quarta-feira, 29 de outubro de 2014

CARCARÁ

CARCARÁ

O antigo carcará sobrevoando,
Na espreita do cadáver do mendigo,
Imagem demoníaca e me instigo
Tentando imaginar como e quando,

O semimorto ser, velho esmolando,
O podre odor nas ruas e prossigo,
Vencendo qualquer asco e não consigo
Imaginar rapina atroz em bando.

A cena entre os Jardins da morta Sampa,
Entre paredes firmes, já se acampa,
O mesmo rapineiro carcará.

O borrego percebe o quão é forte
E os cães alimentados pela morte,
Pressentem: novo dia raiará...

MARCOS LOURES

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