Agônico
Larva entre larvas; sigo tão somente,
Enquanto se percebe o fim, no ocaso,
E tanto quanto possa mesmo atraso
Meu passo que se entorna inda que tente,
E o vasto desejar tolo e premente
Arranco de meu peito ao fim do prazo,
O preço sem sentido, e me defaso,
Vivendo o quanto houvera antigamente,
E fera que entre feras sobrevive,
O mundo desdenhoso traz o que tive,
Num ermo movediço e desarmônico,
Inócua sensação de ser feliz,
Enquanto o dia a dia já não diz
E o tempo dita o verso rude, agônico.
Marcos Loures
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