CARCARÁ
O antigo carcará sobrevoando,
Na espreita do cadáver do mendigo,
Imagem demoníaca e me instigo
Tentando imaginar como e quando,
O semimorto ser, velho esmolando,
O podre odor nas ruas e prossigo,
Vencendo qualquer asco e não consigo
Imaginar rapina atroz em bando.
A cena entre os Jardins da morta Sampa,
Entre paredes firmes, já se acampa,
O mesmo rapineiro carcará.
O borrego percebe o quão é forte
E os cães alimentados pela morte,
Pressentem: novo dia raiará...
MARCOS LOURES
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