4838
Se te peço perdão pelos erros
Cometidos em tempos distantes,
Caminhando montanhas e cerros,
Através de vales deslumbrantes.
Nas estradas mais belas, nas fontes,
Esperanças de céus cor de anil.
As estrelas brilhando horizontes,
Nas carícias do amor mais gentil.
Não se esqueça do amor que te trago,
Nem me fale do que se passou.
Só desejo, carinho, um afago.
Meu amor em teus raios brilhou...
És o sol, poderoso, és a lua.
A rainha que quero; vem...Nua.
X
4839
No mar tempestuoso, um marinheiro,
Tentando contornar uma procela;
Lutando sem sequer um companheiro,
O mesmo sentimento me revela
Amor que sempre quis e nada feito.
Embora eu tenha sido esperançoso,
Por tudo que lutei, insatisfeito;
Guardando esse sabor demais rançoso.
Eu vivo sem ter medo de chegar,
Embora saiba, amor ser violento.
Na luta sem descanso, enfrento o mar.
Meu barco vai seguindo, mesmo lento.
Ao fim de tanto tempo de batalha,
Meu verso em pleno amor, o vento espalha..
XXX
4840
Num sonho tão suave, benfazejo,
Deitado no teu colo, verso em sol;
Levanto e te percebo, meu desejo,
E nada mais escuto, girassol...
Buscando em teu olhar iridescente
Reflexos dos meus olhos, belo lume.
Eu quero em ti viver, mas sou descrente,
A rosa se escondeu, cadê perfume?
A mísera saudade me domina,
Mas sonho com teu corpo, mesmo assim;
Vencendo tal terror que me alucina
Vestido de ternura sem ter fim.
Eu sinto que estarei em teu destino,
Mas tantas decepções, já me mofino...
XXX
4841
De todo belo jardim
Que em flóreas sendas sonhei
De todo amor que há em mim,
De tanto que procurei
Cintilas; estrela guia,
Decorando todo astral
Vivificas fantasia
De tanto sonho, afinal...
Transudando nessa cama
Nos orgásticos caminhos.
Inebrias toda a chama
Incendeias meus ninhos...
Num átimo eu perco o rumo,
E me adoço no teu sumo...
XXX
4842
Assim que me deixaste, não sabias
Que o tempo cicatriza quase tudo.
As noites que passamos morrem frias,
O tanto que te quero, sempre mudo...
As penas deste caso já troquei,
Decerto preparei um novo vôo.
Bem sabes que decerto, tanto amei,
Mas guarde isso contigo: te perdôo!
Não cabe mais falar de triste morte
Nem sorte desabada, nem saudade.
A sensação que trago, a de ser forte,
Invade a renovar: felicidade!
Eu canto sem revés o amor que existe,
Que inflama e não me faz cantar mais triste!
XXX
4843
Essa vontade louca de ficar,
Sabendo que terei que prosseguir.
Os frutos deste amor, nosso pomar,
Impedem os meus olhos de sair...
Eu sinto que terei; na despedida,
O gosto tão amargo da saudade.
Porém, é necessária esta partida,
Embora sem ter mínima vontade...
Mas volto, minha amada, não se esqueça;
O vento que me leva, me trará.
Não deixe que saudade me enlouqueça,
Tua presença sempre estará lá...
Não quero a sensação tão dolorida
Da perda da esperança em minha vida!
XXX
4844
Quando quero encontrar-me contigo,
A distância se torna menor.
Todo amor que carrego comigo,
Com certeza não tenho onde por.
Sei que o mundo se torna pequeno
Com as asas do amor que me leva.
Todo o clima se tornando ameno,
Toda luz acabando com treva.
Não mais temo perigos na estrada,
Nem na vida. Meu mundo é de paz.
Todo o bem que te quero, adorada,
Nem a pedra, conter é capaz.
Carregando, comigo, esperança.
Outro mar, meu amor, sempre alcança..
XXX
4845
Eu quero essa ventura de viver
Trazendo uma esperança que se espalha
Por versos vaporosos vou saber
De toda a poesia que me valha.
Eu quero uma ilusão que irei bebendo
Tragando uma volúpia adormecida
Meu corpo no teu corpo se escondendo,
Na vida que progride noutra vida.
Eu sinto teu suspiro extasiado,
Na morenice bela e tão brejeira.
Pois saiba que por ti, vou encantado,
O sonho que pensei a vida inteira.
Eu amo teu amor em meu amor,
Serei o teu destino, pr’onde for!
XXX
4846
Amiga, sei da dor de uma paixão,
Que queima, nos transtorna e nos desarma.
Envolto na terrível sensação
Amor mal resolvido,vira uma arma.
E sangra, sem sequer pedir licença,
Maltrata, nos corrói e nos castiga.
Amar é ter, por certo, a recompensa,
Que traz uma ternura, tão amiga.
Eu sei que tantas lágrimas derramas,
Por quem jamais devias ter amado.
Latejam as feridas, ardem chamas
Trazendo, um pesadelo des’perado.
Mas quando tu lagrimas, tu te curas,
Pior guardar no peito, as amarguras!
XXX
4847
Os braços que ofereces; meu apoio;
Permitem que eu consiga imaginar
Que a vida não me traga só do joio,
Que o trigo também possa germinar.
Eu sinto nas nervuras contrações,
Doridas e portanto maltrapilhas.
Vivendo por saber que as emoções,
Nos tramam novas formas , novas trilhas.
Tetanizo o sorriso que não sinto
Apenas disfarço o que não quero,
Se vejo teu olhar por vezes minto,
E sangro e no final me desespero.
Nas hordas mais distantes, descontentes
Espalho esses meus versos, grãos, sementes...
XXX
4848
Por tantas ilusões embebedado,
Busquei no belo colo da morena,
Amor que sempre tive em mim guardado,
E agora, um bom caminho já me acena...
Concedes a quem ama tal destino
Que sempre me levou em manso enleio.
Bebendo deste amor tão cristalino,
Deitando esta paixão sobre teu seio...
Eu sinto tanto amor em harmonia,
Sem medo de encarar a realidade.
Jamais terei sequer a noite fria,
Vivendo teu amor, profundidade...
Um coração audaz deita em torrentes,
Mistérios dos amores, envolventes...
XXX
4849
Quando em sonhos de amor já nos perdemos
Falando deste canto que te faço,
Aos poucos na alegria já sabemos
Como foi belo e bom o nosso espaço.
Eu sinto meus acordes transformados
Em versos que te faço com vontade.
Roubando tais encantos disfarçados
Trazendo tanto amor e claridade.
Ouvindo molemente o teu cantar
Que é feito deste mesmo material
Dos dons que nos permitem alcançar
Os rastros das estrelas neste astral.
Eu sei que te desejo sempre mais,
Amar-te totalmente é ser demais!
XXX
4850
Que as mágoas não te tragam desencantos,
Que os versos não pareçam mais cruéis.
Os dias se passando somam tantos
Desejos quanto estrelas, um revés.
Se amor é desgraçado e fere, e mata.
Não temo tal prenúncio de vingança.
Quem beija tantas vezes arrebata
E forma da tristeza uma esperança.
O sol quando raiado já me esquenta
E trama um novo dia mais feliz.
Uma onda nesta praia se arrebenta
E faz da nossa vida o que bem quis.
Eu vejo uma alegria em nosso amor.
Imersa neste verso a ti propor...
XXX
4851
Amor, eu necessito teu amor.
Que é força que me traga e me consome.
Na vida, sempre fui um sonhador.
De tanto amor que tenho, sinto fome...
De ter, nestes teus braços, meu carinho.
Trazer uma esperança no meu peito
Cansado de viver, assim, sozinho,
Sem ter esse desejo satisfeito.
Querida, por favor, nunca me esqueça,
Se te perder jamais serei feliz.
Retorne antes que tudo me enlouqueça,
Desculpe-me as loucuras que já fiz.
Amar demais passou a ser pecado,
Vivendo em teu amor, alucinado...
XXX
4852
Amor faz dos caminhos novas tramas,
Se me perder de amor, não resta nada.
Amor buscando arder-me em novas chamas,
Esquenta, com seu canto, a madrugada.
Amor que sempre foi tão traiçoeiro,
Sabendo que me encanta, me maltrata.
Vencido por um sonho, sigo inteiro,
Na sensação doída e tão ingrata.
Meus versos são as sobras que do que tive
De tantas ilusões que já passei.
Nos braços deste amor não me contive,
E louco, sem pensar, eu me entreguei.
Mas tudo o que me resta são as flores,
Perfumam vida e morte dos amores!
XXX
4853
Qual um pássaro voa no céu,
A minha alma também quer voar.
Ao sentir os teus lábios de mel,
Sensação tão gostosa de amar.
Liberdade traduz esperança
Esperança de ser mais feliz.
Se voando, minha alma te alcança,
Rebrilhando, tão belo matiz.
Tenho o gozo feroz do desejo
Satisfeito demais, em te ter.
Sei que quero viver cada beijo,
Libertário tal qual deve ser.
Nestas asas, minha alma, paixão.
Se sustenta na pura ilusão....
X
4854
Quando guardas as dores no peito,
Tu cultivas as ervas daninhas.
Teu caminho, sem rumo, sem jeito,
Não trará as verdades que tinhas...
A moldura tão dura da vida,
Se não trama sorrisos, nos ata.
Toda vez que esperança é perdida,
Coração de saudade nos mata.
Lembre então da alegria que chega
Com a festa da vida por si.
Todo mal que tristeza carrega,
Com certeza, sem medo, eu venci.
No teu riso, virá fantasia,
Se plantares, amor, alegria!
XXX
4855
Procuro meu desejo em teu desejo,
Desejo teu amor, assim, pra mim...
Vontade de morrer em tanto beijo
Vontade de te ter. Te quero sim!
Se queres quem te quer como te quero,
Por certo tu virás, não tenho medo.
Amar a quem dedico amor sincero,
Amor que nunca foi nenhum segredo.
Paixão tão delicada, a cada dia,
No dia que te vi, não me esqueci.
Amar a quem dedico a poesia,
Que faço e me desfaço, só por ti.
Procuro meu desejo, no teu seio,
Anseio teu amor, sem mais receio...
XXX
4856
Sorria para a vida, se puderes.
A vida te sorri? Às vezes, não.
Nem sempre nesta mesa tem talheres,
Quem sabe se mudar, anfitrião?
O coração, moleque, te atrapalha?
Não creio, é bem melhor que este sisudo.
Quem ri, tanto sorriso bom, espalha.
Embora isso nem sempre é bom, contudo...
Sorriso, se demais, já pensam logo:
-Coitado, não percebe, é tão vazio!
Qual tolo, tresloucado... A vida é fogo!
Se queres cobertor, te negam frio!
Mas viva tua vida em alegria,
Ao menos, se não der... Faz poesia...
XXX
4857
Amor? Talvez... Qual nome, enfim, daria
Ao nobre sentimento que me trazes.
Só sei que tanto sinto essa alegria,
Independentemente do que fazes.
Querida, uma amizade, pode ser...
Porém não só te quero, como vejo
Em todos os momentos, sem querer,
Algo que me domina e que desejo.
Não consigo fazer a distinção,
Apenas eu pressinto que te quero.
Mais além, bem além de uma emoção,
A plena sensação: eu te venero!
É como uma amizade, em fantasia,
Retrata um grande amor? Fotografia...
XXX
4858
Quando te vejo, um sonho de alvoradas
Com brilhos duma aurora inesquecível.
Recebo tuas mãos tão adoradas
Qual sonho que pensara ser incrível.
E sinto teu cantar de cotovia
Trazendo para a vida um novo sol.
Aos poucos me raiando um santo dia
Promessas de viver em ti, farol...
Amor que tantas vezes hipotético
Longínquo nos meus ermos sem paragem.
Olhar que quando emanas, tão magnético,
Tramando pelos astros, tal viagem.
Do corpo desnudado sobre a cama,
Numa alvorada louca, imerso em chama...
XXX
4859
Não farei da saudade meu canto
Pois saudade demais faz doer.
Quero em ti tão somente este encanto
Que me invade, me dando prazer.
Não sei versos que falem tristeza
Esqueci como dói um amor.
Envolvida em teu corpo, a beleza,
Acordado; sou qual sonhador.
Não mais temo as esquinas, as curvas,
Quero o campo florido da paz.
No meu céu não conheço mais chuvas
Teu amor, santo, me satisfaz..
Na verdade tu és minha glória,
Tu mudaste, no amor, minha história!
XXX
4860
Tanta senda florida sonhara
Nos meus tempos de glória e de paz.
Amizade qual jóia tão rara
Reluzindo no amor satisfaz.
São tão raros momentos felizes
Nesta vida de farto sofrer.
Perceber a beleza em matizes
Com certeza me dá tal prazer.
Encontrar esperanças perdidas,
Escondidas no fundo do peito.
Ilumina a dureza das vidas,
Quem tiver deve estar satisfeito.
Minha glória que trago comigo
É saber que é tão bom ter amigo...
XXX
4861
O cheiro da manhã na tua boca
Mostrando que inda posso ser feliz...
A vida que me resta, mesmo pouca,
Será; assim, com certeza, como eu quis.
Sonhava com a vinda deste amor
Temporão, na esperança mais sagrada.
Qual velho jardineiro espera a flor
Mais linda, mais bonita, mais amada!
O fato de encontrar tal raridade
Nos estertores pálidos da vida,
Demonstra como a doce realidade
Suplanta uma saudade já vencida...
Que bom que te encontrei ao fim do dia,
Encharcando meu mundo em poesia...
XXX
4862
Sorrindo, minha amada, sou feliz,
Pois tenho, sem temor, teu coração.
A noite embriagada tanto diz,
Quanto é divino amor, uma paixão...
Encantam-me as promessas deste amor,
Felizes nossos dias, em ternura...
Nas tramas deste peito sonhador
Que é feito de calor e de brandura...
Te quero, nunca nego, e sou feliz.
Sou feito deste barro, deste chão.
Amar é proteger o que se quis
Amar é conciliar dor e perdão.
Estou regozijando de alegria,
Vivendo tanto amor em poesia...
XXX
4863
Amiga, semeando uma alegria
Por certo encontrarás felicidade.
A vida se refaz a cada dia,
Arar é retratar a realidade.
Semeias ventos, colhes tempestade;
Tendo coragem, beba todo o vento.
Mas se quiser viver tranqüilidade,
Semeie só carinho e sentimento.
Plantando tantas árvores querida,
Algumas urzes sempre brotarão;
Não faças destas pragas sua vida,
Arranque na raiz, não deixe não...
Nos frutos, as delícias que provou
Resultam das sementes que plantou...
XXX
4864
Se quando alma partiu por outras sendas,
Buscando seu espaço, sem temor.
A saudade retira suas vendas
E desnuda, sem medo, o grande amor...
Eu te quero, não pense que isso é falso,
Meu amor se perdeu nos braços teus.
Viverei, minha amada, em teu encalço,
Não suporto pensar mais em adeus...
Tantas vezes perdido, descontente,
Implora um carinho, que não vinha.
Pois amar-te demais, sem medo, urgente,
É salvar a minha alma, pobrezinha...
Mas verei teu semblante em meu semblante,
Neste espelho do amor, tão deslumbrante...
XXX
4865
Desato tantos nós se tanto quero
Quem quero e que percebo também quer.
Se espero teu amor, amor venero,
Nos olhos misteriosos de mulher.
Eu sinto que tu sentes que pressinto
Amor que não deixei nunca de ter.
Bebendo teu desejo, qual absinto,
Inebriadamente vou viver...
Nos nós que nos atamos nossos sonhos,
São sonhos tão sinceros e felizes...
Meus dias, tantos dias, são risonhos,
Nestes teus braços tenros, aprendizes..
Eu quero teu amor, jamais o nego.
Amor que tanto quero e que navego...
XXX
4866
Amor, se me deixares, o que eu faço?
Meus passos sem teus passos descompassam;
Errante; vago o mundo, perco o traço.
Meus erros? Meus acertos não disfarçam.
Sem ter tua presença sacrossanta
Nas noites tão profanas, delicadas...
As horas se passando, tontas, tantas...
As bocas sempre estão extasiadas...
Eu quero estar no manto que te cobre
Deitado em tua cama, sem temer.
Amar, um sentimento puro e nobre
Que sempre nos traduz dor e prazer...
Amor, se me deixares? Me enlouqueço!
Mas sei que, tanto amor, eu não mereço!
XXX
4867
Amor, essa loucura que me toma,
Impede meu respiro sossegado.
Amor só multiplica, mais que soma
Vivendo o grande amor, glorificado...
Eu sinto teu perfume em cada toque
De tuas mansas mãos sobre meu peito.
A vida não permite um outro enfoque
Que deixe-me deveras satisfeito...
Amar é quase sempre um contra-senso
É dor que suaviza enquanto dói,
Prazer que, doloroso, é tão imenso.
É chama que derruba e que constrói.
É ser mais do que tudo, um sonhador
Querer a liberdade num feitor....
XXX
4868
Se nesses campos, nesses arvoredos,
Alamedas floridas, perfumadas,
Nossos olhos perdessem velhos medos,
Viveríamos livres caminhadas.
Mas percebo que trazes outros sonhos,
Destas fases difíceis que passaste.
Teus temores, bem sei, são mais medonhos
Por veredas distantes, caminhaste.
Ao soprar calmamente uma esperança,
De, quem sabe, viver e ser feliz;
Esquecendo esta dor que, na lembrança,
Sei; carregas, e que inda te diz.
Tu verias um pobre sonhador,
Enlouquecido em versos. Só de amor!
XXX
4869
No manso transcorrer destes meus versos,
Buscando a formosura divinal,
Que corre, vaga solta, os universos
Distantes deste amor, grande, abismal.
Eu sinto teu perfume que se espalha
Em todas as estrelas, pirilampos...
A dor duma saudade, qual navalha,
Espalha quando estás longe dos campos
Por onde caminhávamos, querida.
Em meio a tantas flores olorosas;
Minha alma de tua alma, distraída,
Encontra mais espinhos do que rosas...
E quero te inalar, meu louco vício.
Amada, estás comigo, desd’início...
XXX
4870
Como é bom te saber companheira,
Nos meus versos, meu canto é de luz.
Se talvez, esperança estradeira,
Noutro porto se faz, reproduz.
Nunca esqueça que estarei contigo,
Por pior que essa vida pareça.
A certeza de ter um amigo,
Sempre impede que a dor enlouqueça.
Trago em mim a certeza da sorte;
Que esta estrela brilhou meu caminho.
Na verdade, bem sei nem a morte,
Nos trará, nosso mundo, sozinho...
Minha amiga, vivermos sem traumas,
Ter amigo é qual ter duas almas...
XXX
4871
Quanto tempo perdi, esperando,
Que talvez, meu amor fosse vir.
Nas esquinas, nos bares, rondando;
Porém nada deste bem surgir.
Se não vens, minha amada, que faço?
Não consigo mais tempo esperar.
Eu preciso do beijo, do abraço,
Tantas coisas te quero falar.
Somos feitos deste mesmo barro,
Sem ter medo da chuva ou do fogo.
Nos teus laços, meu bem, eu me amarro,
Nós jogamos: amor, nosso jogo.
Encontre-te perdida em meu mar,
Navegando, aprendendo a te amar...
XXX
4872
Galo cantando, manhã,
O sol vem devagar, manso,
Meu amor sem amanhã,
Maremoto no remanso...
Tanto tempo queria teu amor,
Brincando com as ondas do meu mar.
À tarde, se entregando com furor,
E, comigo, aprendendo o que é amar...
Vieste com o gosto deste sal,
Vieste com a força deste sol.
Depois de tanto tempo, bem e mal,
Amor deixou de ser o meu farol.
O mel que se transforma, amargo fel,
Não deixo de lembrar, com emoção.
Olhando aquelas nuvens lá do céu,
Espero te encontrar, meu coração...
Virás com o desejo de voltar,
De novo, no meu mar, morrer de amar!
XXX
4873
Pois sei que tu jamais me deixará,
Estás presente em cada amanhecer.
Auroras divinais; estarás lá,
No vento que me toca, com prazer.
Nas ondas deste mar, na branca areia;
Na moda de viola sertaneja.
Nos raios mais diletos, lua cheia,
Na força deste amor que se deseja.
Na eternidade toda do momento,
Na sutileza bela da mulher
Nesta alegria, puro sentimento,
Que faz do nosso peito o que bem quer.
Amor-eternidade que busquei
Nos passos da mulher que tanto amei!
XXX
4874
Nas praias onde o mar rebenta as ondas,
Fadando por final minha existência,
As luas sempre plenas, tão redondas,
Os sonhos de viver, sem penitência.
Menina; no teu mar, um bom mineiro;
Espera poder sempre naufragar.
Amor que te dedico, por inteiro,
Não deixa de pedir tão belo mar.
Um beijo que penetra o coração,
Erguendo uma bandeira tão fecunda.
Aos poucos este amor, uma ilusão,
No centro do meu peito se aprofunda.
Respiro teu amor, a cada dia.
Certeza de viver pura alegria!
XXX
4875
Querida, como é bom te ter comigo,
Na força que encontrei nos braços teus.
Ajuda a superar qualquer perigo,
Certeza de que existe um grande Deus.
Nas horas complicadas, em que penso,
Que tudo não terá mais solução.
Eu sinto que este teu amor, imenso,
Por certo há de salvar meu coração.
Nas cortes, nos espinhos, tantas urzes,
Feridas terebrantes, nas escaras;
Marcadas pelas duras, tristes, cruzes,
Quando esperanças ficam bem mais raras.
Eu tenho esta certeza que me cura.
As mãos desta divina criatura!
XXX
4876
A saudade machuca quem ama,
Triste flor que nasceu no jardim.
Tantas vezes saudade me chama,
E começa a doer, tanto em mim.
Coração tão saudoso reclama
Se não tem teu perfume, jasmim...
Meu amor, aquecendo na chama
Da saudade, transtorno no fim...
Quero ter o teu corpo comigo,
Me fazendo viver mais feliz.
Se não vens, não mereço o castigo,
Tanto amor que te quero e não fiz...
Mas; espero morena, desejo,
Cada estrela no céu é um beijo...
4877
Vieste com sabor de redenção
Trazendo com teu choro uma esperança;
Luzindo neste velho coração
Um brilho em formato de criança.
A vida se completa em emoção
A glória mais suprema que se alcança,
Numa beleza intensa, uma explosão,
Que todo nascimento sempre lança.
Tua fragilidade fortalece
O pai titubeante pela vida,
Percebo novamente tais indícios
Duma felicidade em nova prece.
Uma alegria imensa e tão querida
No choro tão potente de Vinícius...
XXX
4878
As mãos que se passeiam lentamente
Em busca de carinho e de calor
Tocando o coração tão calmamente
Nos dão essa impressão de ser louvor.
No templo mavioso de teus braços,
Na mansidão divina deste afeto.
As mãos se estão unidas lembram laços
Na solidariedade me completo...
As nossas mãos querida tecem prece
No templo tão divino: nosso amor,
A voz do coração logo obedece
E canta uma alegria com fervor...
Eu quero tuas mãos, asas macias,
Enchendo a nossa vida de alegrias...
XXX
4879
Não sei se tentarei ser mais explícito
Nem devo confessar o que não faço.
Eu tenho a sensação de ser solícito
Em cada novo verso, um velho abraço.
Meu velho camarada como é bom
Saber desta amizade que nos une.
Vivemos afinando o mesmo tom,
Pois sabes que um amigo bom nos pune
Nos erros cometidos é sincero,
Embora sem ferir, amigo é franco.
Por certo, companheiro, isso é que espero
Eu não quero sorriso falso e manco.
Se for preciso, amigo, esteja certo,
Senão é semear neste deserto...
XXX
4880
Se te quero pra mim tão sincera,
Te garanto que te quero o bem.
Solidão devorando qual fera,
A vontade de estar com alguém...
Sinto o frio queimando em minha alma,
Na saudade de quem me deixou.
A presença querida me acalma,
Acompanha meu canto ‘onde vou.
Sei que traz esperança de vida,
Apagando no peito esse mal.
Cicatriza a mais funda ferida,
Temperando, pimenta com sal.
Transbordando este cálice, vinho,
Num momento de paz e carinho...
XXX
4881
Vencendo as resistências que me impões
Penetro pelas sendas mais vorazes.
Extasiada; versos que compões
Permitem nossos sonhos mais audazes...
Na mansa sutileza que me mostras,
Meus sonhos invadindo cada porto.
Conheço teus atóis e suas ostras
Mergulho neste oásis, saio torto....
Areias e sereias sei de cor,
Na cor deste desejo, rubro sol
Que queima e me derrete; luz maior.
Esqueço do meu rumo em teu farol.
E quero enfim, no mar que dás morrer,
Envolto em tuas algas, teu prazer...
XXX
4882
Desculpe meu amor se te mostrar
A face que não sabes que inda tenho.
O gosto da amargura em meu olhar
Mostrando a realidade de onde venho.
Eu venho dos famintos campos tantos,
Nas terras das Gerais, exploração.
Sem seca mas distintos desencantos
Mostrando essa dureza em nosso chão.
Do povo tão sofrido, quase gado,
Vivendo na cruel semeadura.
Achando que viver é triste fardo,
A pedra que cultiva, sempre dura.
Eu venho das montanhas brasileiras
No sonho e na minha alma, as trincheiras!
XXX
4883
Na fome que se espalha no sertão,
Nos lábios ressequidos da criança.
Em meio a tão terrível procissão
Na busca insaciável, esperança...
Naqueles que comandam, coronéis
As facas, as tocaias miseráveis.
Amarras nestas pernas são cordéis,
O gosto destas lamas intragáveis.
O resto deste pão que vai cuspido,
As moscas que te beijam, camarada...
Depois deste cenário, ser carpido,
Da fome noutra fome escancarada...
Eu vejo este destino a se cumprir,
Enquanto um miserável existir!
XXX
4884
Permita que eu encontre Meu Senhor,
Amor que sempre quis por sobre nós.
Na beleza gentil do pleno Amor,
Que sejam, pois, atados nossos nós.
Amor tão infinito sem medida,
Perdão a todos sempre que ofenderem.
Sabendo desta Paz que é dividida
Entre o vencido e todos que vencerem.
Amor não se permite discutir,
Talvez um dia o homem veja assim.
Não basta o que queres só pedir,
Aprender dizer não, mas dizer sim.
Saber que somos todos um espelho,
No sangue que alimenta, tão vermelho...
XXX
4885
Te peço piedade, Meu Senhor,
Por vezes, tantas vezes me enganei.
Eu sei e reconheço o Salvador
A Ti quase que nada eu dediquei.
Mas sei que Te encontrei tão amiúde...
Na face tão sofrida do faminto.
Na pobre sofredora sem saúde,
No amor que tantas vezes quase extinto.
Na pedra costumeira do caminho,
Na cruz das injustiças sobre a Terra,
No humilde lavrador que quer seu ninho,
Na fome que se espalha em cada guerra.
Te peço piedade, meu bom Deus,
Os erros cometidos, tantos meus...!
XXX
4886
A fome nos guiava sem piedade.
Nos olhos miseráveis, esperança.
Desértica injustiça, na verdade,
Mostrando este flagelo numa lança..
Sabia que jamais iria ter
O gosto da pelúcia e do vinil.
A cama de capim nos vai dizer
Que o céu doutros lugares, mais anil...
Na fome de justiça, calejados,
Nessas barracas soltas nas estradas.
Os céus que nos olhavam, estrelados,
Extremas claridades desenhadas.
E vendo neste céu belos matizes,
Na cicatriz exposta, tão felizes!
XXX
4887
Perder a liberdade e ser cativo,
Decerto enlouquecer num sonho insano.
Morrendo pouco a pouco, estando vivo,
Errar pelo deserto, sem ter plano...
Vagar pelo infinito sem ter asas,
Sentir a dor imensa e ser feliz.
Queimar o coração, arder em brasas,
Depois de tanta vida, um aprendiz...
Gostar do sangramento dolorido,
Inebriar-se tanto sem ter vinho.
Gastar o pensamento em puro olvido,
Ouvir sinos tocando, passarinho...
Ser um espontâneo sofredor,
Sou vítima de ti, amaro amor...
XX
4888
Nos teus lábios calor, tanto desejo.
Eu te sinto tocando devagar
Neste beijo sereno que eu almejo
O mundo que antevejo, vai brilhar...
Neste ensejo divino uma esperança.
O bafejo da sorte que preciso,
Sabendo deste amor que já me alcança,
A sorte se aproxima sem aviso.
Eu sei que nada mais te importará
Senão este murmúrio em teu ouvido,
Quem sabe neste encontro surgirá
Um novo resplendor de amor, sentido.
Nas noites que teremos envolventes,
Sabor destes teus lábios, doces, quentes.
XXX
4889
Aguardo esta resposta prometida
Aos versos que te fiz, apaixonados...
Eu quero teu amor por toda a vida
Embora tantas vezes, enganados...
Aguardo em tal resposta; dura verdade,
Que traga uma alegria, uma esperança.
De termos, finalmente, liberdade;
No sonho que carrego, de criança...
Aguardo teu amor com tanta sede
Qual fora um peregrino no deserto.
Deitar tão calmamente numa rede
Sabendo que terei amor por perto,
Manda-me uma resposta, qualquer uma;
Senão em versos tristes, vida esfuma...
XXX
4890
Amor... Quando partiste, sem saber,
Deixaste no meu peito uma cratera.
Agora vou vivendo por viver
A solidão me toma, triste fera...
Não quero que tu penses que estou triste
Eu canto de alegria, nem percebo
Nem quero mais saber se a dor existe,
Um novo amor já tenho e assim concebo.
Os olhos são tristonhos? Nada disso!
Sorrio e me encanto por sorrir.
Amores que chegarem? Compromisso?
Ninguém pode pensar nem em pedir...
Não pense que fiquei tão desolado!
O lenço? Meu amor, estou gripado!
XXX
4891
Ser jovem? Não temer a tempestade.
Viver cada momento sem usura,
Ao mesmo tempo morre de saudade
Noutro momento pensa que é frescura...
Andar despreocupado na cidade
Morrer de tanto medo da ternura.
Achar que é sempre eterna a mocidade,
Depois chorar sozinho em noite escura...
Ser jovem é não ser e querer mais,
É ser o que não quer só para ser.
Viver tantas batalhas pela paz,
Pensando que ser jovem: ser capaz,
E crendo que amanhã não vai morrer,
Viver desesperado, assim, demais...
XXX
4892
Meus versos são meu jeito de cantar.
De expor meus pensamentos, minhas dores.
São feitos como um barco a navegar
No oceano em palavras. São atores...
Autores desta peça em que eu atuo.
Verdugos dos meus medos, desatinos...
São asas sem as quais eu não flutuo.
São pedras, minhas urzes, desatinos...
Meus versos são verdades mentirosas,
São parte de mim mesmo, ou nada são.
Espinhos que preferem roubar rosas,
Noutras tantas são plenos de emoção.
Se sou ou se não sou alma completa,
Se vou ou se não vou, serei poeta?
XXX
4893
Meu verso que te faço, verso amigo;
Reverso do que traço, sem temer.
Diverso do que penso, do perigo,
Neste universo inteiro, percorrer.
Converso com meu Deus e tanto peço.
Inversos meus caminhos percorridos.
Conservo os desejos que mereço
Sou servo dos meus erros cometidos...
Reservo o meu pedido de perdão,
Preservo meus amores sem juízo,
Me atrevo a te pedir compreensão,
No trevo entre inferno e paraíso...
Mas levo uma amizade tão fecunda
Me enlevo numa prece mais profunda...
XXX
4894
Eu quero teu sabor de doce mel
Escorrendo em delícias provocantes.
Pedacinho gostoso do meu céu
Trazendo mil prazeres delirantes...
Eu quero teu sabor-cana caiana
Roubando da garapa essa delícia.
Quem sabe tanto amor nunca se engana
A vida se promete com malícia.
Eu quero teu sabor de doce prenda
Na festa, na quermesse dum amor.
Paixão desenfreada não é lenda,
Maltrata adocicando e traz calor.
Eu quero a serenata em chocolate
Amor que sem juízo lambe e bate...
XXX
4895
Não quero nada em troca deste amor,
Não cobro nem consigo te privar.
Invés de capitão, navegador
Que junto com teus remos, corta o mar...
Não quero ser teu dono nem escravo,
Apenas teu meeiro nesta lavra.
Das águas em que banhas eu me lavo,
Amar é muito mais que uma palavra.
No andar em pareado, dividir;
Sem nada que te impeça e que me assombra
Procurar ofertar o que pedir,
E nunca procurar te fazer sombra.
Amar não é sugar o sentimento,
Sentindo em nossos passos; livre, o vento.
XXX
4896
Na tua mansidão emanas sonho.
E vivo sem saber como dizer
Se trago nos meus olhos ou componho
O mundo que queria te trazer.
Rochedo pontiagudo da saudade
Cravando em minha pele tais feridas
Voar é perceber eternidade
De mãos dadas por todas nossas vidas...
Teu brilho dominando este cenário
Fazendo minha estrada mais macia.
No canto tão suave do canário
Encanto que me trazes todo dia...
E visto esta paixão sem temer nada,
Subindo sem ter olhos, esta escada...
XXX
4897
Um soneto é soneto simplesmente,
Necessita de métrica, harmonia;
Se não tiver se perde totalmente
Porém sem que isso mate a poesia.
Não quero parecer ser diferente
Nem pouco te estancar uma alegria,
Tanta coisa no mundo, de repente,
Transbordando beleza e fantasia...
É bom tu preferires rimas ricas,
São coisas bem tranqüilas quando aplicas.
Não pense que reduza a qualidade
Se digo que não fazes um soneto.
Pois não são injustiças que cometo,
Apenas sou amigo da verdade...
XXX
4898
Amar sem ter loucura? Não existe!
Amar é cometer insanidades...
Beijar uma saudade mansa e triste
E descobrir, cativo, liberdades...
Amar é ser feliz em plena dor,
Beber do velho vinho da esperança.
Cravar as garras fundo, sem temor,
É transbordar sorrisos de criança...
Amar é não temer ser imbecil,
Se rir de tudo, sempre que machuca.
Mesmo com quem te ofende ser gentil,
Sentir um arrepio pela nuca...
E nunca discordar de quem se ama,
É chuva que mantém acesa a chama...
XXX
4899
Quando te fiz meus versos de alegria
Queria que tu fosses mais feliz;
Bem sei que te trazendo a melodia,
Tu pintas neste amor melhor matiz.
Queria te trazer meu manso canto
Com gosto de garapa e chocolate,
Coberto pela lua, belo manto,
Sentindo um coração que, por ti, bate...
Querida te queria como quero,
No quarto na cozinha, no banheiro.
Só vejo-te comigo, assim espero,
Poder te dar amor o tempo inteiro...
Querida, te querendo quero a mim,
Numa alegria intensa, sem ter fim...
XXX
4900
Percebo teu carinho aqui comigo,
No toque mais sutil do simples vento.
No colo que pretendo meu abrigo,
Desejo vai tomando o pensamento...
Tuas palavras ferem, mas não ligo,
Apenas refletindo um mau momento
Não têm, para esse amor, nenhum perigo.
Pois sei que jamais vêm com sentimento.
Percebo teu carinho minha amada
Com mansidão suprema de quem ama.
A voz que tanto pede está cansada
Mas sabe que encontrou acesa a chama
De toda uma ternura extasiada,
Rolando de prazer em nossa cama...
XXX
4901
Quero ter o carinho dileto
Desta amiga que tanto faz bem.
Um amor tão perfeito e completo,
Poucas vezes na vida ele vem.
Somos como cristais, diamantes,
Nossas vidas se tornam unidas.
Nas promessas de amor, deslumbrantes
Tantas vezes sofremos feridas...
Cicatrizes profundas deixadas
Pelas setas cruéis da saudade.
Minha amiga perceba que estradas
Muitas vezes não dão liberdade.
O que salva, querida, em verdade
A pureza que está na amizade!
XXX
4902
Eu quero te encontrar sábado à noite,
Dançarmos todo tempo, extasiados...
Espero que algum canto nos acoite,
Açoites de carinhos bem trocados...
Não sei se necessitas deste aviso,
Mas falo com total tranqüilidade,
Quero reinventar o paraíso,
Sem medo dessa tal felicidade...
Nas danças que inventamos, anticorpos
Perfeitos contra mágoas e tristezas...
E, juntos, percorrermos nossos corpos,
Imersos em delírios e belezas!
Eu quero essa vacina, ser feliz..
Nas terras deste amor que se bendiz...
XXX
4903
Suplico pelo amor que me garanta
A noite que desejo do teu lado.
A lua tão divina se agiganta
No canto que te canto apaixonado.
Reservo meu destino para o teu
Caminhando sozinho tanto tempo,
Na curva deste amor que se perdeu,
Amar me parecia contratempo...
Nas noites tão escuras, na penumbra,
Sobrando para os olhos, desventuras...
Agora que se esse lume se vislumbra
A vida se promete de venturas...
Suplico ao meu Bom Deus, por piedade,
Permita-me viver felicidade...
XXX
4904
Por mais que procuramos a saída
Por vezes nos parece complicado.
Mas saiba que melhor que seja a vida
Depois de certo tempo, novo cardo.
Teu fardo é sempre teu, meu camarada.
Não posso te ajudar a carregar.
Se queres ter o sol ou madrugada
Só não deixes ninguém vir enganar.
Pense, pois, no caminho que te espera,
Nas curvas e nas pragas, nos detalhes.
Tocaias que te fazem tantas feras,
As pedras nos maltratam, seus entalhes...
Contudo meu amigo, companheiro;
Por perto, eu estarei, o tempo inteiro!
XXX
4905
Quando sonhei contigo, minha amada,
Um sonho tão feliz, mesmo distante.
Procurando te encontrar na madrugada,
Minhas mãos te buscavam, cada instante...
Tu não sabes da metade desta estrada
Que tanto me fizera delirante,
Buscando nesta dura caminhada
A lua dos meus sonhos, deslumbrante...
Rolávamos estrelas, sol e lua,
Vivíamos desertos tão sedentos.
Minha alma sem ter medo, solta aos ventos,
Liberta no meu sonho. Os pensamentos
Trazendo uma esperança que flutua
Nesta mulher tão linda, calma e nua...
XXX
4906
se nada mais desejo neste mundo
é que almejo viver em liberdade
de cada beijo novamente inundo
transportando no peito essa saudade
quando percebo em ti a claridade
de sonhos tantos, loucos, mais profundo
mergulho cego, amar-me pois, quem há de?
pois deste amor, traduz bem mais fecundo
o que fora somente lucidez
na procura de tanto nada fez
senão a angústia voraz, pétrea tez
que a cada instante, doce insensatez
trasmuda-se audaz a cada vez
num martírio cruel, que se desfez...
XXX
4907
Teu colo, corpo colado no meu
na dança atroz que vai queimando tudo
na claridade, louca luz no breu
tal que me deixa pasmo, quieto mudo
as mãos macias, sabem, sonho ateu
nas delícias, em todas, corte agudo
na carne dolorida que nasceu
somente para ser teu corpo e escudo.
quero insensatamente tresloucado
beber no doce cálice da vida
meu rumo torto, pálido, calado
repete em ti meus rumos sem guarida
cometo os mesmos erros do passado
minha alma segue em ti, nave perdida...
XXX
4908
Quem dera ser poeta pra dizer
O quanto necessito ser feliz,
Invado a profundeza do meu ser
E vejo, neste sonho, o que mais quis...
Eu quero deleitar-me em claridade
Sentindo o amanhecer dentro do peito.
Não quero mais o gosto da saudade
Nem quero mais viver insatisfeito...
Quero te querer sempre que der
E ter o teu caminho junto enfim.
Nos gestos insensatos da mulher
O mundo que sonhava, dentro em mim...
Eu quero esta ternura mais infinda,
Ao lado de quem amo, mulher linda!
XXX
4909
Amigo, te conheço d’outras eras,
Dos tempos em que tínhamos verdades
Que foram nossas flores, primaveras;
Mas agora somente são saudades...
Meus sonhos libertários permanecem
Do grito de justiça mais febril.
Meus olhos inda brilham e oferecem
Amor que sempre foi nosso fuzil...
Amigo, muitas vezes celerados,
Cantávamos os hinos da esperança.
Os medos esquecidos, isolados,
A noite foi chegando e nos alcança...
Que bom poder contar com teu abraço,
P’ra sempre, essa amizade, o nosso laço!
XXX
4910
Não quero te falar dos meus ardumes
Que trago dentro da alma. Já passaram...
Não vivo mais em torno dos queixumes
Agora novos lumes clarearam.
Sou frágil, mas não posso demonstrar,
A dor que inda carrego não discuto.
O verbo que conjugo em doce amar
Não deixa que minha alma esteja em luto.
Eu quero o teu sorriso salvador
Eu quero teu carinho que redime,
Bem sabes quanto sinto, meu amor,
Por certo te adorar nunca foi crime...
Só quero adormecer nos braços teus,
Sem medo de escutar, de novo, adeus...
XXX
4911
Guardada nestes claustros, esperança,
Rebenta essas correntes dolorosas.
Tão próxima dos olhos sempre alcança
O mais belo jardim pleno de rosas...
Nos lírios e nas aves estampada
Sem medo do futuro sem temor...
Assim como o nascer numa alvorada
Trazendo nos meus olhos, esplendor...
Eu quero essa esperança sem martírios
Nos sonhos que programo salvadores.
Deitando em tua cama, mil delírios
Rolando de prazeres e de dores...
É bom amar demais. Ah! Como é bom...
O verde da esperança é nosso tom...
XXX
4912
O resto da canção que te preparo
Com gosto deste sal que me entontece.
Sabor tão delicado quanto raro,
Delícia de martírio em meio a prece...
O resto da canção que te proponho
É vida que se faz em vida nova
Refém da maravilha deste sonho
Que sem sentido vem e me renova...
Eu quero a prescrição de mocidade
Curando este senil que já se arvora.
Amor quando estampando uma saudade
Nos olhos de quem ama se decora...
Eu sinto que terei utilidade
Nos sonhos que produzam liberdade...
XXX
4913
Não quero retirar do coração
As marcas deste amor tão insensato.
Envolto nas primícias do perdão
Eu quero reviver em cada fato
Eterna sensação do doce sonho,
Nas noites que trocamos mil carinhos.
Futuro tão risonho te proponho
Seguindo mansamente meus caminhos...
Por vezes o meu verso soa duro,
Por vezes minhas mãos são desastradas
Mas saiba que te quero, te asseguro,
As noites que tivemos, adoradas...
Eu sei do nosso amor tão delicado,
E sei que sou feliz, por ti amado...
XXX
4914
Eu sinto o teu carinho manso e forte,
No toque mais suave e mais gentil.
A vida se promete em novo norte
Que faz do sofrimento ser sutil.
O gosto da amargura no desejo
Traduz uma esperança que buscamos,
Eu quero me embalar no doce beijo
No instante mais exato em que sonhamos...
Eu quero a sensação de ser mais teu
Vivendo em teu afago, uma esperança
De mergulhar no mundo que se deu
Num gesto que não sai mais da lembrança.
Eu sinto teu carinho, minha amada,
Nos versos que fizeram a alvorada!
4915
Na dança do pavor e da tristeza
Por vezes me embrenhando sem ninguém.
A morte se deslinda na certeza
De que pra ser feliz quero o teu bem.
Bem sabes que te quero, eu bem te vi,
Bem sabes como é bom ser teu amigo.
Bem quero todo o bem que já perdi,
Sem bem como será o meu abrigo?
Na dança da alegria e da beleza,
Na noite essa promessa do meu bem
Trazendo pro meu peito uma leveza
De quem já sabe bem que amor já vem...
Na noite do meu bem tanta alegria!
A noite que virá, trazendo o dia...
X
4916
No tinto vinho (amor) que me embriaga
O gosto tão sutil dos lábios teus.
Curando esta ferida e qualquer chaga
Causada, no passado, pelo adeus.
Amor dentro do peito me queimando
Com força tão imensa, astronômica.
Trazendo uma delícia devorando
Nesta explosão divina, quase atômica...
Perco-me nessas brumas do caminho,
Teu corpo decorado em minha mente.
Bebendo cada gota deste vinho,
Embriagado, louco, totalmente...
Meu coração deixou de ser deserto
Na força deste vento foi aberto!
X
4917
Não acredito mais em vãs palavras
Jogadas sem qualquer uma emoção,
Assim como precisa-se, nas lavras,
Amor em absoluta profusão
Pra que se possa ter uma colheita
Perfeita sem ter perda ou prejuízo,
A vida, minha amada, não aceita
Paixão sem que se perca algum juízo.
Tuas palavras soltas não me tocam,
São simples ressonâncias do prazer.
Amores se em amores não se enfocam
Abortam-se e não chegam a nascer...
Mas saiba que te quero tanto, tanto,
Por isso sou sincero no meu canto...
X
4918
O gume do punhal vem penetrando
O peito que se entrega sem temor.
A vida, num segundo, vai passando
E deixo-me levar no mar de amor...
Bem sabes como quero ser a praia
Que banhas com as ondas, os teus braços.
A noite enluarada se desmaia
E dorme no meu corpo seus cansaços...
Frementes tempestades de prazer
Rolam-nos como enchentes e tufões.
Nas labaredas quero me prender,
Vivendo estas intensas emoções...
Amada em ti mergulho e quero inteira
Qual queda, sem controle, de barreira...
X
4919
Meu coração vagando maltrapilho
Na busca de teus beijos sedutores,
Recebe de teus olhos tanto brilho
Acendem na minha alma, refletores.
Menina que encontrei em salvação
Depois de tantos passos combalidos.
Eu quero ter certeza da paixão
Nos nossos corpos juntos, decididos.
Eu quero a morenice mais brejeira
Da doce maravilha que encontrei,
Tua malícia mansa quero inteira,
Nesta delícia insana que terei.
Eu quero a meninice que me trazes
Trazendo em primavera a lua em fases...
X
4920
Tu julgas que não sei do sentimento
Que trazes no teu peito, minha amada.
O gosto da saudade corta o vento
E traz uma serena madrugada...
Eu sei bem que não posso magoar
A quem amo demais e nunca deixo;
Porém esta saudade tem lugar
Guardada no teu peito. Não me queixo...
Eu sei o quanto amaste pela vida
Embora teus disfarces mais perfeitos.
Às vezes te percebo distraída
Lembrando d’outros sonhos já desfeitos...
Te quero mesmo assim; não tenho pressa,
Mas venha, por amor, aqui; depressa!
X
4921
Perdido nestes olhos teus, castanhos,
Vencido pelo vento do prazer.
Os sonhos que dedico são tamanhos
Trazidos com desejo e bem querer...
Eu quero cada toque mais sublime
No corpo que endeusei desde o começo.
Que amor e dor jamais o verso rime
Que este caminho siga sem tropeço.
Minha alma se cegara há tanto tempo
Agora que te vejo, renasceu.
Não deixe que se perca em contratempo
O mundo que tu sabes será teu.
Nos olhos teus, castanho-amendoados,
Meus olhos se perderam inundados...
X
4922
Nesta tarde coberta de saudade,
As nuvens que trouxeram este amor.
As chuvas impedindo a claridade...
Mas sinto que brotou a nova flor...
Que fora quase sempre desprezada,
Jogada neste canto sem perfume.
Agora que te vejo, delicada,
Percebo como amor trama seu lume...
A flor que não reguei, tão sem cuidado,
Agora me ilumina todo o dia.
Aquela que pensei ter tanto amado
Já se foi, tão somente a fantasia...
Eu quero teu amor, flor em botão,
Perfuma docemente o coração!
X
4923
Não quero esta tortura em nosso amor;
Não vejo por que tramas tais segredos.
A noite sem te ter perde o calor,
Renascem no meu peito ledos medos...
Eu sei que necessitas deste jogo
Quer traz tanto ciúme para mim.
Não faça nosso amor morrer no fogo
Que queima destruindo tudo, assim....
Bem sabes como é belo o nosso caso,
Sem medo de doer nem de sangrar,
Não deixe que ressurja por acaso
A morte que teimava em nos rondar...
Eu quero teu amor tão delicado,
Destino preferido, sina e fado!
X
4924
Meu coração procura liberdade
Nos braços tão incertos deste amor.
Vivendo sem temer a claridade
Me entrego, estou inteiro ao teu dispor.
Meu coração procura por um cais
Que seja a mansidão, finda a tormenta.
Eu sinto que te quero sempre mais,
Numa explosão divina e violenta.
Morena como é bom poder amar,
Morena como é bom te ter aqui.
Das ondas tão gigantes deste mar,
No mar de tanto amar já me perdi.
Meu coração procura essa morena,
Que longe, mas tão perto, já me acena...
X
4925
Meu canto que te trago, num segundo,
Meus versos em que peço teu amor,
Refletem todo amor maior do mundo,
Esperam teu sorriso salvador...
Eu quero a morenice tão brejeira
Da moça mais bonita que conheço,
Paixão que me alucina, verdadeira
Procura no meu peito, o endereço...
Somadas as saudades que carrego
Do tempo em que, infeliz, não te sabia.
São mundos, oceanos que navego
Até poder sorrir, feliz, um dia...
Não vejo mais a vida como via,
Agora me explodindo de alegria!
X
4926
Eu sinto essa presença solitária
De quem amou demais e se perdeu.
A lua se mostrando solidária
Por trás da negra nuvem se escondeu.
Eu sinto tanto afã de ser feliz
Nos olhos tão tristonhos da mulher.
Que a noite em despedida já não quis
E não sabe que o dia tanto quer...
Amiga, me perdoe se não digo
Do amor que tanto trago no meu peito.
Quem dera se pudesse, além de amigo
Viver no teu amor, tão satisfeito...
Por certo não serias tão sozinha,
Precisa companhia, uma andorinha...
X
4927
Não vejo mais saída, nada além...
A porta se bateu tão simplesmente.
Um gosto tão sanguíneo sempre vem
A dor não mais deixou a minha mente...
Ausência de esperanças, nada mais...
O frágil sentimento se desfez
Na boca de quem disse ser demais
O tempo que vivemos, perde a vez.
Restando uma saudade tão imensa
Que, imerso no delírio, nada tenho.
Somente essa amizade, recompensa
De todo esse passado de onde venho...
Amiga, por favor, me dê teu colo;
No mar desta tristeza perco o solo...
X
4928
Ao ver tua beleza, amada Lara,
Sentindo que esta noite será nossa
Trazendo á realidade o que sonhara,
Minha alma na tua alma já se apossa...
Eu quero ser tão doce, se possível,
Desculpe as cicatrizes que carrego.
Amar é se sentir quase invencível
E perceber um porto onde me apego.
Nas telas que pintei numa ilusão
Tua presença, Lara, uma constância
Por isso a maviosa sensação;
De tanto que te amei, mesmo à distância.
Ao ver tua beleza em minha cama,
Gritar ao mundo inteiro: Ah! Ela me ama!
X
4929
Nas longas e revoltas cabeleiras
De quem tanto amo e sempre te amarei,
Perdendo todos rumos, todas eiras,
Sem beiras que me prendam, me encontrei...
Encanto deste olhar que acaricia,
O gesto triunfante do desejo,
Vivendo o nosso amor, na fantasia,
Em mil delícias, sonhos; já te vejo...
Crisântemos e rosas de mil cores
Trazendo tal beleza que me encanta,
Na sutileza breve dos amores,
Minha alma seduzida sempre canta…
Tuas carícias plenas, tão mimosas;
Perfume de milhões de raras rosas.
X
4930
Mensageiros do amor batem na porta,
Fui abrir. Constipado agora estou,
Amor passou no peito, foi pra aorta,
Agora em todo o corpo se espalhou...
Quê que faço meu Deus com tanto amor?
Não sei se neste caso há solução,
Todo ar foi me tomando e sem ter dor
Aos poucos encharcou meu coração...
Amor que me domina e não descansa,
Às vezes me alucina e me transtorna.
Aos trancos, sem juízo, sempre avança
Em cada batimento, amor retorna
E faz de novo a mesma caminhada,
O que farei da vida, minha amada?
X
4931
A cabeça no meu colo ela repousa
Cabelos tão macios, perfumados...
A mão tão delicada vai e pousa
Desejos e prazer extasiados...
Eu quero esse silêncio que revela
Amor em tal potência que não grita,
Apenas nos mostrando mar e vela,
O rumo para a vida mais bonita...
Eu quero no teu porto, manso cais,
Deitar o meu veleiro, sem ter medo...
Amar é sempre, sempre querer mais,
Deixando que este cais finde o degredo...
Eu quero ter vontade de morrer
De amar demais, de tanto ter prazer!
X
4932
Sentindo teu carinho nessa noite
Percebo como é bom ter teu afeto.
Eu quero ter contigo num pernoite
O gosto delicado e predileto
De ser o teu eterno namorado,
Com beijos e carinhos sem ter fim...
Eu quero teu prazer, extasiado,
Prazer que dá prazer maior pra mim...
Eu quero em teu sorriso, mansidão,
Eu quero em tua boca, gozo e festa,
Eu quero me inundando de paixão,
Viver este meu tempo que me resta...
E ter esta certeza tão bonita
Que toda a nossa vida é mais bendita...
X
4933
Espero-te morena há quanto tempo!
Não tema mais as dores que vierem...
Na vida, tantas vezes, contratempo
Supero se também tu o quiseres.
Eu quero teu presente em cada toque,
Sem medo de inundar-te de prazer.
Por isso, meu amor, não me provoque
Eu quero nos teus braços me perder...
Na cama, tanta chama sempre chama
E faz em nosso amor revolução.
A vida se permite em cada trama
O renovar-se intenso de paixão!
Espero-te morena, venha logo,
Em teus braços, sedento, já me jogo..
X
4934
Quando as horas se passam sem você;
Beijado pelo vento sensual,
Procuro por seus lábios, mas cadê?
Apenas sensação... Nada, afinal...
Mas sei que tenho amor para lhe dar,
Amor que não me cabe mais no peito.
Vontade de sair e de gritar
Amar também será um meu direito?
Não vejo mais os olhos que sonhei,
Não sinto mais os lábios que buscara,
Quem dera nesse amor a simples lei
Que faz com que esta luz seja tão cara...
Na volta, seus carinhos me saciam...
Invernos nos meus olhos já se estiam!
X
4935
Amigo deste amor que não me quer,
Sabendo que cantei por tanto tempo
O rosto tão bonito da mulher
Vencido por imenso contratempo...
Bem sei quanto negar não adianta,
Amor que se incrustou dentro do peito;
A voz desta saudade se levanta
E traz um sentimento insatisfeito.
Amigo deste amor, eu não desisto...
Lutando contra as dores sem ter tréguas.
Eu sei que deste amor eu não desisto,
Embora tão distante, tantas léguas...
Beijando a fantasia, peço ao vento,
Que beije tua boca, em pensamento...
X
4936
Um grande sonetista do recanto
Ao qual tenho sincera admiração,
Embevecendo a todos com seu canto
Com força, com carinho e emoção.
Amigo não me esqueço dos teus versos
Que um dia tu fizeste para mim.
Nos sentimentos belos, mais diversos,
Uma amizade sempre é boa, enfim...
Cirilo, meu amigo sou tão grato
Às doces homenagens que prestaste,
Bem sei quanto és amigo meu, de fato,
Aos ventos não sucumbe uma tal haste.
Delícia de viver com alegria
Se encontra em tua bela poesia!
Para o Grande Sonetista e amigo
Cirilo
X
4937
A noite vem pousando seus carinhos,
Pendida no meu peito a bela flor...
Bem sei como escondeste teus espinhos,
Tua defesa simples, meu amor...
Eu ouço a noite em sinos a tocar
Mostrando como é bom te ter aqui,
Não quero mais dormir; prá que sonhar;
Se tudo o que desejo eu consegui?
Eu já nem sei quem sou, mas não me importo,
Nas bênçãos do luar eu te encontrei.
Aos dias mais difíceis não reporto;
Tua beleza plena emoldurei.
E sinto-me decerto apaixonado,
Por essa flor tão bela, do cerrado...
X
4938
Querido mestre como é bom saber
Que posso desfrutar da companhia
De quem sempre podemos aprender
A ser melhor nesta arte: a poesia.
Ensinas com carinho quem procura
E tens toda a firmeza de quem sabe,
É luz que nos clareia em noite escura,
Ajuda a não deixar que o brilho acabe.
Eu rendo-te sinceras homenagens
Nos versos tortos, simples, meu desejo:
Seres meu guia sempre nas viagens
Pelos caminhos belos que antevejo.
Eu fico bem feliz só por sabê-lo
Amigo e professor Paulo Camelo.
X
4939
Dedico este meu canto à grande amiga
Exemplo de coragem, lucidez.
Por vezes quando a vida se periga
Teu canto me ilumina: sensatez!
És carinhosa sempre, nunca nego,
Afagos, elogios, alegria!
Não sabes mas nas cores que carrego
Meu canto com ternura e fantasia
A Lua tão suprema sempre brilha
Esta certeza imensa e de amor plena
De ter nesse recanto a maravilha
Do canto que me encanta, amiga Helena.
Desculpe se não tenho a claridade
Que tens, mas me ilumina esta amizade!
Para HLuna, grande poetisa e amiga.
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4940
Amigo e companheiro, esses meus versos
São feitos para ti, bom sonetista.
Tu sabes traduzir teus universos
Com mão e com fineza de um artista.
Abraços lusos sempre te darei
E sorte em tua vida, o que desejo.
Confesso tantas vezes me espelhei
Na qualidade imensa que, em ti, vejo.
Receba deste simples trovador
Um canto em homenagem bem sincera.
Nos versos sei tu és um professor,
Falando em “brasileiro” tu és fera!
Desejo-te felizes, belos dias.
Repletos de alegria e poesias!
Ao grande amigo e poeta português
Henricabílio.
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4941
Não quero mais o claustro em que vivia
Bem antes de saber tua existência.
Tu sabes que trouxeste uma alegria
Meu riso não é mera coincidência...
Não quero esta prisão tão solitária
Que sempre povoou os sonhos meus.
Nem quero mais na vida, como um pária,
Ouvir esta palavra: tchau, adeus...
Morena que me trouxe de outras eras
O gosto de viver sem ter senões.
Vencendo meu temor por primaveras
Estamos desfrutando esses verões...
Não quero mais o claustro em que vivi,
A chave de esperança, encontro em ti...
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4942
Eu sou o que na vida te procuro
Em cada verso meu, uma saudade.
Vontade de viver amor tão puro
Intenso sem temor ou vaidade...
No teu corpo, ondulantes meus carinhos,
Amor sempre me impele para a vida.
Não quero mais meus olhos pobrezinhos
Sem ter tua presença tão querida...
Trazes-me um roseiral, plena florada,
Nos teus sorrisos mansos gloriosos,
Eu quero te encontrar, flor delicada,
De todos os meus sonhos, perfumosos...
Eu sou o que no mundo sempre quis
Viver o nosso amor e ser feliz!
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Para os teus beijos sempre estou disposto
Vontade de te ter a cada dia,
De ver tanta beleza no teu rosto,
Mistura de delícia e fantasia...
O silêncio da noite me acalanta
E faz-me ser feliz, nem sei por que...
Minha alma, embevecida, que se encanta
Numa felicidade sabe e crê.
No cálice de vinho que brindamos
À Deus por ter nos dado tanto amor,
Os nossos corações juntos pulsamos
E vamos companheiros sem temor.
Amada, tão divina, maviosa,
Eu quero o teu perfume, minha rosa...
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Quanta alegria uma amizade traz!
No canto mais sincero e verdadeiro
Primícias dum futuro mais em paz,
Quem dera percorresse o mundo inteiro!
Iguala o sol em força e claridade,
É flor e mel da vida, com certeza.
Sobre os lauréis, vitórias, a amizade
Traduz, no seu aplauso, uma grandeza...
Na dor e na injustiça que sofremos,
Na amarga solidão e no abandono.
Nas tristes ilusões em que perdemos
Os sonhos, alegria, o nosso sono.
Em busca deste sonho de verdade
Encontro um sentimento de amizade!
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4945
Ando perdido em busca de carinho
E tecerei meus dias nos teus dias
Que trazem tantas luzes ao meu ninho
E tramam nessa vida as alegrias...
Não sei mais me encontrar se não te sinto
Minha alma andando às cegas sem te ter.
Nas cores deste amor sempre me pinto
E assim felicidade posso ver.
Ando perdido em busca do desejo
Do beijo mais sutil e generoso.
Em cada novo tempo eu antevejo
Esta certeza imensa deste gozo.
Amada, se me perco, me encontrei
Nos braços deste amor a quem me dei...
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4946
Pedaços de sorriso distraídos
Tocando nos meus lábios com ternura.
De todos os meus sonhos revividos
Amar-te sempre faz a alma mais pura.
As minhas ledas crenças se perderam
No mar deste sorriso encantador,
As dores sem destino se esqueceram
Deixaram-se tragar num mar de amor...
Eu grito então ao ver tal sedução
Num infinito anseio por prazer.
Eu creio nesta imensa sensação
Da luz que tanto brilha e faz viver.
Eu digo sempre: quero o teu carinho,
Não deixe que meu canto vá sozinho!
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4947
Por essa vida afora hei de te amar,
Sem medo de seguir felicidade.
Querendo te querer em cada olhar,
Buscando teu caminho na cidade...
Hei de seguir teus rastros e pegadas,
Hei de sentir teu cheiro em cada sonho.
As noites sem te ter, tão orvalhadas,
O gosto de te amar, bem mais risonho...
Tu pensas que não sei desse desejo,
Tu pensas que penhascos nos separam.
Mas saiba que deveras sempre vejo
Meus sonhos que em teu mundo se encontraram.
Em todo azul do mar sinto esta força
Nesta explosão de amor, menina moça...
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4948
Quero um beijo de amor apaixonado
Da doce caiçara que encontrei.
Vivendo tanto tempo desolado
Nas praias, neste porto, naufraguei...
Eu quero o teu desejo tão imenso,
Imerso no oceano deslumbrante
Com tal amor maior me recompenso
E quero te sentir nua e vibrante...
Amor assim como este amor que tenho
Num beijo que te dou em cada verso.
Do mundo tão tristonho de onde venho
Encontro este delírio tão diverso.
Não deixo de te amar sequer um dia,
Cantando nosso amor na poesia...
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4949
Os teus olhos de luz são dois luzeiros
Que fazem dessa vida, iluminada...
Meus desejos reais e verdadeiros
Seguindo estes faróis na dura estrada...
Hei de tecer mil sonhos de esperança
Pensando em ter teu corpo junto ao meu.
A vida se reflete na aliança
Da luminosidade com o breu.
Sou triste, quase um bicho sem defesas,
Trazendo tanta angústia do passado,
Teus olhos encharcando de belezas
Prometem bom futuro, calmo fado.
Reflexos tão divinos de universos
Cantados nestes pobres, simples versos...
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O sol a prumo mostra esta nudez
Tão divinal deitada do meu lado.
Depois de tanto encanto sinto a vez
De ser feliz vivendo apaixonado...
No brilho de teus olhos posso ver
Meus olhos refletidos no oceano...
Espelho de minha alma a renascer
O gosto de viver sem desengano...
Neste azulejo raro de teus olhos,
Ladrinhos deste amor onde entreguei
As flores dos jardins, milhares, molhos,
Que fazem deste amor ser una lei...
Vibremos com matizes verdadeiros
Que trazem nossas flores nos canteiros...
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Amor um sentimento tão errante
Que busca a claridade na tormenta
Teus braços me carregam, navegante,
A vida se transforma violenta...
Em plena tempestade, uma bonança.
Em meio a tais procelas, calmaria.
Amar é mergulhar numa esperança
De ter o teu desejo em mim, um dia...
Nas ondas deste amor, o meu naufrágio,
Nas ondas deste mar o meu prazer,
Eu sinto que me exponho e que sou frágil,
Mais ágil este amor me faz viver...
A toda dor o nosso amor resiste
Impede a sensação de ser tão triste...
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Eu quero me entregar nestes teus braços
Serenos e possantes. Faz-me rei!
Tomando meu amor em mil pedaços
São tantos os carinhos que te dei...
Eu quero me entregar aos teus abraços;
Teus seios, manso colo; mergulhei...
Depois de tantas lutas e cansaços
Viver o nosso amor é minha lei...
Desculpe se me perco nos teus lábios.
Amores quando intensos, sempre sábios...
Eu quero te encontrar no claro dia,
Qual lua que se esbalda sobre o mar.
Permita que te cante essa alegria,
Nos versos em que peço pra te amar!
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Por essa vida fora procurei
Os versos mais bonitos pra te dar.
Em toda melodia que cantei
Uma vontade louca de te amar...
Num infinito anseio de te ter
Mergulho no oceano e perco o cais,
Sabendo que não posso mais viver
Distante deste amor que é bom demais...
Avisto nos teus olhos uma esperança
De ser o que bem quis numa ilusão,
Meu mundo tão distante não se alcança
Somente com o vento da paixão.
Que toma o pensamento e não me trai,
A noite nos teus braços já se vai...
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