quarta-feira, 21 de abril de 2010

HISTÓRIAS DE UM REPENTISTA 2

HISTÓRIAS
DE UM
REPENTIST
A
2
501
Medo de Amar
Quem dera se pudesse te entregar
As horas mais bonitas dessa vida,
Roubando as estrelas e o luar
Buscando a juventude já perdida...
Quem dera se quisesses meus poemas
Em volta desta lâmpada saudade...
Amores e delícias os meus lemas,
Tramando tantos sonhos de verdade...
Não vejo mais promessas no que falas
São farsas essas falsas esperanças.
Amando sem pensar sequer nas malas
Que fazes nesses sonhos onde alcanças
Caminhos mais distantes deste amor.
Fugazes nos aromas de uma flor...
502
Amor e Beija Flor
A mando deste sonho, um beija flor,
Achando que podia ser feliz.
Depois de tanto tempo quis a flor,
A flor que na verdade, sempre quis.
Porém tal flor com medo deste sonho,
Deitada sob os ventos da saudade,
Ao ver que o beija flor era tristonho,
Deixou de desejar felicidade...
Não sabe que no fundo tantas vezes
Amor vem sob as formas mais estranhas...
Passaram-se talvez uns poucos meses,
O beija flor fugiu para as montanhas...
Mal sabe que no fundo uma tristeza
A todo grande amor, traz a beleza...
503
Desamparo
Não falo com tristeza do destino
Que trouxe teu encanto junto a mim.
Procuro desde os tempos de menino
O brilho dessa boca carmesim...
Por vezes minha mão já bem cansada
Dos versos mais inúteis que componho.
Não servem como alerta à minha amada,
Perdida em todo encanto deste sonho...
Mas falo com clareza e com vontade
De tanto que sofri não quero mais...
Amando só recebo essa saudade
Que dói e não perdoa, sem ter paz...
Não fomos nem sequer o que pensara
Amor que sempre fere e desampara..
504
Noite Escura...
Tristeza deste mar, sombria tarde...
Nos ventos e tempestas, solidão...
A vida sem sentido, que me invade
Invoca e dilacera o coração...
Amor que no poente desta vida,
Chegou tão sorrateiro, mas partiu.
A noite se mostrando decidida
Sem lua nem estrelas mal surgiu...
As águas turbulentas da saudade
Em tantos vendavais arrastam tudo.
Quem fora sonhador, felicidade
Distante deste mar, já não me iludo...
Eu quis amar outrora, mas partiste...
A noite tão escura e eu tão triste...
505
Lágrimas d'Outrora
As lágrimas d’outrora são tenazes
E forram todo o peito que te adora.
As dores que me invadem são vorazes
Saudade deste amor, já me devora.
Quem dera nos meus mares tão distantes
Nas praias nas areias, nos desertos...
Amores que se foram inconstantes
Agora no final, morrem despertos...
Mistérios desta vida que me ilude,
Amar nas brisas mansas, roseirais.
Amei bem mais talvez do que não pude
Ao fim de tantas luta, nunca mais...
Quem dera se me desse teu afago,
Teria a mansidão plena de um lago...
506
Minha Desdita
Impassível, sorrio da desdita,
Que nunca imaginaste o quanto sinto...
A noite de promessas tão bendita
Esvai-se na desgraça em que me tinto...
Ceifado, um coração jamais traz lavra,
Esconde meu segredo num disfarce.
Iludo essa saudade mas, palavra,
Sozinho, me deparo face a face...
Espelho de minha alma, refletindo,
O canto que calei amargurado,
Se encaro minha dor, assim sorrindo,
Saudade traz o riso machucado.
Carrego tantas marcas, cicatrizes,
Em busca d’outros tempos, mais felizes...
507
Saudade, minha companheira
Tremula essa saudade no meu peito
Em versos que dedico a quem foge.
Vergastas que me cortam, contrafeito...
Pesadas as defesas e esse alforje...
No mar tão espumoso da saudade,
Bravios vagalhões, praias desertas.
Perdido nesta louca tempestade
As mãos trazendo chagas, inda abertas...
Olhares de penúria que provoco,
Não valem nem sequer uma desdita.
Os deuses que tão frágil, sempre invoco,
Bem sabem desta vida, sempre aflita...
Saudade que carrego a vida inteira,
Desfraldo no meu peito, esta bandeira...
508
Meu Querido Amor
Imagino alvorada mais serena
Invadindo toda a noite vaporosa.
Depois de tanta dor bem mais amena,
Nas hastes pontiagudas desta rosa...
Nos tímidos louvores da manhã,
Os raios penetrantes deste sol.
A vida se transforma neste afã,
Querer me transportar ao teu farol...
Os olhos, diamantes mais precisos,
Estrelas radiantes de tão belas...
As tramas delicadas dos sorrisos,
Que em sonhos, madrigais lindos, revelas...
Eu quero teu perfume minha amada,
Nascendo nos meus braços, alvorada!
509
Confesso que Te Amo
Vaporosa, suave e delicada
A rosa que se esconde deste canto.
Sabendo que deveras tanto amada,
Não gosta ou não percebe seu encanto...
Quimeras que carrego são profanas,
O tempo se passando sem aromas,
As dores que te trago, não me enganas,
Talvez por outros males já me tomas...
Não sou sequer um mar em desencanto,
Procelas que já tive não são nada...
Desfio pouco a pouco cada manto,
Na brusca solidão de minha amada...
Agora que esta noite já começa,
Amor tão decidido se confessa...
510
Amada, Eu Te Amo!
Eu suspendo a minha alma rumo ao céu
Em busca deste mágico clamor
Que cobre a solidão, esconde o véu
Renasce nas estrelas deste amor...
Raiado como a dor que não virá
Unido nas esperas da saudade
Amor que não terei talvez por lá
Sabendo professar felicidade...
Depois de tantas brumas nesta vida...
Depois de tanto sonho mal sonhado.
Acordo em tuas mãos minha querida
Vejo nosso destino, lado a lado...
Amada te endeusando nada tramo,
Senão essa certeza: sim, eu te amo!
511
Morrer de Amor
Feliz por ter estrelas no meu peito,
As cordas açoitadas pelo vento.
Espero que te encontre, é meu direito,
Ao menos que só seja num momento...
Assombros desta vida sem destino,
Embora tantos sonhos mais dispersos,
Eu quero um novo tempo cristalino,
Por isso te dedico tantos versos...
Enredos deste canto em que mergulho,
Nas horas mais sutis, nada mais tenho...
Escuto tão somente esse marulho,
Nos mares dos amores que me embrenho...
Não posso mais tentar sobreviver,
Nas ondas deste mar, irei morrer!
512
Sonho de Amor
Enquanto me trouxeres esperança
Prossigo com meus versos mais singelos.
Meu peito inda guardando uma criança
Espelha tantos sonhos, os mais belos...
Das conchas que brincava em nossa praia,
Embora não soubesses quem eu era,
Saudade deste tempo nunca traia
Pois fomos dois amantes em outra era...
Te encontro sorrateira e calmamente,
Depois de tantos anos de procura...
Outono na minha alma não desmente
O sonho que vivi, tanta ternura...
Entendo se não queres meu amor...
Mas lembres, noutras vidas, onde for...
513
Eu Espero ser Feliz
Desejo nesta espera ser feliz
Esparso meus delírios pelo vento...
De tudo que na vida sempre quis,
Eu guardo teu amor no pensamento...
Espero tanto bem, nosso futuro,
Em flóreas sendas tramo meu caminho,
Amor que sempre fora assim tão puro,
Não posso permitir ser mais sozinho...
São tantas ilusões aqui cravadas,
Esplendorosamente, meu tesouro...
As horas sempre vãs, desesperadas,
Aguardam outro tempo, pleno em ouro...
Amada me perdoe se não traço
As letras deste amor em pleno espaço..
514
A Luz desse Amor
Deitada no divã em sua alcova
Espera com frescor, alegremente.
A vida que na vida se renova
Revolta, transtornando tolamente...
Pertence aos teus encantos branca lua.
Divina em placidez angelical,
Espelha essa beleza quase nua
Caminha em minha cama, sensual...
Amada nos vergéis por onde passas,
Espalhas tantos brilhos delirantes,
Mal vejo os teus passos, pois disfarças,
Em meio a tantas sendas verdejantes...
Amada nas estradas e cascatas,
Despontam tuas luzes, serenatas...
515
Amores Ateus
Ao ver a minha amada adormecida,
Deitada sobre pétalas de flor,
Eu sonho uma ilusão tão esplendida
Formada nas gotículas do amor...
Beleza assim igual, jamais sonhara,
Talvez p’ra ser sincero se permite
Com alma em delirante jóia rara,
Em tudo me reporta a Afrodite...
Luar ao ver a deusa aveludada
Penetra na janela, sem escusa...
A boca que te queima, minha amada,
Abrindo esses botões da tua blusa,
Deixando os belos seios, ambos meus,
Propícios aos amores mais ateus...
516
Amor e Poesia
Amor quando não brinca se engaiola
E forja noites brancas sem desejos.
Amor em desamor amor esmola
E pede caridade em doces beijos.
Um roto vagabundo coração
Vagueia pelas ruínas da cidade
Em busca da verdade e solução,
Que encontra-se na tal felicidade...
Não canto meu amor deveras triste
Mas sinto essas promessas de virada,
De tanto que esse amor, amor insiste,
Amor talvez convença a minha amada...
Que nada sem amor traz poesia,
Amor em desamor, é noite fria...
517
Amor É Energia...
Amor que se transforma em energia
Vigor e majestade, velho vinho...
Transborda na verdade e fantasia,
Premissas de não ser demais sozinho...
Amor sem convenções e sem bravatas,
Em flores e cenários mais diversos,
Recebe as tempestades, densas matas,
Renasce na cadência dos meus versos.
Veros verões vividos, vagas vozes
Vencendo essas vertentes vacilantes.
Nas ondas dos amores, tais algozes
Morrendo nas ternuras dos amantes...
Amor que tanto quero não se vá,
Onde estiver a vida estará lá...
518
Amar Sem Disfarces
Trôpego caminheiro disfarçando
Os passos que tropeça sem sentir.
Amor vivendo imerso, delirando,
Vivendo por extremos a cair...
Trafego meus desejos nesses passos
Embora quase sempre nada ganho.
Em múltiplas delícias e fracassos,
Amor por vezes cego, outras estranho...
Nas iras e nas liras dos poetas,
Amor sempre se encontra como o sol.
Amar é capotar em linhas retas,
Perder a luz, cegar o meu farol...
Amar é não saber usar disfarce
É dar e receber uma outra face...
519
Crítico
Eu vivo neste espaço mal servido
Entre as minhas pernas e meu sonho...
Demônios e fantasmas que duvido
Estejam nesse mundo que proponho.
Mas vestem solidão tal qual vestia
Aquela que não fora tão ingrata.
A noite transbordando em pleno dia
Invade e desanima quem maltrata.
Eu quero não poder ser mais assim,
Amante deste mundo tão raquítico
Vivendo sem saber sequer o fim,
De todos os meus mundos forte crítico.
Embaço essas respostas neste vento,
Levando mais embalde o sentimento...
520
Exposto ao Amor
Em tal enleio trazes teu carinho
Que me remeto aos tempos mais antigos,
Procurando encontrar talvez um ninho
Que proteja de males e perigos...
Farturas onde encontro os arremedos
Do tempo em que vivemos mais distantes
Trazíamos quimeras, tantos medos,
Por vezes nossas vidas degradantes...
Na poda destes sonhos, cabisbaixo,
Mendigo teu perdão, mas nada fazes,
Por vezes ao te ver, cedo me abaixo,
E cedo conhecendo as tuas fases...
Amor que quase sempre lembra a lua,
Nas vestes, tua pele, exposta e nua...
521
Ruínas
"Minha vida é um montão de ruínas em árido deserto
Um abismo de ais e de suspiros".
As ruínas da vida que perfazem
Os passos esquecidos no passado...
As dores em meu peito tanto jazem
Mudando o caminhar mais esquinado...
Neste árido deserto em minha vida
Não tenho sequer água nem destino.
A mão da solidão, escarnecida,
Tomando meu caminho em triste tino.
Abismos desses ais que tenho em mim,
Vencido pelas dores e suspiros.
A morte vai rondando sem ter fim,
Roubando e retirando os meus respiros.
Minha vida, deserto e aridez
Abismo de suspiros já se fez...
522
Domado Pelo Amor
Em busca da pantera dos seus sonhos,
Corcel desesperado alça um vôo
Por sobre tantos mares mais risonhos,
Os sonhos do corcel, cedo eu perdôo...
São sonhos como os meus, minha querida,
Envoltos em total ansiedade...
Esqueço destes males, salvo a vida,
Aguardo tanto sonho, liberdade...
Amor como nas tramas mais sutis,
Não cabe mais nos sonhos do corcel,
Que em toda sua vida sempre quis
Alçar um manso vôo pelo céu...
Pantera mostra as garras delirantes
Amor doma o corcel bem cedo e antes...
523
Poesia e Amor
Nas cinzas do cigarro onde esfumo
A paz que já busquei, abandonada...
Amor quando demais eu perco o rumo,
E morro, sem querer, mulher amada...
Não mais eu procurei o teu caminho,
Porém adormeceste aqui do lado.
Embora tanto amor, estou sozinho,
Deveras neste mundo um duro fado...
A porta que eu abri não fecho mais,
Escancaradamente fica exposta.
Não posso perdoar se amei demais
A vida vai passando decomposta...
Mas vejo esse sinal que já me guia,
Exposto nos seus olhos, poesia...
524
Sou Feliz?
Não mais escutarei meu coração,
Bem sei que ele machuca e me maltrata,
Quem sabe se terei a solução
Em busca desta lua que retrata
O verso mais doído que já fiz,
O canto solitário deste lobo,
Que nunca, nos seus mares, foi feliz,
E trama neste verso quase bobo
As últimas centelhas deste amor,
Dormido como tudo que já tive,
Vivendo sem saber que se eu não for,
Amor sem ter saudade, sobrevive...
Fingindo que terei felicidade,
Amor que me roubou a liberdade...
525
Eu Te Amei
Cadê teus olhos tristes que não vejo?
Cadê a poesia que fizeste?
A noite se engalana sem desejo
E a sorte quase sempre não me veste...
Vento que balançando essas palmeiras
Nas praias deste amor que nunca tive.
As horas sem amor são verdadeiras
O resto do que penso não contive...
Agora não me venha com certezas
Que sabes que não é o meu direito,
Vivendo sem sequer sentir tristezas,
Do nada sempre ao nada, satisfeito...
Porém eu jamais nego que eu te amei
Em versos e metáforas fui rei...
526
O Nosso Beijo de Amor
Jamais esquecerei o nosso beijo
Que nunca foi trocado, disso eu sei...
Apenas vasculhamos o desejo
E tão depressa veio e me entreguei...
Por certo não contavas com meu canto,
Entendo que não queiras mais voltar.
Vivendo o que me resta em desencanto,
Abraço essa cortina, esse luar...
Amada mas não tema pela sorte
O canto que te trouxe fortalece
Terá no teu futuro o vento forte
Que tanto nos dá força e enriquece.
Amada só te peço não se esqueça
Do beijo, mesmo que nunca aconteça...
527
Amor, meu grande amor...
Calor enlanguescente que desperta
Não deixa quem amava mais dormir.
Amor um sentinela sempre alerta
Embora na distância, hei de te ouvir...
Palavras que soltamos, mais dispersas,
Não cabem nos meus versos enfadonhos,
De tanto que esperamos nas conversas
Agora quê que faço com meus sonhos?
Jogados sobre a cama, sem sentido,
Não deixam os meus olhos mais fechados,
Perdendo-me nos braços deste olvido,
Os sonhos se tornaram duros fados...
Amada não permita que isso ocorra,
Amor tão delicado: me socorra!
528
Amor que me Domina
Ao ver o desembarque da esperança
Nesta rodoviária-coração,
Recordo velhos tempos de criança
Brincando bem em frente ao meu portão.
Vencendo esses temores, percebia,
Que o tempo nunca pára ou retroage
A vida vai passando dia a dia...
E tudo vai mudando, amor e traje.
Agora que te encontro, não mais penso,
Parece que este tempo já passou.
De tudo que mais quero, mais intenso,
Amor que tão divino, dominou...
Não mais quero a tristeza que devora
Nem solidão pantera me apavora...
529
Amor de Tanto Amor
Amor quando entolece quem deseja
Amar quem não queria mais um beijo.
Que tudo nesta vida sempre esteja
Envolto no carinho sem ter pejo...
De nada mais importa uma tristeza
Guardada no meu peito. Como cismo!
Amor quando envolvido na beleza
De tantos terremotos, cataclismo.
Não deixe que esse medo nos domine,
Nem faça nosso caso ter um fim.
Que amor de tanto amor nos aproxime
Salve o que de melhor existe em mim.
Sabendo da explosão de tanto amar,
Dê-me esse canto belo em teu olhar!
530
Amor e Luz
Os sonhos em minha alma coligados
Parecem que não tramam mais a morte
Vivendo desses sonhos bem amados,
A vida se transcorre em plena sorte.
Não posso mais sentir tantas saudades
Do tempo que vivi, sem ter ninguém,
As horas se viver felicidades
Estão por certo ao lado desse alguém
Que veio como um raio de alegria,
Tramando tantas luzes sempre ungidas
Nos templos deste amor, em harmonia,
Tomando totalmente nossas vidas.
Amor que não faz sombra se revela
Reflete minha luz no brilho dela...
531
Amor Eterno Amor
Quando eu partir em busca d’outras vidas
Que eu espero existirem, acredito;
As horas que vivemos, repartidas,
Serão a minha herança, e o meu grito.
Terás talvez saudades, nisso eu creio,
Te peço, meu amor, por caridade,
Quando um outro amor tocar teu seio,
Trazendo em tal calor, felicidade.
Não lembres deste amor que já se fez,
Não deixe que este canto tão amigo,
Perturbe teu amor por outra vez
Senão jamais farei amor contigo.
Não quero ser sequer a cicatriz
Que impeça meu amor de ser feliz!
532
Almas Gêmeas
As almas gemelares vão atadas
Procuram pelas fontes mais profanas
Nas loucas heresias, madrugadas,
Aguardam tresloucadas, mais sacanas...
Rolando a mesma cama, sem temor,
Vivendo cada toque com prazer,
Porejam as delícias de um amor
Que sabe tanto dar e receber...
Na claridão das luas que se encontram
As nuas maciezes já se tocam,
Depois de desatadas desencontram
Em tantas alegrias se retocam
E voltam destemidas à batalha
Amor com fanatismo já se espalha...
533
Um Mar de Amor
Rolando pelas vagas, velhos mares,
Armadas de delírios e desejos
Sereias e serpentes nos luares,
Entregam-se ao amor, profanos beijos...
Netuno em desespero, enciumado,
Espera da sereia um vão carinho.
Depois de tantos anos de noivado,
O deus sabendo a dor de ser sozinho...
A serpe enluarada nada teme
Encontra na sereia um belo par,
O mar numa tsunami, em ondas treme,
Explode em mil orgasmos, ao luar
Que assiste calmamente o desenlace
Das caudas desejosas, no entrelace...
534
Promessas de Amor
Nas guerras sensuais, vitais pelejas
Que tanto se constela nosso caso,
As horas delicadas que desejas,
Não foram simplesmente puro acaso.
Cabiam tais desejos, nossa lavra,
Há tempos procurados, mãos e bocas.
Sussurros e murmúrios, na palavra,
Havia uma esperança em rubras tocas...
Vivemos embebidos da loucura
Que tanto nos seduz quanto desmaia.
Numa explosão fantástica em ternura,
Deitado no teu colo, prá que saia?
Amada em nossos olhos, a promessa,
Da noite em maravilha, que começa...
535
Ame sem ter medo!
Não tema essa má sorte nem quimeras.
Nos vasos que se quebram em suores,
As horas mais felizes, primaveras,
Virão de outros momentos bem melhores...
Nas amplas maravilhas que virão,
Os ódios e os temores adormecem,
Libere com ternura o coração,
Que as musas recatadas sempre tecem...
Não tema essa verdade que se oculta
Nas tramas mais doridas deste sonho
Silêncio delicado já se ausculta
Envolto num carinho mais risonho...
E lembre-se, afinal, minha querida,
Que um certo alguém já te adorou na vida...
536
Minha Princesa
Sonhando talvez ser teu cavaleiro
Vestido com a manta da saudade,
Montado em um corcel aventureiro,
Lutando por amor e liberdade
Nas espadas, nos gládios, tanta luta,
Empunho meus desejos delirantes,
Pantera transtornada, mas astuta,
Aguarda simplesmente tais rompantes
Que fazem deste sonho tão divino
Resgate de ilusões adormecidas,
Vivendo um grande amor tão cristalino
Que vale por milhões, bilhões de vidas...
Castelos e conquistas, realeza,
Amando essa pantera, uma princesa...
537
Que faço deste amor?
Caminho pelas trevas mais obscuras
Em busca do clarão que me negaste.
Vivendo nessas tramas da loucura
Aos poucos percebendo tal desgaste.
Não minto sobre os medos que inda tenho,
São tantos que não cabem num poema.
Porém a cada dia sempre venho
Mudando lentamente um velho lema...
A timidez que impede que eu reclame
À lua tanto brilho que desejo,
Por vezes tanto fogo que me inflame
Espero e não consigo, nem um beijo...
É fácil compreender por que reclamo,
Que faço deste amor se não te chamo?
538
Amor Aprisionado
Tento nos decassílabos heróicos
Ou quem sabe nos sáficos desejos
Falar destes vigores mais estóicos
Que formam as centelhas desses beijos.
Se não serei meu verso, assim quebrado,
Vasculho nas entranhas do universo,
Às vezes se deixei de ser amado,
A culpa, com certeza é do meu verso...
Se não me escutas mais, a culpa é minha,
Escravo desta forma de dizer
Que a vida que pretendo, não sozinha,
Ao lado desse amor, intero o ser.
Desculpe se pareço desusado,
Amor nesse meu canto, aposentado...
539
Liberte o Coração
Um coração tirano e solitário
Por vezes tão austero e distraído,
Encontra-se perdido num calvário
E morre por não ser mais atrevido...
Amores necessitam de mudanças
Embora muito tempo em desacerto,
As noites que prometem tantas danças
Precisam de concerto e de conserto.
Amor que se escondendo no decoro,
Aguarda esse carinho mais audaz,
Por vezes nesse sonho, enfim, vindouro,
Amor em mil prazeres, satisfaz...
Por isso, minha amada, a solução
Liberte esse tirano coração!
540
Ensinar a Amar
Escuta o que te diz o coração
Embora muitas vezes rebelado,
Esqueça que existiu a solidão
Espero teu amor sempre ao meu lado...
Esgote tantas dores que te atingem
Não deixe que esta luz cesse seu brilho
Os males que por certo já te afligem
Não sejam em t’a vida um estribilho...
Enquanto tu dormias impassível,
Amor nunca parara de sonhar,
Não pense que esse sonho é impossível,
Aprenda pouco a pouco enfim a amar...
Amor não necessita professor,
Pois ensina-se, amando o que é amor..
541
O Sol Nasceu
Acorde minha amada, o sol nasceu,
E trouxe nos seus raios a esperança.
O mundo que julgava fosse teu
Renova com vigor em nova dança...
Não quero mais sofrer inutilmente
As dores de quem sabe que não tem
Amor que se tornara tão premente,
No fundo não querias mais ninguém!
Os raios deste sol nesta manhã
Trazendo tanta luz sobre meus dias.
Promessas de viver um novo afã,
Em vidas que precisam harmonias...
Talvez se tu quiseres inda veja
Os raios deste sol que não deseja...
542
Amor que Sufoca
Por tanto amor que tenho, ando perdido
Em busca desta vida que perdi.
Não posso suportar tão dolorido
O mundo que em teus braços recebi.
Minha alma, eterno luto e sofrimento,
Passando pelos astros sem recanto.
O canto que dizia do tormento,
Agora se renova em cada pranto.
Talvez seja a visão desta mortalha
Que trago, fielmente a cada dia...
O gosto tão amargo que se espalha
Espanta o que seria uma alegria.
Morrendo em tanto amor, assim prossigo,
Pois se nem respirar jamais consigo...
543
A Luz dos olhos Meus...
Vivendo no castelo do desdém
Sozinho sendo escravo da paixão
Depois de tanto tempo sem ninguém
Acostumado à dor e a solidão.
Anseio pelos braços que escondeste
Nas horas mais difíceis tão sozinho,
Amor que me negaste e nunca deste
Deixando meus escombros no caminho...
Amada como posso prosseguir
Meus olhos eu deixei nos olhos teus,
Não tenho nem coragem de pedir
Sem eles vou morrendo em tantos breus....
Não deixe que eu prossiga sem te ver,
Devolva o meu olhar, me dê prazer!
544
As Marcas do Amor
Recordo desse tempo mais feliz
Quando esperava a vida em alegria.
Se tive em fantasia o que bem quis
Vivendo tanta coisa em harmonia.
Os olhos nunca tristes, marejados,
Frescor como roubasse a primavera
Sonhando com distantes, belos prados,
Vagando por espaço, uma outra esfera...
A tarde que chegou depois me trouxe
Amargor que jamais esquecerei
Matando o que pensara fosse doce
Deixando tantas marcas onde andei
As marcas desgastadas do passado,
Do tempo em que fui também amado...
545
Um Novo Sonho
Minha esperança feita deste fumo
Que se esvai em plena tempestade...
O sonho que em minha alma toma prumo,
Acorda diluído na saudade...
Meus medos são medonhos, mas sinceros.
São versos esquecidos no meu peito...
Devoram todo dia, tristes, feros,
Trazendo esse amargor, insatisfeito...
As ilusões cativas me deixaram
Partiram por caminhos mais diversos,
Os barcos dos meus sonhos naufragaram
Por entre essas amarras dos meus versos...
Não deixo de tentar um novo sonho,
Que possa me salvar do fim medonho!
546
Minha Companheira
Dor, minha companheira mais dileta.
Sabendo que jamais eu te esqueci
Nas noites tão sombrias, se completa
E busca a companhia bem aqui...
Dobrando em agonia tantos sinos,
A dor nunca se afasta por inteiro.
Sabendo das angústias dos destinos,
Encontra no meu peito o seu parceiro.
Resume seus encantos na conquista
Que a cada novo dia já me entranha.
Nas danças e promessas, dor se avista,
Invade totalmente, torpe, estranha...
Apenas solidão nunca me larga,
A voz quase fugida, a dor embarga...
547
Canto de Amor
Minha esperança feita deste fumo
Que se esvai em plena tempestade...
O sonho que em minha alma toma prumo,
Acorda diluído na saudade...
Meus medos são medonhos, mas sinceros.
São versos esquecidos no meu peito...
Devoram todo dia, tristes, feros,
Trazendo esse amargor, insatisfeito...
As ilusões cativas me deixaram
Partiram por caminhos mais diversos,
Os barcos dos meus sonhos naufragaram
Por entre essas amarras dos meus versos...
Não deixo de tentar um novo sonho,
Que possa me salvar do fim medonho!
548
De tanto amor por ti...
Quando vejo dourado sentimento
Expresso em teu carinho, minha amada,
Não quero recordar tanto lamento
Que trago em minha alma destroçada.
És pura e tão dolente, minha vida,
Se tenho tais ciúmes, me perdoa.
Talvez por te saber demais querida,
Tristezas sem motivos, alma ecoa...
Eu quero que tu saibas deste canto
Que faço ao te encontrar assim queixosa,
Vivendo nessa vida, tanto encanto,
Pois sei que te encontrei maravilhosa...
Amor que quanto toca, doura tudo,
De tanto amor por ti, meu canto, mudo...
549
Amor e Fantasia
Ferido pelos arcos deste amor,
Jamais deixei de ter uma esperança
Vivendo sem remorsos, tanto ardor,
A sorte se escondendo na lembrança.
Resisto sempre à dor, má companheira,
Embora meu destino mais nefando,
Sabendo que trarei a vida inteira,
Aos olhos e teus braços, sempre amando...
Desculpe estes meus versos atrevidos,
Não cabem mais palavras por dizer.
Amores que se foram, preteridos,
Retornam e maltratam todo o ser.
Mas tenho uma certeza que me guia
Amor demais, contudo, é fantasia...
550
Amor e Contentamento
Dos raios destes olhos, um poeta,
Vivendo as armadilhas deste amor,
Ferido pelos raios, bela seta,
Agora conhecendo o esplendor.
Seduzes com teus olhos, minha amiga,
Em versos te dedico meu encanto,
A vida sem amor já se periga,
Por isso me encontrei sob o teu manto...
Mimosas tuas mãos que acariciam
Desse divino Deus sacro presente,
Carinhos por demais já me viciam
Amor que sempre mostras, envolvente...
Amada por favor, meu sentimento,
Não cabe mais em si, contentamento...
551
Muito Obrigado, Amiga...
Quem vive descontente, em tal desgosto,
Não sabe nem sequer felicidade...
O vento vai soprando no meu rosto,
Promessa de terrível tempestade...
A glória de sonhar que não conheço,
Invade o pensamento, num repente...
Pois sei que ser feliz eu não mereço,
Quem dera se vivesse mais contente...
As preces que me fazes, minha amiga,
Por certo ajudarão quem tanto pena...
Nas curvas dessa vida se periga
Ao longe uma esperança inda me acena...
Eu sei que tu desejas só meu bem,
Como é bom se saber que existe alguém...
552
Amor e Paraíso
Se já sei paraíso nessa vida,
Como posso almejar o paraíso?
Em teus seios, de fato enfim querida,
Encontrei sem temor o que preciso.
O carinho que cura todo tédio,
A canção que professa o meu desejo,
Tudo isso bem sei, santo remédio,
Nesse amor que mirei e que dardejo...
Transmitindo total, manso, sossego,
Longamente procuro sem fastio,
Amor que se imantando já carrego,
Sem loucuras, ciúme ou desvario...
Querida que chegou, tão oportuna,
De tudo que sonhei, minha fortuna...
553
As Razões do Amor
De tanto sentimento que despertas
Mal sabe quanto quero teu amor.
As horas que vivemos, tão alertas.
Em tantos desafios, teu calor...
Amor fazendo leis que desconcertam
Em várias incertezas já se apóia.
Nas dores que depressa não consertam
Acalmam-se no amor, santa tipóia...
Trazendo nas premissas tanta sorte
Que as leis que amor criou tramam razões
Que se formam das noites brilho forte,
Razões que sempre tramam corações.
Amor se não se cuida se padece
Razões que na verdade amor conhece...
554
Amor que me Alimenta
Tormento secular que me apavora
Soberba vem, invade o nosso amor.
Quem vive tanta vida sem demora
Não sabe da saudade nem rancor...
Amando quem não ama se condena
A ter em sua vida, sofrimento,
Depois de tanta amor, a dura pena
Que serve de tormento e alimento...
Não vejo mais amor como iguaria
Tampouco te imagino meu presente.
Amando quem amara em agonia,
Aos poucos tanta dor já se pressente...
Amor não obedece sequer língua
Só sei que sem amor, morrer à míngua...
555
Sede de Amar
Morto de sede neste vasto rio
Por vezes não entendo o meu destino.
Com tantas águas, mágoas vão a fio,
E me desato um ato em desatino.
Alcançaria nuvens mais espessas
Se tantas harmonias fossem preço,
Que pago por viver sempre às avessas
Minha alma não se muda de endereço.
Na fome desse amor já me mantenho
Embora nunca saiba da verdade,
Na sede desse amor já me sustenho,
E nunca mais pretensa essa saudade.
Amor que sempre foi meu preferido,
Jamais será na vida, preterido...
556
Amor e Esperança
Há tanto tempo envolto nos teus sonhos
Penando sem poder nem reagir.
Quem dera se tivessem mais risonhos
Os dias de esperança e de porvir.
Não tramo mais vinganças nem acertos,
Não quero que te sintas soberana.
Quem soma com incertos desacertos
Transborda em natureza desumana.
Insanas as histórias que denotas
Remotas esperanças de mudança
Amar quando demais encerra cotas
E mata tantos sonhos sem tardança...
Amar quando em perfeitas alianças,
Promessas divinais de tantas danças!
557
Alucinado
Talvez imensa dor eu merecesse
Por não saber lidar com tal tormento
Que cada vez que penso sempre cresce
Envolto nas tempestas, sofrimento...
Não vejo tal desejo que me farte
Aos poucos sem saber irei vivendo
A mando do que sempre me fez parte
Cercado desta dor que vai crescendo.
Não quero transportar essa matilha
Que corta tão diversa essas entranhas.
Amar é me perder em total ilha
De mares e de terras sempre estranhas...
Não sigo mais vontade nem destino
De tanta dor que trago, me alucino...
558
Amor Ardente
Fugindo deste amor que nego tanto
Embora sempre cante desolado,
Vivendo do que fora desencanto
As horas mais difíceis do passado.
Não sei se mais terei o que pretendo
Como se a tempestade me tomasse
A noite na minha alma escurecendo,
Tampouco me importando quem amasse.
Amor quando interesses superpostos
Invadem sem temer, o sentimento,
Os âmagos do amor ficando expostos,
Terminam brevemente em sofrimento...
Eu amo quem portanto não me chama
Nem clama pelo amor, ardente chama...
559
Não Me Deixe, Minha Amada
Amor quando te exponho meus defeitos
Que soem ser mais fortes que pensara
Não sabes quanto doem imperfeitos
Desejos que jamais imaginara...
Mantenho meus segredos escondidos
Nas peles que envolveram a minha alma,
Amores que viveram iludidos
Nem sempre essas tristezas algo acalma.
Não mostro tantas garras que possuo
Senão tu correrias mais ligeiro,
Nos palcos dos amores quando atuo
Dos prantos e das mágoas, companheiro...
Amada não me deixe nem me culpe
Senão perfaço as dores nesta troupe.
560
Nos olhos tantas chamas rutiladas
Das rosas que tentei semeadura,
Amores que me tramam cutiladas
Embarcam os meus sonhos, sem ternura...
No peito uma dureza em diamante
Desfeito sem saber ser impossível
Viver assim de forma galopante
Buscando ser mais forte e impassível.
Cantando minhas odes e promessas
Nas fontes cristalinas deste amor.
Bem sabes que no fundo não confessas
As tramas que fizemos sem pudor.
Floresce na verdade um sentimento,
Amando, contornando esse lamento...
561
Ao tempo em que tristeza se excedia
Vibrando enquanto tanto que eu sonhava,
Certeza de que nada se passava
No peito que exalava rebeldia.
Vencidas as inglórias naturezas
De medos e vazias engrenagens
Tocando nas feridas, incertezas,
Me levam por insanas, más, aragens...
Amor que se tocaia nas vinganças
Espreita meus enganos e torturas
Matando o que me resta de esperanças
Causando tanta dor, noites escuras...
Mas sinto que não posso resistir,
Somente o que me resta então, sorrir..
-
562
Amor Cativante
Tramando, tantas vezes, ledo engano,
Proveitos que retiras do meu sonho,
Amando sem querer, causando dano,
Em todos os meus medos me proponho.
A mesma perdição que me causara
Aquela que busquei na fantasia
Amar é cultivar pérola rara
Viver perfeito transe da alegria.
Saber que estás por certo assim sujeito
A todas as vontades mais insanas
Tentando a cada dia ser perfeito,
Escravo destas lendas soberanas.
Amar não é sequer ser só cativo,
Cative quem te adora, amor revivo!
-
563
Meu Canto de Amor
Não vejo mais a lua que te trouxe
Nem mesmo a mansidão deste meu céu.
Pedindo tão somente que não fosse
Tirar deste espetáculo seu véu...
Saudades de quem fora mais gentil
E sempre me dissera ser feliz.
As cores que emolduras, num abril,
Roubando deste amor todo matiz.
Tal lume que persigo qual falena
Estendes pelos astros sem demora.
A vida que procuro sempre plena
Nas cores, seus encantos, quero agora.
Amor é quase um canto de agonia,
Calor que nos esquenta enquanto esfria...
564
EU TE AMO!
As sombras das saudades que carrego
São mansas tempestades que recebo.
Se tantas essas dores que não nego
Porém que muitas vezes nem percebo.
Minha alma transtornada já flutua
Por sobre multidões de sentimentos...
Embalde tantas vezes continua
Guardada neste cofre dos tormentos.
Mas amo em esplendor a tua imagem
Guardada nestes cofres da lembrança
Seguindo tão sem rumo, essa viagem,
Espero teu amor sem mais tardança...
As sombras se iluminam quando vejo
Os olhos tão sedentos do desejo...
565
Amor e Medo
Amor quando em amor desequilibra
E finge que se vai mas nunca vem,
Mas quando meu amor, por certo, vibra,
Aguardo em tantas ânsias, por alguém.
Que teme ser amada por quem sou
E mata uma emoção em pleno aborto.
Se tramo meus destinos, onde vou,
Procuro calmaria no teu porto.
O medo te tomando, cara amiga,
Impede que tu sonhes com firmeza.
A noite se aproxima e não periga,
Mas foges desta forte correnteza.
Amar quem tanto quis, já me parece,
De tanto amor que tens, amor padece...
566
Sem Teu Amor
Amor sem teu amor, cedo desfolha,
Nas matas que crescera tal criança
Futuro tão sozinho, quando se olha
A dor retorna forte e traz vingança.
Nas curvas desta estrada, meu amor,
Por quantos anos fomos tão sozinhos...
De amores e de dores os vizinhos,
Em pleno sentimento de rancor.
Eu sei que não me cabe nem um canto
Do canto que carregas todo teu.
Apenas vou morrendo, sem encanto,
No manto qual mortalha que me deu.
Mas sei que desse amor que nunca espero
No fundo, d’outro amor, amor eu gero...
-
567
Deitando neste chão, te peço colo,
Embora nada mais tão obsoleto
Fingir que tão sozinho já me enrolo,
Não passo, sem te ter, simples inseto.
Mas vejo nos teus olhos a promessa
De termos espalhados nosso sonhos.
De tudo que carrego, uma remessa,
Levando por caminhos mais risonhos...
Acordo sem teus braços e me queixo
De amor que não possuo mas desejo.
Rolando nestas águas, triste seixo,
Espera ansiosamente por um beijo.
Que tanto prometeste mas negaste,
Amor para crescer pedindo uma haste.
-
568
Eu quero estar nos braços de quem amo,
Fazendo destes braços, o meu ninho...
Por vezes tanto chamo, tanto chamo...
E durmo simplesmente tão sozinho.
Amada por que insistes em não ver
Que tudo que desejo, num segundo,
Apenas no teu colo posso ter,
Depois de procurar por todo o mundo...
Não deixe que esta noite me devore
Sem ter os teus carinhos e teus seios.
Amada, por favor, não mais demore,
Que a vida vai tomando os meus anseios...
E depois de tanto tempo sem ninguém,
Eu grito: minha amada... agora... vem!
-
569
De tanto amor que, um dia, sonhei ter,
O resto da esperança que sobrou,
Nos olhos de quem amo posso ver,
Que tudo foi um sonho que acabou...
O vento que, assoprando na janela,
Lembrando nossas noites tão serenas,
Dizendo simplesmente que foi dela
A vida que passei, em belas cenas...
Não sei se escutarás a minha voz
Que adentra pelas noites tão nubladas,
A chuva que caindo, tão atroz,
Relembra nossas horas bem amadas...
Amor como seria mais feliz,
Se a vida te trouxesse como eu quis...
-
570
Amor que se tomando de cuidados
Não deixa mais espaço pra saudade
Vivendo tantos dias magoados
Agora só procuro uma amizade
Que traga meu amor em mansa rama,
Sabendo ser divino sentimento,
Amor quando amizade se derrama,
Resiste bravamente a qualquer vento...
Portanto minha amiga não receie,
Se tudo o que fizer for por teu canto,
Amor quando em amor, de amor se ceie,
Em múltiplas facetas vira encanto.
Por quanto tempo andei te procurando,
Amiga que deveras, vou amando...
-
571
Mergulho meu passado neste rio
Que tantas vezes tenho navegado,
Nas noites mais doridas, tanto frio,
Espero meu amor aqui do lado...
O sono quando chega e não te encontra
Em pouco tempo manda o pesadelo.
Amor quando de amor se desencontra
Aos poucos se tornando um atropelo.
Nos raios deste sol brilhando n’águas
Dos rios e cascatas, um cristal;
Meus olhos se lagrimo, plenas mágoas
Transbordam nesse rio, no final.
Amada não permita que isso ocorra,
Não sei nadar, tu queres que então, morra?
572
-
Não sabes quanto quero o teu querer
Que espero sem saber se tu me queres.
Mas saiba que não quero te esquecer
Mesmo se me esquecer tu já quiseres.
Adoro te saber bem mais contente
Não gosto que tu sintas o que sinto.
Vivendo teu amor qual penitente,
A dor que sempre trago e nunca minto.
Tu és toda a certeza dum futuro
Guardado nas promessas do passado.
Clarão que não permite céu escuro,
Viver todo esse tempo enamorado...
Do amor que nunca disse se me quer,
Guardado nesta noite, se vier...
-
573
Ouvindo tantas vozes do passado
Que sempre foram boas conselheiras
Sabendo que já tive teu cuidado,
Agora o que resta são olheiras
Das noites mal dormidas inseguras,
Na cama que rolava, sem ninguém,
Vivendo nestas minhas desventuras,
Amor que se promete nunca vem...
Recebo esses maus tratos com sorrisos,
Que faço se não posso te esquecer?
Apenas destruindo os paraísos
Que cismam em tentar sobreviver...
Não vejo outra saída nem caminho...
Vou enfim, com certeza mais sozinho...
-
574
Quem dera se esse canto de promessas
Não fosse tão somente um simples canto
A vida vai passando em tais remessas
Diárias de ternuras e de encanto.
Recebo tais lufadas com prazer
E vivo tão somente em alegria
Se nada mais da vida eu irei ter
Senão esta certeza de alegria.
Eu amo como nunca mais pensei
Depois de tanto tempo mais tristonho
Que eu dia neste mundo enfim terei
Certeza deste amor que te proponho.
Eu quero ter contigo tanta luz,
Amor que me protege e me seduz...
-
575
Nas brandas e suaves melodias
Que em versos te dedico, sem temor...
Amada, como explodem alegrias,
E como, enfim, renasço em pleno amor...
Nos campos que vaguei tão solitário
Vivendo sem saber se sou feliz.
Dos rios deste amor, seu estuário,
Termina no destino que mais quis.
Nos braços da morena tão singela
Que dorme tão calada nesta cama...
A vida recomeça depois dela,
Amor já se explodindo em bela chama.
E chamo por teu nome num momento,
Amada tenho amor, merecimento...
-
576
Por onde foi que estive sem saber
Nas trevas esquecidas no meu peito
Agora recomeço a perceber
Que em vão tanto vivi insatisfeito.
Nos dias mais complexos desta vida
Os anos se passando sem sentido.
Quem sempre se escondera em despedida
Pretende ressurgir do triste olvido.
A boca que beijei não beijo mais,
As unhas dilaceram, cicatriz...
Achara que te amando assim demais,
Talvez eu me encontrasse mais feliz...
Amor quando promete ser presente,
Ao longe, calmamente, se pressente...
577
-
Vivendo sem temer o quanto quis
Amada nas estrelas vislumbrada.
Eu sei que nos teus braços sou feliz
Em busca desta estrela tão sonhada.
No céu das fantasias em que vivo
Coloco minha estrela sem saber
Do amor do qual eu sempre sobrevivo
Trazendo tanta força pr’eu viver.
Não vejo mais as trevas que tomaram
A vida e não deixavam nem sonhar,
Estrelas tão distantes se encontraram
Dançando sob os raios do luar...
Amada, como é bom falar teu nome,
Nos braços dessa estrela, amor me tome!
-
578
Pouco me importa o sol que tanto brilha
Nas estradas que levam ao passado.
O futuro que espero maravilha
E mostra quanto é bom ser tão amado...
Trouxeste uma esperança mais serena
De ter um novo dia bem contente.
Te quero e te desejo assim, morena,
Paixão que nesse peito se arrebente.
Não sinto mais temores que sentia
Nem quero mais a dor que é tão tirana.
A boca que me emprestas, mais macia,
Abrigo que encontramos na cabana
De amores mais serenos e felizes,
Surgido nessas duras cicatrizes...
579
" Na mesma pedra se encontram, / conforme o povo traduz, /
quando se
nasce uma estrela, / quando se morre uma cruz. /Mas quantos que
aqui
repousam / hão de emendar-nos assim: / Ponham-me a cruz no
princípio... / e a luz da estrela no fim." Mário Quintana
Na pedra onde se encontram cruz, estrela.
Morrendo estrela nasce então a cruz.
Estrela que na luz, perfeita e bela,
Da forma que esse povo já traduz.
Mas quantos que repousam por aqui,
Hão de emendar-nos sempre bem assim,
Coloquem-me essa cruz mal eu nasci
E a luz de tal estrela bem no fim...
Tal cruz que sempre levo, no começo,
Carrego pelas tramas desta vida,
Ao mesmo tempo em luz eu envelheço
Estrela vai comigo em despedida...
A pedra representa a mesma sina,
Na morte dessa cruz, luz ilumina...
580
-
Minha alma se abrasando na tua alma,
De forma que se entrega totalmente,
Descubro que minha alma só se acalma
Aos olhos de tua alma mais clemente...
Nos tempos de descuido sofri tanto
Por ter uma alma assim tão dependente,
Vencida por tua alma em tal encanto
Que tudo se sublima de repente.
Por quanto tempo uma alma sobrevive
Sem ter essa tua alma como amiga.
Nos sonhos mais divinos onde estive,
Minha alma sem tua alma já periga.
Por isso, minha amada, te preciso,
Minha alma na tua alma, em paraíso..
-
581
Suspiro quando passas pelas ruas
E vejo nos teus olhos, meu amor.
Nos versos que componho sempre atuas
Nas nuas madrugadas, esplendor.
Em tudo que não creio, nem desvendo,
Sentir teus mansos passos, que ventura!
Aos píncaros divinos quando ascendo
Encontro tantos laivos de ternura.
Amada, sou feliz por te querer,
E tanto quanto mais alma respira
Esse ar que não pudera prometer,
É musa, sou poeta, amor é lira.
Venha que em meus braços te farei,
Os versos de paixão que procurei!
-
582
Por tanto que te quis , bem sabes quanto
Espantos e tempestas, afastei.
Ao ver tua nudez eu me agiganto
E passo imaginar que, enfim, sou rei...
Nas cores com que em festas, comemoro,
A vida que prometes delirante.
No corpo em que passeio já demoro,
Sorvendo e decorando cada instante.
Amante do que, bela, representas,
Adoro te saber, deveras, minha...
Paixões quando sinceras, violentas,
Não sabem que a saudade se avizinha.
Mas deixo que este amor flua tão lento,
Nas fantasias todas que eu invento!
-
583
“Suspiro quando passas pelas ruas”
Em tantas maravilhas me embebedo,
Percebo que ao andares, tu flutuas,
Um anjo que tomou todo o meu credo.
É bela tua carne tão macia,
Tuas pernas são atos de promessa.
Minha alma, mais tremente, tudo espia,
Amando tal beleza, se confessa.
Não vejo mais sentido se não tenho
A doce sensação de tanto amar,
Do mundo de ilusões, aonde venho,
Areia quer sereia em pleno mar...
A vida não seria tão sozinha
Se essa rua... Essa rua, fosse minha!
-
584
Da janela do quarto, solitário,
Ao ver a tua sombra desfilando,
Meus olhos vão seguindo itinerário
E, aos poucos, dos teus olhos, desviando...
Não quero que tu saibas deste amor
Que traz a poesia em minha vida.
Vencendo tanto tempo sem sabor
A noite se adormece distraída.
Há musica nas ruas quando passas,
Há brilhos diferentes, há romance.
As folhas que no chão, tu sempre amassas,
Impedem que a batida já te alcance,
Do pobre coração que se dispara,
Sentindo esses teus passos, minha cara...
-
585
Pois tudo que escrevi, a ti pertence,
Em cada verso meu vivo esta história
De amor que a dor medonha já convence
E trama nosso amor em fina glória.
Meu beijo que sonhei depositar
Na boca mais divina que Deus fez,
Roçando em tua pele devagar
Ao mesmo tempo bruto e tão cortês.
Não sei se tu pressentes ou notara
Que sempre mergulhando em tanta luz
Amor que, lapidando, é jóia rara
De gemas preciosas, se produz...
Eu amo teu amor belo e diverso,
Com todas essas forças do universo!
-
586
Contente deste amor que o peito abriga
Em meio a tantas luzes que passamos.
Querida, me permita, então que diga,
Do quanto que vivemos, nos amamos...
Não tenha mais o medo que impedia
Os passos que precisas conhecer.
E venha, vamos juntos para o dia
Que teima e necessita amanhecer.
Não vejo que tua alma se acovarda
Entendo teus momentos sem coragem,
A noite que virá inda se tarda
Podemos começar nossa viagem.
Eu sei dessas amarras, não reclamo,
Aos poucos vou dizendo que eu te amo!
-
587
Amor que é meu delírio e meu engano
Escapa em minhas mãos, num só segundo,
Sangrando quase sempre mas me ufano
De ter amor maior que vi no mundo.
Sentindo em cada dia essa presença
Vertida em meus desejos, meu exemplo
De amor que tanto brilhe e me convença
Viver a vida inteira no seu templo.
Encanto que este amor, produz tão cedo,
Invade minha vida, doce encanto,
Fazendo de mim mesmo meu degredo,
Machuca e me promete um novo canto!
Mas sempre que eu a vejo, minha amada,
A noite se transforma em alvorada!
-
588
Pois sempre que te vejo em ti percebo
O sol que nestes olhos se sepulta,
Do brilho desse amor sempre recebo
A lua que em silêncios nada ausculta.
Nos círculos descritos pela teia
Da lua encantadora em alvos brilhos,
Por vezes, santas horas, me incendeia
A chama que me queima, belos trilhos...
Neblina tão suave que se cai,
Por sobre essa macia e calma relva.
Enquanto a tempestade já se esvai,
Tramando sob a lua, imensa selva.
O sol, tão mansamente, vem tomando
A terra; em teu olhar também amando...
-
589
Dormia mansamente quase nua
À sombra desta noite esfuziante
Beijando o belo corpo, uma alva lua,
Nos raios um desejo inebriante...
Sondando meus carinhos mais profanos,
Sabia que podia me envolver
Não tenho nem teria mais enganos
Amor que sempre ajuda a reviver
A flor que dentro d’alma se perfuma
Invade sem espinhos, o meu jardim,
A dor ao ver a flor logo se esfuma,
Amor que tanto quis, amando assim...
Se tudo o que fizemos, sem demora,
Nos traz a claridade desta aurora...
-
590
Fascinado com brilhos do desejo
Neste albor mavioso que é a vida
Quando a noite cai, logo assim revejo
Juventude que há muito achei perdida.
Mocidade remoça um velho peito
Queimado nestas chamas da saudade,
Que aflora julgando ter direito
A viver, neste amor, felicidade!
Amar é mais que tudo, enfim, viver...
Frescor duma manhã anunciada,
É pleno de ternura se esquecer
De tudo que viveu, triste alvorada...
É ter essa certeza, estar altivo,
Poder gritar ao mundo que estou vivo!
-
591
Ao ter no doce início da manhã
O vento delicado do teu riso
Vivendo esta ternura em louco afã
Encontro nos teus braços, paraíso.
Tingindo esses meus sonhos com as cores
Que roubo da manhã ensolarada
Tramando em teu colo mil amores
E Saiba deste quanto que és amada.
Eu sinto tua fala tão macia
Entrando no meu peito sonhador,
Acordando e com isso, ganho o dia,
Envolto nas entranhas deste amor.
Amor que me entregaste é solução
Que teima e fortalece o coração!
-
592
Sorria tristemente, já sem brilho,
Um anjo cujas asas se partiram,
Vivendo sem amores, triste exílio,
Nos sonhos que as saudades repartiram...
Deserto mais sombrio se promete
Porém o teu carinho, uma esperança,
Aos mais belos prazeres, me remete,
Deixando um gosto doce na lembrança.
Tua alma que é tão pura, perfumada,
No cheiro dos teus olhos, novo dia...
Amiga quem me dera ter na estrada
Ao menos um momento de alegria.
Não sofras por alguém que não te quis,
Amiga, nos meus braços, mais feliz!
-
593
Libando nosso amor, qual borboleta,
Que em flores mais sutis trama revôos
Amor talvez a flor mais predileta
Espera um manso beijo em sobrevôos...
Carrego meu amor no meu alforje
Ao lado que é canhoto do meu peito,
Mas temo que saudade em dor se forje
E traga em tempestade, duro pleito...
Amor que se ternura e se libasse
Nas noites mais sozinhas, velhos passos.
Quem dera se esse amor já se encontrasse,
Rolando em nossa cama, nossos braços...
Amor que se encontrara mais perdido,
Tocando desejoso, essa libido...
-
594
O amor sincero sempre toca eterno
Em tocas, vãos, guerrilhas, casamatas,
No viço que te entranha, duro e terno,
Amor percorre em sonhos, tantas matas...
Percebes o veneno mavioso
Da serpe que te lambe e te devora,
Orvalha essa manhã em pleno gozo,
Tua geografia se decora.
Amor que decifrado qual esfinge
Fornalhas e prazeres reconhece.
Porém quando se ilude ou melhor, finge,
Aos poucos pouco amor já se envelhece...
Amor é tão voraz, louco glutão
Penetra, com seus dentes, coração...
-
595
Que eu possa amar assim, tão amiúde
Que eu sinta essa paixão que me avassala.
Minha alma se tortura e já se ilude,
Vivendo tão cativa, alma vassala...
Renovo o coração na virgindade
De cada novo amor que possa ter.
Sabendo que te amar, ter liberdade,
Eu sonho todo dia te saber.
Da liberdade intensa, ser cativo,
Vivendo neste amor, a dor e gozo,
De tanto que perdi, eu sobrevivo,
Imerso nas riquezas, andrajoso...
Amor me cativando, me liberta
Adormecendo o peito, sempre alerta!
-
596
Amiga, como é belo este teu canto
Que espalhas pelos cantos da cidade...
Encontro finalmente, tanto encanto,
Neste manto que me cobre, liberdade!
Amiga, como é bom saber de ti,
Com toda essa meiguice que conquista.
Por vezes enxergando o que perdi,
Só tenho teu carinho que me assista.
Peço-te, minha amiga, que se faça
Da noite que se parte, tão sentida,
O vento que por mais que se disfarça
Caminha pro final de nossa vida...
Amiga, não me deixe essa descrença
Mostrando deste amor, a recompensa!
-
597
Aflições rebentando, nada resta,
Nas lavras que esperança não plantou.
Cismando tantas vezes, penso em festa,
Porém a solidão, o que restou...
Nos círculos das dores que corroem
Recordações de vidas tão cansadas,
As lágrimas que caem, sempre soem
Nascerem destas noites desoladas...
Eu clamo piedade, ninguém ouve...
Meus olhos empapuço, não percebes...
Amor que na verdade, sei, não houve,
Caminhos destruídos, sendas, sebes...
Angústias violentas neste mar,
Formado por tristezas, tanto amar...
598
-
Que bom que tu chegaste a minha vida!
Por vezes eu pensara estar no fim.
Agora que te encontro, ressurgida,
Outra esperança nasce dentro em mim...
Dançarmos pelas noites mais felizes,
Vivermos e brindarmos sem temor.
No palco, tantas luzes, as atrizes
Refazem espetáculo do amor.
Não deixe que esta noite degenere
Nas tais ingratidões e desventuras.
O brilho de minha alma se confere
Nos olhos que te enlaçam com ternuras...
Amiga, revivamos fantasia
Neste festim divino da alegria!
599
Esse silêncio acalma, anestesia,
Prazer bem mais sereno se adivinha...
A vida transcorrendo em harmonia
Deitada nos teus braços, paz aninha...
A brisa sussurrando folhas, matas,
As águas tão pacíficas do rio...
Amor em borbotões plenas cascatas,
Explode nesta noite em louco cio...
Velando por teu sono, meu amor,
Observando a nudez tão maviosa;
Beleza transparente em esplendor,
Que faz brotar amor, perfume e rosa...
Nesses delírios tontos, colibri,
O tempo que sonhava, estava aqui.
-
600
Surgindo destas lástimas terríveis
Qual vento que lambendo estas folhagens
Soando nos carinhos mais incríveis,
Permitem doce amor tantas viagens...
Eu quero ser futuro mais sereno
E ter a placidez deste bom lago
Vivendo sem ter queixas, tão ameno,
No leito em riso e flor, o fino afago...
Sem queixas de amargura ou de tristeza,
Distante das agruras, das afrontas,
Dos pátios tão febris de tal beleza
Das noites, nossas danças, lanças tontas.
Eu quero teu amor que nunca deixa,
Te ter na minha cama, dama e gueixa...
-
601
Meus olhos que te enlaçam com ternuras
Buscando no teu colo meu descanso,
Aguarda tanto amor, suas venturas
Qual rio que procura seu remanso.
Ternuras desejadas e queridas
Dos braços da mulher que procurei,
Vasculho nos espaços, tantas vidas,
Parece que este amor eu encontrei.
Deitando sobre esse vergel tão cálido
Que trazes com ternuras indizíveis,
A lua com luar belo e tão pálido
Reflete as belas cenas mais incríveis...
Teus olhos e luar, que fantasia,
No brilho que este amor, tonto, irradia!
-
602
Amor que irradiando juventude
Transborda com delícias e carinho.
Do sol que tudo invade em atitude
O mundo que passei, demais sozinho...
O tempo que vivera, tão escuro,
Agora reconheço, meu amor,
Um coração que bate mais maduro
É todo o meu princípio de sabor.
Já sabe e reconhece uma beleza
Não deixa se enganar tão facilmente
Conhece tanto a luz quanto tristeza,
Vida, sabe viver mais plenamente...
Amor que assim desejo em nosso ninho,
Sabor que tanto quero, como o vinho...
-
603
Silêncio quase que religioso
Sossego nestes prados verdejantes.
De tanto que queria manso gozo
Deitado nessa relva dois amantes.
Olhando para estrelas calmamente,
Cansaço deste amor realizado.
A noite anunciada, de repente,
Transborda neste sonho que encantado.
Murmúrio tão distante, d’águas, rio,
O vento balançando estas folhagens,
Renasce nesse amor um louco cio
E a lua namorando tais viagens...
Amada como um sonho estás aqui,
Na doce fantasia, amor vivi...
-
604
O céu sem ter estrelas, sem ter lua,
Embora seja céu, trama este inferno.
O canto que no encanto continua
Trazendo tanto frio neste inverno...
Janelas sempre abertas esperando
Entrada deste vento promissor,
O coração espera estar amando
Envolto na certeza deste amor...
As nuvens se dissipam, brilha o sol,
Quem fora tanto tempo adormecida,
Conhece nosso amor como farol
Trazendo estrelas, lua, calor, vida...
Eu quero teu amor, tanta ternura,
Amor que em tanto amor, de amor fartura...
-
605
Das flores que plantei, amor e tréguas
Nas plagas carinhosas do meu peito,
Andando por amor distantes léguas
Em busca do viver mais satisfeito.
Tenazes e sutis, tantas lembranças,
Passado que encontrara assoberbado,
Vibrando nestas hostes de esperanças
Fazendo deste amor meu doce brado.
Amo tudo que em minha alma semeio,
Na pertinácia imensa da paixão,
Poder acarinhar sem ter receio,
Os seios tão sublimes, coração...
Amor que revelando meu jardim,
Nas flores que cultivo, dentro em mim...
606
Mentiras quando ao vento soltas são,
Neste furor intenso me transtornam.
Sabendo governar meu coração,
Excesso de cuidados logo entornam...
Insanas confianças nos futuros
Fortuitas ilusões que queimam tanto,
Os frutos deste amor se estão maduros,
Recordam das sementes outro tanto.
Semeio novas luzes no teu peito,
Cintilam meus cristais e diamantes,
Amor quando demais, amor perfeito
Embala nossos sonhos delirantes...
Que importa meu amor da vida o fel,
Se tramas nossa cama em doce mel...
-
607
Desejo desse amor tão mais bonito
que trama tantas noites sem receios,
ardendo tanto amor, em manso rito,
beleza, tanto beijo, ardentes seios.
o sol riscando brilhos neste azul
percorre tantos sonhos mais felizes.
estrela que navega norte e sul,
tramando desta vida seus matizes...
eu quero ser feliz, não mais me importo
com tempos, tempestades e temores.
apenas me entregar ao manso porto
que mostra tanto brilho nos amores.
amada como é bom estar contigo,
proteges destas dores, do perigo...
-
608
Na tarde tão dolente e mais festiva,
Amor tão envolvente me convida
Fazendo deste amor uma alma viva
Que ambígua me permite amar a vida.
A mente se permite tal recosto
Neste ofegante sonho de prazer.
As horas se passando, vou exposto,
Vontade delirante de viver...
Nos braços dessa amada poesia,
Em plena tentação sem contratempo,
Se não mais me concentro nem no dia,
A perdição encontra todo o tempo...
Minha vontade explode em tentação,
Deitado no teu colo, com paixão....
-
609
Os teus olhos, querida, são faróis
Que mostram meus caminhos pelo mar
Passando por corais e por atóis,
Em busca da certeza de te amar...
São negros, verdes, puros tão azuis,
Castanhos... Não importa qual matiz.
O brilho que em teus olhos se produz
É que clareia a vida e faz feliz...
São mansas claridades que em minha alma
Brincando vão sorrindo em alegria,
A dor que tanto veio, já se acalma,
No lume que este olhar, belo, irradia...
São fontes de total inspiração,
Tirando o meu amor da escuridão...
-
610
Entregue a esse amor tão delirante
Que trama uma esperança a cada dia.
Sabendo que te amar é ter constante
Um peito transbordando em alegria.
Eu sei que meu caminho se perdeu
Nas ondas agitadas deste mar,
Que sabem quanto amor, amor me deu,
Em busca de teus cantos, tanto amar!
A febre que me queima e que me cura
É febre que procuro qual remédio,
A febre que em minha alma traz fervura
E salva meu amor do triste tédio...
Difícil caminhar se estou entregue,
Preciso que teu corpo me navegue...
-
611
Nos olhos que procuram pelo mar
Em ondas e desejos, plena areia,
Nas pedras onde posso te encontrar
Teu canto quanto encanto, uma sereia...
Banhando belos olhos nesta praia,
Roubando céu e mar, lindo matiz.
Amor que nestes mares já desmaia,
Fazendo esse poeta mais feliz...
Eu sei que se soubesse te encontrar
Te buscaria em plena claridade,
Rastreio pelos brilhos deste olhar,
Encontro em teu olhar, uma ansiedade,
Querendo desfrutar banhos de mar,
Os olhos que me ensinam a te amar!
-
612
A noite em serenata e violão,
Preparo para amada meus segredos,
E tento demonstrar numa canção
Embora o desajeito dos meus dedos...
O som que sempre tento transportar
Na letra, estonteante, meu desejo.
Deixando minha mente me levar
Mandando a melodia como um beijo...
Eu quero te encontrar ó minha amada
Vivendo essa repleta tentação,
Sentindo em tal vigor noite inflamada,
Inteira madrugada de emoção.
Eu quero teu amor, lua de prata,
Nos olhos de quem amo, em serenata!
-613
Amando tanto amor quanto pudesse
Nas minas que porejam tantos sonhos,
Amor que tanto amor em amor cresce
Tramando tantos dias mais risonhos...
Quem nasce com amor e poesia
Já sabe desfrutar de amor imenso,
Fazendo deste amor a fantasia,
Nos olhos, tanto amor eu recompenso,
Meus versos que dedico sem demora,
Vivendo destes olhos tão profundos.
A plena poesia, sei agora
Invade nossa vida, nossos mundos.
Eu amo tanto amor que merecia,
Minando em cada canto e poesia...
614
-
Apontam outros mastros desde agora,
Caminham em trieieros, são as pistas,
Deixadas por quem veio lá de outrora
Ardente fogo, temo, não resistas...
A chama que os ouvidos tanto viram
E sempre se atraíram pelo lume.
Tantos resguardos foram e sentiram
No teu oculto vulto bem sei miro-me
Nestes segredos tantos meus abraços
Sem vistas entre nossas vãs paredes.
Sem trancas me despindo nos teus braços
Me entrego, minha amada em nossas sedes.
No fogo que devora nosso amor,
Na cama onde estou a teu dispor...
-
615
Prazer não se concebe em solidão
Os olhos da manhã precisam sol.
Florindo todo amor em emoção,
Vibrando as cercanias, arrebol...
Repare como as belas margaridas
Enlaçam-se e vivem agrupadas,
Assim devemos crer em nossas vidas
Serenas noutras tantas tão amadas...
Que bom que é caminharmos bem juntinho
Em busca do futuro colorido,
As aves se procuram, formam ninho,
Amor demais amor de amor provido...
Pois vamos nessa eterna primavera,
Vivendo tanto amor que amor espera...
616
Desejo desfrutar da mesma fonte
Que tanto me seduz quando me excita
Descendo pêlos, montes, horizonte
A fonte tanto doce quão bonita..
Mergulho nesta fonte com vontade
De estar por todo o tempo com você,
Vivendo meu prazer com liberdade,
Liberto, lhe procuro mas cadê?
Dançando nossa dança mais profana
Na cama que queremos neste instante.
Amada como é boa dor que explana
E trama tanta fonte delirante...
Entrando nessa fonte sem pedir,
Vivendo nosso amor, neste ir e vir...
-
617
Correndo vem meu anjo pros meus braços
Tremendo neste amor sem ter tardança,
Percorro calmamente nos teus traços
O brilho angelical duma esperança...
Avivo teus vigores violentos
Que de anjo te transformam de repente
Tão loucos os delírios mais sedentos,
Venenos e lascívia de serpente...
Teu rosto de marfim enrubescido
Em vivo carmesim já transtornado,
Pudor que nesta cama está perdido,
Encontra nosso amor, louco tornado.
Tu temes este amor, mas por fim goza,
Nos braços que te esperam, anjo e rosa...
-
618
Nos versos e nas rimas que te faço,
Amor que se deseja soberano,
O ponto de partida, nosso traço,
Não deixa cometermos mais engano...
Dedilho com carinho e emoção,
Os versos que componho, poesia...
As rimas decorando o coração,
Fazendo nossa vida mais sadia...
Rolando tantos beijos, nossas rimas,
Em bocas e palavras tão molhadas,
Beijos de lá, de cá, em nossas primas,
As horas tão harmônicas passadas...
Desejo que te tenha sempre aqui,
Na fantasia louca que vivi...
619
Na madrugada fria, abro a janela,
Procuro teu amor que tanto acalma.
A lua me responde que é só dela,
Amor que tanto quis de corpo e de alma...
Vê que bela noite que se apronta
Estrelas e desejos se disfarçam.
A boca desta noite está bem pronta
Pr’a receber dois seres que se abraçam...
Mas o rigor da vida não se cala,
Janela mesmo aberta nada traz,
Espero neste quarto, nossa sala
A noite tão vazia, perco a paz...
Eu quero teu amor tão docemente,
Te espero meu amor, amar urgente!
-
620
Sou o que tens por dentro que passeia
Teimando com correntes contra as horas
Sou tudo o que tu tens que sempre anseia
Perturbado latejo inflamo e coras.
Vermelho latejante ao largo, encantos
Que invento assim durante a vida inteira,
Entrego-me aos tormentos, lanço o canto
Do sem fim desta vida companheira.
Cansado e te atraindo só amor
Espero que num dia, esteja certo,
Teu dentro tão cansado, sem temor,
Sabendo que viver é tão incerto,
Andando com correntes, até no fim,
Descanse totalmente dentro em mim!
-
621
Eu quero a maciez de teu carinho
Com doce e com total suavidade,
Nas ruas e nas sendas, no caminho
Que leve desta vida uma saudade...
Sabendo que te quero por querer,
Não temo nem calor nem mesmo frio.
Em todos os passeios posso ver,
Amor que se escondendo, vai macio...
As bocas que se tocam, mansamente,
Provocam nos luares, os ciúmes...
Eu quero teu amor tão docemente,
Apenas não escutes meus queixumes...
São trevas que me impedem de saber,
Deixando a madrugada se acender...
-
622
Medida desse amor tão sem medidas
Não cabem nestas roupas que não vestes,
Penetro tuas tocas distraídas
E adoro esse desejo que revestes...
Loucura se inteirando na loucura
Sem meias, cintas-ligas ou prisões,
A mão que teu prazer, tonta, procura,
Encontra a cachoeira em borbotões...
Medidas que proponho em nossa chama
Ardendo maviosa no delírio,
Queimando nosso amor, que tudo inflama,
Nas dores e prazeres, bom martírio...
Invado tuas praias, me incendeia,
Me afogo no teu mar, na maré cheia...
623
As horas que vivemos rodopiam
Não param nem que parem mais anseio,
As noites que tivemos já se fiam
Nos gozos deste corpo que incendeio...
Nos brindes que fazemos, meu segredo,
Brincando no teu corpo até morrer,
Embarco neste jogo e vou sem medo,
Embrenho tua mata em teu prazer.
Em tua companhia chama o gesto
E grito peço colo e vou te ver
Em tudo que te peço já me empresto
E deito junto a ti, até morrer...
Não roubo só minutos, com paixão,
Eu quero te tocar toda emoção...
-
624
Eu quero tua mão em minha mão
Passeios de desejos e de sonhos,
Espero que te toque o coração
Os dias que tivemos tão risonhos...
Amando quem se deu tão forte chama,
Deitada em minha cama, meu prazer,
Vigor com tal carinho sempre inflama
E faz todo o meu céu entontecer.
Se tive mais desejos peço amores,
Se tive mais amores, teu desejo...
Invado teus caminhos redentores
Abrando todo o cio, amor, porejo.
E quero teu prazer em minha boca
Num grito em desespero, quase louca...
625
Loucuras que cativam, infernizam,
E mostram tantas garras contundentes
Seduzem e de leve perenizam
As horas que tivemos bocas, dentes,
Esquecem desta santa que dormia
Na menina que brinca do meu lado,
Da mulher que reclama todo dia,
Da fêmea que abrasada forja o cardo,
Nas chamas das loucuras onde dança
E pede e que me tira pra sonhar
Com tramas em nudez, já vem, avança,
Deitada em minha cama, quer luar
Que adentre e que acarinhe perna e coxa,
Deixando de prazeres, murcha e frouxa...
-
626
Em toda essa emoção que já procuro
Nas loucas aventuras pela noite
Recebo com doçura e já te curo
Com beijos e desejos, meu açoite.
Não sabes como é bom sentir veneno
Em boca tão suave e tão macia,
Amor que me devora onde enveneno
A boca que te morde, todo dia...
Prossegues neste jogo, sedução,
Sabendo que te quero tanto enfim...
Viver é se saber em emoção
Tão plena de loucura até no fim.
Eu quero essa emoção que tu carregas,
Nas horas mais gostosas me navegas...
-
627
Amores são procuras tão intensas,
Na busca de repousos encontrar,
Precisam de coragens mais imensas,
São sedas que não podem se amassar.
Amores como véus que são rasgados
Vivendo nesta pura fantasia
Olhares com destinos bem tramados
Em todas as delícias dia a dia.
Amores explosivos em batalhas
Nas guerras divinais em tais embates
Acordam nunca param negam falhas
No fim mansas tréguas nos combates.
Já fazem tanto cio se encontrar,
Dos bichos, em plena arca a esperar!
-
628
Acreditas que amor não se procura
Nas horas mais temidas desta vida
E pensas que tu vives noite escura
Em verdade és amada sim, querida...
Eu quero que tu saibas quanta luz
Existe no teu peito mavioso,
Negando tanto amor que se produz
Não sabes deste amor tão orgulhoso
De ter amor divino e possessivo,
Em tudo dominante mas sereno,
Vivendo em pleno amor conforme vivo,
Espero tanto amor em mar ameno...
Não tenha mais o medo que perturba
Amor que água serena já conturba.
-
629
Metades que se encontram em poesia
Somadas formam mais do que milhão,
A noite quando toca o manso dia,
Em luzes se transforma, um turbilhão...
Metades encantadas pois completas
São forças gigantescas e medonhas,
Assim como se abraçam dois poetas,
Nos sonhos que eu já sonho e que tu sonhas...
Parcerias são formas de prazer
Amores repartidos mas inteiros,
Ajudam a quem ama perceber,
Que a vida se reparte em companheiros...
Parceiros destes cantos sem quimera,
Que fazem renascer a primavera!
-
630
Querida é rio manso que procuro
Nascido nestas fontes do prazer.
Vivendo nosso amor, às vezes duro,
Sabendo que não posso te esquecer...
Na camiseta bela que trazias,
Nudez se adivinhava num segundo,
As camas tão distantes e vazias,
Se inundam com amor forte e profundo...
Se fosse revelar naquele gesto
Imensa essa certeza que me trás
Amando norte e sul, eu já te empresto
Amor de rio e sol, perfeita paz...
Eu quero a camiseta que tiraste
Na cama que comigo, desnudaste...
-
631
Não deixe que essa lua vá se embora,
Impeça nosso amor que cultivamos,
A forma com que tanto amor aflora
Não pode ser do jeito que sonhamos.
Eu vivo sem saber destas tais flores
Que tanto semeamos nos jardins,
Amando sem contar com teus amores,
A noite vai perdendo rumos, fins...
A solidão queimando qual quimera
Vazio nos tomando no depois,
As garras tão terríveis da pantera,
Na solidão que estamos, mesmo a dois...
Não sei se poderemos nos salvar
Talvez em outros braços, sim, amar!
632
O brilho das estrelas, mil matizes,
Reflexos nesses mares multicores.
Os dias que passamos tão felizes
Demoram-se nas tramas dos amores.
O verde desta mata radiante
O canto de lamúria, plena festa,
Amor sempre dileto e tão contente
Embrenha sem ter medo, na floresta
Dos sonhos que se tornam mais queridos
De tempos que se foram, não mais quero,
Amores transformados e cumpridos,
Nas preces tais amores que venero.
Pois tudo que na vida já vivemos,
Somente amor transforma o que nós vemos!
-
633
Um coração que trama tanta sorte
De ser bem mais de mil num peito só,
Batendo simplesmente assim tão forte,
Em tantas rebeldias, dá um nó.
O coração vermelho bate tanto
Que tanto amor batendo me transtorna
Vestido de vermelho, sangue é manto,
De amor no louco ofício, já se entorna...
Coração companheiro predileto,
Eu quero que acompanhes meu amor,
Sabendo que precisas ser completo,
Em tantas armadilhas, rubra dor.
Batendo quase sempre que apressado,
Mil vezes, coração apaixonado...
634
Estrelas que rodeiam essa lua
Que transformada em mágico brinquedo
Porém tão enganosa bela e nua
Pretende ser tocada por um dedo.
Rabiscada na folha de papel,
Em grafite, parece um doce seio,
Brilhando em gigantesco e belo céu.
Tramando nova vida sem receio...
Porém o que eu pensava já não era,
Em verdade era simples fantasia,
São luzes que me enganam da quimera
Jamais o belo que eu queria...
Amor, depois senti com emoção,
Guardados, esperando lábios, mão...
-
635
Voltaste pros meus braços minha amada,
Depois de tanto tempo tão ausente.
Já temos a certeza de que nada
Na vida me fará tão mais contente.
Que o fogo desse jogo em pleno amor
Guardado num recanto de alegria
Pureza e sedução, meu esplendor,
Vivendo nosso amor em poesia...
Pureza da menina bem guardada
No mar que te entranhou a vida inteira.
Sabendo que decerto é tão amada,
Que a marca deste amor é verdadeira,
És toda nossa trama de poesia
No mar que amor transforma em tal magia...
-636
Amor tão vigilante, enamorado
Das horas que em insônia já passei
Olhar que em teu olhar vai fascinado
Buscando o teu olhar que procurei.
Amor tão extremoso que eu sentia
Por tantas vezes louco, me tornava,
Quebrando deste amor uma harmonia
Envolto nos desejos me entornava.
Seus modos, gestos, graças e perfume,
Aos pouco me tomando totalmente.
Vivendo tal amor pleno em ciúme
Sabia que perdia, tolamente...
Desejo nosso amor em fantasia,
Amor que tanto ilude, tal magia...
-
637
Nosso desejo trama tal prazer
Que , insano, te acompanho radiante.
Vou célere buscando o teu querer,
Fazendo tanto amor, a cada instante...
Te sigo e te procuro, fogo e tramas,
Nas matas e nas rondas me alucino,
Vivendo nosso amor em plenas chamas,
Buscando em teus delírios meu destino...
Cobrindo teu desejo, descobrindo
Desejos que lampejos se procuram,
O teu desejo tonto vou cobrindo
Com matas e cascatas que se curam
Na sorte que bem sabes vai e vem,
No vai e vem que quero e tu também...
638
Quem dera descobrir em mansa mata
Entrada do caminho mais ardente.
E penetrar derrames de cascata,
Seguindo pela rota simplesmente
Na fúria da paixão tão penetrante
Matar a sede intensa de tal anjo
Vibrando como um deus a cada instante
Tramando na magia doce arranjo.
Entrar nesta planície que orvalhada,
Invado e que também me orvalho tanto.
Fazendo do desejo, minha amada,
A toca que penetro, meu encanto...
Sabendo que eu ardendo em tal prazer
Encontro, assim, vontade de viver...
639
Num sonho me encontrara apaixonado
No susto que tomei ao ver meu nome
Escrito na parede ali grifado,
De certa forma tudo se consome.
E nada mais falava, só te ouvia,
Estampado no meu peito este retrato,
Tal qual fosse te olhar mas nada via,
Alucinado sonho, vero fato...
Chamavas por meu nome, te indaguei
E vi que então fugir era impossível.
Aos poucos no delírio me entreguei
Vivendo a sensação tão mais incrível
De amar em tempestade, calmamente,
Meu nome no teu nome, de repente...
X
640
Subindo sem destino, cavalo, homem...
Pisando tantas folhas já caídas,
Subindo eternamente aos poucos somem
Nas marcas que deixaram nas subidas...
As rédeas ordenando que não parem,
O rio se desenha qual serpente.
Na marcha sem galopes que disparem
As marcas desenhadas totalmente
Esporas desta vida, são malditas
Estórias esquecidas... O que pretende
Por sobre tantos passos dessas ditas
E cada vez distante sempre ascende.
O que se quer tão alto, assim, depois?
Cavalo e homem, pobres destes dois...
X
641
Rodando na ciranda sem parar
Espaços delicados para a dança
Que roda faz bem tempo, quer rodar,
A fantasia preme e já te alcança.
Na dança tão robusta desta festa
Que sempre se imagina fantasia,
Abrindo na ciranda nova fresta
Deixando a madrugada pede dia.
Eu quero esta criança que não pára,
Não deixa de rodar nesta ciranda
A vida tão robusta me antepara
E sempre recomeça a mesma banda.
Que pede sem descanso e quer mais ar,
Bem antes disso tudo começar...
X
642
Sonhar nunca é demais, esteja certa,
Arder nesta ilusão que tanto queima
Pecado sem ter culpa, noite incerta,
Mistura deliciosa, santa teima...
Temer, tão simplesmente conter siso,
Que impede que possamos encontrar
A chave que nos leva ao paraíso,
Na nossa própria entrega está perdão.
É como desfrutar da nossa casa
Neste momento livre, nessa entrega,
Que nos aquece tanto, louca brasa,
Amor que tanto salva não se nega.
Amor que sempre foi a solução,
Nas asas traz calor e proteção...
X
643
Amor que nos transforma em poesia
De mútua esperança minha e tua.
Nas danças misturamos noite e dia,
A vida que dançamos continua.
Da minha que te entrego, meu jardim.
Da tua que recebo, borboleta
Que pousa devagar e vem pra mim,
Enquanto te perfumo, tão dileta...
A minha rima encontro em tua rima
Arrimos de nós mesmos, impossível,
Amor que já se inunda e sempre prima
Por abraçar travesso, o sonho incrível.
Amor que farta em ti derrama em mim,
Inverso e escondido, ri no fim...
X
644
Não conheço calores mais que frios,
Amores e destino tão cruel,
Fazendo desses sonhos tão vadios,
As águas que refletem nosso céu...
As ruas que atravesso, não protegem,
Marquises que se perdem, papelão,
As dores que encontrei por certo regem
As loucas tempestades, coração...
Mas alamedas tramam no perfume,
As altas nuvens negam solidão,
Felicidade é bom que se acostume
Sabendo que terá muita paixão...
Amor deliciado trama a dança
Nas ruas e nas sendas da esperança...
X
645
Esperanças sussurro no teu peito
Tentando te tocar no coração.
Achando que talvez traga um efeito
Que faça ser menor a confusão...
Sussurro em teus ouvidos, bem baixinho,
A voz enrouquecida, isso te ouriça,
Percebes como fere o teu espinho,
Passível, lerdo, restas temes liça...
E nada em ti descubro tudo inútil,
E nada mais escuta nada fala,
Parece que te escorre medo fútil
Esqueces e de repente, já se cala...
Que temes quando toco o coração?
Fazer de tanta luta maldição?
X
]
646
Eu quero te alcançar minha querida,
Mas tenho que soltar-me enfim de mim
Largar essa corrente, em despedida,
Matar esse fantasma, até no fim.
O medo que me embala, destruir,
Despir-me disso tudo. Das pesadas
Cascas que sempre estavam a fluir
Nos meus caminhos todos, já largadas.
Trocar essas correntes pelas asas
Que deixem a coragem renascer,
Ousar nos céus, voando sobre casas
Nesse impreciso pulo, reviver...
Eu quero ter o vôo em esplendor
Voando pros teus braços, meu amor!
X
647
A lua que eu beijava na calada
Dos sonhos estrelados que tivera,
Ao vê-la toda nua des’perada,
No raio solitário, quem me dera...
Ardendo toda fria, trovoei
Os preconceitos tolos. Encantado,
Em comoção total me apaixonei,
Apesar de eu estar tão afastado...
Aconteceu amá-la louca lua
Sonhava despencada nos meus braços
Nesta beleza clara, bela, nua,
Te tomaria, lua, nos abraços
Em plenilúnio, nova ou na minguante,
Me entregaria a ti, no mesmo instante!
X
648
Tu já sabes querida, do que gosto,
Do calor dos abraços, deste amor,
Tudo assim... Desse vento no meu rosto,
De poder me encontrar no teu calor.
Em todas as surpresas geniosas
Que teimam sempre teimam, sem descanso,
Da beleza da rosa dentre rosas,
No buquê que deveras me esperanço.
Em todas as roseiras do jardim,
O dia se passando sem demoras,
As flores tanto amarem, sem ter fim,
Mesmo com o passar de todas horas,
Eu quero com certeza todo amor
Que brota nos buquês, em simples flor.
X
649
Não tema esse ciúme em tal delírio
Não fiques chateada assim querida...
De tudo neste mundo, em tal martírio,
Maior brilho que temos, nossa vida!
Desejo teu desejo, companheira,
A tua companhia me faz falta.
Amar é ser feliz a vida inteira,
Dançamos em conjunto na ribalta.
Não penses que castigo o meu amor,
Não toco nos teus brios, quero os seios...
Vivendo nosso caso sem rancor,
Não tenha desse amor nenhum receio...
Eu quero tanto amor num manso dia,
Em nome dessa amada poesia!!!!!
X
650
Não falo desta caça assim amada,
Se sabes que me embaça a solidão
Depois de tanto tempo sem ter nada
Amor sempre decora o coração...
Ao tempo em que vivemos tão sozinhos,
Vivemos toda a dor sem ter presença...
Os pássaros cansados pedem ninhos,
A vida se prepara em recompensa...
Não tramo as artimanhas nem sou hábil,
As cores que preparo, mil matizes,
Quem guarda a solidão, sabe, contábil,
Nas nulidades, somos infelizes...
Não tema que a manhã seja mais triste,
Amor de tanto amor, no amor resiste...
X
651
Passeia essa beleza em tal frescor
Que mansas caminheiras nada falam.
Vivendas onde vive o meu amor
As ruas, alamedas, nos embalam...
Talvez neste desterro sem tristezas
Os mares que roncando tramam sons,
Em versos encantados, naturezas
Misturam com meus sonhos novos tons...
As nuvens estampadas neste céu,
De tanto que chovera não voltaram,
Amor que se precisa, no papel,
Nas bocas mais delícias encontraram...
Sem ti sentindo pejo me aborreço,
Sem teu amor, querida, me entristeço...
X
652
quero deitar em você, brincar contigo,
nesta gangorra louca que hoje sou,
saber que em nada mais corro perigo,
subir descer, brincar, voar, te estou...
saber te dar prazer tão mansamente
que nada represente nem temor.
Amar como um brinquedo diferente
Sem dores e tragédias, vivo amor...
Não deixe que esse amor seja rangente
Não cabem mais amarras, liberdade!
Amar é como agir, naturalmente,
Sabendo ser feliz, tranqüilidade...
Amor quando se emperra, deixa estar!
Há óleos neste mundo prá se usar!
X
653
Falar de amor liberto e sem correntes
Ao mesmo tempo atado nos teus braços,
São rios que misturam as torrentes
E dormem desfazendo velhos traços...
As tramas que concebo são as minhas
As minhas alegrias de viver
Viver como se fossem avezinhas
Avizinhas amor com tal sofrer...
Não faço destes versos os meus motes
Até por que não caço solidão.
Efeitos dos amores são rebotes,
Bobeia, infartando o coração...
Eu amo tanto amor que a vida tem,
Te quero bem aqui, morena, vem...
X
654
Vieste no meu mundo devagar,
Mineiramente sabes do que digo.
Vontade de mineiro ver o mar,
Saber que tanto amar trama perigo.
Recebes o carinho do mineiro
Que vive neste mundo por viver,
Amando por amar o tempo inteiro,
De amor em pleno amor, sobreviver...
Amor que transbordando trama paz
Entrou pelo planalto sem montanha
Agora que chegou lá por de trás
O danado do amor de novo assanha...
Do vento que brotava no cerrado,
Do verso que nascia, apaixonado...
X
655
Deixaste meu amor em total crise
Que mesmo que existisse novo sonho
Amor quando escondido na marquise
Em terremotos morre mais medonho...
Vencendo a tentação das outras saias,
Que saem de repente no verão,
Calor que me sufoca novas praias,
Depois de tanto tempo de emoção...
Recebo teu carinho, como o vento,
Que amaina meu calor em meu sossego,
As pernas não me deixam pensamento,
Não temas não terei nenhum apego...
Meu canto te procura, mas não caça,
Viver na noite escura, uma cachaça...
X
656
Eu quero tuas gotas meu amor,
Em tantas maravilhas que me dás.
Vivendo esparramando teu calor,
Em ondas e delícias tanta paz...
Provando cada parte do manjar
No beijo tão ardente e mais sedento.
Te aperto contra mim, bem devagar
Me encosto no teu corpo, inteiro, lento...
Disposto a te fazer bem mais feliz,
Nos elos de nós dois tão transtornado,
Carinhos e desejos como eu quis.
O mundo vai girando, vai girando...
Sem pressa nossas horas vão passando,
E em plena fantasia, nos amando...
X
657
Em teu retrato vejo essa tua alma
Nos oráculos gregos, minha amada,
Na casa d’Eros lendo em tua palma
Em meu amor serás banhada...
A tua aura lerei sem saber sina,
Dessa não quero ter nenhum sabor...
Só quero te ter, toda, na menina,
Sedenta onde encontrei total calor...
Te farei poesias do instantâneo
A sorte te trarei em cada verso,
Das orlas desse mar mediterrâneo
No carinho e no sonho mais diverso...
Dispondo do prazer com vivo ardor,
Nas tramas de Cupido, todo amor!
X
658
Eu quero todo o mel em nossa cama,
Em doces ambrosias meu desejo,
Flambando teus licores, minha chama,
Ardendo em cada pote doce, queijo...
Nos tachos, nas conservas, nas gamelas,
Doçuras invadindo minha casa,
Adentra seus perfumes nas janelas,
Meu corpo te esperando em fogo e brasa...
Devoro cada naco da doçura
Fatias delicadas, generosas,
A boca te sorvendo com ternura,
Carícias deste amor, deliciosas,
Te quero como prato e sobremesa,
Apetitosamente, cama, mesa...
X
659
Cometa que tão ágil nunca espera,
Que foge se não dermos atenção,
Espreita trama o bote, louca fera,
A louca e desvairada inspiração...
É tanto traiçoeira quanto ingrata
Perfura mansamente e me derrete
Revólver que se atira, cura e mata,
depois que já se foi, nunca repete...
Escravos desta deusa, nós, poetas,
Vivemos tantas vezes tão cativos
Dos deuses dos amores com as setas
Das tontas loucas musas mortos vivos.
Estou tão embrenhado em suas garras
Inspiração me explica, como agarras?
X
660
Fugias deste canto que te fiz
Com todos os encantos que me davas,
Falar que vou fazer-te mais feliz
Trazendo uma erupção ardendo em lavas...
Lentamente seguias sem saber
Que tudo que mais quero é te encontrar
Nos laços destes braços poder ter,
Certeza de sentir que é bom amar...
Mas presa te carrego e não te deixo,
Guardando meu amor em teu amor,
De tanto que te quero já me queixo
Do jogo que jogamos, tentador...
Brincamos escondidos, o segredo,
Também esconde-esconde é um brinquedo!!!!!!
X
661
Nos campos, arvoredos, natural,
As águas escorrendo pelos rios.
Parecem belas gotas de cristal,
Descendo nas cascatas correm fios...
Penedos exultantes, belos montes,
Montanhas, depressões bosques e matas,
No fundo dos grotões, meus horizontes,
Derramam-se sol, luas, ouros, pratas...
Ao ver tanta beleza da natura
Os olhos mais alegres se procuram,
Envolto no deleite da ventura,
Por tantas cachoeiras se aventuram.
As águas tão alegres que lá tem,
Formadas dos prazeres do meu bem...
X
662
Não vejo mais o tempo que se fora
Na aurora que deixara nosso canto.
Amor que bate tanto desde agora
Sumindo, me matando, perco encanto...
Eu quero teus queixumes e teu cheiro
Voando sobre as tardes num festim
Que faz o tempo andar ligeiro
E brota tanta coisa bela em mim...
O gosto que me trazes, minha amada,
É gosto desta lua e desse mar,
Venceste com teus sonhos, madrugada,
Agora na alvorada quer parar.
O sol nunca se impede de nascer,
Espero do teu lado, anoitecer...
X
663
Respiro teu respiro, minha amada
Embora tanto vôo seja solo,
Preciso te encontrar na madrugada
Deitar minha cabeça no teu colo;
Soando o que se teme neste lago,
Em plena sintonia nada trama.
Vivendo desse amor, no manso afago,
Deitando certamente em tua cama...
Não quero te sugar todo esse ar,
Nem quero esse teu canto mais sozinho.
Nem deixo que te possam mais sangrar,
Eu quero te encontrar no nosso ninho.
Fazendo dessas penas travesseiro,
E mergulhar teu mar, assim, inteiro!!!!
X
664
Amor quando naufrago no teu mar,
Amarro minhas âncoras, ou tento...
Se quero tal firmeza em tanto amar,
Pressinto que preciso de outro invento...
A vida traz as cores mais sortidas
E brinca com meus sonhos sem saída.
As horas que passamos distraídas
Não valem se quiser viver a vida...
Espero que nos mares que naufrago,
O canto da sereia que entontece
Não cause mais sequer nenhum estrago,
Por isso tanto rogo e tanta prece.
Amor, quem te ensinou a navegar?
Foi, marinheiro, foi peixinhos.... MAR!!!!
X
665
Amor escrito na alma em ferro e brasa,
Derrete nosso amor, puro cristal.
Vasculha toda nossa vida e casa
É sonho, fantasia, bem e mal...
Recebe com carinho quem maltrata
Maltrata com ciúmes quem quer bem.
Reparte o que não tem, tanto destrata,
É noite que esperamos, dia vem...
Amor que se converte em mansa fonte
Da fonte em tempestade nega a brisa
Do vento da saudade no horizonte
Reflete a mansidão, guerra precisa.
É dor que nos transborda em alegria
Em êxtase provoca uma agonia...
X
666
Não temo tempestades que vierem
Sou simples cantador sem emoção,
As ondas desses mares se quiserem
Que busquem noutro mar um furacão.
Não quero te dizer dessa magia
Que sempre foi meu porto de partida
Porém a escuridão deste meu dia
Transporta minha dor por toda a vida...
Desculpe se não passo triunfante
Nem minto o que mais sinto, tanto amor...
Viver é um perigo tão constante
Mas, lírico, desejo mar e flor...
Amor sendo o meu mote preferido,
É manso como um parto, dolorido...
X
667
As vísceras expostas sigo andando
Por tantas cajadadas já sofridas.
Aos poucos minha pele desnudando
Demonstram cicatrizes e feridas...
Meu canto em desalento sem potência
Desmaia neste mar ensolarado.
Não peço paciência nem clemência
Vivendo quase sempre assim de lado.
Ser gauche meu destino e minha sorte.
Morrendo sem saber se tenho paz.
Amar tão simplesmente rumo e norte,
Talvez de tanto amor sou incapaz.
O verso que mais canto, de tristeza
Que sangra deste amor, fina beleza...
X
668
Correndo pelas ruas, harmonia
Do canto desses pássaros formosos,
Andando vou forjando a fantasia
Que brilha noutros olhos radiosos...
Seguindo desditoso, companheiro,
Preciso que me escutes, por favor,
Vagando pelos mares, tempo inteiro,
Deitando sobre as ondas desse amor.
Se fui o que pensara não mais sou,
Amigo necessito deste abrigo,
De tudo o que já tive, o que restou.
Porém eu desconfio que consigo,
Da brusca solidão, a primavera,
Na volta da magia da pantera!
X
669
Quem dera estar nos versos que colhi
No jardim que em minha alma cultivei.
São dores perfumadas, vão aqui,
De todas essas flores, temperei;
São simples sentimentos sem palavras
Que as luzes e calores fecundaram.
Amores em meu peito, calmas lavras,
Que as lágrimas passadas tanto aguaram...
Se trago minhas mãos tão calejadas,
De tantas poesias que sonhara,
As rosas por amores já podadas,
As flores que cultivo são tão raras...
Brotando neste esterco de minha alma,
Espinhos penetrando, mão e palma...
X
670
Quem dera se entendesse desse amor
Que tantas vezes dói e me maltrata,
No fundo sempre sou um sonhador
Vagando sem destino em densa mata.
Falando em sentimentos mais penosos,
Desisto plenamente deste tema.
De tantos os caminhos pedregosos
A dor, amor, cansei de ter por lema.
Prefiro descansar esses meus versos,
Falar de coisas tantas que não sinto,
Vagar sem ter sentido por diversos
Caminhos que no fundo, sempre minto...
Eu nunca mais farei versos de amor.
Vazio, vou sozinho pr’onde for!
X
671
Receios que carrego nesta vida,
Dos olhos da quimera que tocaia.
Não vejo minha sorte distraída
Nem quero mais morrer em plena praia...
Agradeço assim meus versos mal fadados
Que buscam na ante sala pelo quarto.
De meus pressentimentos, velhos fados,
De tudo que escrevi, andando farto.
Enganos prometidos a mim mesmo,
São formas de iludir que não consinto.
A noite vem chegando, eu vou a esmo.
Tomando grandes goles deste absinto.
Em rudes caminhadas vou ligeiro,
Passeio meu olhar no mundo inteiro...
X
672
Se sou não sei, seria certo manto
De quanto tanto tempo que não vi.
Espero que demore vago encanto
Do pranto que não sinto se escorri.
Meu mote nada sinto mais de novo
Se curvo minha estrada noutro tempo.
Se tento viver sempre me renovo
Do vento que impedia contratempo;
Cabendo meu momento num dedal
Que Dédalo levava como glória.
Gemente tal festim sem festival.
Anseio pelo fim da minha história.
Reverso da medalha que não jogo,
Sou logos sem ter lógica nem rogo.
X
673
Estar sempre a teu lado, companheira,
Vibrando nos meus versos tal ventura
Que possa te lembrar a vida inteira
Que tudo se começa com ternura...
Não queiras que estas águas peregrinas
Movendo tais moinhos da saudade,
Te tragam tantos sonhos de meninas
Que dormem no teu peito, em liberdade...
Crianças na verdade são libertas
O vento tão medonho não soprou
Mantenha as esperanças sempre alertas,
Perceba que o futuro já chegou.
E veja como a vida tanto brilha,
Se leres da amizade, esta cartilha...
X
674
Felicidade trama todo dia,
Nos olhos de quem sonha com manhã
A noite que na tarde prenuncia
Se busca neste brusco e duro afã.
Abrindo teus caminhos sem ter dó,
Verás como são fáceis as estradas
Não tenhas alergias nem ao pó,
As alegrias nunca são contadas...
Mas faça que se encante o coração
Com luzes mais suaves, não ofuscam,
Viver é conceber sempre o perdão,
Amigos se procuram e se buscam...
Não deixe de cantar uma alegria,
Que a vida se renova todo dia!
X
675
Vertentes se ver tantas não me tentes
Que intento te saber ser teu invento.
Nas mantas que me mostras e já mentes
Metralho tantos talhos meu intento.
Não passo sem ter passos, paços, praças
E farsas que escondidas são meus sons...
As lanças que me lanças e me laças
Melaço dentro da alma, aços e tons.
Se somam tantas cismas cato climas
Cataclismos e sismos cismo e sonho.
No cisne que não tisne, cimos, cimas.
Nos cumes tantos lumes, mês risonho...
A vida não promete alegorias
Esquece que esquecemos alegrias...
X
676
Não posso e não consigo meu intento
Deixar de tanto amar nunca deu certo,
Se versos nesta vida sempre invento,
Amor já povoou o meu deserto.
Oásis esquecidos não se deixam
Levar pelas areias da saudade.
Sabendo que estes versos já se queixam
Como poder viver em liberdade?
Escravo de meus versos mais vadios
Em cios tão constantes nunca paro
Desculpe por meus cantos tão vazios,
Com nexo e sem sexo, não disparo.
Deparo com teus olhos, minha amada,
Promessa num segundo, está quebrada...
Eu preciso beber urgentemente
Senão meus versos andam livremente...
X
677
A borboleta voa em liberdade
Sem ter a falsidade da andorinha.
Que migra todo tempo, tem saudade,
Mas mesmo em denso bando, vai sozinha...
Se quer a borboleta companhia
Do triste e amargurado passarinho.
Sabendo que voando todo o dia,
Distante sempre está, mesmo do ninho...
Porém essa andorinha anda tão tonta
Com marcas doloridas, cicatrizes...
Não pense borboleta que ela apronta
Apenas nunca viu tempos felizes...
Mas foge a borboleta na amplidão,
Uma andorinha nunca fez verão!
X
678
Amada não se faça de rogada,
Bem sei que nada faço sem te ter.
Jogada sobre a mesa está marcada
A carta que querias prá vencer.
Entrego meu baralho da saudade
Nas mãos de quem sonhara assim comigo.
Voando te procuro em liberdade,
Por vezes imagino que consigo.
Mas tramo tantos rumos mais ruidosos
No fundo não percebo por quem sou.
Sou frágil tantos músculos vaidosos,
De tudo uma saudade me restou...
Mas amo teu amor sem caridade
Sabendo santo amor em liberdade!
679
Perdoe meu amor se magoei
Àquela a quem desejo de verdade...
Meus passos são erráticos bem sei,
Mas tento te trazer a claridade...
Meu vício e precipício são teus olhos,
As tramas tantas chamas camas, amas...
Nos amores as moras vêm em molhos.
Perdoe se me embrenho lamas, bramas,
Talvez seja meu canto meio torto.
Mas falo deste amor com fino trato,
Embora meu caminho que é mar morto,
O sonho sempre amar que sei abstrato,
É tudo que mais quero e que detenho,
O beijo sempre trago, aqui o tenho...
X
680
Eu canto meu espanto e meu afago
No campo das estrelas e de Marte
Depois deste terceiro ou quarto trago
A mão tremula em sonhos a minha arte.
De ser um aprendiz a cada dia
E nunca ser feliz por um segundo.
Mas tendo como amiga a poesia,
Enfrento todos males deste mundo...
Não sinto mais o frio nem calor,
A morte não me traz nem mesmo treva
A sorte de viver um grande amor,
O tempo, sem juízo, logo leva...
Mascote de mim mesmo, sem ser dono,
Na cama irei dormir pleno abandono!
X
681
Plantei uma enxurrada no meu peito
Desfeito foi teu pleito meu penar...
Estampo minhas dores, satisfeito.
Apenas sem ter penas, solto ao ar.
Nos bancos tantas ancas mais morenas,
Acenas com retalhos, alhos, dentes.
Serpentes e correntes tantas cenas.
Em pântanos caminhos previdentes.
Plantel de tontos sonhos sou decerto
O certo que querias duvidoso
Nodoso coração vira deserto
Desperto meu amor em pleno gozo.
Plante uma enxurrada, tanto amor...
Brotou a madrugada em mansa flor...
X
682
A rosa tão vaidosa quão ciumenta
A fera que a pantera tanto esconde.
Paixão quando demais tudo arrebenta
O mundo, vou perdendo, mas aonde?
São fases que se mudam com a lua
Poeta nunca soube quem eu sou,
Se marco meus caminhos alma nua
Nos marcos sinto tanto mar eu vou...
Eu quero dessa rosa tal perfume
No gozo desta fera meu prazer
Persigo qual falena brilho e lume
No fogo, com certeza irei morrer...
Mas deixe que eu te cuide, minha amada.
Que a noite sem amor, é sempre nada...
X
683
Se te quero e não me queres
Se te tenho e não me tens
Garfo e faca são talheres,
Nossos amores, meus bens...
Eu canto nosso amor com liberdade
em volta das lanternas, borboleta.
Que sabe que viver é claridade
A vida noutra vida se completa...
Nas horas que pensando vou te ter,
Penando tanto tempo sem ninguém
Saudade que me invade todo o ser
Procuro neste escuro por meu bem...
Não falo dessas nossas diferenças
Bem poucas que nos possam destroçar
Amar é não sonhar com recompensas
Embora tanto pensas me deixar...
Mas tudo que esta vida me deixou,
Teu coração depressa me tomou...
X
684
Na rua da saudade te encontrei
Andando sem sequer olhar pra trás
Caminhos, bem distantes, vasculhei;
Em busca da danada dessa paz.
Saudade quando brinca não se cansa
E roça nosso corpo sem parar.
Depressa, devagar ninguém alcança,
Depois de certo tempo descansar...
Amor tão dividido, velho canto,
Que encanto mas não posso mais viver.
Se imanto no teu manto tanto pranto
As horas demorando a percorrer...
Na rua da saudade nosso amor,
No frio vai morrendo de calor...
X
685
Se canto com teu canto que me encanta
Meu verso te parece mais sensato
Porém quando te canto logo espanta
Parece que não vês o teu retrato.
Um trato assim contigo vou propor
Não pense que te tenso por que quero
Intenso tanto penso em nosso amor,
Amor que vem da veia e que venero...
Não passo sem pensar e tanto penso
Que peno por que penso não penar.
Se rumo meu caminho já me imprenso
Nos passos que precisam caminhar.
Na cama que me chama tanta chama
Da brasa que te queima e não reclama...
X
686
Vestido de vestígios de saudade
Quem há de imaginar meu sentimento.
Revestes tanto tempo em liberdade
Tão tarde prá te arder invento o vento.
Que acalma toda chama de quem ama
Reclama se não vens ou se não vou.
E tenta tanta teia em tonta trama
Soluça desta louça que quebrou.
A febre que me queima, da terçã,
No terço em que te peço teu perdão.
A manha da manhã minha maçã,
Decoras com as cores coração...
Eu amo tanto amor com harmonias
Nos montes e montanhas, tu me guias...
X
687
Não quero mais meu verso vão, sozinho,
Meu ninho sem disfarce eu mesmo pinto.
Meu canto sem encanto, passarinho,
Meu vinho que é suave, branco e tinto...
Diverso desse avesso do meu verso
Sou parte sem ter arte do teu sono.
Unidos pelo umbigo do universo
Vivendo e conhecendo o abandono...
Eu quero teu veneno em meu veneno
Assim vamos viver tranqüila idade
No fim ramos caídos, fogo ameno,
Poroso amor terá perenidade...
Mas venha minha amada te preciso,
Na nossa madrugada, paraíso...
X
688
Nas raras emoções que nunca tive
Revivo redivivos pensamentos.
Estando neste amor como quem prive
Da vida de quem ama bons momentos...
Eu quero desfrutar do que se planta
Sem pranto sem martírio e sem quimera
Os olhos de quem ama a dor espanta
E fazem renascer a primavera...
Na fantasia ardente que me deste
O tempo se passando na alegria
Se adio meu amor sadia veste
A vida se retorna em harmonia...
Amor demais nem sempre amor me entorna
Porém se falta amor tudo transtorna...
X
689
Ferida que causaste minha amada
Do nada que surgiu tão de repente
Engano meu passado com guinada
Ufano de viver tão displicente
Se sinto o que tu sentes somos par
Se queres tuas asas alma e anjo
Nos ventos e nos vórtices voar.
Artífice, difícil tal arranjo...
De termos tantos termos violados
As pazes incapazes gelo e selo,
Saber doce sabor amores dados.
Vencido por quem sabe convencê-lo
Amor não morre mais inutilmente
Apenas ameniza o fogo ardente...
X
690
Amor que me entranhou e me sorveu
Deixou que um triste canto se encantasse
De tanto deste pouco que sou eu
Amando tanto amor sem meu disfarce.
Nos passos nos compassos danças sanhas...
Assanhas teus cabelos nesses ventos.
Acenas tantas cenas plenas manhas
Que tento meu intento em pensamentos
Ausente do que sente quem te adora
Nas quentes envolventes tardes tontas
Amar é me deixar sabor duma hora
Nas vezes que viemos não aprontas
Pois sabe que não vejo outra saída,
Viver o nosso amor que é pleno de vida...
X
691
Nas águas cristalinas deste rio
Os cios se misturam no regato.
Resgato nosso caso tão sombrio
No fio da meada me desato.
No ato que constatei nosso perfume
Ciúme tal centelha que incendeia
Candeia que de noite traz o lume
Costume desse amar anda na veia.
Na teia que se trama nessa cama
A chama que te chama também veio.
Receio desse amor que se reclama
Mas ama, descobrindo o belo seio...
Se veio nosso amor flor dessas águas
Anáguas suspendidas cessam mágoas...
X
692
Torrentes de martírios e de dores
Desvarios soturnos da saudade.
Vivendo minha vida em estertores
Nas insalubres hostes da maldade.
Ventríloquo da sorte que não tenho,
Num solilóquio louco, em desatino.
Do mundo tenebroso de onde venho,
Cadáveres dos tempos de menino.
Na pútrida inverdade que cerzi
Com partes abortadas de minha alma.
O pântano e charneca estão aqui
Somente a solidão fera me acalma...
Morrendo nos meus versos em mormaço,
Deitando sobre as cruzes meu cansaço...
X
693
Mesmo quem pensa sempre ser feliz
Às custas desse canto em vão prelúdio
Esquece que tampouco o que se quis
Deitar no manso colo em interlúdio...
Trazendo um sentimento onde se ilude
Ascende por montanhas intocáveis.
Assim quando eu amei bem mais que pude
Passei por tantos mundos improváveis.
Senti que tudo passa nesta vida
Amor, paixão e dor são momentâneos.
Porém tenha certeza enfim querida
Que as fotos nestes casos, instantâneos.
Agora na parede emoldurada
Somente uma amizade bem amada...
X
694
Feliz de quem sofreu por tanto amor,
Em meio a tanto brilho teve luz.
Sabendo que no fim muito calor
Também certa ferida assim produz.
Não falo em compaixão nem em saudades
Apenas nos enganos e mentiras
Agruras de quem viu felicidades
Depois de certo tempo em tantas tiras.
Porém quem nunca amor teve cuidados,
Sozinho mesmo aos trancos e barrancos
Deixou os sentimentos mais calados
Nas noites e nos dias todos brancos
Promessas que escutara a vida inteira,
Vazios sem resposta e companheira.
X
695
Meu filho; em pleno amor foi-me ofertado,
Na sorte tão feliz que Deus me deu.
No beijo que esperança tem me dado,
Em meio a tantas luzes, já nasceu.
Teu pai que sempre foi um homem triste
Nos versos que te faço, eu te agradeço,
Amor igual, maior jamais existe,
De tantos que já tive, eu envelheço...
E sinto que na morte que me toca,
Domando essa minha alma sem sossego,
Amor que d’outro amor não pede troca,
Não cobra nem sequer um aconchego.
Mesmo distante brilhas e és meu céu,
Meu anjo, meu amado Gabriel!
X
696
Vivendo tantas vezes por viver
Vencido por cansaço e sofrimento.
Espelho onde custei reconhecer
As marcas, cicatrizes do tormento.
Não quero mais um porto, nem um cais,
Seguindo minha vida sem timão,
Um sonho, ser feliz, não sonho mais;
O vento derradeiro, furacão...
Não posso mais falar, vou sem sentido...
Em tudo fracassei, isso é verdade.
Meu mundo, num segundo repartido,
O que posso dizer? Sequer saudade...
E surges mansamente e me domina,
A luz, que ao fim do túnel, ilumina...
X
697
Não falo dos caminhos mais complexos
Que tramam nos sorrisos, num olhar.
Na sede que devora nossos sexos
Na angústia delicada de se amar.
Não falo desta tal cumplicidade
Que existe tão somente no depois
Nas lutas, nos desejos, vaidade,
Que temos, nos carinhos de nós dois...
Não falo destes mundos de esperança
Que tramas quando enredas no prazer.
Não falo nem sequer desta aliança
Que tanto já pensaste em derreter...
Mas falo deste amor silencioso,
Que pensa noutro amor que foi... Saudoso...
X
698
Ternura mansidão, minha esperança,
O toque tão sutil deste carinho...
A vida se renova e não se cansa
Não pense em ser feliz assim sozinho...
Trazer toda a ventura deste sonho
Que em sonhos multiplicam tanta luz.
O canto mais suave e mais risonho
De todas as tristezas se produz.
Mais vale acreditar neste impossível
Desejo de viver felicidade
Do que perder assim, tão impassível,
Depois ficar penando na saudade...
Incondicionalmente se entregar
Mesmo que a dor te alcance, vale amar!
699
X
Nos olhos desta amada brilha o sol
Irradiando luz por toda a terra.
Rebrilha como a lua qual farol
Tanta beleza em lume ali se encerra;
Viver tão plenamente cada dia
Após um outro dia renovado.
Espelho que reflete essa magia
Do brilho deste sol multiplicado.
Forma um caleidoscópio cristalino
Amor que me irradias nesse olhar.
Por vezes eu me sinto qual menino,
Nos teus seios, tu vens me agasalhar...
E sempre lapidando, amor constante,
No brilho dos teus olhos, diamante!
X
700
No beijo que trocamos, pensamentos..
Molhado, sedutor, tão furioso,
Desejos descobrindo violentos
Explodem no carinho mais fogoso...
Desperta calmamente a emoção
Contida, que se esconde em nossa mente,
Depois de tanto tempo em solidão,
O beijo que sonhamos a dor, desmente.
Queimando nossa brasa verte chama
Que invade todo o mundo de prazer,
Os corpos se procuram nessa cama,
Vontade de gritar e de morrer...
Morrer nestes teus braços já diviso
Entrada do sonhado paraíso!

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