quinta-feira, 24 de março de 2011

11

Cabe apenas a certeza
De quem possa caminhar
Contra a fúria em correnteza
E desvende imenso mar,
Sem saber qualquer surpresa
Do que tange ao delirar
Entre a morte sobre a mesa
Noutro canto a se entranhar,
Jamais pude ter nos versos
Um sentido mais sutil
E os meus olhos vão imersos
Onde o nada enfim se viu,
E os caminhos mais diversos
Trazem sonho às vezes vil.

12

Nesta sorte em vilania
Outro prazo se traçara
Sem saber da poesia
Entranhando esta seara,
Nada mais se poderia
E se possa não declara
A verdade mais sombria,
Dominando a noite clara,
Respirando o poluído
Caminhar em tom voraz,
Já não faz qualquer sentido
O que a vida agora traz,
E deixando o que duvido
Sem certeza para trás.


13


Nada mais se vendo após
O que um dia fora tanto
Escondendo dentro em nós
A verdade onde me espanto
O meu sonho, meu algoz
E no quanto bebo e canto
Resumindo sempre a voz
Em que o mundo eu não garanto.
Destas garras afiadas
A rapina me entremeia
Com as horas degradadas
Na palavra mais alheia
Percorrendo estas geladas
Expressões; já devaneia.

14


Bravamente a vida diz
O que tanto pude ver
Do cenário por um triz
Desenhado em desprazer
O meu mundo nada quis
E pudesse enfim tecer
O meu canto e tendo em bis
O risonho amanhecer.
Geração após a queda
E navego sem sentir
O pesar desta moeda
Sem saber qualquer porvir
Onde a morte se envereda
Não deixando mais sorrir.

15

Refletindo o passo em falso
Nada mais se apresentando
O meu mundo em cadafalso
Anuncia o tom nefando,
Mas pudera e me descalço
Dos anseios desde quando
Noutro canto mergulhado
Sem temer qualquer percalço.
Resplandece dentro em nós
O mergulho em reticência
E se possa ser atroz
Nada trace esta ingerência
Do momento aonde o algoz
Nega enfim qualquer clemência.

16

Atravesso noites tantas
Entre enganos e sei bem
Do que possa e não garantas
Quando a sorte em vão já em
Derramando onde agigantas
Com terror cada desdém
Presas vozes nas gargantas
De que tanto as quis também.
Mas o tempo se traduz
Noutro passo onde esvazio
O meu verso em contraluz
E se possa contra o rio
Navegar em medo e cruz,
Cada passo eu desafio.

17

Esbravejo contra a sorte
Que se faz incoerente
E se tanto se conforte
O caminho aonde invente
O meu rumo em laço forte
Desenhando esta corrente
Onde o todo não comporte
O que a vida sempre tente,
Navegar contra as marés
E cerzir uma esperança
Onde a vida de viés
Sem saber sentido avança
E presume sob os pés
Tão somente aguda lança.

18

Não misturo os vários tons
E procuro da aquarela
Muito além de meros dons
O que a sorte nos revela
E bebendo em megatons
Explosão e sei que nela
O que possa em velhos sons
Transformar além da cela.
Das senzalas do passado
Ao fastio do presente,
O meu canto desenhado
Onde nada mais se sente,
Verso rude desvendando
Quando a morte se aparente.

19

Aparências onde pude
Desenhar em garatujas
Noites duras, juventude
Mãos tenazes sempre sujas,
Mergulhar e vagamente
Presumir o quanto empossa
Da certeza onde se sente
A verdade atroz e nossa,
Respirando este veneno
Entre rotas mais sutis,
O meu mundo ora condeno
E jamais tendo o que eu quis
Não pudera ser sereno,
Quem não fora mais feliz.

20


Encontrando algum sinal
Fossilizo o meu passado
E brindando ao bem e ao mal.
No caminho desenhado,
Vergalhões em magistral
Desenhar onde o degrado
Na certeza do final,
Outro enredo desagrado,
Vestimenta em esperança
Caos apenas, nada mais,
E meu passo não alcança
Sequer dias onde trais,
E se tento em confiança
Sei que a vida diz jamais.

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