sexta-feira, 25 de março de 2011

Não quero outro passo
Nem mesmo um sinal
Do quanto é venal
O mundo que traço
Vencido em cansaço
Vestindo o final
Meu canto fatal
Expressa outro laço,
Galgando o que resta
Da vida funesta
E nesta paisagem,
Mergulho em temor
E como pendor
Marcante miragem.

2

Nas ondas do mar
Mergulhos sem medo
O quanto procedo
E possa sonhar,
Depois navegar
Buscando o segredo
E sei desde cedo
Onde é meu lugar,
Presumo o que visto
E sei que só nisto
Meu tempo se esgota,
A luta sem trégua
Na vida outra légua
Desenha esta rota.

3

Romper com passado
Seguir ao futuro
E quando asseguro
O mundo ao meu lado
Do quanto me evado
Ou mesmo procuro,
Vencer sobre o muro
O verso acanhado,
Nadar e tentar
Apenas a praia
E quando se espraia
Desmaia ao luar,
Resumo da vida
Deveras sofrida.

4

Brincar com a sorte
Que tanto machuca
A noite se educa
No quanto comporte,
E vejo este aporte
E quando caduca
Guardada em cumbuca
Sentença de morte.
Na paz que me cabe
No quanto desabe
Meu mundo sem ter
Sequer o que possa
Na noite em tal fossa
Ver o amanhecer.


5

Num canto sem canto
Num ermo total
O verso em astral
Diverso garanto
E tanto me espanto
Enquanto afinal
A luta é geral,
Em medos e pranto,
Navego em tom cego
Por quanto carrego
Minha alma sem paz,
As ânsias que vês
Sem nada talvez
Moldando o mordaz.

6

Bastando somente
O quanto acorrente
Meu passo sem rumo
E quando me esfumo
Matando a semente
O chão que inclemente
Traduz outro prumo,
Secando este sumo.
Não pude tentar
Sequer navegar
No mar que não vejo,
Ainda que tente
No sol inclemente
Negando o desejo.

7

Quando capacito
Meu passo sem medo
E nisto o degredo
Em tom mais aflito
Apenas permito
Vagar sem enredo
Deixando o que cedo
Num canto, finito.
O prazo se esgota
A vida ora embota
E nada mais vês
Somente o que a sorte
Traduz sem o norte
Total rispidez.

8

Bebendo a esperança
Que tanto se quer
E nada vier
Após o que lança
Na voz onde cansa
Quem sabe a mulher
Enquanto puder
O tanto ora alcança
Restauro o meu passo
E quando o desfaço
Esgarço outro verso,
Não pude e talvez
Ainda o que vês
Deveras disperso.

9

Dos dez mandamentos
De tantas histórias
Em erros e glórias
Enfrento outros ventos,
Nos meus pensamentos
Apenas memórias
E neles vanglórias
São sempre tormentos,
A queda se vendo
Aonde o remendo
Não traz perfeição,
E se me arrependo
O dia revendo
Muda a dimensão.

10

Vestido em farrapos
As horas que vês
E mesmo em porquês
Diversos os trapos,
Refaço o caminho
E tento outro rumo,
E quando consumo
Meu verso daninho
Encontro no espelho
A face da morte
Que tanto se porte
Em vago conselho,
Meu verso se é rude,
Jamais quero e pude.

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