida: manhã...
1122
Canto em Liberdade
Eu falo de opressões e de opressores;
Não deixo de sentir a mão que pesa.
Nem sempre quem professa, professores,
Bem sei que quem confessa não despreza.
Mas tenho meus momentos de esperança
De cantar sem grilhões; um sonho leve.
Sabendo que esperar, nem sempre alcança;
A vida é só momento, passa em breve...
Um ano, um’ outra vida; eternidade...
Deixando meus segredos externados,
Rompendo com qualquer privacidade,
Meus olhos se pesando, consternados...
Quero enfrentar o mar, não sei nadar;
Quero morrer na areia, enfrento o mar...
1123
ESTOU AO TEU LADO
As mãos que te consolam também levam
As mesmas sensações de inadimplência.
Mas são tão calejadas que relevam,
Sabendo que é preciso complacência...
Eu não carrego mágoas, pesam tanto.
Amigo; te aconselho a ser mais franco.
Amor, depois que perde seu encanto;
Sangria que nem sempre eu mesmo estanco.
Por isso estou aqui, meu camarada;
Nas vezes que sofri, tive teu braço.
Agora que esta noite vai nublada,
Os passos cambaleiam de cansaço...
Amigo, nunca apague tua luz,
Pois o seu próprio facho, te conduz...
X
1124
Incessante desejo me domina,
Flutua como um ar tão impalpável.
Por vezes tantas noites me alucina,
Quem sabe, esse amor incalculável...
Tomando tantas formas, mais diversas,
Invade o pensamento e se demora...
Entranha minhas noites e conversas,
Sabendo quem te quer e quem te adora...
Conduz-me aos momentos mais felizes,
Não seca, nem deserta uma emoção.
Repete sem cessar, sem ter deslizes,
Não deixa de encantar o coração.
Pois saibas, todo o tempo em que vivi,
Anoiteço, adormeço; penso em ti...
X
1125
Das trevas que vivemos, no passado;
Das dores incrustadas, sem alento.
Tremula nosso sonho extasiado,
Salvando da tormenta num momento...
Escuto tua voz tão redentora,
No meio da tempesta que aproxima.
Uma amizade em paz, tão duradoura,
Retoma meu caminho em mansa estima...
Mereço uma amizade tão profunda?
Por vezes me indagando sem resposta,
Da solidez que sempre se oriunda,
A vida em amizade é mesa posta.
Amigo, me perdoe se fugi,
Os mares me trouxeram, eis me aqui!
X
1126
Hoje os espaços mostram esplendor
Na beleza dos astros, das estrelas...
Tramando estas estradas com fulgor.
Sob o brilho, milhões de belas velas...
Os anjos passeando neste astral,
Formando qual um bando de falenas.
Vencendo tantos medos, bem e mal,
Pintando todo o céu em alvas cenas...
Molemente recebes meu afeto,
Depois de nossas noites, todas brancas.
Sabendo que este amor é predileto,
Sabendo das venturas que alavancas.
Fluindo nosso amor em manso lago,
Espero teu carinho e teu afago...
1127
Eu te amo
Eu te amo sem porque e sem talvez.
Apenas sinto o vento no meu rosto...
O canto que professo; tanta vez,
Confesso que me dá sereno gosto.
Agostos em minha alma, doloridos
Trouxeram as promessas de setembros.
Se levo tantos sonhos já perdidos,
A vida decepando tantos membros...
Mas amo teu amor tão delicado
Decides com teus passos se inda vou.
Amor que tanto tenho dedicado
Não sabe das estradas que trilhou.
Meu coração sem remo já vagueia
Nos raios generosos; lua cheia...
1128
MEU AMOR ... TEMPESTADES
O gosto da maçã e da pimenta
Que encontro no teu corpo meu amor,
Decerto; tantos diques arrebenta
Invade sem sequer saber de dor...
Morena que desejo totalmente
Imersa neste mar de branca areia
Devoro teus olhares num repente
Acordo, nos meus braços, a sereia...
Decido mergulhar neste oceano,
As ondas me lambendo, cada poro.
Não posso mais querer segundo plano,
Explano essa ternura e me evaporo,
Refaço minha pele em tua pele,
A louca tempestade me compele...
X
1129
Se mansa madrugada já desponta
Pressinto nosso amor se derramando.
A vida muitas vezes nos apronta,
Por isso é melhor seguir amando...
Eu quero que me entendas, por favor.
Eu sinto tanto orgulho de dizer.
Aqui neste meu peito, bate amor;
Que expõe toda vontade de viver...
Não sinto mais vontade de partir,
Ao menos deixa estar assim, contigo.
Não quero o teu amor mais dividir,
Eu quero estar em paz, em teu abrigo...
Aberta uma esperança neste peito,
Amar passou a ser o meu direito!
X
1130
Minha rosa dos ventos vai perdida
Em meio a tempestades; sem destino.
Amor que desejei por toda a vida,
Transita neste mar onde termino.
Quero o gosto, teu jeito de viver.
Quero o afeto tão plácido, envolvente.
EU Quero essa certeza de poder
Viver a cada dia mais urgente...
Eu quero a maciez do sentimento
Que faz o meu caminho mais em paz.
Eu quero teu amor, todo o momento,
De tudo que pensei, ser mais capaz...
Eu quero meu timão, sou timoneiro,
Amor de minha vida, verdadeiro!
X
1131
Um coração tão terno nada odeia,
Passado luminoso quer futuro.
A lua se promete toda cheia,
Tomando de promessas céu escuro...
Um coração tão terno nada teme,
Não sabe das mazelas da tristeza.
Minha alma quando vê, depressa treme,
Invade minha vida em tal beleza...
Um violino vibrando em plena noite.
Trazendo nosso amor em serenata.
O canto deste vento nega açoite,
Meu rumo se perdendo em tua mata.
Um coração tão terno quer teu colo,
Semeia meu amor em manso solo...
X
1132
Nos meus braços, teus braços se esqueceram,
Deitada em nossa cama, sem receios...
Aos poucos nossos olhos entenderam
Amor, em nossas vidas, vias, meios...
Mesclando as alegrias e saudades,
Furtivos os carinhos são tão plenos.
Eu creio em nosso amor, diversidades,
Legados de venenos tão serenos...
Ao longe desta rua, nossas casas,
Das ondas emergidas, esperanças...
As horas são fogueiras, queimam brasas,
Tropeçam nossos pés em magas danças...
Eu quero ter o fim da lua cheia,
Deitado nos teus braços, fina areia...
1133
FORÇA, AMIGO
Não sei se ela te quer ainda, amigo.
Mas sinto que isso em ti, tem importância...
O canto que trouxera, nem te digo,
No fundo tanta vida em discrepância.
Confesso que pergunto sem respostas;
Não posso responder assim, por ela.
Eu sei que dela ainda, tanto gostas,
Por isso não consegue saber dela.
Escondida no mundo que querias
Vivendo a viuvez desta saudade.
As noites em que passas; todas frias,
Sem braços, sem mulher, sem claridade..
Amigo; nada mais posso dizer,
Apenas conseguir sobreviver...
X
1134
Que dirás esta noite, amada minha;
Que dirás coração mais sem cuidado.
Voando, arribação, uma andorinha,
Procura nas distâncias, o seu fado.
Emprego meu orgulho em te querer.
Entôo tantas loas ao teu vôo,
Percebo que emolduras o meu ser,
Nas vozes que te chamo, e não ecôo...
Que não seja mais noite de tristeza
Aquela em que te foste, minha amada.
Sabendo voltarás, tenho certeza,
Tal qual uma andorinha desgarrada.
Espero teu retorno em breve ninho,
Salvando o coração d’um passarinho...
1135
PRAZER...
Não quero mais saber se terei paz,
Apenas te decoro passo a passo,
De tanto que sonhei sou bem capaz
De mergulhar bem fundo cada espaço.
Não sei se mais desejo ou se te quero
Apenas comemoro teu prazer
Envolto nos teus braços desespero
E sigo com vontade de te ter...
Depois de nosso amor ter sido feito
Desfeito nos teus braços, meu sorriso,
De tudo que senti, vou satisfeito,
Buscando novo mundo e paraíso...
Eu sinto cada vez mais que estou perto
De semear prazer no teu deserto...
X
1136
A música me toma como o mar
Trazendo para os versos uma estrela.
Estrela que pensei tanto encontrar,
Na noite e no mar, estrela bela...
Meu peito que se inunda do teu canto,
Nas ondas dos meus sonhos, sem quimeras.
Vertendo tais miragens, meu encanto.
Recebe a solidão, vigor de feras...
Vibrando em mim palavras mais doídas,
Navio que se naufraga sem ter bóia.
Fugindo dessas dores, a saída,
Encontro no meu peito, clarabóia...
Imerso em convulsivas emoções,
Trazendo deste mar, as sensações!
X
1137
No sol que acaricia tua pele
Beijando molemente os teus seios.
O vento enamorado me compele,
Buscar teus doces braços, sem receios...
Queimando de prazeres minha tarde
Em versos mais ardentes te traduzo,
Calor que mansamente vem, me arde,
Areias nos óleos me lambuzo...
Que quero uma beleza inteira e nua,
Deitada do meu lado, sem temor.
Nas águas deste mar, alma flutua;
Recebe em tantos raios, meu amor...
O sol vem bronzeando sempre ardente,
Trazendo o seu calor, tão envolvente...
X
1138
Na pintura dos olhos, meus reflexos...
Marcados por pincel quase sagrado.
Procuro nos amores, sensos, nexos...
Encontro meu olhar apaixonado...
Perlas, metais, dourando tais desejos
Que, celestes, mergulham oceanos...
Servindo ao vencedor, meus vários beijos;
Não sabem dos amores, tantos planos...
Se disse que viver é pleno amar,
Verdades e mentiras escondidas.
São flores que inundaram tanto mar,
São dores que embelezam nossas vidas...
Nos beijos tanta seda e tanto brilho.
Amor é meu destino, pedra e trilho!
X
1139
Quando entre dissolutos, veros sonhos;
Minha alma que entranhada nada estranha;
Vivemos dos momentos mais risonhos,
Percorro estes teus vales e montanhas...
Dos céus inalcançáveis, quero o cimo;
Guardando meus segredos pro final.
Se dores com amores sempre rimo,
A culpa é do mergulho neste astral.
Amo, decerto amei e te amarei.
Por tempos, universos mais distantes.
E sempre aonde for eu estarei,
Com passos firmes, sempre tão constantes...
Resplendecendo em tuas luzes meu destino.
Seguindo então teu rastro, cristalino..
X
1140
Por anjo sapientíssimo, imantados,
Teus olhos num tropismo fabuloso
Levando o meu olhar ao lado, atado,
Transindo meus sentidos, pleno gozo...
Salvando-me do inferno da saudade,
Conduzem os meus passos, rumo à vida.
Ensinando à minha alma, a liberdade,
Na chama de teus olhos, adormecida...
Celebram tantos dias de ventura;
Recendem aos espaços divinais.
Produzem despertar da noite escura,
Forjando dos meus versos, tais cristais...
Teus olhos eu bendigo e não me canso,
Espelham meu futuro, que esperanço...
1141
Minha Amiga.
Não faça desta dor o teu remédio.
Não cura e, bem pior, agrava o quadro...
A vida não permite tanto tédio,
Presente no futuro; sempre enquadro...
Refeitos das borrascas e dos ventos,
Não temos mais motivos p’ra ficar
Guardando tantos maus pressentimentos.
Fazendo nossa vida, um triste mar.
Amiga, não se esqueça da esperança.
Aprenda a perceber felicidade,
Não creia que ela venha em festa, em dança,
O gosto mais comum é de humildade...
Amor não é distante. É CORAÇÃO!
E brota em cada gesto de PERDÃO!
X
1142
Amor que me consola e faz viver
É minha própria vida. Uma esperança...
Sustenta e me embriaga de prazer;
É brilho que por sorte sempre alcança...
Atravessa as borrascas, chuvas, guerras...
Vibrante claridade que ilumina.
Passando por montanhas, vales, serras,
Toda uma cordilheira ele domina.
Qual anjo que sustenta tanto sonho,
Nas minhas ilusões a mais querida.
De todos os caminhos, mais risonho;
Embora nos maltrate toda a vida...
Amor é derradeiro sentimento,
Libertando nossa alma, solta ao vento!
X
1143
Meus sonhos de te ter, breve futuro,
Enredam minhas mansas decisões,
Minha esperança chega e salta o muro,
Espera, impaciente, as decisões.
Nas pedras do caminho, que passei,
As trevas, a saudade, minhas dores...
Depois de tanto tempo, hoje bem sei,
Que prenunciariam os amores.
Quando me vi perdido, tão distante;
Decerto não sabia que virias.
Amando-te a partir de certo instante
Percebi claridade nos meus dias....
Agora que te tenho, amor profundo,
Meus sonhos invadindo todo o mundo...
X
1144
Relendo nossas cartas. Quanto tempo!
Saudades que deixaste, meu amor...
A vida nos trazendo contratempo
Mas como nós vivemos esplendor!
Os passeios na praça, nossos beijos...
As brigas, os ciúmes, tantas danças;
Bailes no antigo clube. Meus desejos...
Poucas coisas ficaram. Só lembranças...
Ah! Como vale a pena ser feliz!
Mesmo que enfim, depois, a vida leve...
Eu continuo apenas aprendiz,
Felicidade, eu sei, é vento breve...
Relendo nossas cartas, constatei;
Depois de tanto tempo: Como amei!
X
1145
Ao te ver na distante e tão risonha serra,
O meu olhar te procura, em sonhos derradeiros.
Amargor da saudade em volta dos ribeiros.
Na trilha desta serra a marca d’uma guerra.
A noite sem ter sonho é triste, e me desterra...
Esperas, qual princesa, os bravos cavaleiros.
Eu só posso te dar, amores verdadeiros.
O teu belo castelo, está em outra terra.
A natureza rara, em alegrias, canta.
O pássaro que voa a quem escuta, encanta.
Só Deus nunca me escuta, embalde minha prece...
A nuvem, escondida, aguarda; trará chuva.
A mão que me tortura esmera-se na luva.
A tarde vem caindo, a noite me envelhece...
X
1146
Uma dor saborosa me domina
Aos poucos me tomando não me larga.
A dor que docemente me alucina,
Sorrindo quando os olhos meus, embarga...
Dor dolente, cansando dá prazer,
Vasculha meu passado, meu futuro...
Maltrata, ao mesmo tempo, quer saber
Como estou, como vou, ou se me curo...
Mordendo, vem e sopra, caricia...
Recebe, me promete e logo nega.
Sem saber, aos poucos me vicia.
Tanta dor, tanto amor, cedo carrega...
Nessa dor saborosa deste amor,
É chama e se tempera com calor...
X
1147
Bendito seja amor que nos tortura,
Maltrata e nos corrói, depois redime.
Bendita essa mulher, que eu não estime
Outra, pois nela encontro minha cura.
Bendita seja a lua em sua alvura,
Que em seu louvor minha alma sempre prime.
Que meu verso em delírio sempre rime
Em toda essa altivez, toda brandura...
Bendito seja o sol, também a chuva,
Bendito seja o vinho, feito da uva
Sempre erotizada em fantasia.
Bendito seja o cio que transtorna,
Cálice da vida, no gozo entorna.
Bendito esse prazer dia a dia...
X
1148
Por tanto tempo quis lhe procurar,
Nas ruas, nas estradas, sem destino...
Nas estrelas, nas montanhas, no luar...
Buscando sem parar, desde menino...
Por vezes eu pensei ter encontrado
Aquela que seria minha amada.
Mas, depois de alguns dias: tudo errado.
Voltava à minha espera. No fim, nada...
Algumas vezes penso não mereço.
Ao vê-la aqui do lado, carinhosa
De tanto que sofri, eu já me esqueço
Que a vida possa ser maravilhosa!
Meu coração alegre, agora crê;
Minha amada, nasci para você!
X
1149
O beijo que prometes e persigo,
Tramando meu desejo; imensidade.
Eu quero desse beijo, meu abrigo,
Vivendo o meu amor em claridade...
No beijo que roubei, faz tanto tempo,
As garras me mostraste, sem ter pena.
Agora que não temo contratempo,
A vida mais sensata e mais amena;
O beijo nunca larga o pensamento,
É vida que se fez independente.
Vivendo meu amor com sentimento,
Eu quero te beijar completamente...
Das dores e temores, salvador,
Urgência de sentir beijo de amor!
X
1150
COMO É BOM TE AMAR!
Não sinto mais o frio que sentia
Ao ter determinado meu futuro
Sabendo, com certeza que viria
O tempo mais suave e mais seguro.
O manso sentimento que carrego
Amor em placidez, tanta ternura.
Sabendo que desejo nunca nego
Espero nos teus braços, aventura...
Amada não pressinto desespero
Nem dores que me queimam ou maltratem.
A vida nos teus braços tem tempero
Nos nós que não permito se desatem...
Amada, como é bom saber de ti...
Nos braços mais macios, me perdi...
X
1151
Ressona do meu lado, minha amada.
Depois de mansa noite de prazer;
Nos mares que vivemos, embarcada,
As luas sem ter calma, conceber...
Ressona calmamente; ri distante...
Não sei se de alegria ou de saudade.
Amores que passaram claramente
Depois de tanto tempo; nunca é tarde...
Não posso dominar sequer meus sonhos,
Nem tento adivinhar do que ela ri.
Às vezes pareciam tão tristonhos
Os olhos que encontrei e estão aqui.
Mas sabe que eu a amo, isso é que importa,
O seu manso sonhar... Que mar aporta?
X
1152
Deitando em minha cama, mansamente,
Trazendo toda a dor duma ilusão;
Que viera e se fora, totalmente,
Deixando em arremedo, o coração...
Deitando em minha cama, doce momento;
Numa explosão de sonhos e desejos...
A vida que se foi, duro tormento,
Ressurge em tal loucura, nossos beijos...
Deitando nos meus sonhos, abandonos...
Trocamos nos olhares, nossas vidas.
Até que a madrugada traga os sonos,
Recuperamos luas esquecidas,
Amores esquecidos, maltratados...
E num milagre de amor; ressuscitados!
X
1153
Eu te dou estes versos, minha amiga,
Na certeza que sempre me moveu.
Que quanto mais a vida nos periga,
Mais sabes que estarei ao lado teu...
Semeias esperanças com sorrisos,
Semeias alegrias aos incertos;
Pressinto esses manás dos paraísos,
Na força com que salvas dos desertos...
Amiga, nos meus versos, te dedico;
Conheço essa vital sabedoria,
Tornando o meu viver sempre mais rico.
Vertendo minha dor em fantasia.
Amiga, nos caminhos complicados,
Teus braços sempre são meus aliados...
X
1154
Nossos prazeres, tantos, insensatos...
Trazendo fantasias incontáveis
Nas ruas, praças, pátios, camas, matos;
Como em qualquer lugar imaginável.
Prendendo minhas pernas, firme e tanto.
A minha louva deus me devorando;
Cobrindo meus desejos com seu manto,
Aos poucos minha pele tatuando...
A noite que tivemos, nossa noite!
Nos sonhos, fantasias, nosso abismo.
Amor que vai queimando qual açoite,
Aos poucos se tornando fanatismo...
Nosso amor é tão grande e nos consome,
Pois nem mil vidas matam nossa fome!
1155
Meu peito dolorido já te alcança
Na dor que me destrói, demais intensa.
Sabendo que esse amor é minha dança
Saudade traduzida como imensa.
Criança procurando um acalanto,
Num canto mais sereno, quero encanto.
Amor que me prometes, tanto, tanto;
Investido do amor, cessando o pranto.
Me espanto de saber quanto te quero,
Te quero e já percebo quanto é bom
Viver com teu amor que enfim venero,
Amar intensamente, santo dom...
Eu quero teu amor enternecido,
Eterno em tanto amor, bom, dolorido...
X
1156
Depois de tantas noites; fatigado,
Buscando nas estrelas fantasia,
O sonho que tentara bem mirrado,
Quase sem sentir uma alegria.
Ao ver que tudo sempre fora vão,
Ao ver os olhos mortos de quem quis.
A vida me prepara uma emoção,
Prossigo em meu destino, ser feliz.
Nos gestos mais sutis, minha esperança,
Não teme mais a morte nem a dor.
Fazendo com a glória uma aliança,
Um brilho no meu peito sofredor.
E quero essa alegria derramando,
Por sobre toda a terra, esparramando...
X
1157
Teu perfume invadindo cada canto
Da casa onde morávamos, querida.
Trazendo uma lembrança desse encanto
Que achara, tristemente, já perdida...
Teu perfume de rosas e jasmim,
Deixado neste quarto, em nossa cama;
Como se transformasse num jardim
Que toda noite sempre vem e chama.
Aromas dos amores que deixaste,
Amores que jamais eu esqueci.
Tais aromas em tudo o que tocaste,
E sei que para sempre estão aqui...
Amada, teus perfumes, na verdade;
Demonstram nosso amor: eternidade!
X
1158
Amor que me feriu solenemente
Trazendo nos seus olhos minha luz
Vivendo o sentimento totalmente,
A mansa palidez já me produz...
Querendo teu amor como se fosse
O cais que desejava meu saveiro.
Amor que tanto amaro quanto doce,
É força que me toma por inteiro.
Vencido pelas lanças deste amor,
Não posso mais negar tudo o que sinto.
Entrego-me, corpo e alma ao vencedor,
Salvando um coração que achara extinto.
Sem medo de viver tudo o que quis,
Sem medo de te amar e ser feliz!
X
1159
Amor quando se chega, que alvoroço!
A vida se transforma totalmente
Quem tinha uma mortalha, de repente
Renova se tornando sempre um moço.
Esperança ressurge lá do poço
Onde já se escondia em nossa mente
E nos faz reviver tão plenamente
Que de tudo que fomos, nem esboço...
Amor quando tardio, nos confunde
E transporta o que somos e nos funde
Com o que pensamos, mocidade.
Agora, em desafio, no final
Da vida, nos mostrando que afinal
Ainda somos gente, de verdade!
X
1160
Primavera trazendo nossas flores,
As flores divinais da primavera,
Que trazem, nos perfumes, os amores,
Amores que sonhei, sempre, na espera...
Findando o duro inverno, te adivinho;
Nas mansas corredeiras deste rio...
Descendo o coração, devagarinho,
Enchendo de ternura, mata o frio...
Nas graças maviosas deste amor,
Amor que, com certeza, vale a pena;
Renasce em primavera, toda a flor
Pintando em aquarela, bela cena...
Das noites tão vazias, mais geladas,
Renascem as manhãs, as alvoradas...
X
1161
Orvalho que bebi nesta manhã,
Roubado desta relva tão macia...
Forjado em teu desejo, nosso afã,
Tragando meu prazer, minha sangria...
Nos cálices noturnos, me inebrio,
No vinho tinto, mato minha sede.
Penetro tantas locas, aqueço o frio,
Mergulho de cabeça em tua rede...
Aos poucos despetalo e te desperto,
Desnudo mansamente, cada toque.
Deitando em teu deserto, estou tão perto
Amor te quero inteira, sem estoque...
Depois adormecer, no nosso quarto,
Tão cansado, esgotado, louco e farto...
X
1162
Amiga, se permita a fantasia,
Pois ela quase sempre nos ajuda.
A dor em sua enorme tirania
Fazendo nossa vida mais miúda,
Não pode com a força da alegria.
Às vezes é melhor que nos iluda,
Viver a plenitude por um dia,
Do que não ter mais nada, enfim, que acuda.
Amiga ser feliz é só momento,
O tempo, qualquer tempo, sempre passa.
Amor é tão divino sentimento,
Porém por tantas vezes se esfumaça.
Mas sinta-se feliz, mate o tormento,
E dance todo amor em plena praça!
X
1163
Meu amor traz completa sensação
De universos vagando sem sentido.
Perdendo-se renasce na amplidão,
Inteiro é que se encontra dividido...
Imerso nos teu mares, convulsão,
No meios das estrelas vai perdido
Amor que não dispara coração,
É luz e treva, segue sem ter sido...
(Nas horas mais tristes
Amor que não sei
No mundo encontrei
Saudades e risos,
Tormentas e praias,
Verdades e saias,
Nos céus, paraísos...)
Meu amor traz cantigas infantis,
Cantinflas, Mazaropi, cines boates.
Todos sonhos medonhos, pueris.
(É canto que encanta
Trazendo esperança
Olhar de criança
Verdades e lendas,
Heróis e fantasmas
Suspiros e asmas.
Desertos e tendas..)
Esse amor minha seiva, rum e mel,
Serenatas, manhãs, ruas, mascates...
Nas ilhas dos seus sonhos, sou ilhéu...
X
1164
Um silêncio profundo me atordoa,
Não deixa mais pensar com tal clareza,
Minha alma, sem sentido, sequer voa.
Envolta em tal silêncio, em tal beleza...
Sobre este pano d’ébano pintado,
Milhares de cristais vão superpostos.
O sonho num cavalo vem montado,
Voando sobre os mares; ares postos...
Deitada em minha cama, adormecida;
Reflexos destas luzes sobre o rosto.
Eu vejo minha vida decidida,
No brilho que te cobre o seio exposto...
Amada, em tal pintura feita em sonho,
Percebo o meu futuro mais risonho...
X
1165
Nascendo nos seus braços vou sem fim,
Em vaga tempestade que me esconda.
Navego em pensamento, sempre assim,
Morrendo em sua praia, pedindo onda.
Temo a fugacidade de um momento,
Vivendo em seu desejo, por inteiro.
Ao mesmo tempo quero o sentimento
Aprisionando; amor tão verdadeiro...
Mulher que sempre foi demais tão mansa e crua,
Ao mesmo tempo pinta e me descora.
Vagando pelas ruas, alma nua,
A boca que me beija me devora...
Nas fases deste amor, tão fera e calma,
A lua lhe entranhando lhe traz a alma...
X
1166
Almíscar de tua alma inebriante,
Nas lentas sensações desse carinho.
Divago por caminho extasiante,
Emergindo do sonho, mar e vinho...
No ancoradouro quero meu saveiro,
No cais destes teus braços tão macios...
Esteio do meu barco. Derradeiro...
Desejo de fugir dos ventos frios...
Eu te amo tanto, tanto quanto posso.
Talvez mais que a mim mesmo, não duvido.
Quando estou contigo, me remoço,
Esqueço tanto porto já perdido...
Impregnado de pura juventude,
Amor que se renova em atitude...
X
1167
DELÍCIA DE VIVER
Agora vou de lágrimas isento,
Passando minha vida em tal prazer;
Vivendo com ternura um sentimento,
Delícias e vontade de viver...
Amores quando soltos bebem vento
E dormem tão tranqüilos e serenos,
Deitado no teu colo, o pensamento;
Encontra tantos sonhos, mais amenos...
Em versos e desejos mais completos,
Querendo a recompensa predileta
Cobiço estes delírios mais diletos,
Aos poucos vou cumprindo a minha meta...
Vivendo, nesta vida o que se quis,
Sabendo, finalmente, ser feliz!
X
1168
Irmã da solidão, a tal saudade,
Deixando o pensamento mais disperso.
Prodígio dos amores sem verdade,
Tramando toda a dor em triste verso.
Amiga, de tais forças és refém,
Mas conte com meu braço companheiro.
Bem sabes que na vida, sem ninguém,
O dia se parece derradeiro...
Mas vamos destruir essa irmandade
Que faz do nosso peito, amargo ninho,
Matando a solidão e a saudade,
Por certo terás paz em teu caminho.
E conte com apoio e com meu braço.
Trazemos irmandade, em forte laço!
X
1169
EU TE AMO QUERIDA
Meu coração se fia na promessa
De ter amanhecer com mais leveza,
Amor nunca me espera, já tem pressa;
Encontra nos teus braços, a beleza...
A sorte que encontrei no meu destino,
Vivendo toda a vida sem disfarce;
Amor me transformando num menino,
Dos velhos sentimentos, já renasce...
Amor; venha correndo; vem me acuda,
Não deixa esta tristeza ressurgir.
Preciso de carinhos, tua ajuda,
Deitado no teu colo; vou sorrir...
Deixa eu beijar t’a boca, minha amada,
A vida sem amor, é quase nada...
X
1170
TE DESEJO MINHA AMADA
Se tanto que te quis não mais quisesse
Os ermos que passei são meu destino.
Nas mãos que te pretendem teimam preces
Contrárias aos desejos que te ensino...
Em cima das montanhas, nossos olhos,
Vasculham cada rama desta mata,
Perdidos meus delírios nos abrolhos,
Recebo esfumaçar desta cascata...
A vida não tramou outra esperança
Sequer me deixou gosto de saudade.
Te quero e te desejo tanta dança
Amor que sempre tive, de verdade.
Não minto se te quero minha amada,
Desejo-te na cama, esparramada...
X
1171
No nosso leito cheio de ternura,
Momentos divinais são costumeiros.
Amada em teus carinhos u’a ventura.
Tornando meus caminhos verdadeiros.
Sentindo teu perfume delicado,
Desejo em tua boca e tua pele...
Vivendo assim querida, apaixonado,
Estar perto de ti, vida compele...
Eu quero teu amor por toda a vida,
Em todos os momentos da existência.
Na nossa cama, a dor tão esquecida,
Transbordam o desejo, a paciência...
Sabendo que esse amor é nosso guia,
A vida se transcorre em alegria...
X
1172
Não deixe que alegria vire pranto
Nem mesmo que a tristeza nos invada.
Concebo nosso amor em cada canto,
Em cada poesia apaixonada...
De repente te vejo tão distante
Dos olhos que incendeiam em amor.
Não deixe que esta vida, num rompante,
Acabe por motivo qual que for.
Não quero ser um barco sem ter leme,
Nem quero ser caminho sem ter fim.
Por mais que calma a noite, amor já teme
A solidão das noites, tão ruim...
Peço-te que esse amor nunca se esfume,
Desculpe, por favor, o meu ciúme...
X
1173
Nos teus olhos crepúsculos afloram,
Preparam bela noite de luar.
Cores avermelhadas te decoram,
Das dores que vieram, tanto amar...
Belezas incontáveis ‘stão contidas,
Nos olhos que iluminam, toda a terra.
Por vezes nossa vida prometida,
Procura outro caminho e, quase que erra.
Mas sempre, no final de cada dia,
Encontra em nosso ninho, seu recanto.
O tempo de viver a poesia,
É o mesmo em que derramas teu encanto...
Amada, nosso amor é pra valer,
Renasce em cada novo entardecer...
X
1174
A rosa sonhadora, tão bonita,
Perfuma esse jardim, tão delicada.
A rosa assim querida, pois bendita,
Já sabe que está sendo muito amada...
A rosa que se entrega, mansamente,
Depois de tanto tempo de botão
Aberta a luz da vida, totalmente.
Percebe o louco vento da paixão...
Jardim em que nasceu, rosa tão bela,
Depois de tantas noites sem perfume;
No aroma desta rosa, que amarela
Se avermelha na dor deste ciúme...
Mal sabe que o rosal todo flutua,
Ao ver sua beleza, mansa e nua!
X
1175
Procuro, nestes astros, a grandeza;
Que sei encontro em ti, minha querida.
Em toda essa sagrada natureza,
Não vejo tanta luz, em minha vida...
Temendo pela minha desventura,
Por vezes me maltrato sem saber.
Deitando meu amor com tal brandura,
Certezas infinitas de prazer.
A tarde não confirma esse receio,
Que a noite prometera em triste sonho.
Amor que em minha vida é sempre esteio
Permite a realidade que proponho.
Viver é sempre estar em movimento,
Por certo, sem amor, puro tormento...
X
1176
Sob um céu de beleza inesgotável,
Silenciosamente caminhava
Amor de formosura incomparável.
O meu olhar distante, se encantava...
Sentia minhas pernas flutuando
Ao ver esta mulher inesquecível.
Tu ias pouco a pouco dominando,
Dando-me uma alegria quase incrível...
Amor que sempre fora uma utopia,
Aos poucos tinha forma e tinha nome.
Meu peito se tomando em fantasia,
O fogo da paixão já me consome.
O sonho me acompanha aonde eu for.
Ainda estás aqui, meu grande amor.
X
1177
Por essa solidão que não consinto
Lavrada em duro amor sem ter descanso.
Não posso mais beber sequer absinto
Senão a madrugada nunca avanço.
Dos olhos tentadores me recordo,
Da boca tão suave que atentara
Deitado do teu lado vou a bordo
Da vida que, sem paz, me premiara.
Nas ilusões trazidas, vivos sonhos;
Nas mãos macias, colo transparente,
Sorrisos tantas vezes tão medonhos,
Tramando uma incerteza, estou carente....
Amiga dos teus olhos sinto o lume
Que invade minha vida em bom perfume...
X
1178
Nos jardins desta vida, tantas flores,
Os retratos divinos da esperança,
Perfumam meu ar com seus olores,
Por onde meu olhar, feliz, alcança...
Quem viveu sua vida sem perfumes,
Ao sentir tal jardim encontra a paz;
Distante das dores e queixumes,
Descobre que no amor é mais capaz...
Felicidade está muito mais perto;
Os seus olhos procuram claridade;
Não tem deserto, disto esteja certo,
Eu te amo, meu bem; é de verdade...
Trazendo as esperanças no caminho,
Nem percebo, nas flores, um espinho...
X
1179
A minha alma onde está? Pergunto ao vento...
Que teima em me ocultar qualquer resposta.
Na força inigualável, pensamento,
Encontra seus resquícios, morta, exposta...
Minha alma se deixara transbordar
Nos mares dos amores, se perdendo...
As ondas e procelas deste mar,
Aos poucos, meu amor, também morrendo.
Surge no firmamento, raio ardente,
Que treme em singular, rara beleza.
Mudando meu caminho totalmente,
Gravando em fino bronze essa certeza.
Amor que na minha alma se perdeu,
Da própria cinza, em brasa , renasceu!
X
1180
Com rosto imerso em lágrimas de amor;
Rechaçando qualquer toque do carinho.
Vivendo sem ter ganas, sonho ou cor.
Rasgado pelo toque deste espinho.
Remontam tantas asas do passado,
Onde restara cego, em vil tormento;
O peito vai vazio e tão calado,
Queimando meu amor em fogo lento.
Ralando o coração nesta saudade,
Estrias dentro da alma pululando.
Buscando me escapar da realidade,
Depois de tanto tempo, assim, sangrando.
Eu vejo o teu olhar, meu caro amigo,
Sentindo em tua força o meu abrigo..
X
1181
Ânsias temíveis, lúbricos desejos.
Belas imagens, límbicas lembranças.
Saudade de viver nossos os doces beijos,
Guardados para sempre, em confiança.
Não vejo mais recreio sem te ter,
Não tenho mais anseio pelas chamas.
Embora meu receio, possa ver,
Deitando nos teus seios, loucas tramas...
Eu quero a solução da plena sorte,
Sem ter tristes, aspérrimos espinhos.
Depois de ter levado tanto corte,
Aguardo de teu colo, tantos ninhos...
Não quero minhas lutas tão inglórias,
Amor que pede amor, nossas memórias...
X
1182
Eu peço a luz do dia que te roube
E leve para mim, amor imenso.
De tudo que na vida não me coube
Vital felicidade, sempre penso.
Ao ver tua beleza, assim, infinda;
O sol em desvario quis levar.
Em raios na manhã o sol deslinda
A forma de poder se enamorar.
Não deixe que este deus, de mim te leve;
Não deixe que estas luzes te seduzam.
Amor por ser sincero nunca é breve,
Que os nossos sonhos sempre nos conduzam.
Minha amada, agasalha-me em teu seio;
Impeça que se viva em tal receio...
X
1183
Amada, nas divinas brasas, fogo,
Ardendo no desejo que reveste
Amor que sempre trama novo jogo,
Com vigor, esperança assim, celeste.
Numa ânsia de outra vida, misteriosa,
A nossa alma aspirando novo espaço;
Beleza sem igual; densa e formosa,
Por mais que seja incerto nosso passo.
Foste feita de brilho em tal beleza
Em forma de carinho tão ardente,
Estrela que transmite tal clareza,
Amar-te com certeza é tão urgente...
Pantera, teu amor é sem igual,
Reflete nosso bem, esquece o mal...
X
1184
Semeando meus sonhos, vou andando.
Em busca da seara mais risonha,
Riquezas sob os pés sinto brotando
Ao mesmo tempo em que minha alma sonha...
Amor indecifrável que dedico,
A quem sempre fora meu alento.
Amor que pouco a pouco me faz rico,
Sabendo como é belo um sentimento...
Eu vejo nossos olhos nesta estrela,
Eu vejo nossos passos neste céu.
Eu vejo meu futuro em mão mais bela,
Eu vejo nosso amor, nosso dossel...
E canto sem parar o nosso amor,
Que trazes no teu peito; salvador!
X
1185
Quem traz um sonho sempre inacessível,
Não cansa de cantar esse mistério.
Um sentimento nobre e mais possível,
Aos poucos se tornando tão mais sério.
Seria essa amizade a salvação?
Seria essa certeza nosso porto?
Deito no travesseiro uma emoção,
E sinto que, deveras, andei morto...
Crescendo o que se fora brincadeira,
Vivendo o que pensei mas não ampara.
Correndo sem sentidos, verdadeira,
O coração sem rumo se dispara...
Mas sei que não concebes tal verdade,
Firmando puros laços de amizade!
X
1186
Ouvindo seu rugir por essas praias,
Num canto que me embala e me remoça.
O vento, sem querer, levanta as saias
Mostrando as belas pernas desta moça...
Trazendo tal beleza sensual,
Deixando um coração demais atento.
Nas ondas que se quebram, festival,
Deitando meus olhares, peço vento...
Nas formas que desejo, tateando,
Encontro teu olhar, amada minha.
As praias; tão formosa, decorando.
Das ondas e dos mares se avizinha.
E pintas com magia toda areia.
Em tudo já me encanta uma sereia...
X
1187
Quando mal me sustinha e me inclinava
Tombando minhas pernas sobre o solo.
Minha alma dolorida; não pensava
Sequer poder achar teu manso colo.
Na beira deste abismo, sem saída,
Me enroscando nas cordas mais fatais,
Não via mais sentido em minha vida,
Entregue a tais quimeras mais venais...
Nos rumos deste caos, seguia imerso,
Sem ver sequer a luz no fim da estrada.
Meu sonho em triste amor ia disperso;
Depois de tanto tempo, quase nada...
Surgindo no final, voz verdadeira,
Salvando-me da dor, u’a companheira...
X
1188
Alegria nascendo aos borbotões,
Formando com o sol, a claridade.
Espalha pelas ruas emoções,
Trazendo um novo canto de verdade....
As mãos que fecundaram nosso chão
Depois desta carícia milagrosa,
Também acariciam coração,
Fazendo uma canção maravilhosa...
Amor que não me deixa mais distante,
É verso que me envolve totalmente;
Versejo meu poema mais vibrante
Na busca de te amar complemente.
Tu és o meu Princípio e meu caminho.
Contigo nunca mais irei sozinho...
X
1189
Querida companheira, em teu abraço
Um misto de carinho e mansidão.
Certeza de descanso em forte laço,
Dois traços uniformes, coração...
Se sempre fui, da vida, peregrino,
Levado pelas ondas deste mar.
Amiga no teu canto me ilumino,
Destino vem trazendo um bom amar.
Diversos os segredos que te conto,
Sabendo que, de ti, terei carinho.
Apoio que por certo, vem de pronto,
E não me deixa ser, assim, sozinho...
Querida companheira, estou contigo;
Tu tens também em mim, um grande amigo!
X
1190
Adentro as cerrações do meu destino,
Encontro teu carinho, minha amada.
O sonho mais divino e cristalino,
Conduz a nossa sina à mesma estrada...
Refaço minhas sendas nos teus braços,
Searas tão tranqüilas quero ter.
Somando nossos rumos, nossos passos,
Ajudam, com certeza, um bom viver.
Não sei sequer o nome dos meus Fados,
Mas sinto tua mão; és minha Fada.
Os pés que se cortaram, tantos cardos,
Encontram uma manhã iluminada.
Meus versos te dedico, todo dia,
Nas asas deste amor, minha alegria!
X
1191
Levado pelos ventos da paixão,
Deixando esse deserto em que vivi,
Abrindo tão profundo, o coração,
A vida que sonhava é estar aqui.
Naufrágios deste amor em que mergulho
Transformam simples ondas em delírios.
Viver contigo, amada, é meu orgulho.
Termina em nosso amor, tantos martírios....
Encontro uma verdade em cada verso
Desejo de viver eternamente.
Rompendo sem temer, este universo,
Diverso do meu mundo tão descrente...
E quero teu amor bem junto a mim,
Amor, desde o princípio, um belo fim...
X
1192
Quanta beleza encontro em minha amada,
Anseia por ventura um coração,
Que sabe que esta vida é quase nada
Se não houver as bênçãos da emoção...
Meus passos descortinam meu futuro;
Imerso em teus carinhos, sigo um sonho.
Cravejo em plena luz o mar escuro,
Afasto um pesadelo mais medonho...
Qual ave desvalida, pequenina,
Minha alma te procura sem cessar.
Amor que logo cedo me domina,
Vertendo-se em carinho, faz sonhar...
Eu quero nosso amor em pleno espaço,
Depois poder dormir no teu regaço...
X
1193
O NOSSO IMENSO AMOR
Fecho os olhos... Sentindo essa presença
Suave e tão gostosa; teu perfume...
A vida se passara tão intensa,
Depois de tantas noites de queixume...
Eu sinto nos vestígios deste vento,
A mão sempre macia, nosso amor.
Não tiro teu olhar do pensamento,
Encontro o teu carinho salvador.
E nas combinações destas magias,
Misturas de desejos e de sonhos.
Poções enamoradas, alquimias,
Promessas de outros dias mais risonhos...
Das dores, dos combates, das tristezas,
Soergue nosso amor, tantas certezas!
X
1194
Pairando sobre as noites, meus desejos;
Encontram na umidade dos teus lábios
Delícias de tão doces, mansos beijos;
Certeza dos carinhos bem mais sábios.
Encontro no teu corpo meu naufrágio,
Não quero mais voltar ao triste cais.
Penetro essas entranhas, vou bem ágil,
Eu quero aqui ficar, sair jamais!
Descubro em cada sanha o meu prazer;
Cabelo da morena que se assanha,
Vontade de, meu rumo em ti perder,
Passando cada vale, mar, montanha.
Eu amo a maciez de tua pele,
O conhecer segredos, me compele...
1195
Amor que tão distante, já se espraia,
Singrando todo o mar, amor imenso.
Fazendo o coração distante praia,
No sonho deste amor, que é tão intenso...
Meu peito que vivera dor amarga,
Por quanto tempo imerso em pleno inverno.
Sentindo essa tristeza, dura carga,
O medo de sofrer o mal eterno.
Depois de tanto tempo tão sozinho,
Um coração que espera a vida inteira,
Encontra neste mar, seu novo ninho,
E nessa imensa praia, a companheira.
Eu quero o teu amor, esteja certa,
Com todo este esplendor: ilha deserta!
X
1196
Como é bom contemplar teu belo rosto,
Ao vê-la, assim, passando pelas ruas;
Sentindo-me por certo, bem disposto,
Enquanto teus caminhos; continuas.
Meus olhos acompanham cada passo,
Sonhando com teus braços junto aos meus.
Tentando não consigo, mas disfarço,
Teus olhos que pedi, em prece a Deus.
A vejo tão solene e tão gentil,
Numa passada mansa e tão sublime.
Amor que se formara, quer ardil,
De forma que aprisione quem estime.
Eu sonho com teus beijos, tua chama;
Deitada sorridente, em minha cama!
X
1197
Amar é suportar as diferenças,
Dançar conforme a música e sonhar...
Saber que tantos mares tantas crenças
E cada vez que cai, se renovar.
Amar é se saber bem mais distante
E perto ao mesmo tempo em que se esconde.
Trazer uma esperança radiante,
Pensar que se perdeu sem saber onde.
Em fartas emoções não se fartar,
Em loucas ilusões saber o rumo.
Vivendo o que pensara ser luar,
Ao mesmo tempo em que triste me arrumo.
Amar é não saber qualquer pecado,
Trazendo um paraíso ao ser amado...
X
1198
Essência maviosa, intensa e bela
De todas as ardentes seduções.
Vivendo nosso amor na nossa estrela,
Sorvendo todas nossas emoções...
Ouvindo esse rugir do forte vento,
Que vem lá das montanhas, cordilheiras;
Amor que não me larga o pensamento,
Trazendo as emoções mais verdadeiras...
Invade todo o sonho, brados imensos...
Inunda todo o mundo, causa espanto.
Deixando meus sentidos todos tensos,
Escuto mansamente o largo canto.
E deste canto emana minha paz.
Amor que me faz tanto e tanto audaz...
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Se nada mais restar o que farei?
Seguirei meu caminho tolamente,
Em busca do que sempre imaginei,
Sabendo que não trago nem semente...
Bastam-me sentimentos, meio a esmo,
Vivendo o que não tenho, nem teria.
Não sou e não serei mais o mesmo,
Adormecido e curtido em noite fria...
Não falo mais de certezas que não tenho,
Nunca tive e sequer poderei ter.
Do mundo sem futuro de onde venho,
Apenas a certeza de morrer.
Abraço teu fantasma, mas não vejo.
Amor que tanto fora meu desejo!
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Floriam os jardins sob o luar.
Reflexos prateados em nossa cama.
Em todos os carinhos navegar,
Em todas as vontades, viva chama...
Nas asas da paixão, eternidade,
Nos olhos da ilusão, amores claros.
Nas pernas, nossas danças, claridade,
Desejos tão complexos e tão raros...
Envolto por teus braços, vejo a lua;
Estrelas salpicando nosso chão,
Desenham tua pele bela e nua,
Transportam para o quarto uma amplidão.
Viajo com os lábios, as estrelas,
Abrindo o coração, irei contê-las!

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