Mergulhando no vazio
De uma sorte que não veio,
Procurando neste estio
O meu verso em veraneio,
Depois deste desafio
O cenário enquanto veio
Uma vida em desvario,
Cada passo, outro receio.
Visto as cores do abandono
E jamais tu foste minha,
Onde o passo desabono
Numa luta mais mesquinha,
Renovável tal carbono
De onde a vida já provinha.


2

Nada mais se tentaria
Entre enganos contumazes
E se possa em fantasia
Tudo aquilo quanto trazes,
O meu verso em ironia
Ultrapassa velhas fases
E gerando esta utopia
Quando os sonhos são mordazes;
Resumindo o que inda tenho
E talvez já não tivesse
No caminho em ledo empenho
O cenário roga em prece,
O cantar de onde provenho
E a verdade enfim se tece.


3


Marcas tantas do passado
Presumindo o fim de caso
Nada busco, e desenhado
Onde apenas sempre atraso
Do caminho desejado
Resta apenas tal ocaso,
E o meu mundo alucinado
Perde além a sorte e o prazo.
Restaurar qualquer momento
Onde pude sem sentir
A explosão que ora fomento
E se faz ao presumir
Do cenário em movimento
Desvendando o que há de vir.

4


Restaurar cada figura
Das entranhas da esperança
E se tanto se assegura
Cada passo onde se lança
Mesmo a vida mais escura
Traz no olhar a confiança
Onde o passo tentando avança
E a verdade se procura.
Marco com a dimensão
Tão diversa e mesmo audaz
O que possa o coração
E a verdade nunca traz
Sem saber desta emoção
Que deixara para trás.

5

Jogo as mãos e procurando
Qualquer ponte aonde a sorte
Poderia em tempo brando
Ser o passo que suporte
O meu mundo desde quando
Aproximo deste norte,
E podendo e me afastando
Vejo apenas minha morte.
Represento qualquer queda
Onde o tempo não desvenda
Emoção que tanto seda
Traz no olhar a velha lenda
E pagando em tal moeda
Outro rumo em vão se estenda.

6

Minha sorte se mostrasse
Mais até do que pensei
E o caminho lapidasse
Onde amor forjasse a lei,
Mergulhando em desenlace
Mais diverso do que sei,
O meu canto se tramasse
Nos anseios que encontrei,
Desperdícios contumazes
E momentos mais sutis
Entre dias onde trazes
O meu passo mais feliz,
Marcas tantas que inda fazes
E se molda este aprendiz.

7

Batizando em fúria e dor
Os meus ermos mais vorazes
E deveras sonhador,
Caminhando enquanto trazes.
Da verdade em tal sabor
Derramando os incapazes
No meu canto em desamor,
Entre ritos mais tenazes.
Mais um gole de café
Outro copo de cerveja
Sempre quando a vida em fé
Transmitisse o que deseja
Meu anseio por quem é
Talvez nunca mesmo seja.

8


Carpideira esta esperança
Que mordaz aguarda o salto,
E o passado quando avança
Presumindo em sobressalto,
O caminho onde esta lança
Traduzisse novo assalto,
E o meu canto em confiança
Mostra um ar bem mais incauto.
Já não pude conceber
Qualquer luz onde não via
Os mistérios do querer
Nem tampouco a poesia
O meu mundo sem saber
Nada mais recolheria.

9


Já não vejo qualquer luz
De uma vida em reticência
Sei que o tanto não conduz
Ao ditar da consciência
Vejo apenas onde pus
O meu canto em inclemência
Ao sofrer fazendo jus
Rude e vaga incoerência.
Apresento ao fim do prazo
O meu sonho sem sentido,
E se tanto ora me atraso,
O versar que dilapido
Expressando o meu ocaso,
Onde o mundo em dor, o olvido.

10


Liberdade dita o sonho
De quem fez clarividente
Este mundo onde proponho
Ser deveras evidente
O que tanto mais risonho
Noutro canto já se sente
E o meu prazo, aonde o ponho
Trama o verso mais ardente,
Nada tendo e não tivera
A não ser as mãos atadas
Iludindo a velha fera
Ou palavras desoladas
Sem sanar o que me espera
Tocaiando nas estradas...