quarta-feira, 6 de abril de 2011

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Há formas variadas onde o tanto
Expressa o muito pouco que viria,
E vendo a cada olhar esta agonia
Marcada pelo imenso desencanto.

Repete-se o cenário sem espanto,
A luta mais mordaz beneficia
Quem tanto se alimenta da sangria
E vive no espalhar da morte e pranto.

Realçam com diversas desventuras
O quanto na verdade já perduras
Pousando mansamente no que se visse

O tempo me arremete ao tão vazio
Cenário aonde apenas rodopio
Vivendo sem querer esta mesmice.

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Das rosas de Hiroshima a lembrança
Reflete muito menos que a ganância
E o quanto se moldara noutra estância
O engodo novamente ao vão se lança

Botando o dia a dia na balança
O corte se produz mesmo à distância
E trama o quanto rege, intolerância
Na pútrida incerteza que ora avança…

Restando o quanto pude acreditar
Após as tantas eras indiscretas,
A culpa tão somente é dos poetas

Cansados de tão fúteis, pois sonhar,
E o verso se perdendo em explosões
Não roçam o que ditam corações.

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Não quero ser apenas outro igual,
Nem mesmo mergulhar neste insensato
Caminho aonde a morte que constato
Traduz o imorredouro ritual…

A força que pudesse tal e qual
Vencer dos desafetos num retrato
Moldando o dia a dia em quer fato
Marcando com temor tão pontual.

O verso se emoldura aonde o nada
Expõe a face rude do que um dia
Tentara desenhar o quanto havia

E traz a mesma face escancarada
Nas ermas emoções e não teria
Sequer o que pudera em agonia


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A força da amizade é soberana
Embora tantas vezes displicente
O quanto na verdade ora se ausente
Traduz a sensação dura e profana.

O tempo sem ter rumo desengana
E marca com terror o que se sente,
Do sonho que esperança represente
A vida noutro passo ora me dana.

Vagando sem sentido em noite fria,
Aonde pude crer na poesia
E em tal diversidade, luz e medo.

Apresentando o caos em tom maldito
O quanto do que resta necessito
Ultrapassando o tempo atroz e ledo.

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Mostrando, sem embargo, estas verdades
Aonde o que não sinto não viera
Pousando mansamente em primavera
Da qual a cada instante agora evades,

Ainda que sonhasse em liberdades
Diversas da que tanto a vida gera
O medo me assolando qual quimera
Encontra no final as velhas grades.

Procuro qualquer cais e nada vindo,
Somente este temor que sinto infindo
Sem ter algum proveito em mar medonho,

Dos términos comuns a quem amasse
Aquém do desejado desenlace
Apenas o vazio ora proponho.

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Se a vida tantas vezes nos entrega
Apenas o cadáver da esperança
A sorte que deveras já balança
Presume a caminhada atroz e cega,

E o peito sem saber jamais sossega
Pousando noutro tempo em temperança
E sinto o quanto em vão a vida lança
Negando do plantio a simples pega.

Presumo o que jamais encontraria
Depois da noite amarga, tola e fria
Depositando em verso o que não veio,

Recolho o que restara da redoma,
E vendo divisão quando quis soma,
Apenas o meu fim quieto, rodeio.

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É necessário ter algum alento
Aonde o que se faz em noite clara
Deveras com certeza se prepara
E traça outro cenário, ou mesmo tento.

Pousando enquanto mora o sofrimento
Ou mesmo pelo menos, cada seara
Atando o que deveras se escancara
Tocada pela fúria deste vento.

Não mais me alimentasse uma ilusão
Tampouco já seria mais tranquilo
O verso no vazio onde o perfilo

Não sabe da esperança a dimensão,
E vago sem sentido atrás do quanto
Em vida simplesmente desencanto.


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De pessoas que são bem mais unidas
A sorte poderia ser diversa
E quando o dia a dia desconversa
Ao quanto nada fores já regridas.

Histórias sem sentido repartidas,
A luta sobre o fim deveras versa
E tanto quanto possa mais dispersa
A noite traz estrelas divididas.

Um sonho constelar ora se escapa
E o tempo não traduz felicidade,
O mundo sem tesouro e já sem mapa,

A vida noutro caos, traz o final
Aonde cada verso ora degrade
Num ato doloroso e pontual.

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Com rumo parecido em suas quedas
As tramas mais diversas entranhando
O quanto mais procuro como e quando
Apenas no vazio me enveredas.

As horas desenhando o que enveredas
As sendas mais diversas, tom infando,
O velho coração em contrabando
Caminhos mais doridos ora vedas.

Negar a própria luz a quem caminha
A sorte se mostrara mais daninha
E o vento silencia o que pensaste…

Do sonho imaginário, nada resta
Somente a solidão em leda fresta
E o tempo condenado ao vão desgaste.

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No irmão que a natureza já nos deu
Vestido em ilusão, quem sabe um dia
Ousando no que tanto poderia
Trouxesse em cada olhar o quanto é meu.

O prazo determina o que perdeu
E o verso se moldando em agonia,
A sorte sem sentido não viria
Marcar sequer o sonho em apogeu,

Medonha e caricata criatura
Aonde o meu passado configura
A luta sem saber do que se faz

Meu passo sem saber da dimensão
Dos dias que decerto me trarão
O que meu mundo deixa para trás.

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