sábado, 26 de março de 2011

Adormecendo em paz
Depois de tantos anos
Envolto em desenganos
Ou quanto mais se faz
A vida não me traz
Além dos velhos danos
E teima em rotos panos
Num ato mais fugaz.
Recende ao que já fomos
E tudo quanto somos
Não somam, dividindo.
O prazo determina
A sorte em leda sina,
Um tempo agora findo.

2


Adivinhando o passo
Enquanto nada houvera
A velha e louca fera
Agora já desfaço,
E sigo em cada traço
O mundo da quimera
Que tanto desespera
E molda o sonho escasso.
Ao menos poderia
Depois de uma agonia
Viver tranquilamente,
Mas quando a vida entorna
Sem ter a fonte morna,
O frio atroz se sente.

3

Admitindo este engano
Apresentando o fim,
O quanto existe em mim
Promove o velho dano,
E a cada turvo plano
Sentisse sempre assim
O mundo em tal motim
No passo em desengano.
Repare cada estrela
E quando for contê-la
Presuma a liberdade,
Mas quanto mais distante,
Diversa do que encante,
Apenas claridade.

4

Adentrando o passado
Voltando a ser quem era,
A luta não me espera
E traça noutro lado,
O rústico pecado
Ou mesmo a velha esfera
Gerando esta insincera
Vontade que degrado,
Não tive e não teria
Sequer um só momento
Em clara fantasia
E mesmo assim eu tento
Depois de tanto medo
O amor que não concedo.

5

Adágios ditam rumo
Da vida que não traça
Além da leda praça
A sorte aonde aprumo,
E bebo inteiro o sumo,
Vertendo na fumaça
O quanto o tempo embaça
E gera atroz resumo.
Negar qualquer paragem
Moldar em tal miragem
Viagens dentro em nós,
Assim nada teria
Sequer a fantasia
Em tola ou forte voz.

6

Adagas que nas mãos
Trouxeste na tocaia,
As sortes onde traia
A luta em tantos nãos
Os dias sempre vãos
Os olhos noutra praia,
A vida que se esvaia
Desterros dos cristãos,
Capacitando o passo
Aonde o quanto eu quis
Deveras já não faço
Ou mesmo poderia
Traçar outro feliz
Caminho em novo dia.

7

Adestro com meu sonho
Este caminho rude,
E quanto mais eu pude
Viver além medonho
Anseio que componho
Envolto em magnitude
Diversa da que ilude,
Num ato atroz, bisonho.
Respaldos procurando
E sei quanto é nefando
O verso sem proveito,
Depois do que perdesse
A vida não tecesse
Além do quanto aceito.

8

Adendos entre medos
E tramas sem igual,
O passo magistral
Envolto nos segredos,
E dias mesmo ledos,
A vida traz a nau,
Naufraga e num venal
Anseio crava os dedos.
Resumos de outras cenas
E quando me serenas
Acentuando o passo,
Depois de tantos anos
Diversos desenganos
Marcando o descompasso.

9

Admirando o que possa
Trazer em liberdade
A luz que nos invade
E sei somente nossa,
O sonho que alvoroça
A porta em claridade.
Real felicidade?
Também pudera em troça;
Não tendo outra certeza
A sorte sobre a mesa
E o vento não sossega,
A vida que eu queria
A luta em agonia,
A sorte amarga e cega.

10

Adornos da esperança
Os versos que me trazes
Em dias mais audazes
Enquanto a vida avança
Gerando a temperança
E dela noutras fases
Os ermos quando fazes
Com tempo esta aliança.
Jogado pelo canto,
O tempo onde o garanto
Não traz qualquer certeza,
Somente o que se tenta
Vencendo esta tormenta
Pegando de surpresa.

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