sábado, 9 de abril de 2011

81

Nada mais se perdendo aonde o tempo escolta
E traz o sentimento enquanto a voz se expressa
No tom aonde o vento aos poucos recomeça
Causando o que pudesse apenas em revolta,

A lúdica presença ainda em minha volta
No canto mais audaz deveras vai sem pressa
E o verso traz em tom o quanto se endereça
E apenas o que tente em vão a vida solta.

Os ermos mais sutis envoltos no passado
Aonde o que pudesse encontro lado a lado
Errôneo comandante em mundo sem saída,

Depois da madrugada a noite se perdendo
Num tom quase sutil, embora mesmo horrendo
Trazendo ao caminheiro, a luta em rude vida.

82


Enquanto a poesia traz o sonho
E move constelares emoções
Aonde na verdade tu me expões
O tanto quanto possa e mais componho,
Meu verso sem sentido, ou enfadonho,
O tempo entre diversas dimensões,
E nisto sigo tantas direções
Ousando no caminho onde me ponho.
Palavra lavra encanto e gera sóis
E quando novos tempos, tu constróis
Gerando dentro da alma uma esperança.
Meu passo rumo ao tanto que se dera
Tentando florescência em primavera,
O rumo se perdendo, apenas cansa.


83

Levando uma esperança dentro da alma
Que tanto poderia ser diversa
Do tempo aonde o mundo desconversa
E nada do que tive ou tenho, acalma,

A sorte se presume no vazio
Etéreo caminheiro do passado,
Ainda quando vejo embolorado
O canto enquanto nada mais desfio.

Restauro com cuidado cada cena
De um tempo imaginário, mais feliz,
O tanto que pudera e já não fiz,
A luta sem sentido me condena.

Porém nalgum momento poderia
Ousar, embora seja fantasia.

84


Não quero que se veja noutro fato
Apenas o momento sem proveito
E quando no vazio ora me deito,
Somente esta mortalha ora constato,

O beijo se traduz onde o retrato
E mesmo quando o sonho eu quero e aceito,
O vento noutro rumo, deste jeito
Repara cada encanto em desacato,

Tentando argumentar já nada veja
A sorte sem saber desta peleja
Perdida nos momentos mais cruéis,

E vago sem saber da dimensão
Dos erros que cometo desde então
Vagando sem destino, carrosséis.


85


O tempo renega
O quanto desejo
A sorte se entrega
E nada mais vejo
A vida que é cega
Encontra este ensejo
A luta sonega
E traça tal pejo.
Vencido poeta
A noite completa
Em tons mais sombrios,
Olhando p’ra trás
O nada se faz
Em tais desvarios.

86


Jamais poderia
Ousar noutra sorte
E quando traria
O que me comporte
Negando outro dia
E sem tal suporte
Cadê poesia?
Meu sonho reporte.
O vago momento
E quanto ora tento
Em cena sublime
O verso não traça
Além da fumaça
Que em nada redime.

87


Aporto o saveiro
Nos sonhos, meu mar
O tempo, primeiro
O sol a tocar
O vento ligeiro,
Caminho sem par,
E cevo o canteiro
Aonde sonhar
Traduz o que possa
No fato sutil
Da sorte que é nossa
Do amor que se viu
Sem ser o que endossa
O verso servil.

88

Acordo solitário
E vejo em luz suave
O quanto foi falsário
O canto sempre grave
Nem mesmo o temerário
Caminho agora entrave
O passo atroz e vário,
O sonho feito nave.
Meu prazo determina
O fim do jogo quando
A vida em dura sina,
O tempo desabando
A luta nos ensina
Até num tempo brando.

89

Bebendo novo sonho
Aonde houvera luz
O quanto agora ponho
Somente me conduz
Ao todo onde componho
A sorte que seduz
Um mundo tão medonho
E nada reproduz.
O vento não se faz
Diverso da emoção
Aonde o mais audaz
Presume a interação
Moldando este incapaz
Em mares, meu timão.

90

Ouvisse a voz do vento
E vendo o que viria
Bebesse o que ora tento
Em rara fantasia,
Marcando o movimento
Em dor e em agonia
O quanto resta, alento
Ou mato dia a dia.
O vento não trouxera
O tempo que não quis
E sei da dura fera
E não sou mais feliz,
Alimento a quimera
E vivo por um triz.

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