sábado, 9 de abril de 2011

11

Quando entrara, não sei como
E tampouco poderia
Traduzir em novo dia
O que agora já não domo,
Onde quer e não mais somo
Outro caso em ironia
A verdade afloraria
Falo sério e não embromo,
Quero apenas maciez
Deste colo amorenado
Com o gosto onde se faz
Prazeroso este pecado,
E se resta lucidez,
Mundo insano e desejado...


12

Marco o tempo de tal sorte
Que jamais pude viver
Outro tempo que conforte
Sem amor e sem saber
O caminho que comporte
O delírio de um prazer,
Onde pode ser tão forte
A ventura do querer.
Sei dos tantos dias quando
A verdade se moldando
Traz em si a imensidão,
Meus anseios teus carinhos
Nossos corpos, nossos ninhos,
Nosso amor, a direção.

13


Neste verso mais singelo
Poderia ser soneto?
O que possa e te revelo
Quando muito o comprometo
Traz o sonho aonde selo
O caminho onde arremeto
O meu mundo em que ora atrelo
Todo o bem que te prometo.
Vivo por saber do quanto
Meu amor não poderia
Noutro tempo, sem encanto
Desenhar em rebeldia
O que tento e mais garanto
Provocando dia a dia.


14


Aonde bem pudera ter a vida
Em raros, bons fulgores, esperança.
O passo mansamente além se lança
E sabe ou mesmo tenta outra saída,
A luta tantas vezes repartida,
Palavra penetrante, fina lança
E o verso sem limites ora avança
Deixando a minha luta desvalida.
Resumos de outras eras onde pude
Acreditar num tempo bem mais rude
E ilude-se quem pensa em mansidão.
A cada novo engano, sigo em frente
Embora na verdade me apresente
A sórdida vontade em explosão.

15



Não pude e nem teria qualquer chance
De ter algum momento mais tranquilo
E quanto mais distante o sonho alcance,
Maior o descaminho onde desfilo,
O verso sem saber de algum estilo,
A vida se desenha em tal nuance,
E o quanto poderia sem vacilo,
Num ato sem sentido ora me lance.
Bebendo em fartos goles esta sorte,
De ter a poesia como alento,
O quanto cada verso me conforte
Marcando em tom profundo o pensamento,
Ferrando e dominando cada corte,
Aonde sem certeza, o sol eu tento,


16


Encontro os meus pedaços por aí,
Jogados nas sarjetas, nestes bares
E quando perceberes e notares
O pouco que me resta eu já perdi.
O vago caminhar trazendo em ti
O tempo feito em noites e luares,
As sortes tão distantes, noutros ares,
Os medos onde tanto me escondi.
Do sórdido momento em tom vulgar,
A luta pouco a pouco a dominar
O que me resta crer, mero passado.
O verso sem sentido e o tempo atroz,
Calando num instante a minha voz,
E o vento noutro tempo amargurado.

17


Brindasse com palavras ou com sonho
O todo que no fundo não permite
O mundo que faça num limite
Aonde o meu caminho em paz, componho.
E resolutamente, o quanto ponho
Da fúria noutra incúria e me acredite
O verso se transforma e necessite
Apenas de um momento mais risonho.
Jamais acreditei no que se fez
O canto da sereia, a lucidez
E o vento ronda assim minha janela,
O tempo sem proveito, o leito exposto,
O rio no rigor de um vão desgosto,
A sorte sem sentido me revela.

18


Bastasse tão somente algum momento
E nada mais no fim se poderia,
O tempo se traduz enquanto eu tento
Atento conviver no dia a dia,
A déia que eu queria; em ledo vento
Perdendo o quanto resta em harmonia,
O verso sem poder, o sofrimento
E a noite sempre vaga, amarga e fria.
Poética impressão que não se faz
Aonde o mundo perde a sua paz
Na face mais cruel, realidade.
O sonho se permite, mas nem tanto,
Apenas o que possa e te garanto
Aos poucos sem sentido algum já brade.


19

Nas velhas carcomidas noites vãs
A vida nos porões e o sofrimento,
O tanto quanto possa e sigo atento
Ousando acreditar noutras manhãs,
Vivesse sem sentido as temporãs
Vontades onde tendo o forte vento
Tocando firmemente em desalento
As horas mais doridas e malsãs.
Restauro como fosse pedraria
O sonho que jamais eu poderia
Tentar em tal nuance perceber,
E vejo o quanto resta disto tudo,
Sabendo que no fim enquanto iludo
Aumenta a minha chance de sofrer.

20

Nas tramas que talvez inda pudesse
Viver o que se sabe e não se crê
O tempo quando a vida se adormece
Nas tramas do jamais saber por que,
E mesmo que outro sonho em vão professe,
O rumo noutro rumo, ninguém vê
E aproximando então meu dia D
A vida não traria nem mais prece.
Apenas o final e deste tanto
O rústico momento e te garanto
Somente a velha queda e nada mais,
Os dias entre sonhos e tormentas,
Aonde outro caminho tu inventas
E enfrentas os diversos temporais.

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